Mostrando postagens com marcador Mary Steenburgen. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Mary Steenburgen. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 14 de junho de 2018

'DO JEITO QUE ELAS QUEREM': ELENCO DE DIVAS EM COMÉDIA LEVE, SIMPÁTICA E BEM FEITA


SINOPSE:

Quatro amigas têm suas vidas viradas de cabeça para baixo quando dão inicio a nova leitura do mês e são apresentadas ao livro “Cinquenta Tons de Cinza”.

Diane (Diane Keaton) ficou viúva após 40 anos de casamento, Vivian (Jane Fonda) gosta de seus relacionamentos sem compromisso, Sharon (Candice Bergen) ainda está trabalhando em um divórcio de décadas e o casamento de Carol (Mary Steenburgen) está em baixa após 35 anos.

A leitura estimula romances e reavive velhas chamas.

Juntas, as amigas incentivam uma a outra, para tornar o próximo capítulo de suas vidas o melhor de todos.

CRÍTICA:

O elenco é excepcional e inclui quatro ganhadores do Oscar - Diane Keaton, Jane Fonda, Mary Steenburgen e Richard Dreyfuss - e dois indicados ao Oscar - Candice Bergen e Andy Garcia.

Assim, o diretor e roteirista Bill Holderman já teve meio caminho andado para fazer 'Do jeito Que Elas Querem', um filme simpático, leve e bem feito.

Na trama, Vivian, Diane, Sharon e Carol são quatro amigas inseparáveis.

Ricas e brancas, possuem boa saúde e trabalhos estáveis, de modo que o único conflito são suas vidas afetivas.

Seguindo uma dinâmica muito próxima de 'Sex and the City' - mas com elenco uma geração mais velho - o roteiro desta comédia dramática cria quatro personalidades complementares: uma mulher que só pensa em sexo, mas jamais quer ter um compromisso a longo prazo (Jane Fonda), outra ocupada demais com a vida profissional para se dedicar aos romances (Candice Bergen), outra ingênua e sonhadora (Mary Steenburgen) e aquela que reúne o grupo, além de ser a narradora da história (Diane Keaton).

Fotos dessa postagem: Divulgação/Paris Filmes
O quarteto se reúne sob o pretexto de um Clube do Livro, que jamais parece muito verossímil - nunca se discute literatura nessas reuniões.

Mas elas conversam, e muito: a dinâmica passa essencialmente por diálogos bem escritos, nos quais as personagens confrontam suas visões de mundo e trazem à tona os conflitos morais e geracionais.

Ainda é tarde para pensar em sexo depois dos 60 anos?

É possível encontrar um novo amor e fazer planos para o futuro, ou reacender a chama de um casamento entediante?

Pegando o exemplo do namoro entre Christian Grey e Anastasia Steele, elas decidem ser mais ousadas no sexo e no amor.

O aspecto positivo deste projeto se encontra na maneira como Bill Holderman consegue rir com estas mulheres, ao invés de rir delas.

Ainda que constituam estereótipos, cada uma é respeitada em seu corpo e seus desejos.

As novas gerações são vistas como conservadoras, a exemplo das insuportáveis filhas de Diane, enquanto as protagonistas querem se divertir, viajar, beijar, fazer sexo.


As atrizes são eficazes em seus papéis: Mary Steenburgen e Candice Bergen extraem humor de pequenas cenas de constrangimento universal - a proposta do sexo, o medo da rejeição - e Jane Fonda está muito confortável reproduzindo basicamente o mesmo papel nos últimos dez anos.

Diane Keaton abusa dos tiques e da gesticulação, mas nada que atrapalhe o conjunto.

De certo modo, o humor aqui nasce da comparação das quatro mulheres idosas com pré-adolescentes: elas têm medo do sexo, de chegar no homem desejado, de serem rejeitadas.

Não sabem como se vestir, se maquiar.

Estamos a um passo de um tom depreciativo, por infantilizar o grupo sem considerar suas experiências de vida.


No entanto, o filme faz questão de se manter solar, leve.

