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quinta-feira, 3 de setembro de 2020

GRANDES SUCESSOS DO CINEMA BRASILEIRO ESTÃO DISPONÍVEIS NO TELECINE

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Filmes brasileiros que foram grandes sucessos recentes, já podem ser conferidos nas plataformas da rede Telecine – além dos canais a cabo, o streaming Telecine Play
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Confira:
Bacurau
Dirigido por Kleber Mendonça Filho – de outro grande sucesso nacional: Aquarius (2016) -, em parceria com Juliano Dornelles, Bacurau foi o filme brasileiro mais comentado de 2019.

Misturando elementos do surrealismo de David Lynch com a ultra violência estilizada de Quentin Tarantino, sem esquecer as questões sociais tão importantes em nossas obras, o filme aborda uma pequena cidade do nordeste que misteriosamente desaparece dos mapas, e o povo do vilarejo que tenta compreender a enigmática situação. No elenco, a ótima Bárbara Colen e a veterana Sônia Braga.

Minha Fama de Mau
Biografia do Tremendão Erasmo Carlos, o filme mostra as origens do cantor fã de rock n roll na década de 1970, e seu relacionamento de amizade com Roberto Carlos e outras figuras da música nacional que viriam a formar a Jovem Guarda.

O filme é dirigido por Lui Farias, filho do diretor Roberto Farias – que comandou os filmes de Roberto e Erasmo na década de 1960 - ou seja, a produção não poderia estar mais “em casa”.

Chay Suede protagoniza como Erasmo e Gabriel Leone é Roberto Carlos.

Simonal
Outra biografia de um músico de sucesso no Brasil, este considerado mais polêmico.

Wilson Simonal foi um dos maiores artistas negros de grande amplitude da música popular nacional ainda na década de 1960, mas viu sua carreira cair em desgraça após ser acusado de colaborar com os militares entregando colegas perseguidos durante a ditadura.

Esta biografia reúne a dupla de outro filme com ligação musical, Faroeste Caboclo (2013), baseado na canção da Legião Urbana: Fabrício Boliveira e Isis Valverde.

Benzinho
A síndrome do ninho vazio é o tema deste drama nacional de sucesso, que fez boa carreira em festivais internacionais, como Sundance e Rotterdam.

Escrito pelo ex-casal da vida real, Karine Teles e o diretor Gustavo Pizzi, na trama ele vive a matriarca de uma família, preocupada com a viagem de intercâmbio de seu filho adolescente, e sua mudança para outro país.

Ao mesmo tempo, ela precisa lidar com o caso de abuso doméstico de sua irmã – papel de Adriana Esteves.

Ferrugem
Outro drama nacional de enorme prestígio, Ferrugem também esteve em Sundance e em outros eventos internacionais.

O foco aqui é em uma trama mais sombria e dramática, abordando o bullying da geração online, cujo celular muitas vezes serve como arma.

A obra possui fortes ecos do potente mexicano Depois de Lúcia (2012).

O Doutrinador
Filme de super-herói brasileiro, O Doutrinador é baseado nos quadrinhos de Luciano Cunha, e foca em um policial que sofre uma grande tragédia em sua vida quando seu filho é alvejado por uma bala perdida.

No melhor estilo O Justiceiro e Batman, o sujeito decide usar uma máscara e uma fantasia para combater o crime, focando principalmente na fonte dos problemas, os políticos e poderosos corruptos do país.

Chacrinha
Cinebiografia que reutiliza ideias de um espetáculo teatral sobre o mesmo personagem, reciclando inclusive o protagonista Stepan Nercessian na pele do apresentador icônico.

No filme, Stepan divide o papel com Eduardo Sterblitch, que interpreta Chacrinha na juventude e início de carreira no rádio.

Para quem viveu a época, mesmo que na infância, é uma muito bem-vinda viagem ao passado, com direito a abacaxis, buzinas e o eterno bordão: “Terezinhaaaaaa… uh uh”.

Coração de Cowboy
A popularidade da música sertaneja nunca esteve tão em alta.

Aproveitando o gancho, aparece este drama muito eficiente com roteiro e direção do talentoso Gui Pereira.

O jovem músico e ator Gabriel Sater, filho do cantor Almir Sater, protagoniza seu primeiro longa e tira de letra, tendo muito em comum com o personagem, um cantor voltando às raízes em busca de inspiração.

