Mostrando postagens com marcador Jia Zhangke. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Jia Zhangke. Mostrar todas as postagens

sábado, 23 de maio de 2015

FESTIVAL DE CANNES: CONFIRA TUDO O QUE DE MELHOR ACONTECEU - DE QUARTA A SÁBADO - E A BOLSA DE APOSTAS PARA OS VENDEDORES NO DOMINGO


A 68º edição do Festival de Cannes, um dos mais importantes festivais de cinema do mundo, começou  na quarta (13) e vai até domingo (24).

Nessa terceira e penúltima postagem especial sobre Cannes 2015, você vai conferir o que de melhor aconteceu - de quarta (20) a sábado (23)  - e também vai conferir que filme pode levar o prêmio máximo - a Palma de Ouro - as Palmas de diretor, ator e atriz e outras apostas dessa edição.

Confira:
'SICARIO': COM EMILY BLUNT, LONGA CONCORRE EM CANNES DE OLHO NO OSCAR
*****
'MOUNTAINS MAY DEPART': FILME CHINÊS É O FAVORITO DA CRÍTICA
*****
'CHRONIC': DIRETOR MEXICANO SURPREENDE E LONGA ENTRA NAS APOSTAS POR ALGUM PRÊMIO
*****
'LOVE': SEXO EXPLÍCITO EM 3D TRANSFORMA '50 TONS DE CINZA' EM MUSICAL DA DISNEY
*****
'O PEQUENO PRÍNCIPE' TEM ESTREIA ARRASADORA EM CANNES
*****
MACBETH': COM MICHAEL FASSBENDER E MARION COTTILARD, LONGA DIVIDE OPINIÕES EM CANNES
*****
CONHEÇA OS FAVORITOS NAS APOSTAS DE CANNES 2015
*****
Veja:
'SICARIO': COM EMILY BLUNT, LONGA CONCORRE EM CANNES DE OLHO NO OSCAR

Indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro por ‘Incêndios‘, o canadense Denis Villeneuve volta a filmar em inglês após o sucesso de ‘Os Suspeitos‘ (que rendeu elogios, mas não as esperadas indicações à estatueta dourada aos protagonistas Hugh Jackman e Jake Gyllhenhall).

Villeneuve lançou no Festival de Cannes o aguardado ‘Sicario‘, já de olho nas premiações de 2016.

E dessa vez ele tem muitas chances, não só pelo bom roteiro e direção, mas por trazer um eficiente trio de protagonistas.

Emily Blunt se destaca ao lado de Benício del Toro e Josh Broslin como Kate, agente do FBI que vê os seus valores éticos e morais levados ao limite quando participa numa operação secreta da CIA para eliminar o líder de um cartel de narcotraficantes mexicanos.

Emily Blunt em Cannes - USA Today

Na coletiva do filme, uma das melhores deste Festival, Emily, em versão loira e com um chamativo batom vermelho, respondeu aos questionamentos sobre ser uma mulher em um papel que, normalmente, seria de um homem.

“É decepcionante. As pessoas têm que descobrir que as mulheres são fascinantes de se conhecer no cinema. Eu vivo mulheres duronas como esta, mas não as vejo assim. Porque elas são duronas do mesmo jeito na vida. As mulheres com quem conversei no FBI são normais e vão para casa à noite ver ‘Gosford Park’ e ‘Downton Abbey'”.

Denis Villeneuve revelou que os produtores desejavam um homem no papel principal, mas ele conseguiu manter a ideia original de ter uma mulher como protagonista.

A Paris Filmes lança o filme no Brasil em 24 de setembro.

Confira Josh Brolin, Elily Blunt e Benicio del Toro no red carpet de Cannes:


'MOUNTAINS MAY DEPART': FILME CHINÊS É O FAVORITO DA CRÍTICA

O diretor Jia Zhangke é o favorito da crítica à Palma de Ouro do Festival de Cannes.

No drama ‘Mountains May Depart‘ (As montanhas podem partir, em tradução literal), o cineasta chinês aborda uma história de amor tendo como pano de fundo as mudanças culturais da China.

A trama é dividida em três partes, que se passam entre 1999 e 2025 e acompanha Tao (Zhao Tao, mulher de Jia), uma mulher disputada por dois amigos.

É o tipo de filme considerado artístico o suficiente para vencer um festival de cinema mas que, infelizmente, acaba não atingindo a maior parte do público.