É claro que todas elas atravessam um problema amoroso ao mesmo tempo, é claro que o roteiro soluciona todos estes conflitos magicamente, ao mesmo tempo.

Não existe naturalidade neste cenário previsível e alegremente artificial.

Tampouco se pode esperar sexo no filme que tanto fala de sexo, ou mesmo uma amargura normal do envelhecimento e do medo da morte, como em 'Um Divã Para Dois'.

A estética contribui para este otimismo a qualquer preço: os cenários e figurinos adotam cores pastéis, a luz prefere tons lavados ao contraste intenso, a música feel good trata cada cena como um spot publicitário de livros, vinhos ou sites de encontro na Internet.

A mensagem final pode incomodar espectadores progressistas, por sugerir que a felicidade de uma mulher, independente da idade, depende de um par romântico estável, rico e branco.


Mesmo assim, este cinema acessível a qualquer idade, que continuará um sucesso na televisão e em home video, serve a homenagear a sexualidade feminina pós-menopausa - por mais que a singela homenagem venha de um diretor homem.

E só esse elenco em interpretações notáveis já paga o ingresso.

TRAILER:


FICHA TÉCNICA:
'DO JEITO QUE ELAS QUEREM'
Título Original:
BOOK CLUB
Gênero:
Comédia
Direção:
Bill Holderman
Elenco:
Jane Fonda, Diane Keaton, Candice Bergen, Mary Steenburgen, Andy Garcia, Richard Dreyfuss, Alicia Silverstone, Don Johnson
Roteiro:
Bill Holderman
Diretor de fotografia:
Andrew Dunn
Montadora:
Priscilla Nedd-Friendly
Diretor de elenco:
Avy Kaufman
País:
EUA
Ano de Produção:
2018
Estúdio:
June Pictures
Distribuição:
Paris Filmes
Estreia (Brasil):
14 de Junho de 2018

COTAÇÃO DO KLAU:

sábado, 4 de fevereiro de 2012

'HISTÓRIAS CRUZADAS": INTIMISMO E FEMINILIDADE AO ABORDAR A LUTA PELOS DIREITOS CIVIS DOS NEGROS AMERICANOS


"Histórias Cruzadas", drama que o diretor Tate Taylor adaptou do best-seller "A Resposta", de Kathryn Stockett, é um retrato intimista da luta pelos direitos civis dos negros dos anos 1960 nos Estados Unidos -  sob a ótica feminina.

Ator com pouca experiência na direção - este é seu segundo longa - Taylor é amigo de infância da autora do livro - assim, o bom roteiro, escrito por ele, ficou mais fácil de ser desenvolvido, pois a consultoria foi de primeira.

A grande sacada do filme é o afiadíssimo elenco, de atrizes de várias gerações, que vai das veteranas Sissy Spaceck e Cicely Tyson, a jovens como Emma Stone - o que valeu as premiações de melhor elenco, melhor atriz  - para Viola Davis - e atriz coadjuvante - para Octavia Spencer - no prêmio do Sindicato dos Atores da América (SGA).

Aqui, Emma Stone interpreta a jovem Skeeter Phelan, que volta para casa, em Jackson, Mississippi, depois de cursar a universidade e disposta a reverter a tradição sulista que destina às mulheres um casamento , uma penca de filhos e nada mais.

Skeeter quer tornar-se jornalista - só que no jornal local, não encontra mais o que fazer do que uma coluna de dicas sobre limpeza doméstica.
Divulgação
Emma Stone, em cena do filme

Mas Skeeter encontra justamente neste trabalho o grande projeto que mudará sua vida e a de algumas empregadas negras da cidade, oprimidas por relações de trabalho e dominadas por leis segregacionistas que não se diferiam tanto assim da escravidão.

Conversando com elas para a sua coluna, Skeeter decide revelar a história dessas mulheres - o que pode garantir-lhe um emprego em Nova York, onde tem contato com uma editora - Mary Steenburgen, que eu não via na telona faz tempo.

Aibeleen - Viola Davis, maravilhosa - primeira empregada que fala com Skeeter, torna-se a real protagonista da história, como símbolo da opressão que a história procura resgatar.