Em sua pequena cidade, ele tenta se reconectar com o pai turrão (papel de Jackson Antunes) e se apaixona por uma atraente mulher espirituosa (Thaila Ayala).

O longa conta com participação da dupla Chitãozinho e Xororó.

As Boas Maneiras
Filmaço de terror brasileiro, As Boas Maneiras é dirigido pela dupla de especialistas, os colaboradores usuais Marco Dutra e Juliana Rojas – que estão por trás de algumas das produções nacionais mais renomadas do gênero.

No longa, os cineastas se utilizam de questões sociais – como a relação de patroa e empregada – para contar uma história sobre amores maternais diferentes.

Ana (Marjorie Estiano) está grávida, mas tudo indica que o pai de seu bebê é uma lenda do folclore: um lobisomem.

Assim, cabe à empregada doméstica da mulher, Clara (Isabél Zuaa), a criação do menino Joel (Miguel Lobo), até que seus instintos também comecem a aflorar.

Real: O Plano por Trás da História
Aqui temos uma curiosa investida, uma biografia não de um personagem, mas um retrato de como nosso país conseguiu se reerguer no início da década de 1990, após uma das maiores crises já vistas por aqui, que por pouco não quebrou o Brasil.

Quem viveu a época acompanhou o terror de perto; após o impeachment do presidente Fernando Collor de Mello, nossa inflação atingiu 40% mensais, os preços de produtos mudavam de forma diária.

Assim, o ministro Fernando Henrique Cardoso alista um grupo de brilhantes economistas – entre eles o controverso Gustavo Franco (papel de Emílio Orciollo Netto) – para arquitetar um plano de emergência a fim de salvar o país da falência.

O roteiro brilhante é assinado por Mikael de Albuquerque.

Dona Flor e Seus Dois Maridos
Nova versão de um dos maiores clássicos de nosso cinema, que por sua vez é baseado no icônico texto de Jorge Amado.

Nesta refilmagem, a bela e talentosa Juliana Paes é quem protagoniza no papel imortalizado por Sônia Braga, o da fogosa Dona Flor.

A personagem é uma mulher feliz no casamento com Vadinho, tirando o fato de que além de não contribuir para o sustento da casa, o sujeito ainda pega o suado dinheiro que ela conquista para jogar.

Após a morte do malandro, ela se casa de novo – com o responsável e bonzinho Teodoro - mas sente tanta falta do primeiro marido, que ele termina se materializando novamente na forma de um fantasma para a mulher.

Na nova versão, Marcelo Faria interpreta Vadinho (antes vivido por José Wilker), e Leandro Hassum faz Teodoro (antes papel de Mauro Mendonça).

O filme original foi indicado ao Globo de Ouro de produção estrangeira em 1979.

terça-feira, 18 de agosto de 2020

'É DITADURA?' CINÉFILOS SE REVOLTAM POR DESGOVERNO BOLSOANTA QUERER ESCOLHER CANDIDATO BRASILEIRO AO OSCAR

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Ontem, o Secretário de Descultura, Mário Frias, disse que o Brasil deve ser representado no Oscar 2021 por um filme que esteja alinhado com as propostas do atual governo
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Frias entrou em contato com Jorge Pellegrino, presidente da Academia Brasileira de Cinema, e argumentou que “o erro de 2020 não pode ser repetido”, referindo-se à indicação do documentário ‘Democracia em Vertigem‘, dirigido por Petra Costa e que relata fielmente o golpe econômico-parlamentar que a presidente Dilma Rouseff sofreu.

Ou seja, disse que vai tentar censurar o filme escolhido sempre de maneira independente pela ABC.

Nas redes sociais, a decisão repercutiu de maneira bastante negativa, com vários internautas comparando a decisão com a época da Ditadura e criticando da censura.

Veja:




Lembrando que a Academia Brasileira de Cinema -ABC, é um órgão profissional que tem total independência para escolher quais títulos serão indicados.

Além disso, a própria Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood garantiu que somente a ABC é responsável pela indicação dos possíveis concorrentes.

Só que o desgoverno Bolsoanta também não contava com o ressurgimento de 'Bacurau' na corrida ao Oscar.

O Indie Wire divulgou que o longa dirigido por Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles foi listado como candidato à uma vaga no Oscar 2021, que será realizado em abril - e pode concorrer na categoria de Melhor Filme Estrangeiro.

