No seu primeiro filme da saga - "Cassino Royale" (2005), o ator inglês Daniel Craig incorporou um Bond frio e muito parecido com o personagem dos livros de Ian Fleming, um agente secreto ainda sem o duplo zero que lhe dá licença para matar e em início de carreira, mas já em total sintonia com sua chefe "M" (Dame Judi Dench).
Resultado: um enorme sucesso, o mais rentável de toda a saga e um dos filmes com mais público de todos os tempos.
Já em "Quantum of Solace" (2008), os produtores Barbara Broccoli e Michael G.Wilson - filhos do lendário Cubby Broccoli, responsável pelo começo da saga em 1962 até "GoldenEye" (1995) - optaram por continuar a trama de "Cassino Royale", o que se revelou um grande equívoco.
O longa também teve excelente bilheteria, mas, para os entendidos em Bond - eu incluso - se o longa não ficou entre os piores da saga - como "Licence to Kill" (1989) ou "The Man with the Golden Gun" (1974) - ficou entre os medianos - como "On Her Majesty's Secret Service" (1969) .
Imagens dessa postagem: Divulgação: Sony Pictures/Eon Productions
Naomie Harris - Eve - e Daniel Craig - James Bond - em cena de "007 - Operação Skyfall"
De 2008 à metade de 2011, os fãs de 007 pelo mundo acompanharam com extrema apreensão as notícias de que, devido à crise financeira pela qual a MGM passava, o próximo longa da saga teria sua produção adiada indefinidamente.
Tirante os primeiros filmes da saga estrelados por Sean Connery, os demais via de regra foram produzidos de dois em dois anos, justamente para um melhor aproveitamento dos atores que interpretavam Bond - dois anos em termos de envelhecimento masculino é pouco perceptível.
Finalmente, e com quase três anos sem Bond nas telonas, a MGM saiu do buraco - conseguiu um milionário financiamento.
Agora associada à Sony Pictures - até então só distribuidora - e aos herdeiros de Broccoli, o projeto do 23o. longa da saga começou a tomar forma.
Agora associada à Sony Pictures - até então só distribuidora - e aos herdeiros de Broccoli, o projeto do 23o. longa da saga começou a tomar forma.
Como em 2012 seriam comemorados os 50 anos de 007 nas telonas, nada mais justo que "Bond 23" fosse mais que um longa, fosse um marco na cinquentenária saga, a mais longa do cinema em todos os tempos.
Dame Judi Dench como "M", em cena de "007 - Operação Skyfall"
Como sempre, primeiro se anunciou o título do longa: "Skyfall" - aqui no Brasil, "007 - Operação Skyfall".
Depois, a confirmação de Daniel Craig não só seria o protagonista, mas também um dos produtores.
Finalmente, o diretor: nada menos que o aclamado e oscarizado Sam Mendes.
007 (Daniel Craig) corre pelas ruas de Londres, em cena de "007 - Operação Skyfall"
O que se sabia do roteiro: o passado da chefe do MI6, "M", voltaria para atormenta-la, e ela teria sua vida defendida a todo custo por Bond, que enfrentaria um vilão muito poderoso, o terrorista Raoul Silva.
Depois de Dame Judi Dench ser confirmada para novamente interpretar "M", o próprio Craig foi até à Espanha convidar o ídolo Javier Bardem para viver o vilão, que, de pronto, não só aceitou, como deu muitos pitacos na composição do vilão - inclusive os cabelos loiros e as nuances de "bicha má".
E as locações em lugares exóticos?
E o tema da abertura - sempre muito especial - seria interpretado por quem dessa vez?
Todas essas respostas foram dadas hoje, quando "007 - Operação Skyfall" chegou às telonas britânicas e brasileiras - o filme estreia no resto do mundo, EUA inclusive, na próxima sexta.
No início da trama, Bond - como nos últimos livros de Fleming - anda se achando velho para continuar a ser agente de campo.
Quando um HD contendo o nome de todos os agentes do MI6 infiltrados pelo mundo é roubado, Bond e a agente Eve (Naomie Harris) partem atrás do ladrão.
Bond no grande bazar de Istambul
Depois de cerca-lo no grande bazar de Istambul, Turquia, e de persegui-lo vertiginosamente de moto pelas ruas da milenar cidade, segue-se uma luta entre 007 e o bandido do lado de fora do teto de um trem em movimento.
Acompanhando tudo e apontando um rifle para os dois, Eve está em contato por rádio com "M", que lhe ordena que atire - o mais importante no momento é recuperar o HD.
Lógico, o tiro acerta 007, que despenca de uma ponte dentro de um rio, de uma grande altura.
A abertura, magnífica, brinca com o corpo inerte de Bond nas águas do rio, e até a araponga Adele - aquela gorda que não canta, só grita - está surpreendentemente contida na correta interpretação da mediana música que acompanha a abertura - chamada "Skyfall" e de sua autoria.
É aí é que começa o derradeiro e sensacional show de interpretação de Dame Judi Dench na saga Bond - ela interpreta a chefe do MI6 desde GoldenEye (1995).
