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segunda-feira, 27 de agosto de 2018

OSCAR 2019: CONFIRA OS 22 FILMES BRASILEIROS QUE DISPUTAM UMA INDICAÇÃO

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O Ministério da Cultura anunciou os 22 filmes brasileiros que concorrem a uma vaga na categoria de Melhor Filme Estrangeiro no Oscar 2019
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No ano passado, 'Bingo - O Rei das Manhãs' foi o escolhido para representar o Brasil no Oscar - mas não chegou a figurar entre os 5 indicados presentes à cerimônia.

Confira a lista completa e o trailer das produções:


Além do Homem

Alberto Luppo é um escritor brasileiro que mora em Paris há anos e desde então renega suas raízes tropicais.
Quando um famoso antropólogo Francês desaparece na cidade de Milho Verde, Minas Gerais, ele volta para sua terra natal e inicia uma investigação para descobrir o paradeiro do velho amigo.
No entanto, durante a viagem, ele se encanta pela cultura brasileira, assim como suas terras e sua gente, algo até então impossível para ele.

Elenco: Débora Nascimento, Otávio Augusto, Fabrício Boliveira



Alguma Coisa Assim

Caio e Mari são dois jovens adultos cujo relacionamento está além de qualquer definição.
Ao longo de 10 anos, o enredo transita entre 3 momentos marcantes em que seus desejos estão em conflito e seu relacionamento é posto à prova. Entre São Paulo e Berlim, acompanhamos a transformação das cidades e dos personagens, vivendo as dores e as delícias de uma relação sem rótulos.

Elenco: Caroline Abras, André Antunes, Clemens Schick, Juliane Elting, Knut Berger, Lígia Cortez e Vera Holtz.


O Animal Cordial

Após um restaurante em São Paulo ser invadido por dois ladrões armados, o dono do estabelecimento, o cozinheiro, uma garçonete e três clientes são rendidos.
Inácio (Murilo Benício) precisa agir para defender seu restaurante e seus clientes dos assaltantes.

Elenco: Luciana Paes, Camila Morgado, Humberto Carrão e Irandhir Santos.


Antes Que Eu Me Esqueça

Aos 80 anos, Polidoro (José de Abreu) decide acabar com a estabilidade de sua confortável vida de juiz viúvo aposentado tornando-se sócio de uma boate de strip-tease.
Diante de tal situação, sua filha Beatriz (Letícia Isnard) decide interditá-lo judicialmente.
Em audiência, Paulo (Danton Mello) se declara incapaz de opinar sobre as decisões do pai porque não fala com ele há anos.
O juiz determina que seja feita uma avaliação de Polidoro por Paulo, em encontros regulares entre pai e filho, forçando uma reaproximação que transformará suas vidas.


As Boas Maneiras

Clara, enfermeira solitária da periferia de São Paulo, é contratada pela rica e misteriosa Ana como babá de seu futuro filho. Uma noite de lua cheia muda para sempre a vida das duas mulheres.

Elenco: Isabél Zuaa (Clara), Marjorie Estiano (Ana), Miguel Lobo (Joel), Cida Moreira (Dona Amélia), Andrea Marquee (Ângela), Felipe Kenji (Maurício), Nina Medeiros (Amanda), Neusa Velasco (Dona Norma), Gilda Nomacce (Gilda), Eduardo Gomes (Professor / Padre), Hugo Villavicenzio (Hugo), Adriana Mendonça (Cida), Germano Melo (Dr. Ciro Poças), Naolana Lima (Moradora de Rua)


Aos Teus Olhos

Rubens (Daniel de Oliveira) é um professor de natação querido por todos, até que uma acusação inesperada viraliza nas redes.
Quando todos os lados buscam a verdade, para onde vai o seu olhar?


Benzinho

Irene (Karine Teles) mora com o marido Klaus (Otávio Müller) e seus quatro filhos. Ela está terminando os estudos enquanto se desdobra para complementar a renda da casa e ajudar a irmã Sônia (Adriana Esteves). Mas quando seu primogênito Fernando (Konstantinos Sarris) é convidado para jogar handebol na Alemanha, ela terá poucos dias para superar a ansiedade e ganhar forças antes de mandar seu filho para o mundo.


Canastra Suja

Toda família tem seus segredos, mas só em algumas a verdade vem à tona.

Elenco: Marco Ricca, Adriana Esteves, Bianca Bin e outros


O Caso do Homem Errado

Documentário conta a história do jovem operário negro Júlio César de Melo Pinto, que foi executado pela Brigada Militar, nos anos 1980, em Porto Alegre.
O crime ganhou notoriedade após a imprensa divulgar fotos de Júlio sendo colocado com vida na viatura e chegar, 37 minutos depois, morto a tiros no hospital.
O filme traz o depoimento de Ronaldo Bernardi, o fotógrafo que fez as imagens que tornaram o caso conhecido, da viúva do operário, Juçara Pinto, e de nomes respeitados da luta pelos direitos humanos e do movimento negro no Brasil.
Além do caso que dá título ao filme, a produção discute ainda as mortes de pessoas negras provocadas pela polícia.


Como é Cruel Viver Assim

Solitários, frustrados e incapazes de realizar qualquer coisa que dê sentido às suas vidas, Vladimir, Clivia, Regina e Primo armam um plano absurdo: sequestrar um milionário.
Porém, o quarteto não tem nenhuma experiência com crimes e nem noção do que essa operação pode envolver.
Enquanto tomam as providências práticas, revelam-se seus medos e ambições.

Elenco: Marcelo Valle, Fabiula Nascimento, Silvio Guindane, Debora Lamm, Paulo Miklos, Otavio Augusto e Milhem Cortaz.


Dedo na Ferida

Abordando o sistema financeiro e suas contradições, o documentário faz um questionamento a respeito de um dos principais discursos das autoridades financeiras: de que não podemos gastar mais do que arrecadamos.
Através de diversas entrevistas, é composto um panorama de como o capital pode influenciar a política, os governos e a vida cotidiana de qualquer pessoa.

Elenco: David Harvey, Costa-Gavras, Maria José Fariñas


O Desmonte do Monte

O documentário aborda a história do Morro do Castelo, seu desmonte e arrastamento.


Encantados

Zeneida (Carolina Oliveira) é uma das filhas de um importante político do Pará.
Com mais dez irmãos, ela se destaca por seu jeito atrevido, perseverante e teimoso.
Sensitiva, vê e escuta coisas que mais ninguém enxerga ou ouve, e após se mudar para a Ilha do Marajó fica encantada com Antônio (Thiago Martins), figura misteriosa que encontra nas andanças pela propriedade da família.
A paixão pelo estranho e a intimidade com a natureza não são vistas com bons olhos por seus pais e a rebelde jovem passa a enfrentar um grande conflito dentro de casa ao ser considerada lunática.


Entre Irmãs

Pernambuco, década de 1930.
Luzia (Nanda Costa) e Emília (Marjorie Estiano) são irmãs que vivem na pequena Taguaritinga do Norte, ao lado da tia Sofia (Cyria Coentro), que lhes ensinou o ofício de costureira.
Enquanto Emília sonha em se mudar para a cidade grande, Luzia se conforma com a realidade ao mesmo tempo em que lida com as dificuldades de ter um braço atrofiado, por ter caído de uma árvore quando criança.
A vida destas três mulheres muda por completo quando o cangaceiro Carcará (Júlio Machado) cruza seu caminho, obrigando-as a costurar para o bando que lidera.


Ferrugem

Assim como a maioria das meninas adolescentes Tati (Tiffanny Dopke) ama compartilhar sua vida nas redes sociais.
Porém, quando menos espera, ela vai ter que amadurecer e lidar com as consequências de seus atos, depois que algo que ela não queria que se tornasse público é divulgado no grupo do WhatsApp de sua turma de colégio.


