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quarta-feira, 8 de agosto de 2012

POR ALUNOS TRANSEX, UNIVERSIDADE DE OXFORD MUDA REGRAS CENTENÁRIAS DE VESTUÁRIO


Depois de um movimento liderado pela Associação de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais no início deste ano, a Universidade de Oxford, na Inglaterra, decidiu rever as regras de vestimenta dos alunos.

Com a medida, divulgada no jornal da universidade, uma das mais prestigiosas do mundo, a reitoria decidiu que não será mais obrigatório usar, em ocasiões formais, uma roupa específica para cada sexo.

Segundo o jornal "Oxford Student", isso quer dizer que, se quiserem, os estudantes homens poderão colocar saias, e as mulheres, terno.

A diretora da associação, Jess Pumphrey, disse à publicação que as mudanças vão "eliminar um estresse desnecessário" aos estudantes que não se sentiam confortáveis com as exigências que vigoravam até agora.

Reuters
Campus da Universidade de Oxford, na Inglaterra
O uniforme oficial da Universidade de Oxford é calça preta e camisa branca com gravata borboleta para os homens, e saia com meias pretas, camisa branca e gravata preta para as mulheres.

Até agora, se um estudante quisesse se vestir com roupas do sexo oposto, precisava pedir uma autorização especial à instituição e ela poderia punir os alunos que violassem as regras.

Um porta-voz da universidade confirmou que as normas foram alteradas depois que os estudantes da associação mostraram sua preocupação com o fato de que as regras não atendiam aos interesses dos transexuais.

As medidas já estão em vigor desde o dia 4 último.

Parabéns à Universidade de Oxford!

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

FESTIVAL DE TORONTO: DIVA GLENN CLOSE BRILHA COMO TRANSGÊNERO EM 'ALBERT NOBBS', FILME QUE É O PROJETO DA SUA VIDA


Em 29 anos de carreira como atriz, Glenn Close já foi indicada a cinco Oscars, ganhou três Emmys e convenceu toda uma geração de homens norte-americanos casados a pensarem duas vezes antes de uma traição, graças ao seu papel como a amante obsessiva de Michael  Douglas em "Atração Fatal" (1987).

Mas, em meio a tudo isso, ela nunca deixou de lado o sonho de levar às telonas "Albert Nobbs", curiosa história sobre uma mulher que, premida pelas circunstâncias, se faz passar por homem na Dublin - Irlanda - do século 19.

Close interpretou o papel-título no teatro em 1982, e há 15 anos começou a se empenhar pela realização do filme - o que incluiu inúmeras versões do roteiro, mudanças no elenco e uma incessante busca por investidores.

Finalmente pronto, o projeto da vida da estrela estreou nesta semana no Festival Internacional de Cinema de Toronto - TIFF.

"A natureza desse tipo de filme é que você precisa ter essa louca paixão por trás deles, porque eles estão fora da caixa", disse a atriz à Reuters, com um sorriso radiante que nada tem a ver com a reprimida e cabisbaixa personagem do filme.

"Eu sabia que seria difícil. Não sabia que seria difícil durante um período de 15 anos", disse Close, que foi também corroteirista e produtora do filme, dirigido por Rodrigo Garcia.

DARREN CALABRESE/THE CANADIAN PRESS
Glenn Close, na estreia de "Albert Nobbs" em Toronto

Com seu rosto pálido e andar chapliniano, Nobbs em nada lembra as "femmes fatales" e figuras autoritárias que marcaram a carreira de Close.

Trabalhando como garçom em um pretensioso hotel dublinense, ele tenta manter a discrição, ocultar sua condição feminina e juntar dinheiro para um dia poder abrir seu negócio - mas sua clausura é rompida pela chegada do(a) pintor(a) Hubert - Janet McTeer -, que guarda um segredo semelhante.

Embora já tivesse encarnado Nobbs no palco, Close se viu num território inexplorado, pois envelheceu 30 anos desde então, e agora precisava interagir com a câmera, e não com a plateia.

"Achei desafiador quando eu fiz tantos anos atrás, e é ainda mais desafiador no cinema porque você tem os primeiros planos (...). O cinema olha para a alma da pessoa", disse ela.

Confira cenas do filme e trechos da entrevista de Glenn Close em Toronto:


Embora a crítica tenha reagido com certa indiferença ao filme como um todo, foi muito elogiosa quanto à atuação de Close.

A Daily Variety diz que se trata de "um papel para coroar uma carreira" e outras publicações especularam que esse papel transgênero poderia finalmente dar a Glenn Close o prêmio que falta em sua mais que vitoriosa carreira: o Oscar de Melhor Atriz.

Aguardando com ansiedade!

quinta-feira, 29 de abril de 2010

FINALMENTE, GOVERNO LANÇA CAMPANHA DE SAÚDE ESPECÍFICA PARA TRAVESTIS

Para turbinar seu corpo, opte pelas próteses de silicone de clínicas autorizadas. Elas são a forma mais segura de te deixar linda. A injeção de silicone industrial líquido é perigosa."

A recomendação acima está impressa em um cartaz, que faz parte da campanha de promoção da saúde e dos direitos humanos de travestis lançada ontem pelo governo federal.

Organizada pelo Ministério da Saúde e pela Secretaria de Direitos Humanos, a ação terá dois slogans: "Sou travesti. Tenho direito de ser quem sou" e "Veja além do preconceito".

Produzidos por travestis, os folders e cartazes tratam principalmente de respeito e sexo seguro:
"Pode achar diferente, pode até discriminar, mas não esqueça também de sempre me respeitar", diz um deles. "Oi, mona, tem camisinha na bolsa?", diz outro.

No site do Departamento de DST e Aids: www.aids.gov.br/travestis , é possível baixar toques de celular com o tema.

No lançamento da campanha, o ministro José Gomes Temporão (Saúde) - e para mim um dos melhores do governo do Luiz Inácio - afirmou que um dos públicos que precisam ser sensibilizados é o dos funcionários de serviços da saúde: "Temos que fazer um trabalho de conscientização com esses profissionais para que eles percebam que essas pessoas [travestis] têm problemas específicos e necessitam de um acolhimento especial."

Para as escolas, a campanha recomenda que os alunos travestis sejam chamados pelo nome social - o nome feminino - e que possam utilizar o banheiro feminino.

Em 2009, em outro gesto de aproximação com a população LGBTT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transsexuais), Temporão e o presidente Lula anunciaram que a realização de cirurgias de troca de sexo passariam a ser pagas pelo SUS (Sistema Único de Saúde).

De acordo com o Conselho Federal de Medicina, é preciso ter pelo menos 21 anos para fazer o procedimento.

Finalmente, nossas autoridades enxergam um dos grupos mais discriminados pela sociedade nesse país.

Eu mesmo, quando jovem - e eu não tenho nenhum problema de confessar isso - equiparava travestis a seres de outro planeta, em parte porquê elas são muito diferentes mesmo, em parte pelo filme "The Rocky Horror Picture Show", de 1975, uma comédia musical de horror, dirigida por Jim Sharman a partir da peça de autoria dele mesmo e de Richard O'Brien, que compôs as canções.

Nesse musical, o ótimo ator Tim Curry interpretava o Dr.Frank-N-Furter, cientista louco, travesti e bissexual, que pretende criar um homem em seu laboratório para satisfazer seus desejos sexuais.
E eu - cabeça de passarinho à época - generalizei, e pensei que toda travesti era a personagem do Tim Curry!

Até que em 1977, aos dezessete anos, eu tive a honra de conhecer a travesti proprietária da Boate Nostro Mondo - que existe até hoje, e é a casa gay mais antiga das américas ainda na ativa.

Condessa Mônica era uma transex talentosa - no palco não tinha pra ninguém - tinha uma história de vida fantástica - foi promotor do ministério público paulista, antes de ser mulher - e foi uma das pessoas mais inteligentes e carinhosas que eu conheci, até hoje.

Eu era um dos clientes da boate mais jovens, e ela sempre procurava, em nossas longas conversas no escritório ou nos camarins, me conscientizar de tudo aquilo que eu viria a vivenciar ou enfrentar. Frequentava também a sua casa, muito perto da boate, onde os cafés da manhã eram sempre muito legais.
Uma das cenas que mais lembro é eu, andando pela rua Barão de Itapetininga - centro de Sampa - com minha mãe, quando cruzamos com a Mônica, que nos cumprimentou e ainda disse à minha mãe que eu era muito bem educado. Minha mãe ficou encantada em saber que ela era a dona da boate onde eu sempre ia, achou a Mônica uma mulher fina e elegante. Só depois de muito tempo é que eu contei à minha mãe que Mônica era transex. Pasma, nunca mais falou qualquer coisa preconceituosa a respeito da vida em que eu vivia.

Mônica morreu muito cedo, mas me deixou um legado de respeito a toda e qualquer variação gay, suas diversidades e suas limitações, o que juntei aos ensinamentos de meu pai Rubens - que tinha horror a toda discriminação, principalmente a racial -.

E tudo isso deu em mim, um ser incansável, sempre à procura da verdade, da equalidade, do respeito e da justiça.