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terça-feira, 21 de dezembro de 2010

ADAM WEST VIRA HERÓI DE HQs.

O ator que ficou famoso nos anos 60 interpretando o Batman - originalmente um personagem dos quadrinhos - agora se transformou em um: o insuperável Adam West estrela a HQ “The Mis-Adventures of Adam West“, que será lançada pela Bluewater Comics por volta de julho de 2011.

A capa é de Martt Bellisle, e as imagens gráficas do conteúdo são assinadas pelo artista Lipe.

Escrita por Walter Fernandez Jr. e Arastao Maree, em parceria com o próprio ator, a HQ terá histórias que apresentam fatos da vida real de Adam com um desenvolvimento ficcional - quando um misterioso fã do ator lhe dá de presente um amuleto exótico, este o transporta a um outro universo no qual a realidade se confunde com a fantasia, transformando West no herói que salvará o mundo.



A Bluewater Comics é conhecida por lançar biografias em quadrinhos de personalidades famosas. A mais recente é a de Betty White, de “As Supergatas” e atualmente em “Hot in Cleveland”.

Dessa vez, a editora se propõe a publicar uma série em quadrinhos ficcional com base na vida real de um ícone da cultura pop.

West, que já foi cotado para interpretar James Bond no cinema, estrelou a série “Batman” entre 1966 e 1968, produção responsável por resgatar e perpetuar o personagem na cultura popular.

O sucesso da série - comparável a “Glee” na atualidade - transformou o ator em um ícone, mas também marcou sua vida de tal forma que West nunca mais conseguiu disassociar-se do personagem e seguir com uma carreira independente.

Atualmente Adam West, que fez 82 anos no último domingo (19), dubla o Prefeito West, personagem da série animada “Uma Família da Pesada”, além de protagonizar vídeos cômicos.

Tal qual William Shatner - o eterno Cap.Kirk de "Star Trek" - Adam West é um ator que costuma satirizar sua própria imagem - confira no vídeo abaixo, uma propaganda das barras de chocolate Butterfinger, da Nestlé, estrelado por outros ídolos cult da TV: Lou Ferrgino - de “O Incrível Hulk” -, Erik Estrada - de “Chip’s” - e Charisma Carpenter, de “Buffy a Caça Vampiros”.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

CLÁUDIA WONDER, ATIVISTA E ÍCONE DA NOITE PAULISTANA

Tinha por volta de 15 anos, fui arrastado para o Madame Satã, "o" lugar para se ir em São Paulo nos anos 80.

No meio de muitos estranhamentos - punks, góticos, mulher comendo repolho -, nada superou a visão de uma mulher com pênis que de repente entra numa banheira de groselha no meio de um show de rock e começa a jogar o líquido nas pessoas.

Todos ficamos maravilhados com o comentário ácido sobre a Aids - em plena época de demonização da doença - vinda de uma transexual que naquele momento se despia de sua sexualidade para entrar nos corações e mentes dos que a assistiam como uma verdadeira artista.

foto: Divulgação A ativista e ícone Cláudia Wonder

Seu nome: Claudia Wonder e, para a tristeza de todos que a conheceram, faleceu na manhã desta sexta-feira (26), de uma estranha Doença do Pombo - que vem do fungo que surge quando as fezes dos pombos secam.

Até na morte, Claudia não foi óbvia.

Nada era óbvio em Claudia,a começar pela escolha do nome: ela era Marco Antonio Abrão, mas virou Wonder.

Se esperavam dela o amor pelos musicais à Judy Garland, ela apresentava Lou Reed com sua banda Jardins das Delícias.

Se a queriam fazendo lipsinck na boate, ela preferia integrar a trupe do lendário diretor de teatro Zé Celso na peça "O Homem e o Cavalo".

Se a queriam alienada e fútil, ela se mostrava politizada, a favor da democracia no fim da ditatura e ativista dos direitos civis para gays, lésbicas e trans.