Mãe de um filho que morreu jovem, Aibeleen é o modelo de muitas dessas empregadas, criando os filhos das patroas, arcando com todo o trabalho de limpeza e cozinha e nem por isso podendo usar sequer os mesmos pratos, talheres muito menos o mesmo banheiro da família - sua patroa, Elizabeth - Ahna O'Reilly, odiosa - chegou a construir um banheiro de madeira para ela.
Divulgação
Emma Stone, Octavia Spencer - centro - e Viola Davis, em cena do filme

Mas a patroa que melhor escancara essa crueldade e preconceito é Hilly Holbrook - interpretada por Bryce Dallas Howard - amiga de Elizabeth e Skeeter, ela é a líder dessa comunidade de donas-de-casa submissas aos maridos e que descontam suas frustrações nesse grupo numeroso de servidoras negras -  vistas pelas leis vigentes como cidadãs de segunda categoria.

Hilly também espezinha a mãe ligeiramente esclerosada - interpretada com brilho por Sissy Spaceck - e será objeto de uma vingança por parte da empregada Missy - Octavia Spencer, espetacular - mais rebelde do que Aibeleen e, apesar de suas diferenças, serão estas duas as maiores aliadas para o êxito do livro secreto de Skeeter.

Desde a primeira cena fica evidente que o diretor optou por não levar o confronto da história até as últimas consequências e, embora se mencione o risco real que correm as empregadas somente por falarem às escondidas com Skeeter, de modo nenhum isso aparece na telona.

Tate Taylor flagra o racismo no dia a dia, na cozinha e na sala de jantar, mas não se deixa levar pela revolução que naquele momento da história americana já enchia as ruas - assassinatos como de um militante negro e do presidente John F. Kennedy, são mostrados de forma indireta, pela TV.
Divulgação
Octavia Spencer e Viola Davis, em cena do filme

O diretor sustenta assim uma trama menos política e mais personalista e superficial da questão racial norte-americana - que aliás vem do livro original, de fundo autobiográfico.

Se nesse sentido o filme perde um pouco, o trabalho excepcional de suas atrizes, particularmente Viola Davis, é de cair o queixo de tão bom.

Até os pequenos excessos de Octavia Spencer - que lembrou muito, e não só a mim, a atriz Hattie McDaniel, a inesquecível Mammy de "...E o Vento Levou" (1939), passam desapercebidos diante de sua atuação, soberba.

Para finalizar, temos ainda Jessica Chastain, que interpreta com  a segurança de sempre Celia Foote, uma forasteira rejeitada pelas mulheres locais e seguramente a personagem branca mais matizada e interessante, contribuindo com uma nota frágil e cômica.
Divulgação
Jessica Chastain, em cena do filme como Celia

Justamente pela interpretação dessas atrizes, o filme recebeu quatro indicações ao Oscar 2012: Melhor Filme, Atriz - para Viola Davis - e Atriz Coadjuvante - para Jessica Chastain e Octavia Spencer, que já levou o Globo de Ouro 2012 de Melhor Atriz Coadjuvante em Drama.

Confira o trailer do filme:

*****
"HISTÓRIAS CRUZADAS"
Título original:
The Help
Diretor:
Tate Taylor
Elenco:
Emma Stone, Bryce Dallas Howard, Mike Vogel, Allison Janney, Viola Davis, Ahna O'Reilly, Octavia Spencer, Jessica Chastain, Anna Camp, Eleanor Henry, Emma Henry, Chris Lowell
Produção:
Michael Barnathan, Chris Columbus, Brunson Green
Roteiro:
Tate Taylor, baseado na obra de Kathryn Stockett
Fotografia:
Stephen Goldblatt
Trilha Sonora:
Thomas Newman
Duração:
146 min.
Ano:
2011
País:
EUA
Gênero:
Drama
Cor:
Colorido
Distribuidora:
Disney
Estúdio:
1492 Pictures/ Imagenation Abu Dhabi FZ / Harbinger Pictures/ DreamWorks SKG/ Reliance Entertainment/ Participant Media
Classificação:
14 anos
Cotação do Klau: