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sexta-feira, 2 de abril de 2010

PORQUÊ NÃO MATEI ODETE ROITMANN...

Pessoal:

A histérica e descabida comoção a respeito do "bbb" Dourado está ultrapassando todos os limites de sanidade.

Pessoalmente, acho que a maioria das bixittas militantes estão confundindo burrice com homofobia, já que o cara é um asno, não consegue formular uma só frase correta, e por isso é o mais bem acabado retrato da maioria da nossa população.

E mais uma vez, encontrei nas palavras de outro blogueiro o encaminhamento para tudo o que penso sobre o tema.

Tiago Quintana mantem um blog no site MIX BRASIL, e tem um texto de que gosto muito, visceral e verdadeiro.
Acompanhe seu texto, postado ontem:
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Foto: Divulgação
Histéricas queridas, vocês têm razão.
Eu deveria ter matado Odete Roitmann e não o fiz, não só não o fiz como a perpetuo, homofóbico introjetado que sou.
Sei que é muito pra cabeça de vocês um gay, lucidamente gay, bem resolvido com a família, soropositivo assumido no trabalho, executivo bem sucedido com histórias de auto-superação, lindo de dar vontade de levar pra casa, além de tudo isso inteligente e de vasta cultura dizer que trepa com mulher vez ou outra e não vê nada de errado nisso.
Vocês estão acostumadas é com o contrário, o avesso do avesso do avesso, cortejar um hétero que vez ou outra dá a bunda pra outro brother, ou pra um(a) travesti ou pra namorada sem se sentir uma mariquinha, sem sair pelas avenidas levantando bandeiras, sem ter que dizer que tem orgulho quando o orgulho é o brado retumbante do medo, que te rejeita por você ser uma pintosa afetada que mia, vocês se acham lindas mesmo se sabendo "uó" e adoram rotular o bofe cortejado de viado enrustido.

- É bicha, mona... É viado, já aquendei, passiiiiiiva, pau pequeno e mole... Uó...

Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é, já dizia aquela outra maricona...
No fundo eu devo ter algum desequilíbrio que não me permite ver o óbvio que somente as mentes mais ampliadas como a de vocês juramentaram:
Dourado é homofóbico! Bicha burra sou eu!

Estão felizes agora?
Isso ameniza seus recalques?
Amigas... Amiguinhas para sempre.
Vamos dar o dedo mindinho e voltarmos a ser amigas de infância, vamos brincar de esconde-esconde na escada e uma encoxa a outra, vamos pular amarelinha, brincar de casinha, eu sou papai e vocês são mamães, mamãezinhas queridas que ficam em casa fazendo tricô e crochê enquanto eu vou dar um rolê num vapor barato e curtir outro brother, testosterona não me falta e eu não aprendi a ser uma caricatura que nem vocês, não estudei a mesma cartilha do carão.
Carão de tristeza de quem não aprendeu ainda, nem pela dor...
Quando chegar em casa quero minha janta quente e se eu te der porrada não adianta ir na delegacia, a tal lei Maria de Penha é pras rachadas, lá vão tirar sarro da tua cara e vai ficar pior...
Vamos brincar de beijar o namoradinho na Paulista, mas é só na parada gay, se não quiser levar coió, é culpa minha que o Ali foi espancado, fui eu quem mandou matar Édson Néris, é por minha culpa que todo dia uma bicha morre assassinada, eu vou confessar que adoro o Ahmadinejad, meu ídolo maior, que tenho várias fotos dele na proteção de tela do meu computador.

Vou negar a homofobia e vou negar o holocausto com o mesmo cinismo com que as bichas negam a heterofobia que estão criando hoje e o mundo nega o direito aos palestinos de terem sua terra, vou negar o 11 de setembro televisionado com a mesma cara-de-pau com que espanhóis e portugueses negam que mataram milhões de índios enquanto roubavam o nosso ouro, vou negar o absurdo que foi a escravidão de negros perpetuada e fazer coro com os que dizem que as cotas são justas, vou negar que Lula e FHC são farinhas do mesmo saco.
Vou negar o protecionismo agrícola, vou negar o corporativismo na corrupção pública no BraZil.

