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domingo, 26 de janeiro de 2014

BOMBA! PRINCIPAL JORNALISTA BRASILEIRA EM HOLLYWOOD DIZ QUE BEN AFFLECK NÃO SERÁ O BATMAN EM 'BATMAN VS. SUPERMAN'


Ana Maria Bahiana é, atualmente, a principal jornalista brasileira especializada em cinema baseada em Hollywood.

Veterana com passagens pelas principais revistas, TVs, sites e jornais brasileiros, ela é, há mais de 22 anos, membro permanente da Hollywood Foreign Press Association — a HFPA - prestigiosa associação dos críticos estrangeiros e que organiza e entrega anualmente os Globos de Ouro.

Ou seja: não é uma 'zé mané' qualquer - tem carreira irretocável e de muito prestígio.

Hoje, Ana Maria - atualmente trabalhando para o jornal 'Folha de S.Paulo' e o site UOL - afirmou em seu Twitter que Ben Affleck não será mais o Batman - em 'Batman Vs. Superman' - e isso causou uma discussão na internet, dela com outro jornalista.

A jornalista brasileira Ana Maria Bahiana - UOL

Ana Maria cita uma "fonte boa" para afirmar que a Warner Bros.  tremeu com a reação negativa ao ator.

Segundo suas informações, o anúncio da mudança de um dos protagonistas de 'Batman Vs. Superman' aconteceria em alguns meses e seria feito de forma a esconder que a decisão foi influenciada pelos fãs.

Em resposta, El Mayimbe - repórter do site 'Latino Review' e conhecido por dar notícias como essa em primeira mão - entrou num bate boca com a brasileira e a chamou até de mentirosa.

Veja algumas mensagens da discussão, em reprodução do Twitter:

Até agora, nenhum site grande do exterior publicou a novidade, mas a boa reputação de Ana Maria Bahiana lhe dá todo o crédito.

Para mim, a questão aqui é se a fonte de Ana Maria junto à Warner Bros. está bem informada mesmo ou não.

E de certo modo, faz sentido o estúdio desistir; afinal eles já tiveram  muitos problemas com os heróis da DC e  agora que tudo começa a ir bem, talvez eles não queiram assumir o risco.

Ben Affleck como Batman, na visão do artista Joey Paur

Por outro lado, a Warner nunca voltou atrás em suas escolhas devido à reação dos fãs - no universo 'Batman' mesmo, é bom lembrar que o mesmo aconteceu com Heath Ledger quando o ator de 'O Segredo de Brokeback Mountain' foi escolhido para viver o Coringa e também com Michael Keaton, quando Tim Burton bateu o pé para tê-lo como o Homem Morcego nos dois filmes dirigidos por ele, por exemplo.

Outras fontes cravaram nessa semana que o ator e diretor estaria em atrito com David S. Goyer, pois não estaria nada satisfeito com o roteiro.

Agora é acompanhar o desenrolar dos acontecimentos. 

Oficialmente, Ben Affleck ainda é o Batman.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

'LUGAR DE REPÓRTER É NA RUA' ACERTA NA MOSCA AO TRANSFORMAR O REPÓRTER RICARDO KOTSCHO EM NOTÍCIA


Acabei de ler um livro que deveria ser obrigatório para todo mundo que um ousar se intitular jornalista.

Afinal, o pessoal que já sai totalmente pautado das redações hoje em dia deveria se ater ao básico - bloco, caneta e fontes confiáveis e a rua só.

É o que o jornalista, ou melhor, repórter - como ele gosta de ser chamado - Ricardo Kotscho utiliza até hoje em suas apurações diárias.

Seu perfil foi estudado e pesquisado pelos jornalistas Mauro Junior e José Roberto de Ponte para escrever o livro que eu acabei de ler - Lugar de Repórter Ainda é na Rua.

Os autores esmiuçaram os bastidores do jornalismo brasileiro por meio das muitas andanças jornalísticas de Kotscho, e transformaram o jornalista na própria notícia.