A atriz Zhao Tao, protagonista, ao lado do seu marido e diretor do longa, Jia Zhangke em Cannes - Yahoo

Na coletiva de imprensa, o simpático Zhangke explicou a metáfora que acompanha o titulo de seu filme.

“Mesmo que as montanhas se separem, o sentimento que une as pessoas é imutável”.

Considerado um dos melhores cineastas em atividade, Jia Zhangke já venceu o Leão de Ouro no Festival de Veneza com ‘Em Busca da Vida‘ (2006) e o premio de melhor roteiro do Festival de Cannes com ‘Um Toque de Pecado‘ (2013).

O diretor foi tema de ‘Jia Zhangke, um homem de Fenyang‘, um documentário de Walter Salles (diretor de ‘Central do Brasil‘), exibido no Festival de Berlim.

Confira o trailer do longa:


'CHRONIC': DIRETOR MEXICANO SURPREENDE E LONGA ENTRA NAS APOSTAS POR ALGUM PRÊMIO

Único representante latino na competição do Festival de Cannes, o mexicano Michel Franco mostrou todo o seu talento na manhã desta sexta (22).

Quando os jornalistas já fechavam seus palpites e não davam nada para o primeiro filme em inglês de Franco, eis que surge ‘Chronic‘, com Tim Roth, que depois da sessão de imprensa é dado como certo na lista de premiações.

O ator Tim Roth e o diretor Michel Franco em Cannes - AFP

Na trama, Tim Roth interpreta um enfermeiro que cuida de pacientes em estado terminal.

Com poucos diálogos, e tratando a morte com muita sutileza, Franco conseguiu fazer um filme forte, que arrebata o espectador com seu final surpreendente.

Roth está perfeito no papel, imprimindo a doçura e a garra necessárias para o personagem.

Um pequeno grande filme, que deixa a competição pela Palma de Ouro ainda mais acirrada.

'LOVE': SEXO EXPLÍCITO EM 3D TRANSFORMA '50 TONS DE CINZA' EM MUSICAL DA DISNEY

Desde que os cartazes de ‘Love‘, de Gaspar Noé, foram divulgados, todo mundo já sabia que o filme ia causar reboliço na Croissette.

E se era essa a intenção do Festival de Cannes, eles conseguiram - afinal, o filme não teve sessão de imprensa antes da première mundial, o que causou um grande congestionamento na entrada do Palais des Festivals.

Detalhe: a sessão marcada para 00h15 de quinta (21), começou quase 1 hora da madrugada.

Com direito a convidados que não conseguiram entrar na sala lotada, ‘Love‘ conta a história de um triângulo amoroso - mas quem se importa?

O povo foi mesmo conferir as cenas de sexo explícito em 3D, o que faz o longa entrar naquela seleta lista de “pornôs chiques” que o cinema adora produzir de vez em quando.

Sem roteiro, só restam cenas de sexo que podem ser consideradas até pouco ousadas diante de um filme que tem um cartaz onde o órgão sexual masculino está lá, livre, ereto...e melado.

Um dos cartazes do longa - Divulgação

A câmera mostra tudo, com riqueza de detalhes, que é para garantir que parte da platéia fique excitada com o que está vendo.

O filme traz cenas de sexo reais com com nudez frontal e muitos close-ups nas genitálias – sexo oral, relação sexual e ejaculação.

No final da produção, ‘Love’ deixa no chinelo a versão sem cortes de ‘Ninfomaníaca‘ e transforma ‘Cinquenta Tons de Cinza‘ em um musical da Disney.

A polêmica vai além: temos uma cena de sexo a três, a de um adolescente de 17 anos e uma mulher transexual…

Noé, de 51 anos, afirmou que preferiu filmar no formato em 3D para que o espectador pudesse se identificar com “o personagem principal e seu estado melancólico”.

"‘Love‘ é “um melodrama sexual sobre um menino, uma menina e outra menina que celebra o sexo de maneira alegre”.

Em entrevistas anteriores, o diretor disse que sua intenção é “provocar ereções nos garotos e deixar as garotas molhadas” com ‘Love’".

Depois de chocar o mundo com ‘Irreversível‘ (2002) e a cena de estupro mais real da história do cinema, Gaspar Noé mostra que sua criatividade vai longe, já o bom gosto para fazer um filme legal...