Quem escreve o que quer lê o que não quer...
Ou melhor, lê o que quer.
Eu tinha certeza que uma meia dúzia de mente pequenininha, uma meia dúzia de póc póc ressentida iria esbravejar e me xingar e me rotular, já tenho 43 anos e ao longo dessas décadas bem vividas conheci muita, mas muita bicha histérica que não aceita ser contrariada.
Fiz de propósito pra que possam catar sua auto-estima na sarjeta.
Não, não e não, bate com a cabeça no chão, grita e esbraveja, vai te fazer bem "kiridjinha"...
Solta a franga, arranha e puxa o cabelo, arranca a peruca da vencedora, grita nervosa que só assim te respeitam: quem é que vai contrariar uma louca?
O médico mandou não contrariar.
Bicha louca, grita alucinada e criança, bicha rouca...

Adoro quando infelizes me contestam.
Amo.
"Adoooogú".
Me dá um tesão danado, endorfino e adrenalino, recapto minha serotonina e fico me perguntando: por que diabos eu ressuscitei essa louca!
Quem sou eu pra defender o Dourado?
A cartilha reza que quem não gosta de bicha miando e de calça fusô rosa quase pink e miniblusa verde é homofóbico!
A bicha é cafona e eu que sou homofóbico.
Mesmo gostando de homem não gosto, verde e rosa só gosto quando vejo a mangueira entrando...

Infeliz de quem viu algum conteúdo no meu texto anterior, alguém apelou!
B ichas Bugas Bigasil!
Blogaygo Bugo Bigasil...
Meu texto foi um lixo pra uns, isso mesmo, lixo reciclado das merdas que já vi, deu sono, pra outras, zzzzzzzzzzzzzzzzzz, nem precisa então encher a cara de conhaque vagabundo e tomar "rupinol", amanhã vai acordar com a cara menos amassada e sem ressaca!
Só não vai acordar se sentindo "buniiita" que mágico eu não sou...
Me agradeça, viado ingrato!
Sou seu sonífero numa noite de solidão quando a tua realidade te navalha a alma e quando não tem um tostão pra pagar por um amor de aluguel, um pau frapé de um nóia do centrão, vai então pro cinemão, vai pro banheirão, mas cuidado com os "alibã", cuidado com os punhais de amor traído.

Eu sei muito bem o que é homofobia.
Desde muito cedo.
Me rotulavam de mariquinha quando criança, apanhei na rua de moleques que queriam me comer e por várias vezes cheguei chorando em casa.
Já fui parar em delegacia por estar no carro com o namorado, de roupa, vidros abertos embaixo de um poste de iluminação, apenas por estar de mãos dadas, já apanhei na rua após reagir a um assalto apenas por estar numa "cruising area" e quase morri, ainda tive que aguentar a ironia de uma bicha escrota dizendo que eu tinha provocado, já fui rotulado de promíscuo por ter contraído hiv, ainda que o tenha contraído numa relação monogâmica numa época em que eu acreditava no amor e na fidelidade entre dois homens, já fui agredido verbalmente dentro da minha casa por meus pais que não compreendiam que a minha homossexualidade não era falta de vergonha na cara, já tive que ralar um bocado pra crescer profissionalmente por ser "diferente" enquanto ouvia piadinhas com indiretas que me agrediam muito, mas tudo isso me fez ser o que sou hoje.

Um cara de uma índole impecável.

Um cara de um afeto incontestável.

Um cara de uma coragem admirável.

Um homem respeitável.

Minha mãe, hoje, se arrepende das merdas que me disse 20 anos atrás.
Coordeno uma equipe de alta performance numa consultoria top de linha e sou o ponto de equilíbrio, o "elemento zen" como me rotulou meu diretor, não escondo nada de ninguém, não mostro meu rosto nesse blog por charme de ser um heterônimo, mas muitos me conhecem.
Sei muito bem da minha responsabilidade, já fui militante da aids, sou um dos idealizadores do Projeto Purpurina, conselheiro do Grupo de Pais de Homossexuais, tenho enorme respeito por militantes que acreditam na causa, embora saiba que muitos, a maioria, está mais interessada nas verbas públicas para bancarem seus mimos.
Ou vocês acham que não rola muita corrupção entre a militância GLBT?
Vide a quantidade de ONG´s que elas criam quando brigam...
Um dia escrevo sobre isso, é podridão pura.

Ou, pra acabar com esse blablablá, como dizia Cazuza: eu sou mais um cara cansado de correr na direção contrária.

Não posso vencê-los. Uno-me a vocês.

Dourado é homofóbico.

Primeiro de abril.

* * * * * * * * *
Como disse o primeiro comentário do texto anterior:
"Quanto preconceito e inveja.
É por isto que o país não vai pra frente.
Viva Dicesar.
E complemento: Viva Dourado, Viva Dilma, Viva Marta, Viva André, Viva Odete, Viva Maria de Fátima e da Penha, Viva Tiago e Viva Henrique, Viva quem quiser viver..."

Vivam. É apenas um comentário banal sobre um programa de TV.

Suas angústias são suas, a culpa não é minha.

Nem de longe.

Se assuma.

Caio, meu ícone maior, uma vez escreveu que "dá um certo trabalho decodificar todas as emoções contraditórias, confusas, somá-las, diminuí-las e tirar essa síntese numa palavra só, esta: gosto.”

Gosto de ser quem sou e posso falar isso me olhando olhos nos olhos.

Narciso acha lindo o que é espelho.

Eu posso ser o espelho do seu pior.

Gostou? Volte quando quiser.
Não gostou, volte quando precisar.
Me coloca nos favoritos.

Grite comigo, esbraveje consigo, libere suas feras.
Caia na gandaia.
Entre nessa festa.

Vai te fazer bem.
Não se esqueça de me agradecer se se sentiu ofendido, pederasta escroto.

* * * * *
Quanto aos comentários não publicados, a moderação não é feita por mim como era no blog anterior e sim pelo pessoal da redação.
Eu mesmo tive comentários não publicados no blog da minha querida Mel, como não havia ofensa isso me leva a acreditar que tenha alguma falha no site e que ainda não foi corrigida.
Tenho enviado emails para o Irving, que é quem cuida, e também não tenho resposta. Ninguém do Mixbrasil se manifestou quanto ao assunto, tenho visto isso como reclamação regular em todos os blogs.
Questionem o Irving através do seu email: irving@mixbrasil.com.br e o meu endereço pode ser usado também: quintanatiago@gmail.com

Abraços

domingo, 21 de março de 2010

OLHOS VERDES, TRANSPARENTES, ME ENCANTAM

Esse muleke escreve muito bem.
E esse texto está muito legal.

do Blog do Tiago+ Quintana - site MIX BRASIL - www.mixbrasil.com.br

Christian Rizzi/Gazeta do Povo/AE

Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, 24, assassino confesso do cartunista Glauco Vilas Boas e de seu filho Raoni

Ele era alto e tinha olhos verdes, características que me chamaram a atenção logo de cara. Bonito e com cara de bom moço, nossos olhares se cruzaram numa ensolarada tarde de sábado e como costumava ser eu logo pensei se tratar de uma paquera. Uma vez ouvi alguém dizer que o olhar era o limite da aproximação entre dois homens e ao nos olharmos novamente tive certeza que estávamos sim nos paquerando. Nos aproximamos numa dança sincronizada de olhares, sorrisos e expressões indefectíveis ao mundo externo.

- Prazer, fulano...

- Prazer, ciclano...

Começava ali uma saga, um resgate cármico. Papo envolvente num olhar penetrante e o que só recentemente disgnostiquei como inteligência sinopse, passamos a conversar como se fôssemos amigos de infância. Falamos sobre arte e cinema, eu achava bacana dizer que gostava do muitas vezes chatíssimo cinema europeu e criticar o americano, ele falou o nome de alguns diretores e filmes que eram novidade e que hoje encaro óbvios, falamos um pouco sobre futebol, eu corintiano cor-de-rosa e ele são-paulino bege degradé, eu aos 23 já sabia lucidamente que era gay e não escondia nada de ninguém em casa, ele tinha 26 e me falou de uma ex-namorada e de uma filha de uns poucos meses, e também de uma mãe esquizofrênica e pai viciado em jogos, eu trabalhava com tecnologia e automação e ele havia sido exonerado do corpo de bombeiros, era agora funcionário público e estava naquela festa assim como eu, prestigiando um amigo.

Fiquei encantado, por completo. Achei meu príncipe encantado... Na verdade ficamos, mas só mais tarde soube disso. Trocamos telefone por precaução e saímos em grupo pra uma pizzaria, nos sentamos em cantos opostos numa mesa enorme e flertamos por toda a noite. Horas depois nos despedimos como cabia a dois homens nos anos 90, com um singelo aperto de mão e um olhar de profundo desejo.