Como os nomes dos agentes começam a ser revelados - o HD foi decodificado - "M" é pressionada pelo presidente do Comitê de Segurança e Inteligência, Gareth Mallory (Ralph Fiennes), a se aposentar.
Sem aceitar a pressão, na volta da reunião, "M" vê o MI6 ser hackeado a partir do seu computador pessoal, seguido-se uma grande explosão que põe o prédio abaixo, matando muitos agentes.
Fica claro para "M" que o terrorista não a queria morta, mas que ela visse o estrago e sofresse por isso - o que, ela logo deduz, tem a ver com alguma ação do seu passado.
Fica claro para "M" que o terrorista não a queria morta, mas que ela visse o estrago e sofresse por isso - o que, ela logo deduz, tem a ver com alguma ação do seu passado.
Só que Bond não morreu, e ao ver na TV da ilha paradisíaca onde vive - de jogatina, bebida e sexo - o estrago em Londres, resolve voltar para ajudar "M" a resolver o caso e prender o terrorista.
Mais uma vez, fica claro que a relação de Bond com "M" é de admiração mútua e mais que isso, uma relação de mãe e filho, que vivem se alfinetando mas que no fundo se adoram - "M" chega a falsear os resultados dos novos exames admicionais de 007 para tê-lo de volta à ativa.
E é essa relação muito especial entre os dois que permeia todo o longa, com sensacionais imagens em Shangai e Macau, onde o diretor pode usar as luzes e as cores dos gigantescos displays de propaganda em Led das duas cidades chinesas para criar cenas coloridíssimas, lisérgicas, de encher os olhos do espectador.
Bérénice Marlohe, como a bond girl Séverine: podia aparecer mais
O longa poderia explorar mais a beleza estonteante da bond girl Sevérine - Bérénice Marlohe - que aparece em rápidas sequências - no cassino de Macau, depois transando com Bond no chuveiro e, finalmente, sendo morta por Silva.
A primeira aparição do vilão, Raoul Silva (Javier Bardem), linda, loira e bichíssima, apalpando um Bond amarrado a uma cadeira, é, desde já, uma das melhores cenas de toda a saga, disparado.
Bond sendo apalpado por Silva: a maricona é abusada!
Perseguições frenéticas por Londres - nas ruas e nos seus subterrâneos, com a preciosa ajuda do novo "Q" (Ben Whishaw) -, um atentado contra "M", a posterior fuga de 007 e "M" para a casa da família Bond na Escócia - chamada Skyfall - a bordo da icônica Aston Martin DB5, com ela reclamando que o carro "não é confortável" e ele ameaçando apertar o botão vermelho que ejeta o banco do carona, são inesquecíveis, como inesquecível é também o confronto final entre Bond e Silva e a morte de "M", nos braços do agente em que ela mais confiava.
Uma brilhante despedida da saga para essa grande atriz chamada Dame Judi Dench.
"Q" - Ben Whishaw: uso da tecnologia para ajudar Bond a proteger "M"
Rainha morta, rei posto: o novo "M" é Gareth Mallory e sua secretária é Eve....Moneypenny, que prefere não ser mais agente de campo.
James Bond aparece em um telhado de Londres e tendo ao fundo a "Union Jack", numa das cenas finais do longa
E a saga continua - Daniel Craig já assinou para, ao menos, mais dois longas como 007.
Com mais humor, cenas de ação perfeitas, bond girls estonteantes, lugares exóticos, o protagonista se apresentando com a frase "My name is Bond, James Bond" e tomando seus martinis batidos, e não mexidos, o longa vai agradar não só os espectadores dos filmes de ação, mas, sobretudo, os bond maniacs espelhados pelo mundo.
Assisti ao longa duas vezes: na sessão para convidados, em Imax, as imagens panorâmicas foram impressionantes; já hoje à tarde, assisti novamente em tela normal, com imagens também boas e com uma boa dublagem - você escolhe.
Filmaço.
Confira o trailer do filme:
Título Original:
Skyfall
Diretor:
Sam Mendes
Elenco:
Daniel Craig, Javier Bardem, Dame Judi Dench, Naomie Harris, Bérénice Marlohe, Ralph Fiennes, Albert Finney, Ben Whishaw, Rory Kinnear, Helen McCrory
Produção:
Barbara Broccoli, Michael G. Wilson
Roteiro:
Neal Purvis, Robert Wade, John Logan
Fotografia:
Roger Deakins
Trilha Sonora:
David Arnold
Música da abertura e intérprete:
Adele
Duração:
145 min.
Ano:
2012
País:
EUA/ Reino Unido
Gênero:
Ação
Cor:
Colorido
Distribuidora:
Sony Pictures
Estúdio:
Metro-Goldwyn-Mayer (MGM) / Sony Pictures Entertainment / Albert R. Broccoli's Eon Productions
Classificação:
12 anos
Cotação do Klau:
Um comentário:
Tirando a parte sobre a Adele, que eu discordo kkk o texto ficou muito bom, deu mais vontade ainda de ver esse filme, esse semana talvez eu vá.
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