Assista a uma cena comportada de 'Love':


'O PEQUENO PRÍNCIPE' TEM ESTREIA ARRASADORA EM CANNES

‘O Pequeno Príncipe‘ (Le Petit Prince), clássico de Antoine de Saint-Exupéry, ganhou uma versão moderna e criativa do diretor Mark Osborne, que apresentou a animação nesta sexta (22) no Festival de Cannes.

Esta é a primeira vez que o conto chega aos cinemas como uma animação.

O elenco de vozes na versão dublada em inglês é formado por grandes estrelas de Hollywood: James Franco, Rachel McAdams, Jeff Bridges, Marion Cotillard, Benicio Del Toro e Paul Giamatti.

O diretor Mark Osborne em Cannes - AFP

Osborne cria uma história ao redor do conto e decide que o aviador sobrevive para contar sua história.

Já idoso, ele passa seu tempo a observar as estrelas com seu telescópio e uma noite, ele percebe que sua pequena vizinha estuda em seu quarto.

Ele a envia um avião de papel, no qual escreve as primeiras linhas de uma história e, assim, a imaginação nos leva ao mundo de Saint-Exupéry em uma bela viagem visual.

A Paris Filmes anunciou que o filme estreia no Brasil dia 20 de Agosto, dois meses antes do previsto.

Confira o trailer:


MACBETH': COM MICHAEL FASSBENDER E MARION COTTILARD, LONGA DIVIDE OPINIÕES EM CANNES

A história é conhecidíssima: certo dia, o general escocês Macbeth ouve de três bruxas uma profecia: um dia ele se tornará o Rei da Escócia.

Ambicioso e impelido por sua mulher, ele assassina o Rei Duncan e toma o trono para si, mas sofre com a culpa e paranoia.

Ele se torna um líder tirano, cometendo cada vez mais assassinatos para se proteger, em um banho de sangue que o leva aos limites da arrogância, da loucura e da morte.

Neste sábado, 23, último dia de exibição de filmes da mostra competitiva no Festival de Cannes, o esperado ‘Macbeth‘, adaptação para o cinema do clássico de William Shakespeare, dividiu a crítica.

Enquanto alguns jornalistas acharam pouco inspirada a versão do diretor Justin Kurzel, outros ficaram empolgados com o longa.

Com uma dupla dos sonhos como protagonistas – a diva francesa Marion Cottilard e o astro alemão Michael Fassbender – o filme investe em uma bela fotografia, figurinos estonteantes e em uma Lady Macbeth (Marion) mais contida do que em outras versões.

Já o Macbeth de Fassbender tem o grau de força e loucura que o personagem pede.

Marion Cottilard e Michael Fassbender em Cannes - Reuters

Adaptar Shakespeare para o cinema não é fácil - e aqui não cabe nenhum comparação com a versão definitiva de Orson Welles, de 1948.

Mas a tentativa de Kurzel vale pela ousadia estética e por trazer dois atores que defendem com garra o filme - uma versão digna, embora não empolgue.

O roteiro é de Jacob Koskoff e Todd Louiso, que trabalharam juntos antes em ‘De Volta Para a Escola’ (The Marc Pease Experience).

‘Macbeth’ inspirou mais de 50 de filmes desde 1898 até 2012, e o protagonista já foi interpretado no cinema e na TV por atores do quilate de Sean Connery, Sir Ian McKellen e Orson Welles.

O longa ainda não tem datas de estreia confirmadas.

Confira o trailer do longa:


CONHEÇA OS FAVORITOS NAS APOSTAS DE CANNES 2015

Com uma das melhores seleções de filmes dos últimos tempos, a 68º edição do Festival de Cannes promete encerrar com grande estilo neste domingo (24), quando o júri presidido pelos irmãos Coen anunciar o grande vencedor da Palma de Ouro.

Segundo a imprensa especializada, o prêmio deve ir para o chinês ‘Mountains May Depart‘, de Jia Zhangke.

‘Dheepanm‘, do francês Jacques Auiard, ‘The Lobsterm‘ do grego Yorgos Lanthimos, ‘O Filho de Saul‘, do húngaro László Nemes e ‘Youth‘, do italiano Paolo Sorrentino aparecem com chances menores, mas não devem sair de mãos abanando do Festival.

‘Mia Madre‘, do italiano Nanni Moretti, também tem boa cotação do público e da crítica.