Arquivo Pessoal / Divulgação
Jornalista Ricardo Kotscho sendo entrevistado por vários repórteres, como ele; autores transformaram-no em notícia no livro
Kotscho, sendo entrevistado por colegas

"Dê uma de artista e faça de conta que você está com a melhor matéria do dia na mão. Pegue só o tema que lhe deram, esqueça o resto da pauta e vá à luta"
Ricardo Kotscho, repórter

A obra acompanha as mudanças das redações nos últimos 50 anos - desde a década de 1960 até hoje - e o leitor entenderá o que levou Kotscho a buscar um jornalismo imparcial, mas humano - suas fontes têm sua experiência focada dentro do contexto em que são personagens.

Considerado por vários jornalistas o melhor repórter das últimas décadas, Kotscho trabalhou nos principais veículos de comunicação do país, como os jornais Folha de S.Paulo, O Estado de S. Paulo, Jornal do Brasil, Jornal da República, nas revistas IstoÉ e Época e nas TVs Globo, SBT, Bandeirantes e CNT/Gazeta.
Atualmente, escreve uma coluna - Balaio do Kotscho - no iG, é repórter especial da revista Brasileiros  e é comentarista do Jornal da Record News .

Kotscho é reconhecido pelas importantes reportagens que produziu em sua carreira e pela difusão do lema "lugar de repórter é na rua".

A jornalista e colunista da Folha Eliane Cantanhêde e o repórter especial e membro do Conselho Editorial da Folha Clóvis Rossi escreveram a apresentação do volume.
Ricardo Setti, Zuenir Ventura, Ancelmo Gois, Mino Carta, Ruy Castro, William Waack, entre outras estrelas do jornalismo brasileiro, têm seus depoimentos sobre Kotscho publicados na obra.

O livro é uma delícia de se ler e inteligentemente não entra na seara política de Kotscho - que é PT e Lula de carteirinha.

Para quem gosta de bom jornalismo.

Título:
Lugar de Repórter Ainda é na Rua
Subtítulo:
O Jornalismo de Ricardo Kotscho
Autores:
José Roberto de Ponte, Mauro Junior
Editora:
Tinta Negra Editorial
Edição:
1
Ano:
2010
Idioma:
Português
Especificações:
Brochura | 360 páginas
Quanto:
R$35,91
Onde Comprar:
Cotação do Klau:

sábado, 9 de abril de 2011

REALI JUNIOR, UM DOS MAIORES JORNALISTAS BRASILEIROS DE TODOS OS TEMPOS

Morreu na manhã deste sábado, por conta de uma parada cardíaca, o jornalista da Jovem Pan Elpídio Reali Júnior, ou simplesmente Reali Júnior.

Durante mais detrês décadas, ele foi a cara e a voz da JP na Europa, falando diretamente da Maison de la Radio, em Paris, na França, sobre política, economia, esportes e todos os acontecimentos que mobilizavam o Velho Continente.

Reali - que trabalhou em O Estado de S. Paulo e nos Diários Associados, além de passagens pelos mais importantes veículos de comunicação do Brasil - começou na Jovem Pan em meados da década de 1950, atuando como repórter esportivo, e mudou-se para a França em 1973, durante o regime militar, e sua casa na capital francesa foi, durante anos, uma espécie de embaixada informal dos brasileiros que visitavam a cidade.

Ele recebeu os troféus Comunique-se e Roquete Pinto e, em março de 2009, foi agraciado com o título de professor Honoris Causa da FMU, por conta de sua dedicação e importância para o jornalismo.

Em 2007, Reali Júnior lançou o livro Às Margens do Sena, em que contava suas experiências ao longo de 50 anos de profissão.

Ele deixa a mulher, Amélia, e quatro filhas, entre elas atriz Cristiana Reali, muito famosa na França.

O velório, que começa no final da tarde de hoje, ocorre no Funeral Home, que fica na Rua São Carlos do Pinhal, 376, perto da Avenida Paulista, e o corpo será cremado neste domingo, no cemitério de Vila Alpina.

Médico de Reali Júnior, o cardiologista Cláudio Alberto Pastore, do Instituto do Coração, lembrou que o jornalista teve um infarto no começo da década de 1990, no Brasil, datando deste período seu convívio com o jornalista.