Quando percebeu que os espaços nos anos 80 se fechavam para sua arte, resolveu se mandar pra Suiça. "Eu tinha uma banda de rock na mesma época que estava explodindo o rock nacional. E nada acontecia conosco. Então percebi que o fato de ser travesti era um grande incômodo até para os modernos brasileiros", explica Claudia sobre seu exílio voluntário em uma de suas inúmeras entrevistas que fiz com ela.

Na sua ausência - 11 anos - surge o mito Claudia Wonder: aquela que levava Cazuza para o verdadeiro underground paulistano, aquela que antes de ser transexual se denominava uma artista, aquela que dizia a palavra travesti com orgulho, não como algo ofensivo.

Na sua volta, no começo dos 2000, Claudia se torna celebridade e figura obrigatória nas manifestações gays.

Foi o tema do premiado documentário "Meu Amigo Claudia", de Dácio Pinheiro.

Lançou livro, "Olhares de Claudia Wonder", e quando todos esperavam um álbum de rock, ela surge com algo mais eletrônico, o CD "Funkydiscofashion".

Como disse, Claudia nunca foi óbvia.

E em mundo cada vez mais redundante e politicamente correto, ela vai fazer muita falta.

Claudia, uma verdadeira mulher maravilha.

Matéria emocionante do jornalista Vitor Angelo, do portal Virgula

*****
Cláudia morreu aos 55 anos, após quase dois meses de internação no Centro de Referência e Treinamento DST/AIDS, na Vila Mariana (SP) - soropositivos com a imunidade baixa são facilmente contaminados pelas bactérias presentes nas fezes de pombo, e uma dessas bactérias matou Cláudia.

Cantora, compositora, atriz, Claudia Wonder escreveu "Olhares de Claudia Wonder - Crônicas e Outras Histórias",
um dos raros títulos escritos por transgêneros assumidos no Brasil.

O universo dos transgêneros ainda é visto com preconceito, quase sempre relacionado à prostituição de travestis. Por outro lado, há sinais de uma maior visibilidade desse grupo.

Sérgio Ripardo/Folha Online
Claudia Wonder e colunista Duilio Ferronato, em festa do MixBrasil em 2007
Claudia Wonder e colunista Duilio Ferronato, em festa do Festival Mix Brasil em 2007


Ela começou sua carreira artística fazendo shows em boates e no teatro. Também atuou em filmes como "O Marginal" (em que contracenou com Tarcísio Meira) e "A Próxima Vítima". Nos anos 80, escreveu letras de música e foi vocalista da banda de rock Jardim das Delícias. Em seguida, formou a banda Truque Sujo.

No final dos anos 80, foi morar na Europa, onde ficou por 11 anos, trabalhando em shows. De volta ao Brasil, participou do CD "Melopéia", que traz sonetos do poeta Glauco Mattoso musicados por vários artistas. Também lançou outros discos, passou a escrever na mídia especializada e se dedicou à militância coordenando estudos sobre identidade de gênero na ONG Flor do Asfalto.


Em "Olhares de Claudia Wonder - Crônicas e Outras Histórias", o leitor encontra diversos textos da diva underground, como entrevistas com figuras do universo dos transgêneros, como Rogéria e Phedra Córdoba, além de crônicas sobre uma variedade de temas, do primeiro baile de travestis do Brasil aos transexuais do Islã.

O livro traz ainda fotos de Claudia como criança e na fase adulta, bem como histórias sobre sua saída do armário - aos 16 anos, ela comunicou aos pais sua decisão pelo travestismo, deixou de tomar os remédios que o médico havia receitado para conter sua produção hormonal feminina.

Leia abaixo um trecho do livro:
Divulgação
Claudia Wonder relata suas experiências e faz confissões
Claudia Wonder relata suas experiências e faz confissões


Pode parecer estranho, mas o "armário" também abriga o segmento mais visível dos GLBT: as travestis e as transexuais!