‘Youth‘ pode dar a Michael Caine o prêmio de melhor ator - com Gabriel Byrne (de ‘Louder than Bombs‘) e Géza Röhrig (‘O Filho de Saul‘) correndo por fora.

Michael Caine e Jane Fonda, na coletiva de imprensa de 'Youth' em Cannes - AFP
Entre as atrizes, Cate Blanchett ('Carol') e Margherita Buy ('Mia Madre') são as favoritas.

O prêmio de direção pode ficar com Michel Franco ('Chronic') ou Todd Haynes ('Carol').

Não será surpresa se ‘Conto dos Contos‘, de Matteo Garrone, ganhar alguma coisa - mas, entre os italianos, ele aparece menos cotado.

Resta saber se os irmãos Coen vão optar pela beleza clássica e trama minuciosamente contada de ‘Mountains May Depart‘, de Jia Zhangke, ou vão surpreender.

Na última postagem especial sobre Cannes 2015 - amanhã - vocês vão ficar por dentro de todos os ganhadores.

Aguardem!
*****
Texto base: Janaina Pereira - site Cinepop
Texto final, adição de fotos e trailers: Blog de Klau

domingo, 26 de maio de 2013

FESTIVAL DE CANNES: AMOR ENTRE GAROTAS LEVA PALMA DE OURO - CONFIRA TODOS OS GANHADORES


O cartaz do Festival de Cannes 2013 é uma cena de beijo de um dos casais mais legais de Hollywood - Paul Newman e Joanne Woodward - tirada do filme "Amor Daquele Jeito/A New Kind of Love" (1963)

O 66º Festival de Cinema de Cannes - um dos mais importantes do mundo - encerrou-se agora pouco, numa cerimônia apresentada pela atriz Audrey Tautou e sem muitas surpresas nos seus ganhadores.


Audrey Tatou comanda a cerimônia de encerramento e premiação do Festival de Cannes 2013 - foto: Valery Hache/AFP

No prêmio máximo, deu a lógica: o francês "La vie D'Adele" (A Vida de Adèle), de Abdellatif Kechiche, longa mais falado dessa edição por ter fortes cenas de sexo entre uma garota de 15 anos que se apaixona por outra moça, levou a Palma de Ouro.

A Palma foi concedida pelo júri presidido pelo cineasta e produtor americano Steven Spielberg, que fez questão de mencionar o grande trabalho do diretor e das atrizes Léa Seydoux e Adèle Exarchopoulos.

As atrizes francesas Lea Seydoux (à esq) e Adele Exarchopoulos beijam o diretor franco-tunísio Abdellatif Kechiche enquanto ele recebe a Palma de Ouro pelo filme "La Vie d'Adele" - foto: Valery Hache/AFP
O prêmio máximo em Cannes para um longa com essa temática veio num momento em que o debate sobre casamento gay pega fogo na França, com católicos e ultraconservadores protestando nas ruas contra a aprovação do casamento, mas Spielberg negou que a decisão tenha sido política.
"Para nós, é uma grande história de amor que carrega uma mensagem muito positiva. E a propósito, as personagens não se casam", brincou.

Também foi surpreendente a Palma para um filme tão sexual vindo de Spielberg, diretor que filmou apenas uma cena de sexo em toda a sua carreira – em "Munique" (2005) - como bem lembrou o correspondente do UOL Thiago Stivaletti, que, aliás, fez  uma cobertura irretocável da edição deste ano.

O júri do Festival de Cannes: Nicole Kidman, Daniel Auteuil, Ang Lee, Vidya Balan, Steven Spielberg, Lynne Ramsay, Naomi Kawase, Cristian Mungiu e Christoph Waltz posam em frente do Palácio dos Festivais agora pouco - foto: Loica Venance/AFP

O Grande Prêmio do Júri, considerado o segundo lugar, ficou com a comédia dos irmãos Coen, "Inside Llewyn Davis" - sobre um cantor de folk fracassado na Nova York dos anos 60.

O ator Oscar Isaac, que vive o Llewyn do título, recebeu o prêmio em nome dos diretores.

Oscar Isaac sobe as escadas do Palais du Festival com  Emma Watson, sua parceira do longa, agora pouco - foto: AP
O Prêmio do Júri, espécie de terceiro colocado, ficou com o japonês "Like Father, Like Son" (Tal pai, tal filho), de Hirokazu Kore-Eda, drama sobre duas famílias que descobrem que seus filhos foram trocados na maternidade há seis anos.