Nos falamos no domingo. Ele me ligou também na segunda, na terça e na quarta nos vimos. Me convidou pra um cinema, escolhi um filme de temática gay, "Essa estranha atração", fiquei na minha, embora achasse estranho um homem supostamente heterossexual convidar um gay recém conhecido pra cinema e escancarei meu interesse na escolha do filme. Homem heterossexual vai ao cinema com a namorada, pensava eu. Saímos em silêncio, como se algo nos perturbasse, cada um pra um lado do metrô. Não nos falamos na quinta, nem na sexta e nem no sábado.

Me ligou no domingo, disse que precisava falar comigo urgentemente. Nos encontramos e achei sua reação nada convencional, uma perturbada agressividade contida, um desencontro entre o que se pensava e o que se sentia, uma agitação que depois soube estar relacionada ao uso de cocaína. Na época eu era ignorante quanto ao assunto drogas.

Ficamos conversando algumas horas, tomamos uma sopa e ele se declarou apaixonado., disse que queria namorar comigo se eu prometesse ficar velhinho ao seu lado. Mas antes disse que tinha que me contar algumas coisas sobre a sua Vida, uns podres como ele mesmo disse, contou que tinha sido garoto de programa, usuário e traficante de cocaína e que carregava nas costas um assassinato cometido em outro país, uma estória que me pareceu fantasiosa. Achei tudo aquilo muito estranho, mas vivia dias de auto-estima tão em baixa que paguei pra ver. O máximo que pode acontecer é não acontecer nada, pensei.

Namoramos por um ano, brigamos feio e nos separamos por três, nos encontramos e no mesmo dia voltamos a namorar, namoramos mais três, nos separamos mais três, namoramos pouco mais de dois o que nos deu um líquido de quase sete anos em doze. A cada retorno uma nova pessoa, não compreendi quando ele me contou da mãe esquizofrênica, do pai viciado em álcool e jogos, quando me explicou que ia a psiquiatra tratar-se do que chamavam nos anos 80 de psicose maníaco depressiva, o que mais tarde virou distúrbio de bipolaridade, não compreendia suas compulsões por sexo e amor, nem as cenas intensas dele vibrando com um pequeno mimo ou emburrando com uma sutil falta de atenção. Isso sem falar nas mentiras, sempre para cobrir outras mentiras ou omissões.

A cada retorno um homem mais complexo e mais complexado, uma homossexualidade mal resolvida, relações familiares estranhas, uma filha que não era filha, uma mãe que não era mãe, amigos que nunca existiram, amores que não foram reais, estórias que não se conectavam e eu me sentindo cada vez mais distante embora não conseguisse me desvencilhar. Momentos de violência, ainda que raros pois uma vez que ameaçou me bater, fui firme e disse que se me encostasse a mão iríamos pra delegacia os dois. Evidente que eu não reagiria, mas ele não era réu primário e tinha medo de ficar preso.

Olhando essa foto na internet não pude deixar de ver o mesmo olhar desse meu amante, desse cara que muito me ensinou sobre o que não conhecia de verdade: o tal do amor. Em comum a compulsão pelas drogas, uma mãe esquizofrênica, um pai com cara de bandido, o contato com um daime que só o deixou ainda mais maluco e os sentimentos confusos, os olhos verdes num olhar encantadoramente desafiador...

O meu amor hoje perambula pelas ruas da cidade, não tem mais o que se chama dignidade. Diplomado e pós graduado divide caixotes de papelão com mendigos e o que consegue de dinheiro queima em pedras de crack, faz um michê aqui e ali, cata latinhas e pratica pequenos furtos. O perigo morava ao lado, durante quase década dividi a minha cama com um psicopata em potencial Mas, ainda assim, acredito que algo mais forte que a razão nos uniu, algo que transcende ao corpo e as encrencas do cotidiano. Ainda assim era o meu amor.

Eu não posso dizer que não sinto saudade dos olhares meigos que recebi, que recebi e que muito bem me fizeram. Relacionamentos trazem crescimento e me permiti viver com intensidade cada dia ao seu lado. Como disse, olhos claros me encantam, posso pensar ver a alma através deles, mas não consigo enxergar que os maiores monstros são os que habitam o nosso ser. Não sou ninguém para julgar outro alguém, apenas escolho com quem quero caminhar.

E devo também dizer ainda que, tivesse eu cruzado olhares com esse moço, esse que semana passada matou um pai e o seu filho, não tenho noção do que teria acontecido... Como disse, olhos verdes, transparentes, me encantam...
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Tiago + Quintana escreve muito, e tem um blog no site Mix Brasil.