Apesar de ter sido lançado no Brasil em 2019, ‘Bacurau‘ só estreou no circuito comercial dos EUA no início de 2020, antes da pandemia do Coronavírus.

Por conta disso, a produção se encaixa no protocolo de elegibilidade da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.

No entanto, ainda não há nada confirmado oficialmente, mas o filme tem grandes chances de representar o Brasil durante a premiação mais marcante do cinema.

No ano passado, ‘Bacurau‘ foi premiado como Melhor Filme durante o 37° Festival de Cinema de Munique.

Além da homenagem, os responsáveis pela produção foram presenteados com 50.000 euros em equipamentos para seu próximo filme.

“É uma honra poder receber esse prêmio que já permite pensar num próximo projeto.”, comemorou a produtora Emilie Lesclaux.

Relembre o trailer:


Em maio de 2019, ‘Bacurau‘ também recebeu o Prêmio do Júri no Festival de Cannes, onde aconteceu sua première mundial.

Desde então, o longa já recebeu convites para mais de 100 festivais pelo mundo e será distribuído em mais de 30 países.

Que a ABC não se curve ao desgoverno.

sábado, 14 de setembro de 2019

KLEBER MENDONÇA FILHO: CARREIRA DO RENOMADO DIRETOR BRASILEIRO VAI ALÉM DE 'BACURAU' E 'AQUARIUS'

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Recife nunca foi tão quente
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Por Ygor Palopoli

A verdadeira essência da crítica é a análise.

E a essência do trabalho de um crítico é a sua análise do filme: ser capaz de determinar a premissa e como o filme funciona dentro dela.

Se um crítico faz bem o seu trabalho, ele vira um verdadeiro integrante da plateia por ter uma resposta minuciosa, humana e emocional à obra.

De todas as maneiras possíveis das quais esta matéria poderia ter sido iniciada, talvez a fala seminalítica do cineasta Babak Payami, nos primeiros minutos do documentário Crítico, realizado por Kleber Mendonça Filho entre 1998 e 2007 seja a mais congruente com a trajetória profissional e artística do próprio diretor que dá título ao texto.

Mais recentemente responsável pelo premiado Bacurau, Kleber possui uma carreira cinematográfica tão atípica quanto brilhante — mas para entendermos como sua realização foi possível, é preciso voltar alguns anos no tempo.

Vamos aos poucos!

AS GRADES DO CONDOMÍNIO
Enjaulado (1997) Dir.: Kleber Mendonça Filho

As grades do condomínio trazem proteção e medo (como já bem escreveu Marcelo Yuka). Com isso em mente, Kleber decidiu criar seu primeiro experimento público fora da área da crítica cinematográfica, ofício ao qual se dedicava inteiramente entre as décadas de 80 e 90. Em 1997, o curta-metragem Enjaulado foi lançado de maneira tímida, contando a história de um rapaz de classe média que, após presenciar um ato de violência em sua vizinhança, tranca-se na própria casa, cercado apenas... pelas grades.

Ainda não sabíamos, mas a solitude auto infligida e o cerceamento tornariam-se referências cada vez mais presentes e sutis dentro das obras futuras do cineasta recifense. Mesmo com poucos minutos de tela e tentativas que ainda migravam entre o digital e o 35mm, já era evidente, na época, que inspirações do cinema clássico (como Repulsa ao Sexo, por exemplo) misturavam-se ao cotidiano dos habitantes presos entre os pequenos privilégios e as paranoias justificadas da própria classe média.

Alguns anos depois, em 2002, Kleber realizou A Menina do Algodão, baseado em uma forte lenda urbana que corria boca a boca dentre os estudantes de Recife. Mas foi em 2005, com Vinil Verde, que o jornalista ainda em busca da própria identidade criativa começou a ser mostrado para o restante do mundo.

O VERDE DO MUNDO
Vinil Verde (2004) Dir.: Kleber Mendonça Filho

Com sua obra de 17 minutos sobre a sórdida história de uma menina que vê sua mãe desfalecer aos poucos depois de desobeceder seu pedido de não ouvir um misterioso vinil verde, Kleber ultrapassou as barreiras geográficas e adentrou sua primeira seleção internacional: a Quinzena dos Realizadores, no Festival de Cannes em 2005. No mesmo ano, o curta-metragem Eletrodoméstica foi lançado, novamente refletindo as reflexões e estigmas do diretor a respeito das questões que assolam a classe média em geral.

2006 começou com a estreia de Noite de Sexta, Manhã de Sábado, primeiro curta no qual o cineasta se arriscou pela área do romance, desta vez usando a tecnologia como principal pretexto. Foi apenas no ano de 2008 que Kleber veio a realizar o seu primeiro longa-metragem, o documentário Crítico, contando com depoimentos e entrevistas realizadas por cerca de uma década com pessoas do mesmo ofício que ele mesmo trabalhou por tanto tempo. Além disso, os próprios profissionais do cinema e audiovisual davam seus relatos a respeito das diferentes concepções da crítica.

O SOL DE RECIFE
Som ao Redor (2013) Dir.: Kleber Mendonça Filho

Em 2009, três coisas importantes para a nossa história acontecem. A cidade de Recife, capital de Pernambuco, fica inexplicavelmente fria, em contraponto a todos os anos que passou como um dos lugares mais quentes do Nordeste; completavam-se 20 anos desde o lançamento do curta documental Ilha das Flores, dirigido por Jorge Furtado, até então dono do título de curta-metragem mais premiado do Brasil; Recife Frio, de Kleber Mendonça filho, passa a ser o novo líder desta categoria, com mais de 50 premiações ao redor do mundo.

Daí em diante, a ascensão foi contínua. O diretor lançou-se ao mercado mais popular com a realização de Som ao Redor, em 2013, e passou a ser alvo de ambição para grandes estúdios. Com estreia em 1° de fevereiro de 2012 no Festival de Roterdã, na Europa, o filme foi escolhido como o representante brasileiro para tentar uma vaga na categoria de Melhor Filme Internacional (na época, Melhor Filme Estrangeiro), mas não chegou à seleção final. A partir de O Som ao Redor, todos os longas de Kleber seriam, ao menos, cotados para entrarem novamente como representantes nacionais na premiação. Mas alguns problemas ficariam no caminho.

UN COUP D'ÉTAT
JEAN-PAUL PELISSIER / REUTERS

Estas foram as palavras seguradas em uma placa por Kleber durante sua participação no Festival de Cannes de 2016, onde concorria com o filme Aquarius. Alguns anos depois de traçar um paralelo social entre o fracasso brasileiro na Copa do Mundo e a desigualdade, com seu último curta-metragem, A Copa do Mundo no Recife, o diretor chegou com aquele que é considerado por muitos a sua melhor obra até hoje.

Estrelado pela experiente Sônia Braga e coestrelado por alguns atores já famosos por trabalharem anteriormente com o cineasta, como Maeve Jinkings e Irandhir Santos, Aquarius foi indicado à cobiçada Palma de Ouro, que acabou sendo levada por Eu, Daniel Blake. Na ocasião, a equipe e o elenco foram ao Festival segurando cartazes denunciando suas percepções a respeito do impeachment da então presidente Dilma Rousseff. Entre mensagens de "votos foram incinerados" e "um golpe de Estado está ocorrendo no Brasil", a equipe causou certa polêmica, especialmente nas terras nacionais.

Nada nunca foi evidenciado, mas há muitos que digam que Aquarius era a produção brasileira mais certa a representar nosso país na corrida pelo Oscar, e que o protesto organizado pelo cineasta contribuiu negativamente para que ele não fosse escolhido. No entanto, Que Horas Ela Volta?, de Anna Muylaert também mostrou-se uma obra extremamente elogiada e digna de ter sido nossa representante.

VIVER OU MORRER
Bacurau (2019) Dir.: Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles

Chegamos à Bacurau. Com traços de faroeste, críticas fortes ao bairrismo e ao momento político atual, o último filme de Mendonça Filho está atualmente em cartaz nos cinemas e foi responsável também por uma vitória extremamente importante para o país no Festival de Cannes. Desta vez, a direção vem em parceria com Juliano Dornelles, que já assinou roteiro, produção e diversas outras áreas nos curtas feitos por Kleber.