O diretor japonês Hirokazu Kore-Eda ganha o Prêmio do Júri pelo filme "Like Father, Like Son" - foto: Valery Hache/AFP

A lenda Bruce Dern levou a Palma de Melhor Ator pelo papel do velhinho que imagina ter ganhado na loteria em "Nebraska", de Alexander Payne.
Dern - que desde já é apontado como um favoritos ao Oscar de Melhor Ator em 2014 - não estava mais em Cannes, e Payne recebeu o prêmio por ele.

O diretor americano Alexander Payne recebe o  Prix d'Interpretation Masculine (Melhor Ator) em nome de Bruce Dern, que não pode estar presente no encerramento de Cannes - foto: Valery Hache/AFP

Se Marion Cotillard saiu do filme por problemas de agenda, a também francesa Bérénice Bejo não fez por menos, defendeu muito bem o papel e acabou levando Palma de Melhor Atriz por "Le Passé", de Asghar Farhadi.

Bérénice Bejo ganha a Palma de Ouro por "Le Passé" - foto: Valery Hache/AFP
Uma surpresa: o mexicano Amat Escalante ficou com o prêmio de Melhor Diretor pelo violento "Heli", história de um jovem cuja família desmorona depois que a irmã mais nova se envolve com um jovem militar ligado ao narcotráfico.

O diretor Amat Escalante (à esq) recebe o prêmio de Melhor Diretor por seu filme "Heli" das mãos do ator Forest Whitaker - foto: Francois Mori/AP Photo

O chinês Jia Zhangke - Leão de Ouro em Veneza por "Em Busca da Vida" - ficou com o prêmio de Melhor Roteiro por "A Touch of Sin", que flerta com os filmes de samurais e no qual filma pela primeira vez cenas de violência e sangue.

O diretor chinês Jia Zhangke fala no encerramento do Festival de Cannes após receber o prêmio de Melhor Roteiro pelo filme "A Touch of SIn" - foto: Valery Hache/AFP
Um filme de Cingapura, "Ilo Ilo", de Anthony Chen, levou o prestigioso prêmio 'Caméra d'Or', de Melhor Longa-Metragem de Diretor Estreante.
O filme foi exibido na paralela 'Quinzena dos Realizadores'.

O diretor Anthony Chen (centro) recebe seu prêmio 'Camera d'Or de Melhor Filme' das mãos da diretora francesa e presidente do Júri, Agnes Varda, (à esq) e da atriz chinesa Zhang Ziyi - foto: Valery Hache/AFP

A Diva Kim Novak, 80 anos, foi aplaudida de pé pela plateia ao subir no palco para apresentar um prêmio.

Kim Novak em Cannes - foto: Le Figaro
Ela lembrou que "Um Corpo que Cai" (1958), de Alfred Hitchcock, recebeu críticas negativas no lançamento – e, numa recente enquete da revista "Sight & Sound", ficou em primeiro lugar na lista dos melhores filmes de todos os tempos.

O longa, considerado a obra prima do mestre do suspense, foi exibido em cópia restaurada em Cannes, mais uma vez encantando a todos.

Em seu discurso de apresentação, o presidente do júri, Steven Spielberg, deu seu apoio ao movimento de exceção cultural na França – que reivindica que o cinema e outras artes não sigam as mesmas regras de outros setores nos acordos internacionais de comércio, preservando assim os produtores e cineastas de filmes independentes de pequeno orçamento.

Passaram pelo tapete vermelho na noite de encerramento atrizes como Uma Thurman e os membros do Júri Steven Spielberg, Nicole Kidman, Christoph Waltz, Ang Lee e Daniel Auteil.