Um dos assuntos mais discutidos pelos grupos organizados na tentativa de diminuir o preconceito contra esse segmento é a prostituição.

Sabemos que muitas trans recorrem a essa prática porque a sociedade não aceita a androginia e as dificuldades na hora de arrumar um emprego são muitas. Mas também sabemos que, sem referências para formar seu próprio ideal profissional e sem perspectivas no mercado de trabalho, é difícil para uma jovem trans deixar de acreditar que seu destino está fadado às calçadas da vida.

Eu sempre quis ser artista, e a Rogéria me serviu de referência desde a infância. Um dia vi a foto dela na revista "O Cruzeiro", vestida de homem e maquiadíssima. Ela segurava uma peruca na mão. Aquilo para mim foi a grande revelação. Lembro-me de que naquele momento pensei: "Quero ser igual a ela!"

A primeira trans que conheci pessoalmente foi Viviane. Ela fazia ponto perto de casa, na avenida do Cursino, no Jardim da Saúde, aqui em São Paulo. Fizemos amizade e com ela pude experimentar o prazer de vestir uma saia e sair por aí. Viviane era enfermeiro, mas depois de se tornar travesti perdeu o emprego e foi obrigado a se prostituir. Ela dizia que se eu me transformasse teria o mesmo destino, porque ninguém daria emprego a uma trans.

Os anos passaram e, apesar das dificuldades e do que disse Viviane, nunca desisti do meu ideal, e hoje tenho uma carreira artística consolidada, vivo do meu trabalho e do que gosto de fazer. Eu me sinto querida e respeitada.

No meu caso existia uma referência de sucesso, que era a Rogéria, e uma perspectiva no mercado de trabalho, o show business. Mas nem todas as trans querem estar no palco, e precisam de outras referências e outros ideais.

Infelizmente, as trans bem-sucedidas em outras áreas não se mostram, ficam no armário escondidas atrás de uma identidade feminina, "disfarçadas" de mulheres.

Não vemos na mídia nem no universo GLBT as engenheiras, as professoras universitárias, as médicas e todas aquelas profissionais que poderiam servir como uma referência fora dos chavões, como cabeleireiras, costureiras, artistas, putas; enfim, fora dos padrões em que estamos acostumados a ver as trans atuando.

E, podem acreditar, muitas vezes elas atuam onde menos imaginamos!

Quando morei na Suíça, eu era sempre convidada a participar de encontros e do núcleo transexual da Associação 360 graus, que é o maior grupo GLBT da Suíça francesa, e fica em Genebra. Lá pude conhecer trans de várias nacionalidades e com aspirações diferentes, como Ane, uma italiana, formada em Engenharia Nuclear, com especialização em Construção.

Ceyhan, minha amiga turca, era jornalista em Istambul, até que um partido islâmico quebrou todo o seu jornal e a ameaçou de morte. Hoje ela está asilada na Suíça, é artista plástica e tem um trabalho maravilhoso chamado "Minha alma nunca", que foi apresentado em várias capitais do mundo, inclusive na Bienal de São Paulo, em 2002, em conjunto com o cineasta Kutlug Ataman, seu compatriota.

Pascale, uma travesti suíça que é "demolidora" - tradução ao pé da letra para a profissão de quem desmancha automóveis. Ela é mecânica e tem um desmanche!

Iyabo Abade, transexual africana, é jogadora de futebol feminino na Nigéria. Iyabo foi a maior artilheira do campeonato nacional feminino nigeriano de 1999, com trinta gols marcados. foi convocada para jogar na seleção nacional do seu país, mas foi afastada. Por causa de rumores sobre sua identidade sexual, foi submetida a exames médicos e não passou no teste de feminilidade. A Federação Nigeriana de Futebol (NFA) pagou sua operação para mudança de sexo e ela voltou ao trabalho, mas não como jogadora e sim como treinadora da seleção feminina do seu país.

Pois é, como podemos ver, quando se trata de vocação profissional, o universo trans também é bem diversificado.

Com experiência, também pude perceber que muitas das trans inseridas no mercado de trabalho se transformaram depois de estabelecidas. Conseguiram o trabalho como "hominho" e, à medida que conquistaram a confiança dos patrões, iam incorporando os signos da feminilidade. Mas apresentar-se num departamento pessoal com roupas femininas e documento masculino é certeza de porta na cara!

O Brasil precisa de leis que garantam a cidadania das pessoas trans, assim como o governo dos Estados Unidos, que multa em 150 mil dólares qualquer empresa que recuse emprego a uma pessoa por discriminação à sua identidade de gênero.

Muito mais que leis, porém, o que precisamos aqui no Brasil é que as trans bem-sucedidas saiam do armário e mostrem que são profissionais respeitadas. Justamente o que elas não querem fazer!

Em contato com algumas delas por e-mail, quando fiz uma reportagem a respeito descobri que elas não querem aparecer porque não desejam ser identificadas como trans, e se negam a pertencer ao "mundo gay".

Esse medo é tão intenso que existem trans que não fazem sexo há mais de dez anos porque têm receio de ser descobertas e perder a paz no meio onde vivem. Será que existe paz na mentira? E seria esse armário tão necessário? São as perguntas que eu deixo no ar.

Eu moro nos Jardins, em meio a uma vizinhança paulistana bem conservadora, mas garanto que o nosso relacionamento é dos melhores. Acredito que minha busca de dignidade faz que todos me vejam com respeito. E sem precisar estar no armário ou dizer qualquer palavra, sou tratada como eu gosto. Dona Claudia. E ponto!

Trans derrubam preconceito no trabalho

Acreditar que transgêneros só trabalham como cabeleireiros, artistas ou prostitutas é um estereótipo, ou seja, uma idéia preconcebida. Entretanto, nem sempre isso acontece, pois, com muita luta, essas pessoas também se destacam em outras profissões.

Em todas as grandes cidades do Brasil e do mundo, existem transgêneros. São pessoas que mudaram a aparência do corpo, do masculino para o feminino, ou o contrário. A definição do transgênero também engloba os transexuais, que não só mudaram o gênero físico, ou seja, a aparência corporal, como também mudaram o sexo, por meio de operação médica.

Esses dois exemplos continuam, erroneamente, sendo chamados pela grande maioria de travestis. Errado porque, com o avanço da ciência na hormonioterapia e siliconização, essas pessoas deixas de simplesmente travestir-se com roupas do sexo oposto. Elas tomaram a forma física e passaram a viver como o outro sexo.

Com a transformação, a pessoa "transgênero" conquista sua liberdade interior, mas ao mesmo tempo perde sua liberdade exterior. Uma das situações em que essa perda é sentida mais nitidamente é na hora de escolher uma profissão.

Geralmente, as trans são conhecidas por trabalhar como costureiras, cabeleireiras, dubladoras ou prostitutas. Mas, isso é só um estereótipo que se criou por não se ter idéia da verdadeira realidade, pois no Brasil e no mundo existem muitas trans que escolheram profissões que fogem do padrão imaginado pelo coletivo.

As histórias de vida e experiências profissionais de cada uma delas têm diferenças, mas também pontos em comum. Seriam histórias como quaisquer outras não fosse a constante luta de cada uma delas contra o preconceito e a discriminação. Apesar dessas dificuldades, todas conquistaram papéis de destaque no ramo que escolheram.

Fórmulas de sucesso? Pode ser que existam, mas tudo também depende de uma enorme vontade própria, vontade de ser vitoriosa e de ser feliz. Fé em si mesma!

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"Olhares de Claudia Wonder - Crônicas e Outras Histórias"
Autora: Claudia Wonder
Editora: Edições GLS
Páginas: 184
Quanto: R$ 39,90
Onde comprar: 0800-140090 ou na
Livraria da Folha

sábado, 2 de outubro de 2010

"O EXORCISTA", 37 ANOS DEPOIS

Considerado um dos filmes mais aterrorizantes da história, "O Exorcista" retorna por uma só noite aos cinemas dos Estados Unidos em versão estendida, poucos dias antes de ser lançado em Blu-ray pela Warner Bros., recheado de material inédito.

Cerca de 450 salas terão duas sessões noturnas do filme, que vai incluir imagens inéditas sobre as filmagens, e também sobre como foram produzidas algumas de suas cenas mais perturbadoras, como quando a cabeça da menina possuída gira 360 graus ou quando ela levita sobre a cama.

Além disso, serão mostradas entrevistas com o diretor da produção, William Friedkin, o roteirista, William Peter Blatty - também autor do best seller de onde o filme se originou - , e a protagonista, Linda Blair.

"Claro que mudou a minha vida", disse a atriz em entrevista à Agência Efe.
"É um dos filmes mais intensos da história. Faz refletir sobre o bem e o mal, sobre Deus e o Diabo. Há 37 anos repercutiu em todos os setores, especialmente na Igreja Católica. Mas para mim era um simples trabalho", acrescentou.

Foto: EFEA atriz Linda Blair, hoje

Linda tinha 14 anos quando a produção estreou, em 1973.
O papel da menina Regan, possuída pelo Diabo, é um dos mais reconhecidos da história do cinema e valeu à atriz a indicação ao Oscar e a conquista do Globo de Ouro de melhor atriz.

Muitos disseram que Linda ia conquistar o mundo, mas essas não eram suas intenções.
"Nunca pensei que teria uma grande carreira, porque sempre pensei que iria retornar à escola para estudar. E foi o que fiz. Sempre quis ser veterinária", disse.

E é a isso que Linda se dedica na maior parte do tempo, através da fundação World Heart, que se encarrega de recolher animais abandonados e encontrar um lar estável para eles, algo com o que sonhava inclusive quando o roteiro do filme a obrigou a vomitar uma gosma verde ou a se masturbar com um crucifixo.

Divulgação / Warner Bros. Linda Blair, em cena do filme

"Nunca tive medo durante a filmagem", lembrou Linda, hoje com 51 anos.
"É como agora, que estamos falando. Na cena há câmeras, luzes... são necessárias horas para preparar a montagem. Aquilo se prolonga tanto tempo que o medo passa. Nada é real. Ao contrário, se trata de um processo muito técnico e você só pensa nas suas falas", acrescentou.

No filme, a atriz Ellen Burstyn encarna a mãe da adolescente, uma famosa atriz que viaja para Washington temporariamente, no momento em que percebe que sua filha começa a sofrer uma mudança de personalidade extrema.

O elenco do filme, candidato a dez Oscars - venceu o de melhor roteiro adaptado para William Peter Blatty, e o de melhor som -, é completado por Jason Miller, como o padre Karras, Lee J. Cobb, como o tenente Kinderman, e Max Von Sydow, como o padre Merrin.

"O Exorcista" é um dos dez filmes de maior arrecadação na história do cinema, com ajuste da inflação
- a versão original alcançou mais de US$ 440 milhões.

Linda, no entanto, não ficou rica com a produção: seu salário foi de US$ 750 por semana durante os quase três meses de filmagem.

"Se olharmos para trás, a verdade é que ninguém pensava que seria esse sucesso todo", admitiu a atriz, que passou meses viajando pelo mundo durante a promoção do filme, que na época não compreendia de todo.

"Perguntavam-me por Deus, se eu era mentalmente estável... Demorei para me acostumar e, sobretudo, custei a entender do que o filme tratava realmente. As perguntas que esta obra suscita serão mantidas para sempre, pelo menos até a nossa morte", apontou Linda, que considera que a versão estendida do filme, defendida sempre por Blatty apesar da rejeição inicial de Friedkin, é a versão ideal da obra.

Confira o trailer original do filme:


"É o filho de Blatty. Seu objetivo sempre foi causar impacto na sociedade. É o maior ato de magia realizado pelo cinema e agradeço que volte aos cinemas e seja editado em Blu-ray. É uma grande homenagem", concluiu.

A montagem estendida do diretor será lançada nos Estados Unidos em 5 de outubro com três novos documentários: "Raising Hell: Filming The Exorcist", "The Exorcist Locations: Georgetown Then and Now" e "Faces of Evil: The Different Versions of The Exorcist".
A Warner ainda não tem data para o Blue-ray chegar por aqui, mas o DVD da versão estendida é muito bom, e continua disponível para venda para os cinéfilos brasileiros.

sábado, 4 de setembro de 2010

VENEZA 2010: TEMPESTADE E MORTE DE ÍCONES


TEMPESTADE

Em Veneza, cidade sobre as águas, a chuva quando cai parece sentir-se mais à vontade, mais dona do espaço, do que em qualquer outra cidade do mundo.

E foi assim, como se chegasse para tomar conta de tudo, que a tempestade parou o Lido no final da manhã de ontem.

De repente, todos os olhares se voltaram para as janelas do Palazzo del Casino, sede da Mostra Internacional de Cinema.


Foto: Alberto Pizzioli/AFP - Arte Final: Cláudio Nóvoa
Pessoas se protegem da chuva nas ruas de Veneza

A visão do vento, que girava em tufões à frente do mar, era o blockbuster em 3D que a seleção de filmes não contemplava.

Mas a cena de ação maior estava por vir: a sala de imprensa - onde jornalistas do mundo todo começavam a trabalhar após a exibição do filme "Somewhere", de Sofia Coppola - começou a ser tomada pela água.

O que parecia inicialmente uma goteira gigante virou chuva "indoor" de verdade.
A conexão com a internet caiu.
Os computadores foram retirados às pressas das mesas, para serem salvos da água.
A luz apagou-se.

Os fotógrafos, empolgados, registravam o que os repórteres, sem internet, não poderiam relatar de imediato.
Todos foram retirados da sala, e a fila do café ficou longa.

Bloquinhos de papel - acompanhantes pré históricos de repórteres nos tempos antes da internet - voltaram à vida.

Toda essa catástrofe aconteceu em pouquíssimo tempo, como uma cena de cinema, e depois, o sol voltou a brilhar no Lido.

Mas no caminho do Palazzo del Casino até a Piazalle Maria Elisabetta, onde de um Cyber Cafe dezenas de repórteres mandavam suas matérias, a avenida ao lado do mar teve de ser atravessada quase como se fosse riacho.

Mas sem a ajuda dos vaporettos.

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MORTE DE ÍCONES

O Festival de Veneza perdeu, este ano, um de seus lendários hotéis, o luxuoso Hotel des Bains, que alojou mestres do cinema ao longo do século XX.

O elegante hotel à beira-mar em estilo 'liberty' - onde Luchino Visconti rodou sua obra-prima "Morte em Veneza" (1971) - transformará seus 191 balcões em luxuosos apartamentos privados.

Foto: paesionline.it
Fachada do Hotel des Bains, em Veneza

A empresa proprietária decidiu, ainda, renovar outro grande hotel do Lido, o mítico Excelsior, que ficará três anos fechado.

A ideia é transformar a célebre zona veneziana em um local único para o turismo de luxo, com a possibilidade de realizar grandes conferências internacionais.

Símbolos de um glamour veneziano que não voltará mais.

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Confira as imagens do dia a dia do Festival de Veneza 2010 no link:



quarta-feira, 17 de março de 2010

ZÉ BONITINHO, O "PERIGOTE DAS MULHERES", FAZ 50 ANOS!

O ator Jorge Loredo nasceu em 7 de maio de 1925, na cidade do Rio de Janeiro.
Adolescente, tinha muitas dúvidas sobre qual profissão iria seguir, mas já sabia que gostava de teatro.

"Garotas do meu Brasil varonil: vou dar a vocês um tostão da minha voz...!"

O ator Jorge Loredo

Trabalhava num banco e estudava Direito, quando viu um anúncio em um jornal que mudou a sua vida.

"Câmera, close! Microfone, please! Está chegando o perigote das mulheres"

O anúncio chamava para uma seleção de candidatos ao Teatro do Estudante de Paschoal Carlos Magno.

Foi lá, e se inscreveu-se no teste para comédia -e foi o único a fazer um monólogo de riso.

Gostaram tanto da sua apresentação, que ele foi selecionado.

"Zé Bonitinho, aquele que não é chuveiro, mas adora deixar as mulheres molhadinhas."
Temendo o desemprego como artista, continuou os estudos e formou-se em direito em 1957, trabalhando como advogado especializado em previdência social e direito do trabalho durante todo o tempo de carreira.É o advogado preferido dos artistas, quando eles buscar a aposentadoria.

"Zé Bonitinho, aquele que não é vaga de estacionamento, mas a mulherada está sempre disputando."

O primeiro filme em que Loredo apareceu foi "Um caso de Polícia" (1959). Em 1960, contracenou com Ankito em “Sai Dessa Recruta”, onde fazia um recruta doido, que ficava preso e tinha delírios dentro da prisão. Fez a seguir “Testemunhas Não Condenam” (1962), de Zélia Costa, e “A Espiã que Entrou Numa Fria!” (1967), com Agildo Ribeiro, e direção de Sanin Cherques. “Sem essa, Aranha” (1970, de Rogério Sganzerla é considerado o seu melhor filme. Apareceu ainda em “O Abismo” (1977)- também de Sganzerla - e “Tudo Bem” (1978), de Arnaldo Jabor.

"Zé Bonitinho, aquele que não é telefone, mas quando a mulher pega, não larga mais."

Seu primeiro personagem famoso não tem nome! O mendigo aristocrata e filósofo que surgiu no fim dos anos 50 na TV Rio, no programa ‘Rio Cinco Para as Cinco’, durante a tarde.

Foi a sua mãe - de Loredo! - quem deu a dica para ele imitar um mendigo elegante que, na sua infância, ia à sua casa. Ele exigia mesa montada na garagem e toalha de renda. Era um mendigo que se vestia como um inglês, todo rasgado, mas usava monóculo e luvas. O figurino foi tirado de um filme de Charles Laugthon, onde o ator britânico fazia o papel de um mendigo aristocrata.

O personagem fez um sucesso absurdo, tanto que o ex-presidente Juscelino Kubistcheck foi o padrinho de casamento de Loredo por causa do bordão com que ele terminava o quadro do mendigo: ‘agora vou encontrar com aquele menino, o Juscelino...’.

"Zé Bonitinho, aquele que não é sal grosso, mas tá sempre em cima de uma carne seca."

Depois, o personagem apareceu no programa “Praça da Alegria” - de Manoel da Nóbrega, a quem se dirigia com “como vai, meu nobre colega?”.

E os tipos foram aparecendo: um italiano que não podia ver televisão porque queria quebrá-la, o profeta Saravabatana que andava com uma cobra que dava consultas a mulheres, e o professor de português que tinha a voz do Ary Barroso.

"Zé Bonitinho, aquele que não é barata embaixo da pia, mas a mulherada quando vê, logo se arrepia."

E foi exatamente a cinquenta anos é que chegou na vida de Jorge Loredo o seu personagem mais famoso, o

Zé Bonitinho.

Jorge Loredo, na pele de Zé Bonitinho, "o perigote das mulheres"

O personagem surgiu de uma imitação que Loredo fazia de um colega de adolescência, o Jarbas - conhecido como ‘o perigote das mulheres’, e que ficava se olhando nos espelhos dos bares, dizendo “Alô, Garota” e cantando ‘Strangers in the Night’. Ele se gabava de conquistar todas as mulheres.

"Zé Bonitinho, aquele que não é o Chapolin, mas também tem uma marreta biônica."

O irresistível Zé Bonitinho é dono de bordões inesquecíveis - sempre ditos com a voz grave dos conquistadores e que você vê espalhados por essa postagem, em destaque, letras grandes na cor laranja.

Ostentando um enorme topete, imensos óculos escuros e um bigodinho finíssimo, Zé Bonitinho caminha com requebros e trejeitos de galã hollywoodiano. Inclusive o personagem foi utilizado no cinema por Rogério Sganzerla em "Sem Essa, Aranha" e "O Abismo”.

Zé Bonitinho marcou definitivamente a carreira de Loredo, a tal ponto que ainda hoje é confundido com o personagem. "Houve uma época em que me incomodava ficar tão preso a ele. Até que um amigo me disse: "Chaplin morreu Carlitos, Mario Moreno morreu Cantinflas, e você vai morrer Zé Bonitinho". Então, paciência, né...".


O YouTube está recheado com atuações memoráveis de Loredo como Zé Bonitinho por todos os programas por onde o personagem passou, e algumas entrevistas. Algumas atuações, muito boas, são da década de 60.

Separei para essa postagem uma cena da "A Praça é Nossa", onde ele contracena com uma surpreendente Kelly Key:


Em 2003,Loredo foi convidado pela atriz Andréa Beltrão para atuar na peça infantil “Eu e Meu Guarda-Chuva”, e foi ovacionado pelas crianças da platéia.

Em 2005 ganhou o documentário “Câmera, Close!” do produtor musical Tito Lopes, e da jornalista Susanna Lira. O documentário envolveu um livro, um especial para TV e um curta-metragem. Imagens de arquivo de cinema e TV e recursos de computação gráfica também fizeram parte do documentário, muito, muito bom!

"Minha beleza é mais absurda que a minhoca, não tem pé e nem cabeça."

Em 2006, o ator voltou ao cinema em um curta-metragem dirigido por Selton Mello, "Quando o Tempo Cair". Por esse trabalho, Jorge Loredo foi premiado com o troféu Marlin Azul, por sua volta ao cinema após 28 anos, no 13º Vitória Cine Vídeo. Em 2008, atuou ainda em “Chega de Saudade”, de Laís Bodanzky, e da série de TV “Alice”.

Prestes a completar 85 anos - em 7 de maio - Loredo continua atuando com prazer, mas não é em tom de piada que afirma ser um comediante por acidente.

Ele conta que, até a idade adulta, sua vida mais parecia um dramalhão mexicano do que uma chanchada da Atlântida (influência confessa de seu trabalho).

Ainda criança, machucou seriamente a perna esquerda. A dor constante, só curada na década de 70, fez dele um garoto introvertido e tristonho.

Apesar do meio século de convívio com Zé Bonitinho, Loredo conta que nunca foi galanteador. Depois de três casamentos, vive hoje com uma companheira, e se diz um homem recatado. "O artista só pode representar aquilo que não é, no máximo aquilo que gostaria de ser. Se tivesse algo do Zé, não faria o personagem."

Confessa, no entanto, que já recebeu muitas cantadas por causa do personagem. Certa vez, depois de um show, uma fã convidou-o para uma noitada, mas com uma condição: que fosse de Zé Bonitinho. "Claro que não fui, né. Já imaginou, o Bonitinho e eu dividindo a mesma mulher no motel?", ri.

"Zé Bonitinho, aquele que não é Ave Maria, mas também é cheio de graça."

Hoje, está no elenco do programa "A Praça é Nossa", no SBT, onde o Zé Bonitinho é, sem dúvida, um dos destaques.

Que Deus continue protejendo você, grande Jorge Loredo.

E obrigadíssimo por todos esses anos de bom humor e alegria.