O Grande Circo Místico

Em meio ao universo de uma tradicional família austríaca, que é dona do Grande Circo Knieps, nasceu um improvável romance entre um aristocrata e uma acrobata.
Este é o retrato dos 100 anos de existência do Grande Circo e das cinco gerações de uma mesma família que estivem à frente do espetáculo com suas histórias fantásticas.

Elenco: Jesuíta Barbosa, Bruna Linzmeyer, Mariana Ximenes e outros.


Ex-Pajé

Até o contato do povo Paiter Suruí com os brancos, em 1969, Perpera era um pajé poderoso.
Após chegada dos brancos, um pastor evangélico afirma que pajelança é coisa do diabo e Perpera perde seu papel na tribo, passando a viver com medo dos espíritos da floresta.
Mas quando a morte ronda a aldeia, o poder de falar com os espíritos pode novamente ser necessário...


Não Devore Meu Coração

Joca, um jovem de treze anos, descobre o amor quando conhece Basano, uma menina paraguaia.
No entanto, para conquistá-la, Joca passará por grandes dificuldades relativos a problemas de fronteira entre o Brasil e o Paraguai e a relação seu irmão Fernando (Cauã Reymond), um homem que pertence a uma perigosa gangue de motociclistas.


Paraíso Perdido

Paraíso Perdido é um clube noturno gerenciado por José (Erasmo Carlos) e movimentado por apresentações musicais de seus herdeiros.
O policial Odair (Lee Taylor) se aproxima da família ao ser contratado para fazer a segurança do jovem talento Ímã (Jaloo), neto de José e alvo frequente de homofóbicos, e aos poucos o laço entre o agente e o clã de artistas românticos vai se revelando mais e mais forte - com nós surpreendentes.

Elenco: Lee Taylor, Jaloo, Júlio Andrade e outros


Talvez Uma História de Amor

Quando chega em casa, depois de mais um dia corriqueiro no trabalho, Virgílio (Mateus Solano) liga a secretária eletrônica e ouve um recado perturbador.
É uma mensagem de Clara (Thaila Ayala), comunicando o término do relacionamento dos dois.
Virgílio, contudo, não faz a menor ideia de quem é Clara.
Perturbado devido ao seu jeito metódico e controlador, ele não se lembra de ter se relacionado com ninguém, mas todos ao seu redor pareciam saber do relacionamento dos dois, perguntando como ele está se sentindo com o término.
Agora, ele precisa encontrar essa mulher misteriosa.


Unicórnio

Maria (Barbara Luz) aguarda com a mãe (Patrícia Pillar) a volta de seu pai (Zécarlos Machado), na rústica casa de campo.
Enquanto isso, um viajante (Lee Taylor), aparece e muda a relação entre mãe e filha, criando uma atmosfera de suspense e romance.


Yonlu

Filme de ficção baseado na história real de um garoto de 16 anos que, com a ajuda da internet, conquistou o mundo com seu talento para a música e para a arte.
Fluente em cinco idiomas, YONLU tinha uma rede de amigos virtuais em todos os continentes.
Ninguém desconfiava, contudo, que também participava de um fórum de potenciais suicidas.

O anúncio do longa nacional escolhido este ano acontecerá no dia 11 de Setembro.

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

'AQUARIUS': BELO ESTUDO SOBRE O BRASIL ATUAL E SUA CAPACIDADE DE RESISTÊNCIA, LONGA É O MELHOR BRASILEIRO DE 2016



SINOPSE:

Aos 65 anos, Clara (Sonia Braga) é uma jornalista aposentada, viúva e mãe de três adultos.

Ela mora em um apartamento defronte para o mar, na Av. Boa Viagem, no Recife, onde criou seus filhos e viveu boa parte de sua vida.