Uma Thurman no red carpet agora pouco - foto: AP


Confira todos os ganhadores nas categorias principais do 66º Festival de Cinema de Cannes:

Palma de Ouro
"La Vie d'Adèle", de Abdellatif Kechiche (França) – com menção para o diretor e as atrizes Léa Seydoux e Adèle Exarchopoulos

Relembre cena do filme:


Grande Prêmio do Júri
"Inside Llewyn Davis", de Joel e Ethan Coen (EUA)

Relembre trailer do filme:


Melhor diretor
Amat Escalante, por "Heli" (México)

Confira cena do filme:


Prêmio do Júri
"Like Father, Like Son", de Hirokazu Kore-Eda (Japão)

Relembre trailer do filme:


Melhor Ator
Bruce Dern, por "Nebraska" (EUA)

Relembre trailer do filme:


Melhor Atriz
Bérénice Bejo, por "Le Passé" (França)

Relembre trailer do filme:


Melhor Roteiro
Jia Zhangke, por "A Touch of Sin" (China)

Relembre trailer do filme:


Prêmio Caméra d'Or 
(melhor longa-metragem de diretor estreante)
"Ilo Ilo", de Anthony Chen (Cingapura)

Relembre trailer do filme:


*****
Com AP e AFP

sexta-feira, 17 de maio de 2013

FESTIVAL DE CANNES: SEXTA TEVE ROUBO DE JÓIAS E TIROTEIO REAIS, JANE CAMPION, OZON, FARHADI E JACKIE CHAN


O Festival de Cannes teve um dia agitado hoje, com o roubo de joias da marca Chopard em um quarto de hotel e tiros de balas de festim disparados por um homem nas imediações do estúdio do programa 'Grand Journal' do Canal+, que era transmitido ao vivo da Croisette - avenida à beira mar da linda cidade da Riviera Francesa.

As joias da Chopard, avaliadas pela polícia em 1,4 milhão de dólares, estavam em um cofre no quarto do hotel Novotel de uma funcionária americana da Chopard e foram roubadas à noite.

Esse valor foi contestado pela marca suíça, fornecedora de joias para estrelas que desfilam pelo tapete vermelho e concorrem à Palma de Ouro, que menciona um valor "bem abaixo dos números anunciados".
"As peças roubadas não fazem parte da coleção destinada às atrizes durante o Festival de Cannes", indicou uma porta-voz da Chopard.

O cofre que continha as joias teria sido retirado do armário do quarto e depois levado, de acordo com uma fonte policial.

A Chopard é a principal joalheria das estrelas no festival.
Este ano, a célebre marca suíça de joias e de relojoaria já emprestou joias a Julianne Moore, Lana Del Rey, Cindy Crawford, à atriz chinesa Fan Bing Bing e à espanhola Blanca Suarez.

Como parte de uma parceria com o Festival de Cannes, a Chopard fornece todos os anos a Palma de Ouro, joia de 118 gramas de ouro que recompensa o melhor filme da competição oficial, é avaliada em mais de 20.000 euros e será entregue no dia 26 de maio no final do Festival - a Palma de 2013 está em segurança, garantiram os organizadores.



Policial defronte ao Novotel de Cannes, momentos após o roubo ter sido divulgado - foto: AFP

Todos comentaram que o roubo lembrou muito a trama do filme "Ladrão de Casaca" (1955) - de Hitchcock, estrelado por Cary Grant e Grace Kelly e filmado em parte no Carlton de Cannes, sobre uma série de roubos misteriosos de joias nos palácios da Riviera Francesa.

Já no começo da noite, a Croisette foi agitada novamente, quando um homem armado com uma pistola de festim e com uma granada falsa atirou duas vezes para o alto perto do cenário montado à beira mar do programa 'Grand Journal' do Canal +, que era transmitido ao vivo e que desencadeou um breve pânico, mas sem deixar feridos.

"Foi um indivíduo de 42 anos que utilizou sua arma nas proximidades do estúdio. Era um desequilibrado que logo foi detido pela polícia", declarou à AFP Marcel Authier, diretor do Departamento de Segurança Pública (DDSP) dos Alpes Marítimos.

Segundo fontes policiais, o homem, que também estava armado de um canivete, foi colocado sob custódia.

'O Grand Journal', que no momento entrevistava ao vivo os membros do juri do festival desde ano, Christoph Waltz e Daniel Auteuil, retomou sua transmissão às 20h35.

Confira matéria sobre os dois incidentes do 'Jornal do SBT':


Voltando a falar do festival e de filmes, a neozelandesa Jane Campion - diretora, entre outros filmes, de "O Piano" - recebeu ontem a 'Carruagem de Ouro', homenagem feita pelo próprio grêmio à independência, ambição e ousadia dos premiados.

A cerimônia aconteceu na abertura da 'Quinzena de Produtores', mostra paralela que a recebeu com um aplauso e que elogiou "uma das poucas cineastas capazes de refletir as emoções mais difíceis e sutis".