Recentemente, o correspondente da JP teve um câncer de fígado e, dois anos atrás, teve diagnosticada a necessidade de realizar um transplante de fígado.

Ontem, ele realizou uma nova consulta, para o acompanhamento do câncer e, durante a manhã, a situação piorou.

Pastore concluiu que, quando chegou à casa de Reali, ele já havia falecido, salientando que o câncer, mesmo controlado após o transplante, acabou desgastando o jornalista.

Assista, abaixo, o discurso feito por Reali Júnior na cerimônia em que recebeu o título de doutor Honoris Causa da FMU.


















No primeiro podcast, abaixo, você pode ouvir o momento em que Flávio Prado, emocionado, deu a notícia do falecimento de seu colega e amigo, aproveitando para fazer uma homenagem a ele.

Podcast 01

Nesse segundo, um trecho do discurso de Reali na FMU:



Reali Júnior é considerado um dos maiores correspondentes do Brasil no exterior, de uma credibilidade absurda, e grandes coberturas internacionais - como, entre muitas outras, a queda do avião da Varig em Paris em 1973, Guerra Irã-Iraque, Revolução dos Cravos em Portugal, morte do ditador Franco na Espanha, crises globais do petróleo, queda do muro de Berlim, assassinato do presidente Gadaff do Egito, e a morte da Lady Diana.

Numa mídia brasileira que prefere o escândalo à notícia, o aplauso fácil à aventura de ser um bom repórter, Reali Júnior, com certeza, vai fazer muita falta.

*****
Fontes: Wikipédia e Jovem Pan Online

domingo, 22 de agosto de 2010

GIULIANA MORRONE GANHA QUADRO SOBRE NY NO "JORNAL HOJE"

Correspondente da Globo em Nova York desde 2007, Giuliana Morrone vai ter um quadro no "Jornal Hoje" - na hora do almoço - apresentando o cotidiano da Big Apple.

"Crônicas sobre Nova York" pretende mostrar a vida e a rotina da cidade com uma perspectiva brasileira.
"Quero 'conversar' com o telespectador, dar um toque pessoal, com a ajuda dos grandes cronistas da redação da Globo de Nova York, que são nossos brilhantes cinegrafistas".

Giuliana foi trabalhar em Nova York para substituir Rodrigo Alvarez - transferido para a Califórnia - e lembra de situações engraçadas pelas quais passou ao chegar na cidade, como seu primeiro -e inesquecível- almoço como moradora da Big Apple.
"Decidi preparar o New York Steaks, aqueles bifes altos. Com a fumaça, o alarme de incêndio do apartamento disparou. Eu não sabia que havia alarme e, muito menos, como desligá-lo. O vizinho queria me ver frita e ligou para a portaria, reclamando. Quem me salvou foi Very Good, o porteiro albanês", que apelidou o funcionário porque ele entende muito bem o inglês, mas consegue responder apenas “very good".

Foto: TV Globo
A jornalista Giuliana Morrone

A jornalista não nega que estranhou os hábitos americanos com a mudança.
"Achei que seria facílimo me adaptar, mas estranhei alguns traços da cultura americana. Aqui, me dei conta de como o brasileiro é afetuoso e generoso".

Para ela, as pessoas de Nova York são surpreendentes.
"Eu poderia passar horas falando dos personagens que já encontrei por aqui. A milionária inglesa que insiste em malhar na academia com uma calça de pijama desbotada; a porto riquenha que tentou dar golpe na prefeitura e simulou queda na escada do metrô... Depois que me mudei para cá, descobri que Woody Allen nem é tão criativo. Basta sair na rua, para encontrar personagens que se encaixariam em qualquer filme dele".

quarta-feira, 2 de junho de 2010

JORNALISTAS RUSSOS SÃO PAGOS COM SANGUE

Depois da falência do comunismo na então União Soviética, o mundo assistiu seus domínios, principalmente a Rússia, chafurdarem no que a Humanidade tem de pior.

O governo é corrupto, de uma grandeza que assombra até a nós, brasileiros, habituados desde as capitanias hereditárias ao tema.

Milionários começaram a pipocar aos montes, e suas fortunas se originam em tráfico de armas, drogas, chantagem e toda sorte de bandidagens.

Por aqui, tivemos o russo Boris Berezovski e o iraniano Kia Jorabichian, que conseguiram lavar fortunas na lavanderia que montaram no Corinthians.

Enquanto isso, o povo russo sofre com a falta de tudo: alimentos, transporte, gás, esperança.

Apenas poucos gatos pingados, principalmente jornalistas, ousam se insurgir contra esse estado de coisas.

E é esse o foco da reportagem do ótimo repórter Clifford J. Levy, do jornal americano "The New York Times", que teve o título dessa postagem.

Leia:

KHIMKI, Rússia - Mikhail Beketov foi alertado, mas não parou de escrever. Sobre transações fundiárias duvidosas. Empréstimos irregulares. Subornos por baixo da mesa. Tudo isso era evidência, argumentava ele em seu jornal, da corrupção desenfreada num subúrbio de Moscou.
"No ano passado, pedi a renúncia da liderança municipal", disse Beketov em um de seus últimos artigos. "Dias depois, meu automóvel foi explodido. O que me espera a seguir?"
Não muito tempo depois, ele sofreu uma selvagem agressão em frente de casa e foi deixado sangrando sobre a neve. Seus dedos foram esmagados, e três deles tiveram de ser amputados, como se os agressores quisessem ter certeza de que ele nunca mais escreveria uma só palavra.
Beketov também perdeu uma perna. Aos 52 anos, está numa cadeira de rodas, com o cérebro tão danificado que é incapaz de pronunciar uma só frase.
Os policiais prometeram uma investigação minuciosa, mas mal ergueram os olhos das suas mesas. Vídeos de vigilância foram ignorados. Vizinhos não foram ouvidos. Informações sobre o desagrado de políticos com Beketov foram tidas como "não confirmadas", segundo entrevistas com autoridades e moradores.

Foto: James Hill para o New York Times
O editor Mikhail Beketov, agredido em 2008, após desafiar autoridades

Cultura da impunidade
Depois de rejeitar repetidos apelos de Beketov por proteção, o Ministério Público assumiu o caso, mas não parece ir muito longe. Colegas do jornalista se dizem ansiosos para dar informações sobre quem no governo foi atingido pelas revelações dele. Mas ninguém perguntou.
Passados 18 meses, ninguém foi preso.
O incidente marca o início de uma onda de ataques não resolvidos e de intimidação oficial contra jornalistas, ativistas de direitos humanos e políticos de oposição em toda a região, que inclui os subúrbios de Moscou, mas não a cidade propriamente dita.
Tais intimidações -entre as quais estão também os esforços agressivos de promotores para fechar novos veículos de comunicação e ONGs- funcionam como uma enervante dissuasão.
E, em alguns casos nos últimos anos, a violência descambou para a pistolagem. A corrupção é disseminada na Rússia, e o governo costuma funcionar mal. Mas a maioria dos jornalistas e ONGs evita se aprofundar nesses temas.
A cultura russa da impunidade representa o exemplo mais flagrante da incapacidade do país em estabelecer leis reais nestas duas décadas desde o colapso da União Soviética. O presidente Dmitri Medvedev já repreendeu o "niilismo jurídico" do país. Mas, sob o governo de Medvedev e do seu antecessor, o hoje premiê Vladimir Putin, tal niilismo persistiu. E entre os maiores beneficiários estão os políticos do partido governista, o Rússia Unida.
Boris Gromov, governador da região de Moscou, comandou o 40? Exército durante a guerra soviética no Afeganistão, e seus adversários acham que ele governa com o mesmo sentido de ordem de um general. Gromov, nomeado por Putin, encheu o governo local com ex-colegas do Afeganistão, como o prefeito de Khimki, Vladimir Streltchenko.
Beketov fundou seu jornal, o "Khimkinskaia Pravda" ("A verdade de Khimki"), em 2006. Ele escrevia regularmente sobre supostos casos de corrupção envolvendo autoridades locais, em geral membros do Rússia Unida.