Interessada em construir um novo prédio no espaço, os responsáveis por uma construtora conseguiram comprar todos os apartamentos do prédio - menos o dela.

Agora, por mais que tenha deixado bem claro que não pretende vendê-lo, Clara sofre todo tipo de assédio e ameaça para que mude de ideia.

CRÍTICA:

Nos últimos anos, nossos cinemas ficaram lotados de comédias brasileiras, estreladas pelos mesmos Leandro Hassum e Ingrid Guimarães de sempre.

Todas são sucesso de bilheteria - o que não quer dizer que sejam bons filmes, muito ao contrário, a esmagadora maioria é ruim de dar dó.

Nesse deserto de bons longas, é de se louvar o que o estado de Pernambuco tem feito, entregando sempre os melhores filmes brasileiros da atualidade e surpreendendo ao se tornar referência de vanguarda, com produções como 'Febre Do Rato', 'Baixio Das Bestas', 'Cinema, Aspirinas E Urubus' e 'O Som Ao Redor', bem-sucedido suspense de Kléber Mendonça Filho.

Agora, Mendonça Filho retorna com 'Aquarius', em exibição em 80 salas em todo o Brasil, muito elogiado no último Festival de Cannes e que vem ganhando importantes prêmios em outros festivais mundo afora.

Aquarius : Foto
Sonia Braga é a protagonista Clara - Fotos dessa Postagem: Divulgação/Imagem Filmes
Se causou polêmica no festival francês, depois do elenco protestar contra o presidente golpista Michel Temer com cartazes perante a mídia global presente, o tema não é o foco do longa, mesmo com a crítica social ainda muito presente.

Em seu melhor papel no cinema em anos, Sonia Braga faz aqui uma interpretação madura, carismática, muito segura e sensível da jornalista e crítica musical Clara, viúva que vive sozinha num apartamento do prédio Aquarius, à beira-mar da capital pernambucana .

Foi nesse imóvel que ela teve as melhores lembranças de sua vida, onde criou seus três filhos - hoje já adultos - e superou um câncer de mama.

Entretanto, o prédio é cobiçado por uma empreiteira, que quer modernizá-lo, mas Clara se nega a vender o apartamento, se tornando a única moradora do condomínio e travando uma batalha contra a empresa.

Ela é uma mulher à frente de seu tempo, em todos os sentidos: se recusa a abaixar a cabeça para a vida, seja quando se nega a vender seu apartamento, seja quando enfrenta o discurso conservador dos filhos, uma bem vinda personificação de resistência nesses tempos bicudos do Brasil.

Aquarius : Foto
Cena do longa
Na juventude, ela deixou os filhos com o pai para focar em sua carreira - tabu até para os dias de hoje - e agora, viúva, ela faz questão de ter uma vida social e sexual ativa, contratando até os serviços de um garoto de programa.

O longa não se resume apenas ao talento de Sonia e à valorização da memória.

Assim como fez em 'O Som ao Redor', o diretor espalha vários comentários e situações ácidas que tão bem representam a hipocrisia existente na convivência diária entre classes sociais no país.

O próprio conceito de ética é também trabalhado em relação ao mercado, pela forma como os representantes da construtora se comportam a partir das seguidas recusas de Clara.

Há ainda o olhar absolutamente natural sobre a sexualidade, como algo decorrente da existência humana - inclusive, chama a atenção o contraponto criado da primeira memória sexual surgir justamente durante uma pacata reunião familiar.

Aquarius : Foto
Cena do longa
Com um olhar extremamente afetuoso em Clara e a partir dela, o filme ainda brilha pela trilha sonora, repleta de referências emocionais e históricas ao que é ser brasileiro.

A fotografia solar também merece destaque, ressaltando as várias fases e a beleza da praia de Boa Viagem e também a amplitude do apartamento em que Clara vive.

Além disto, há certos enquadramentos que impressionam, seja por criar falsas expectativas sobre o que está por vir ou simplesmente pela sequência de eventos tão díspares exibidos com um mero movimento de câmera.

Lidando com a linha tênue entre a nostalgia e a memória, o longa é um belíssimo estudo sobre o Brasil atual e suas idiossincrasias, apontadas com olhar clínico e sem lantejoulas pelo diretor, muitas vezes de forma bastante política.

O melhor exemplo é a discussão ocorrida sobre a falta de caráter humano, de uma importância abissal para a própria vida e que poderia ser facilmente encaixada em vários outros absurdos cotidianos do nosso país.

No longa, Kléber opta por uma narrativa linear e bastante clara, dividindo-a em três partes e abusando do recurso do flashback em sua composição.

A marcação temporal se dá nas roupas, no visual e no tom da fotografia, com exceção da vitrola, que se mantém presente, mesmo dividindo espaço com o MP3 e o streaming, provando que a moderno e o antigo, como o próprio edifício Aquarius, podem coexistir no mesmo espaço.

Aquarius : Foto
Cena do longa
Em uma das cenas, após sua filha se referir ao prédio como velho, Clara a questiona:

"Quando você gosta é vintage, mas quando não gosta é velho?"

O filme acabou recebendo classificação etária de 18 anos, com todos tendo a certeza de que o governo golpista fez isso justamente para retaliar o longa, seu diretor e seu elenco pelo protesto em Cannes.

A Vitrine Filmes, distribuidora do longa, chegou a entrar com um recurso para diminuir a idade, mas esse primeiro pedido foi negado, levando o elenco e demais membros da classe artística a protestarem.

No site do órgão, a classificação do filme tinha sido justificada pelas cenas de "uso de drogas" e "sexo explícito".

Entretanto, as escassas cenas de sexo e a ausência de palavrões fazem com que essa decisão fosse descabida.

Depois da chiadeira geral, finalmente na tarde desta quinta (1), o ministério da Justiça foi obrigado a voltar atrás e reduziu a idade permitida para 16 anos - menos mal.

No longa, tudo deixa a impressão de que não se trata apenas de um embate entre o mais forte e o mais fraco, sistema e oprimido.

É, sim, um questionamento sobre modernização ser sinônimo de apagarmos o passado.

Filme simples, catalizador, que conta uma boa história, bem dirigido, com fotografia inspirada e direção e elenco absolutamente seguros.

Lógico, não vai ter a mesma bilheteria dessas comediazinhas sem vergonha, que semana sim, semana também, ocupam, mal, o já escasso espaço do cinema brasileiro nas salas de cinema - hoje estreia mais uma, pavorosa, com a onipresente Ingrid Guimarães.

Mas é zilhões de vezes melhor.

Um filme marcante e necessário, especialmente para uma época sombria de relações humanas tão degradadas.

Melhor filme brasileiro de 2016, disparado.

PRÊMIOS RECEBIDOS ATÉ AGORA:

Festival de Sidney - Melhor Filme
Festival de Transatlantyk - Melhor Filme
Festival de Lima - Prêmio do Júri e Melhor Atriz (Sonia Braga)
Festival de Amsterdã - Melhor Filme

TRAILER:


FICHA TÉCNICA:
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'AQUARIUS':
Gênero:
Drama, suspense
Direção e Roteiro:
Kleber Mendonça Filho
Elenco:
Buda Lira, Carla Ribas, Daniel Porpino, Fernando Teixeira, Humberto Carrão, Irandhir Santos, Julia Bernat, Maeve Jinkings, Paula De Renor, Pedro Queiroz, Rubens Santos, Sonia Braga, Thaia Perez
Produção:
Emilie Lesclaux, Michel Merkt, Saïd Ben Saïd
Fotografia:
Fabrício Tadeu, Pedro Sotero
Duração:
142 min.
Ano:
2016
País:
Brasil / França
Cor:
Colorido
Estreia:
01/09/2016 (Brasil)
Distribuidora:
Vitrine Filmes
Estúdio:
Cinemascópio Produções / SBS Productions
Classificação Etária:
16 anos

COTAÇÃO DO KLAU:

sexta-feira, 23 de julho de 2010

"O BEM AMADO": "A FUNÇÃO DA COMÉDIA É DENUNCIAR OS ERROS DO HOMEM", DIZ O DIRETOR GUEL ARRAES

Ele é um político que assumiu a prefeitura da pequena Sucupira com a promessa de inaugurar o primeiro cemitério da cidade, só que o problema é que ninguém morre por lá.
É aí que ele tem a idéia de contratar um matador de aluguel para poder, enfim, organizar o grande evento de inauguração.
A saga de Odorico Paraguaçu é uma das mais conhecidas e queridas do povo brasileiro, e a personagem principal de “O Bem Amado” já foi interpretado no teatro - por Procópio Ferreira - em telenovela e depois em seriado - por Paulo Gracindo.

Décadas depois do sucesso da novela de Dias Gomes - a primeira a ser gravada e exibida em cores da história da TV brasileira - o diretor Guel Arraes leva a história para o cinema, que ainda hoje permanece atual.
“Só vale a pena recontar ‘O Bem Amado’ se verificar que algo mudou para justificar a nova versão,” diz o cineasta.

Globo Filmes - Divulgação
Odorico e as irmãs Cajazeiras, em cena do filme

Arraes quer que seu filme sirva para que os espectadores fiquem de olhos abertos nas atitudes de políticos, especialmente em ano de eleição como agora.
“A função da comédia é revelar e denunciar os erros do homem."

Para isso, “O Bem Amado” mostra um prefeito corrupto, planejando maneiras de embolsar os recursos públicos, e também apresenta o opositor de Odorico, que não pode ser considerado um bom caráter.
“Não tem como fazer uma sátira política se não criticar a direita e a esquerda”, explica o diretor.

Guel trabalha com atores que já estiveram ao seu lado em outros projetos, e traz novos integrantes para sua trupe.
“Mesmo os novos são pessoas que se encaixam no grupo, que é bem homogêneo, e quando se trabalha junto mais de uma vez, há vantagens e desvantagens. Primeiramente, que se ganha tempo.”
Guel dá como exemplo, sua parceria com Marco Nanini.
“Sei que posso exagerar nas marcações com o Nanini.”

Veja o trailer do filme:


O ator, que fez parte do elenco de outras obras do diretor, como “Lisbela e o Prisioneiro” e “Romance”, diz que “a primeira vez que se trabalha com um diretor é como um namoro”.
“Gosto da maneira como o Guel dirige. Incansável, exigente e planejado. A gente vai para o set para executar aquilo que já foi combinado.”

Já Andrea Beltrão apresenta os pontos desafiadores de uma parceria tão longeva. “O que mais você pode fazer para surpreender esse diretor que te conhece tão bem?”, questiona a atriz, que não quer que seu trabalho seja comparado ao do elenco da telenovela.
“O medo da comparação é paralisante, e esse filme é uma nova visão que cada pessoa pode trazer.”

Divulgação
Dirceu Borboleta e Odorico, em cena do filme

Os personagens de “O Bem Amado” são fortes, e a caracterização foi uma preocupação constante na concepção do filme. “A gente fez um glossário do Odoriquês,” diz Arraes, sobre as palavras estranhas usadas pelo personagem principal.
Marco Nanini dá créditos para termos como “stripteasicamente” aos roteiristas:
“Não há nada em minhas falas que não esteja no roteiro.” Para as entonações, Nanini usou depoimentos dados por políticos atuais em CPIs.

“A caracterização é uma parte muito divertida do trabalho”, diz Andrea Beltrão, que vive uma das três irmãs solteironas - as "Cajazeiras" - ávidas por levar o viúvo Odorico ao altar.
“Aquela peruca loura foi meu primeiro pedido,” disse a atriz.

José Wilker, que vive o matador Zeca Diabo, afirma que “umas das coisas que me levaram a composição do personagem foram a maquiagem e o figurino.”
Além disso, usou lembranças de família pra construir o cangaceiro.
“Eu me espelhei no meu pai - um homem de educação rasa, mas que procurava se instruir sobre o que é certo.”

Matheus Nachtergaele, que interpreta o funcionário público Dirceu Borboleta, fez um pedido inusitado para auxiliar no seu trabalho.
Pedi para que as roupas fossem sempre menores do que deveriam, para me ajudar na caracterização, postura e movimentação do personagem”.
No meio das filmagens, o ator teve uma fratura no braço, que acabou por limitar ainda mais seus movimentos.

O universo de Sucupira promete - e cumpre - a promessa de alegrar as platéias.
“Os personagens são muito bons. Todos são generosos, se complementam”, diz Matheus.
“Eles são figuras bem coladas a tipos que Dias Gomes conhecia”, completa Wilker, que já encarnou outro personagem fortíssimo de Dias Gomes, Roque Santeiro.
*****

CRÍTICA

A comédia "O Bem- Amado", de Guel Arraes, atualiza e também amplia os significados da peça de Dias Gomes - "Odorico, O Bem Amado ou Os Mistérios do Amor e da Morte", escrita em 1962 - que deu origem à novela - exibida em 1973 - e série - exibida entre 1980 e 1984.

Intérprete de Odorico Paraguaçu nesta versão, Marco Nanini foi quem deu o pontapé inicial no projeto, ao comprar os direitos da peça há cerca de quatro anos, chamando depois Arraes para a adaptação - este divide os créditos do roteiro com Cláudio Paiva.

A peça com Nanini foi um dos maiores sucessos do teatro brasileiro recente, o que possibilitou ao ator e ao diretor conseguirem ótimos patrocínios para o filme - Petrobras à frente, e produção - com a sempre competente Paula Lavigne.

Além das trocas de atores, como José Wilker no lugar de Lima Duarte no papel do cangaceiro Zeca Diabo, houve também radicais mudanças de tom nas caracterizações de personagens-chave.

É o caso das irmãs Cajazeiras - Ida Gomes, Dorinha Duval e Dirce Migliaccio, na telenovela e série - no filme rejuvenescidas e bem mais atrevidas - agora interpretadas por Andréa Beltrão, Zezé Polessa e Drica Moraes.
Drica, que se recupera de um transplante de medula por causa de uma leucemia, foi a mais lembrada e homenageada pelos colegas de elenco nas pré-estréias do filme.
Ela merece.

A história é conhecida: prefeito populista da cidadezinha de Sucupira, Odorico Paraguaçu (Nanini) desvia recursos públicos e constrói um cemitério como a grande obra de sua administração.
O tempo passa, não morre ninguém, e o principal opositor do prefeito, o político e jornalista Vladimir (Tonico Pereira), ganha argumentos para uma grande campanha através de seu jornal, "A Trombeta".

É quando Odorico, que tem uma relação amorosa com as três irmãs Cajazeiras, sabe por elas da existência de um primo, supostamente acometido por uma doença mortal (Bruno Garcia).

Mais uma vez a morte demora a aparecer, e o prefeito resolve trazer de volta à cidade o famoso Zeca Diabo (José Wilker), o cangaceiro que matou seu antecessor.

Preocupações com a atualidade da nova versão levaram, por exemplo, o diretor a mudar o final do filme quando já estava pronto.
O final anterior, que é o mesmo da peça original, colocava Vladimir, que a vida toda combateu ferozmente Odorico Paraguaçu, lendo um elogio fúnebre à beira de seu túmulo, finalmente inaugurando o cemitério superfaturado e até então inútil de Sucupira.

Neste novo final, o jovem jornalista Neco Pedreira (Caio Blat, no papel que foi de Carlos Eduardo Dollabela na telenovela e série - e que tem um relacionamento amoroso com a filha de Odorico - Maria Flor, ótima, no papel que foi da saudosa Sandra Bréa na telenovela) é visto numa reportagem de televisão que inclui imagens reais da campanha das "diretas já", em 1984.

Arraes justificou esta mudança como sua forma de "responder a um descrédito com a política, mostrando uma terceira via que a peça não tem".

Optando por situar a trama ao tempo da peça - o começo dos 60 - Arraes nos faz crer que a saga de Odorico é mesmo atemporal, e que políticos como ele, tão corruptos quanto adoráveis, ainda existem às centenas pelo Brasil afora.

Elenco excepcional, direção estupenda, direção de arte primorosa e uma história já conhecida por todos.

Saí do cinema sem (muitas) saudades do Odorico de Paulo Gracindo.

O filme será transformado em em microssérie de quatro capítulos em breve.
Afinal, o filme é copatrocinado pela TV Globo, e distribuído pela Globo Filmes.

"O Bem Amado"
Diretor: Guel Arraes
Produção: Globo Filmes e Paula Lavigne
Elenco Principal: Marco Nanini
Matheus Nachtergaele
José Wilker
Andrea Beltrão
Drica Moraes
Zezé Polessa
Maria Flor
Caio Blat
Gênero: Comédia
Duração: 100 mins
Ano: 2009
Data da Estreia: 23/07/2010
Cor: Colorido
Classificação: Não recomendado para menores de 12 anos
País: Brasil

quarta-feira, 12 de maio de 2010

FESTIVAL DE CANNES: OS BRASILEIROS E O PRESIDENTE DO JÚRI


Três filmes brasileiros serão exibidos no Festival

Cannes está de olho no cinema latino-americano, que ganha espaço na competição, nas seções paralelas e até mesmo entre os jurados, em reconhecimento pela sua vitalidade, diversidade e criatividade.

Entre os brasileiros, embora fora da competição, uma obra que poderá ser vista é "5 x Favela por nós mesmos", de Cacá Diegues.

Mais um filme brasileiro estará na Quinzena dos Diretores, uma sessão paralela, "Alegria", de Marina Méliande e Felipe Bragança.

Foto: Divulgação
Cena de "A Alegria"

Na Semana da Crítica, haverá mais um curta codirigido pelos brasileiros Gustavo Melo e Cavi Borges, "A distração de Ivan".

Os latino-americanos ganharam espaço também nas decisões sobre os melhores curtas-metragens. No júri do Cinéfondation estará o diretor Cacá Diegues, de "Deus é Brasileiro".

*****

Tim Burton : "Nós também seremos julgados como júri"


Com óculos perfeitos para ver um filme em 3D e, mãos tão inquietas quanto as dos personagens que Johnny Depp representa em seus filmes, o diretor Tim Burton falou, no início da tarde de hoje, sobre a função do júri de Cannes.

Guillaume Horcajuelo/Efe
Tim Burton em Cannes, hoje

"Tivemos um jantar ontem à noite e acho que todos nós, do júri, somos muito sensíveis em relação ao significado da palavra julgar", disse o diretor do megassussesso da Disney "Alice no País das Maravilhas".
"Nós também seremos julgados como júri."

Lógico, como presidente, Burton acabou por monopolizar a entrevista com o júri, que lotou a sala de imprensa do Palais des Festivals, onde ele fez questão de ressaltar que "precisamos estar abertos a tudo".

Burton e seus oito colegas (os atores Benicio del Toro e Giovanna Mezzogiorno entre eles) terão a missão de julgar filmes sobretudo autorais, e muitos deles vindos do oriente.
"É a nossa chance de ver o que está acontecendo no mundo", completou Burton.