Campion tem uma longa carreira, na qual também se destacam "Retratos de Uma Mulher" (1996) e "Fogo Sagrado!" (1999), dedicou o prêmio ao francês Pierre Rissient - que em 1986, como responsável pela seleção de filmes do festival, descobriu três curtas da diretora e a encorajou a apresentá-los.

Um deles - "An Exercise in Discipline - Peel" - ganhou no mesmo ano a Palma de Ouro de melhor curta-metragem e representou o início de uma relação com Cannes que atingiu seu auge ao levar outra Palma de Ouro com "O Piano", que deu ainda o prêmio de melhor atriz para Holly Hunter.

Jane Campion é cumprimentada pela atriz Nicole Kidman - membro do júri principal desta edição - após seus discurso em que recebeu a 'Carruagem de Ouro' - foto: Paris Match

Jane, que nesta 66ª edição é presidente do júri de curtas-metragens e do 'Cine Fundación', dedicou o prêmio ainda a todos os diretores que a precederam em Cannes na lista de premiados e que com suas vozes e histórias, segundo explicou ao pegá-lo, a "educaram" como cineasta.

"A paixão que sinto por eles me fez querer ser diretora", concluiu em seu discurso, dizendo esperar que esse reconhecimento que dá à Sociedade de Produtores de Filmes (SFR) reflita "de alguma maneira" ter estado à altura de suas aspirações.

Ainda na quinta à noite, "Jeune et Jolie", filme de François Ozon, primeiro de quatro produções francesas na disputa pela Palma de Ouro, foi exibido.

O longa esboça o retrato de uma adolescente - a bela Marine Vacth - que mergulha na prostituição sem necessidade, sem um motivo aparente, como Catherine Deneuve em "A Bela da Tarde" (1967), obra prima do diretor Luis Buñuel.

Isabelle, jovem estudante - Lea para os clientes - se relaciona com homens maduros pela internet.
"É estudante? Ah, é a crise", diz um deles, referindo-se a um crescente fenômeno de estudantes que se prostituem ocasionalmente para arcar com suas despesas.

Marine Match como Lea, em cena de "Jeune et Jolie", de François Ozon - foto: Divulgação

"A ideia era fazer um retrato de uma jovem de hoje ancorado em uma certa realidade, mas sem dar todas as respostas, compartilhar com os espectadores o mistério de Isabelle", declarou Ozon após a exibição de seu filme para a mídia - que reagiu com aplausos.

Confira um teaser de "Jeune et Jolie":


O sexo também foi destaque no evento dois anos depois do escândalo de Dominique Strauss-Kahn, em pleno Festival de Cannes.

O ex-diretor do FMI voltou a dar o que falar, pois foram revelados os primeiros trechos do filme de Abel Ferrara "Welcome to New York", que narra sua queda em desgraça.

As imagens de forte cunho sexual do filme, protagonizado por Gerard Depardieu, que interpreta DSK - que não tem seu nome pronunciado - e pela Diva britânica Jacqueline Bisset, no papel da sua esposa, circulam em Cannes.

Já nessa sexta, o premiado diretor iraniano Asghar Farhadi apresentou "Le Passé", seu primeiro filme rodado na França e com boa parte do elenco francês.

"Le Passé" segue um caminho parecido do longa mais conhecido do diretor - "A Separação": é um drama familiar intenso sobre uma mulher, Marie (Bérénice Bejo, de "O Artista"), que recebe em sua casa, em Paris, a visita do ex-marido iraniano, Ahmad (Ali Mosaffa), que hoje mora em Teerã e que ela não vê há quatro anos - ele retorna para que eles oficializem os papéis do divórcio.

Marie agora mora com o marido, Samir (Tahar Rahim, de "O Profeta"), dono de uma lavanderia, e três filhos – dois de um casamento anterior a Ahmad e o terceiro é um menino filho de Samir.

Uma tragédia assombra a família: a ex-mulher de Samir vive em coma após tentar se matar quando descobriu a nova relação do marido e Lucie, a filha mais velha, não aceita a situação e vive deprimida.

Tahar Rahim e Berenice Bejo posam durante sessão de fotos para divulgação do filme "Le Passé" - foto: Loic Venance/AFP

Como em "A Separação", esse ato do passado encobre alguns segredos que proporcionam boas reviravoltas na parte final.