Uma denúncia repercute

Foto: Yrui Grachev
Iuri Gratchov, vítima de violência ao sair de casa

Suas reportagens tiveram repercussão nacional quando ele questionou por que a prefeitura, para ampliar uma avenida, demoliu um monumento que continha restos mortais de aviadores soviéticos.
E ele abordava incansavelmente o destino da floresta de Khimki, uma área intocada a uma improvável proximidade de Moscou.
Praticamente sem que a opinião pública notasse, o governo planejava que uma rodovia para São Petersburgo cruzasse a floresta. Beketov suspeitava que as autoridades estivessem lucrando secretamente com o projeto.
Desacostumados a esse tipo de crítica, os governantes locais o fustigaram publicamente. Beketov recebeu telefonemas ameaçadores. Pediu em vão ajuda às autoridades, segundo colegas. Chegando em casa certo dia, achou seu cão morto na soleira da porta. Então, seu carro foi explodido.
Em vez de investigar a explosão, os promotores abriram um inquérito criminal sobre o jornal dele. Amigos dizem que Beketov lhes contou que um funcionário municipal havia lhe feito um alerta sobre suas reportagens.
Numa noite de novembro de 2008, Beketov foi atacado, provavelmente por várias pessoas.
Iulia Jukova, porta-voz da comissão investigadora do Ministério Público na região de Moscou, disse que o departamento conduziu um rigoroso inquérito, mas teve de arquivá-lo por falta de provas. Ela afirmou que os investigadores precisavam ouvir Beketov, mas que seus médicos não autorizaram. (Beketov está incapaz de se comunicar desde o ataque.)
O governador Gromov e o prefeito Streltchenko não quiseram conceder entrevista para esta reportagem. Depois da agressão, Streltchenko declarou que não tivera envolvimento com o crime, mas se queixou da atenção dada ao assunto.
"Não quero dizer que foi bom o que aconteceu com o Mikhail", disse. "Mas quero que vocês separem a verdade da inverdade."
Em Solnietchnogorsk, ao norte de Khimki, o jornal "Solnietchnogorsk Forum" publicou denúncias sobre como os políticos locais tentavam dispensar eleições para manter o poder.
O editor do jornal, Iuri Gratchov, tem 73 anos. Em fevereiro de 2009, vários homens o agrediram quando ele saía de casa, fazendo-o passar um mês na UTI, com concussões e fraturas.
A polícia inicialmente disse que ele estava bêbado e caíra. Em seguida, afirmou que ele havia sido vítima de um assalto comum, embora só tivesse sido levada uma pasta com material para ser publicado no jornal. Os bandidos não foram achados, e políticos do Rússia Unida disseram que o ataque não tinha relação com o trabalho de Gratchov.
"Talvez tenham sido 'hooligans', ou talvez tenha sido ao acaso", disse Nikolai Bojko, dirigente local do partido, também veterano do Afeganistão. "A ideia de que tenha sido encomendado -não acredito nisso."

Jornal processado

Foto: Bell Tower
Andrei Khmelevski: repórter foi surrado dentro de casa

Os promotores tiveram mais sucesso procurando provas de que o "Solnietchnogorsk Forum" havia cometido uma calúnia. Abriram processo contra o jornal, querendo fechá-lo. Enquanto isso, em Khimki, um novo jornal da oposição, o "Khimki Nach Dom" ("Khimki é o nosso lar"), foi fundado para ajudar a manter o trabalho de Beketov.
O editor, Igor Belousov, 50, é profundamente religioso. Publica o calendário ortodoxo russo no jornal. Já trabalhou na prefeitura, mas diz ter saído por causa da corrupção.
Não muito tempo depois de lançar o jornal, Belousov foi acusado de calúnia, numa ação cível movida por promotores, e num processo penal aberto pelo prefeito Streltchenko. Em fevereiro, a polícia o deteve sob acusação de vender cocaína. Documentos judiciais mostram que o caso se baseia no depoimento de um traficante que não se lembrava de detalhes básicos do suposto crime.
"Tínhamos muito jornalistas aqui, mas todos sofreram e todos desistiram", disse Belousov. "Só sobrei eu, e agora estou desistindo."

quinta-feira, 1 de abril de 2010

ARMANDO NOGUEIRA

Criador do "Jornal Nacional", testemunha em 1954 do atentado ao político Carlos Lacerda (1914-1977), jornalista esportivo, escritor, cronista e piloto de ultraleve.

Companheiro de Armando Nogueira na Globo, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho - o Boni - definiu-o como "polivalente". "O jornalismo moderno de televisão foi implantado com um trabalho de luta do Armando Nogueira, uma preocupação constante com o texto jornalístico. É a pessoa mais importante para o jornalismo na televisão", completou ele.

Acreano de Xapuri (a 200 km da capital, Rio Branco), Armando nasceu em 14 de janeiro de 1927.
Aos 17 anos, já estava no Rio de Janeiro, onde formou-se em direito, mas preferiu trabalhar como jornalista.

Nogueira trabalhou na Globo entre 1966 e 1990, onde dirigiu a Central Globo de Jornalismo.
Foi responsável final por coberturas duramente criticadas até hoje, como o chamado "escândalo da Proconsult" em 1982 (fraude na contagem de votos da eleição para o governo do Estado do Rio, com suposto acobertamento da emissora) e a cobertura restrita da campanha das Diretas em 84 (quando suas equipes foram orientadas a não veicular imagens abertas dos comícios para não dar dimensão da adesão popular ao movimento).

Embora tenha trabalhado em diversas áreas do jornalismo, ele sempre preferiu ver o seu nome ligado à cobertura esportiva. Cobriu 13 Copas do Mundo -a primeira, em 1954- e seis Olimpíadas - a última em 2004.

Em 1954, dois episódios que nada tinham em comum entre si marcaram o jovem jornalista.
Na Copa, relatou e fotografou a histórica briga entre a delegação brasileira, recém-derrotada pela Hungria por 4 a 2, com suíços e húngaros.
A confusão entrou para a história do futebol brasileiro com o título de "A Batalha de Berna".
No mesmo ano, publicou em primeira pessoa relato do atentado que, na véspera, 5 de agosto, presenciara contra o jornalista e deputado Carlos Lacerda na rua Tonelero (Copacabana).
Ele voltava para casa quando, por acaso, testemunhou o ataque a Lacerda, baleado no pé.
O atentado acirrou mais ainda a crise política da época, que culminou em 24 daquele mês com o suicídio do então presidente Getúlio Vargas, contra quem Lacerda se opunha.

Seu estilo de texto, no jornal e na televisão, buscava aproximação com a crônica e a poesia.
Deixou dez livros maravilhosamente bem escritos, a maioria sobre esportes.
O que eu pessoalmente mais gosto é "O Homem e a Bola".

Armando Nogueira, 83, morreu ao amanhecer desta segunda, 29 de março, em seu apartamento na zona sul carioca.
Sofria de câncer cerebral havia três anos.
O velório foi na tribuna de honra do estádio do Maracanã, como ele sempre quis.
O enterro foi na terça, 30 de março, no cemitério São João Batista, em Botafogo.

O jornalista deixa um filho, Armando Augusto Nogueira.

Prefeitura e Estado do Rio, assim como a CBF (Confederação Brasileira de Futebol), decretaram luto de três dias.


Nas edições do "Jornal Nacional" comemorativas aos 40 anos do primeiro telejornal em rede gerado para todo o Brasil, cinco meses atrás, Boni se declarou "triste" em seu blog pela omissão do significado histórico de Armando Nogueira, não só para o "JN", mas para todo o telejornalismo brasileiro.

Mas a importância do "comandante" Armando Nogueira foi expressa, afinal, pela voz de João Roberto, um dos filhos de Roberto Marinho, fundador da TV Globo:
"Armando foi um companheiro maravilhoso, cativante e adorável. Ele mudou a linguagem do telejornalismo brasileiro com rigor fantástico na precisão da informação e na qualidade do texto. Ele nos deixa inspiração para o futuro", declarou o atual vice-presidente das Organizações Globo.