Assim como foi prudente iniciar este artigo com as palavras do documentário Crítico, também seria justo propôr um pequeno debate sobre a concepção artística de Kleber através de uma citação que chega ao final de seu filme de 2008. Nas palavras de Tom Tykwer, "um filme é apenas uma ilusão. Quando ele fica pronto, está sozinho, e não é uma representação do artista, e sim uma representação de si mesmo. Se você gosta de mim agora, não hesite em me odiar no meu próximo filme". Quando se trata de Kleber Mendonça Filho, no entanto, sua arte parece andar ao lado de seu coração: e em um período grave de cerceamento ao que é autoral e verdadeiro, talvez isso seja exatamente aquilo que precisemos.

quinta-feira, 29 de agosto de 2019

'BACURAU': ESPETACULAR, UM DOS MELHORES FILMES DOS ÚLTIMOS ANOS


SINOPSE:

Pouco após a morte de dona Carmelita, aos 94 anos, os moradores de um pequeno povoado localizado no sertão brasileiro, chamado Bacurau, descobrem que a comunidade não consta mais em qualquer mapa.

Aos poucos, percebem algo estranho na região: enquanto drones passeiam pelos céus, estrangeiros chegam à cidade pela primeira vez.

Quando carros se tornam vítimas de tiros e cadáveres começam a aparecer, Teresa (Bárbara Colen), Domingas (Sônia Braga), Acácio (Thomas Aquino), Plínio (Wilson Rabelo), Lunga (Silvero Pereira) e outros habitantes chegam à conclusão de que estão sendo atacados.

Falta identificar o inimigo e criar coletivamente um meio de defesa.

CRÍTICA:

Kleber Mendonça Filho, dessa vez ao lado de Juliano Dornelles, resolveu deixar de lado a calma reflexiva de seus filmes anteriores (O Som Ao Redor, Aquarius) para criar uma perturbadora trama sobre violência, opressão e esquecimento.

Situado no sertão brasileiro, Bacurau - que finalmente estreia hoje, após ser aclamado em festivais de cinema mundo afora - é um grito de desafio contra a atual situação do Brasil.

O vencedor do Prêmio do Júri no Festival de Cannes 2019 completa a sua crítica ao atual presidente nos créditos finais, quando uma mensagem aponta que 'a produção criou 800 empregos' - uma das críticas recorrentes do atual presidanta aos gastos com a cultura.

Na trama, Bacurau é um pequeno povoado do sertão brasileiro, que dá adeus a Dona Carmelita, mulher forte e querida, falecida aos 94 anos.

Dias depois, os moradores da cidade percebem que a comunidade não consta mais nos mapas e as coisas começam a ficar cada vez mais estranhas e violentas.

Mistura de drama, faroeste e ficção científica, o longa mostra um vilarejo do interior pernambucano, esquecido pelos seus governantes, mas ameaçado por forças externas, ambientado num Brasil ainda mais desigual e desumano em um futuro próximo e opressor.

É um futuro sombrio, mas também traz uma história muito atual e até por isso é capaz de levantar questões importantes para o país nesse momento de insegurança.

O filme é uma crítica pesada e chega bem em meio a ameaças do governo federal de censurar projetos apoiados pela Ancine (Agência Nacional do Cinema), órgão que o presidanta já ameaçou extinguir - afinal, cultura é uma afronta para os opressores.

Porém a crítica vem de antes, é também sobre o fato do Brasil não enxergar seus oprimidos, não querer enxergar suas dificuldades e não querer abrir mão da situação de colônia diante do imperialismo.

Temos aqui um longa de ação capaz de nos remeter a filmes de faroeste do Clint Eastwood, que resulta num filme provocador, estranho, incômodo e que segura o espectador na poltrona do cinema do começo ao fim.

O elenco é incrível, tanto os brasileiros - Sonia Braga, Silvero Pereira - quanto estrangeiros - a lenda alemã Udo Kier tem um papel sensacional - e também os moradores locais do povoado de Barras, onde o filme foi rodado.

A veracidade e o realismo são extremante importantes para essa obra funcionar.

O longa é estranho, mas num bom sentido.

É violento, porém com sentido.

É opressivo, de forma intencional.

E é uma crítica importante nesse momento.

Longa de qualidade técnica incrível e uma história cativante, Bacurau poderia ser um pouco mais curto, o que deixaria a narrativa mais fluída - mas ainda assim é um dos melhores filmes dos últimos anos.

Filmaço.

GALERIA DE IMAGENS:
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Bacurau : Foto Barbara Colen

Bacurau : Foto Udo Kier

Bacurau : Foto Sônia Braga

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Bacurau : Foto Allison Willow, Chris Doubek

TRAILER:


FICHA TÉCNICA:
BACURAU
Título Original:
BACURAU
Gênero:
Suspense
Direção:
Juliano Dornelles, Kleber Mendonça Filho
Elenco:
Alli Willow, Antonio Saboia, Barbara Colen, Brian Townes, Buda Lira, Chris Doubek, Clebia Sousa, Edilson Silva, Jonny Mars, Julia Marie Peterson, Karine Teles, Rodger Rogério, Rubens Santos, Silvero Pereira, Sonia Braga, Thomas Aquino, Udo Kier, Uirá dos Reis, Valmir do Côco, Wilson Rabelo
Roteiro:
Juliano Dornelles, Kleber Mendonça Filho
Produção:
Emilie Lesclaux, Michel Merkt, Olivier Père, Saïd Ben Saïd
Trilha Sonora:
Mateus Alves, Tomaz Alves Souza
Montador:
Eduardo Serrano
Estúdio:
Arte France Cinéma, Cinemascópio Produções, SBS Films, Símio Filmes
Distribuidora:
Vitrine Filmes
Ano de Produção:
2019
Duração:
131 min.
Estréia:
29/08/2019
Classificação Indicativa:
16 anos

COTAÇÃO DO KLAU:

sexta-feira, 23 de agosto de 2019

OSCAR 2019: CONFIRA OS FILMES BRASILEIROS CANDIDATOS À PREMIAÇÃO

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A Secretaria do Audiovisual divulgou a lista dos representantes do Brasil na disputa pela indicação ao Oscar 2020, incluindo dois títulos premiados em Cannes: ‘Bacurau’, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, e ‘A Vida Invisível de Eurídice Gusmão’, de Karim Aïnouz
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No total, os 12 inscritos incluem dez ficções e dois documentários, que concorrem à indicação ao prêmio de Melhor Filme Internacional, antes intitulado Melhor Produção em Língua Estrangeira pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood.

O escolhido será anunciado no próximo dia 27, após a reunião da comissão avaliadora formada pela diretora Anna Muylaert, pelas produtoras Sara Silveira e Vânia Catani, pelo crítico Amir Labaki, e pela diretora artística do Festival do Rio, Ilda Santiago.

Confira a lista:
‘Bacurau’, de Kleber Mendonça Filho

‘Los Silencios’, de Beatriz Seigner

‘A Vida Invisível’, de Karim Aïnouz

‘Sócrates’, de Alex Moratto

‘A Última Abolição’, de Alice Gomes

‘A Voz do Silêncio’, de André Ristum

‘Bio’, de Carlos Gerbase

‘Legalidade’, de Zeca Brito

‘Humberto Mauro’, de André Di Mauro

‘Espero tua (re)volta’, de Eliza Capai

‘Chorar de Rir’, de Toniko Melo

‘Simonal’, de Leonardo Domingues

sexta-feira, 16 de agosto de 2019

47º FESTIVAL DE GRAMADO COMEÇA HOJE

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O 47º Festival de Cinema de Gramado, na Serra gaúcha, começa nesta sexta e vai até 24 de agosto, com 19 longas-metragens em competição e 34 curtas
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No primeiro dia, destaque para a Orquestra Sinfônica da cidade, que vai se apresentar na Rua Coberta.

Às 18h, o filme de abertura será exibido no Palácio dos Festivais: Bacurau, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, um dos vencedores do prêmio do júri do Festival de Cannes, na França.

Esse ano Eva Piwowarski e Rubens Ewald Filho serão lembrados na abertura do Festival de Gramado, antes da exibição do filme de abertura.

Eva faleceu em 7 de janeiro e Rubens em 19 de junho - ambos foram fundamentais para o evento ser o que é hoje.

O evento ainda conta com sessões gratuitas.

Todas as manhãs, os filmes exibidos em competição na noite anterior são reprisados e acesso ao Palácio dos Festivais é livre.

Além disso, as mostras paralelas de Gramado também têm entrada gratuita.

Confira os filmes selecionados:

Curtas-metragens brasileiros

Teoria sobre um planeta estranho - 15'
Direção: Marco Antônio Pereira | Minas Gerais

A pedra - 19'15"
Direção: Iuli Gerbase | Rio Grande do Sul

O balido interno - 15'
Direção: Eder Deó | Pernambuco

Menino pássaro - 15'
Direção: Diogo Leite | São Paulo

O véu de Amani - 14'58''
Direção: Renata Diniz | Distrito Federal

A ética das hienas - 21'
Direção: Rodolpho de Barros | Paraíba

A mulher que sou - 15'09
Diretora: Nathália Tereza | Paraná

Sangro - 7'15"
Direção: Tiago Minamisawa, Bruno H Castro, Guto BR (codireção) | São Paulo

Um tempo só - 8'31"
Direção: Lane Alves | São Paulo

E o que a gente faz agora? - 16'41"
Direção: Marina Pontes | Bahia

Marie - 20'
Direção: Leo Tabosa | Pernambuco

Apneia - 14'27"
Direção: Carol Sakura e Walkir Fernandes | Paraná

Amor aos vinte anos - 19'57"
Direção: Felipe Arrojo Poroger e Toti Loureiro | São Paulo

Invasão espacial - 14'29"
Direção: Thiago Foresti | Distrito Federal

Curta-metragens gaúchos

A Maior Locadora do Mundo - 3'31''
Direção: Matheus Mombelli | Porto Alegre

A Pedra - 19'15"
Direção: Iuli Gerbase | Porto Alegre

Budapest_V4_final2 - 14'04''
Direção: Gabriel Motta | Porto Alegre

buitenlanders/estrangeiros - 5'55''
Direção: Cassio Tolpolar | Porto Alegre

Dia de mudança - 11'25''
Direção: Boca Migotto | Porto Alegre

É assim que você parece - 15'
Direção: Pedro Valadão | São Leopoldo

Êles - 15'
Direção: Roberto Burd | Porto Alegre

Endotermia - 11'30''
Direção: Emiliano Cunha | Porto Alegre

Kerexu - 20'
Direção: Denis Rodriguez e Leonardo Remor | Porto Alegre

Linha Travessão - 13'49''
Direção: Douglas Roehrs | Porto Alegre

O Carnaval de Gregor - 20'
Direção: Kiwi Bertola | Caxias do Sul

O Menino da Terra do Sol - 18'30''
Direção: Michel Marchetti - Bento Gonçalves

Quero Ir para Los Angeles - 19'12''
Direção: Juh Balhego | Porto Alegre

Só sei que foi assim - 7'
Direção: Giovanna Muzel | Pelotas

Sonata - 17'50''
Direção: Felipe Diniz | Porto Alegre

Stardust - 7'17''
Direção: P.Zaracla - Porto Alegre

Tempestade e A Janela de Papel - 13'41''
Direção: Viviane Locatelli | Porto Alegre

Tesourinho - 5'42''
Direção: Bruna Dreyer Nery | Pelotas

Veraneio - 17'30''
Direção: Nelson Diniz | Porto Alegre

Who's That Man Inside My House? - 10'05''
Direção: Lucas Reis | Sapucaia do Sul

Longas-metragens estrangeiros

A Son of man - La maldición del tesoro de Atahualpa – Equador
Diretor: Jamaicanoproblem

Dos Fridas - México e Costa Rica
Direção: Ishtar Yasin

El Despertar de las Hormigas – Costa Rica
Direção: Antonella Sudasassi Furnis

En el pozo - Uruguai
Direção: Bernardo e Rafael Antonaccio

La forma de las horas - Argentina
Direção: Paula de Luque

Muralla - Bolívia
Direção: Rodrigo Alfredo Alejandro Patiño Sanjines

Perro Bomba - Chile
Direção: Juan Caceres

Longas-metragens brasileiros

Hebe - A estrela do Brasil - São Paulo
Direção: Maurício Farias

O Homem Cordial – Distrito Federal
Direção: Iberê Carvalho

Pacarrete - Ceará
Direção: Allan Deberton

Raia 4 - Rio Grande do Sul
Direção: Emiliano Cunha

Veneza - Rio de Janeiro
Direção: Miguel Falabella

Vou nadar até você - São Paulo
Direção: Klaus Mitteldorf | Codireção: Luciano Patrick

30 anos blues - São Paulo
Direção: Andradina Azevedo e Dida Andrad

Os ingressos para a 47ª edição do Festival podem ser comprados no site do evento, onde também é possível ver a programação completa.

As entradas para este fim de semana já estão esgotadas na plataforma, mas há ingressos a partir de segunda (19).