Na segunda, o telejornal abriu lembrando "o líder da equipe que criou o 'Jornal Nacional'".
Boni, Nogueira e Alice-Maria criaram o "JN", que unificou o Brasil sob o regime militar a partir de 1969.
O formato de telejornal nacional, copiado das redes americanas, foi defendido pelos três contra a corrente que queria que cada estado tivesse seu narrador.
De 1966 a 1990, ao longo de praticamente toda a ditadura, ele chefiou o jornalismo da Globo, período em que a rede dos Marinho se tornou a maior do país.
Pelo relato de colegas, resistia aos "depoimentos montados" pela repressão e era habilidoso ao dialogar em defesa da informação.
Com a abertura a partir da anistia, atravessou sem maiores arranhões na sua reputação de jornalista coberturas controversas como a apuração das eleições de 1982, no Rio, e a manifestação pelas Diretas em 1984, em São Paulo.

Em 1989, veio a eleição para presidente e Armando Nogueira viu Alberico de Sousa Cruz, estrela ascendente no jogo político interno da rede, e que vinha do jornal "O Globo" - também propriedade dos Marinho - realizar a célebre e até hoje comentadíssima edição do debate entre Fernando Collor e Lula, no "JN".
Poucos meses depois, perdeu o cargo para Sousa Cruz e deixou a Globo.
Foi o momento histórico de maior relevância de que participou. Quase uma década depois, ainda defendia Roberto Marinho no episódio:
"Na edição Collor-Lula eu fui um marido enganado. O cara que dirigia a área fez modificações à revelia do próprio empresário. Fez aquela manipulação por jogada pessoal, porque era ligado ao Collor", declarou, negando assim que fosse, como descrito até então, "o homem que sabe demais".

Armando Nogueira sempre lembrado pelo seu belíssimo texto, pelas palavras poéticas que soube usar como poucos jornalistas brasileiros, e pelo profundo conhecimento esportivo.

REPERCUSSÃO

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA, presidente da República:
"Foi um dos nomes de maior destaque da história do jornalismo brasileiro, especialmente na televisão e na crônica esportiva. Tinha talento de sobra que lhe permitiu atuar em diferentes mídias, sempre com o mesmo brilho e a mesma preocupação com a qualidade do texto e da informação"

FRANKLIN MARTINS, ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República:
"Foi um dos melhores textos da imprensa brasileira. Sua coluna na página de esportes do "Jornal do Brasil" marcou época -no futebol e no jornalismo. Criativo, elegante, apaixonado pelas palavras, um mestre"

ALICE-MARIA TAVARES
, atual diretora de programas especiais da Globonews e uma das criadoras do "JN", juntamente com Boni e Nogueira:
"Ele tinha uma paixão e um entusiasmo muito grandes. O telejornalismo brasileiro deve muito a ele. Ele conseguia aliar o amor pela imagem e o texto. Era um poeta. Cheguei à Rede Globo sem nunca ter trabalhado no jornalismo e ele me deu essa oportunidade"

WILLIAM BONNER, apresentador e editor-chefe do "Jornal Nacional":
"Minha carreira deve muito a ele. Tenho uma dívida pessoal imensa. Poucos tiveram o amor que ele devotou ao esporte. Era um amante do esporte na palavra. Ele vai descansar sabendo que o JN [Jornal Nacional] é um gigante"

DANIEL FILHO, diretor de televisão e cinema:
"Nunca dei um passo na minha vida sem ouvi-lo. Além da escrita, a palavra dele vinha certa para os amigos"

MAURÍCIO ASSUMPÇÃO, presidente do Botafogo:
"Era um grande botafoguense. Nesses anos de jejum, nos incentivou com suas crônicas e não nos deixou titubear. O estádio do Maracanã é palco ideal para a homenagem ao grande mestre"

ZICO, Gênio da bola:
"Uma das grandes emoções que tive foi no dia da minha despedida e ele fez uma crônica muito bonita. O jornalismo perde um homem que marcou a história dele. Lembro muito bem, quando criança, das resenhas em que ele participava com grandes nomes da imprensa brasileira"

JUNIOR, ex-jogador e comentarista da Globo:
"Foi meu grande mestre. Quando comecei a comentar, ele me disse que eu poderia elogiar sem bajular, e criticar sem ofender ninguém. Desde então faço isso na minha carreira"

ARNALDO NISKIER, educador e membro da Academia Brasileira de Letras:
"Sempre foi para mim um modelo de uma convicção de que é possível fazer literatura com o esporte. Ele produziu textos antológicos, que mostraram que a televisão não é só essa coisa ligeira que se critica"

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

MURILLO ANTUNES ALVES, JORNALISTA DOS BONS!


Quando Murillo Antunes Alves começou no jornalismo, o rádio era, para muitos, um bicho de sete cabeças.

Em 1948, por exemplo, um ano após entrar para a rádio Record, o rapaz saído de Itapetininga, no interior de SP, entrevistou Monteiro Lobato.

E o que registrou, ali, foi o estranhamento do escritor ao falar para um "canudo que ouve" -assim a engenhoca conhecida como microfone pareceu aos olhos do autor de "Reinações de Narizinho".

"Eu estou falando, e dizem eles que um aparelho está gravando e [que] depois vai repetir ao público minhas bobagens", afirmou, desconfiado, o escritor, que morreria dias depois da entrevista,e que assim deu ao jovem Murillo a sua única entrevista gravada.

No rádio desde 1938, Murillo -que se formou em direito pela USP nos anos 1940 -era, até segunda-feira, um dos jornalistas mais antigos do país e o funcionário com mais tempo de casa na Record.

Da rádio, transferiu-se para a TV da empresa, no ano de sua inauguração, em 1953.

Nela, cobriu a vinda ao Brasil de Bill Halley e seus Cometas, o casamento do príncipe Charles, na Inglaterra, e o enterro de Tancredo Neves.

Ganhador de vários prêmios como radialista- Roquete Pinto, Esso, APETESP...- entrevistou ao longo da carreira políticos como Getulio Vargas, Adhemar de Barros e Jânio Quadros -do qual foi, anos depois, assessor de gabinete na Presidência.

Apresentou também, até o fim dos anos 1990, o "Record em Notícias", vulgo "jornal da tosse" devido a idade avançada de seus âncoras - mas que para mim era um delicioso prazer assistir, já que era um telejornal opinativo na hora do almoço!

Na mesma década, foi vereador em SP pelo PMDB e conseguiu ver aprovado seu projeto que obrigava o uso do cinto de segurança na capital.

Chegou ainda a ser o primeiro chefe do cerimonial da Assembleia Legislativa de SP, nos anos 1950, e exerceu o mesmo cargo no governo do Estado, nos anos 1970, e na Câmara Municipal de SP.

Era um apaixonado pela Record, aonde ia todos os dias, nem que fosse só para almoçar. E foi lá que eu o conheci: um homem refinado, de linda voz, inteligente ao extremo, e que muito me ensinou.

Com seu jeito de ser elegante e sincero, ficou amigo de todos na TV e soube atravessar tranquilamente as fases pelas quais a Record passou: a fase áurea da família Machado de Carvalho,a do ostracismo com Silvio Santos, e a atual volta por cima com a Igreja Universal, onde ficou amigo de todos os dirigentes - até o Bispo Edir Macedo sempre dizia que gostava muito dele, e parecia ser sincero quando dizia isso.

Além de um enorme arquivo em casa, deixou na lembranças dos amigos os trocadilhos que adorava fazer. Espero ansioso que alguém ou alguma biblioteca fique com esse acervo precioso, que conta muito da história da rádio e da TV paulistas.

Viúvo há cerca de dez anos, morreu na segunda, em SP, aos 90. Foi enterrado anteontem, em Alambari, na região de Itapetininga. Não resistiu após passar por uma cirurgia.

Deixa filho, netos e bisneto.

Murillo, obrigado por me fazer um cara antenado e inteligente na medida certa.

Murillo Antunes Alves - *1919 +2010