A Diva francesa Marion Cottilard - Oscar de melhor atriz por "Piaf" - era a primeira opção de Farhadi para o papel de Marie, mas teve de abandonar o projeto por problemas de agenda.

Ao final da projeção, o longa recebeu aplausos da mídia presente.

Confira o trailer de "Le Passé":


Quem deu o ar da graça hoje em Cannes foi a lenda Jackie Chan, que veio divulgar seu novo filme, "Skiptrace".

Chan deu uma concorrida entrevista a bordo de um luxuoso iate, disse que aceitou largar as cenas perigosas e que agora quer papéis mais sérios, mas sem nunca deixar de ser um astro de ação.

Aos 59 anos o ator nascido em Hong Kong disse que não é mais capaz de fazer sozinho as cenas mais físicas, pois demora muito para se recuperar de qualquer lesão.

Jackie Chan posa no iate onde concedeu entrevista hoje em Cannes - foto: Reuters

"Não sou super-herói", disse Chan à Reuters.

"Realmente quero ser mais como um Robert de Niro asiático, capaz de fazer todo tipo de coisa - comédia, drama, papéis pesados", afirmou, acrescentando que adoraria interpretar um vilão.

Depois de estrelar mais de 150 filmes ao longo de mais de quatro décadas, ele disse no ano passado que iria se aposentar dos grandes filmes de ação depois de "Chinese Zodiac 2012", lançado em dezembro.

Mas ele admite que em "Skiptrace" acabou fazendo mais um filme do gênero.

"Todo astro de ação sempre diz (que vai parar), mas no final precisa fazer de novo. Que nem o (Sylvester) Stallone, ele nunca para. Como eu, nunca vou parar.Mas a vida de um astro de ação é muito curta. Quero que o público saiba que sou um ator que sabe brigar. Não sou um astro de ação que sabe atuar."

Finalizando o dia em Cannes, foi exibido "A Touch of Sin" ("Tian Zhu Ding"), do diretor Jia Zhangke, corrosivo painel sobre a China contemporânea e que disputa a Palma de Ouro sem ter sido censurado pelas autoridades chinesas, que vigiam com rigor as obras do país.

O longa, muito ambicioso, foi exibido para a imprensa e relata quatro histórias, entre elas uma sobre uma trabalhadora sexual em um bordel de luxo, que refletem uma sociedade em plena mutação, na qual o capitalismo desenfreado gera uma grande desigualdade e uma colossal falta de humanidade.

O protagonista de uma das histórias, ambientadas em quatro províncias do gigante asiático, é Dahai, operário de Shanxi, que se rebela contra a corrupção dos dirigentes locais e recebe um castigo digno dos filmes de Quentin Tarantino.

A personagem de outro relato é uma recepcionista em uma sauna de Hubei, no centro da China, que vira uma lutadora quando um cliente tenta abusar dela.

O episódio, como o título do filme, faz referência a "A Touch of Zen", do taiwanês King Hu, um clássico das artes marciais de 1969.

O protagonista do último segmento, talvez o mais triste, é um jovem de Dongguan (sudeste), que, pressionado pelo trabalho, pela família e pela falta de esperanças, se joga pela janela de um prédio.

Shozo Ichiyama, Lik Wai Yu, Meng Li, Wang Baoqiang, Wu Jiang, ,Zhangke Jia, Tao Zhao e Lanshan Luo divulgam "Tian Zhu Ding" no Festival de Cannes 2013 - foto: Valery Hache/AFP
Em entrevista à AFP, o diretor explicou que todas as histórias são baseadas em eventos reais, conhecidos por quase todos na China.

"Muitas pessoas na China enfrentam crises pessoais pela grande desigualdade entre ricos e pobres", disse o diretor de 43 anos.

"Antes, em meus filmes eu tentava relatar a vida cotidiana. Neste eu tinha vontade de ir mais longe. Com o desenvolvimento fulgurante da sociedade chinesa, há muitas coisas que se tornam extremas. E quando digo extremo, digo violência", disse Jia Zhangke.

Quando as primeiras cenas do filme foram divulgadas há alguns dias no Youku - o Youtube chinês -, os internautas previram que o longa-metragem nunca será visto no país em consequência da censura do regime comunista.

Mas Jia afirma que "A touch of sin" poderá ser assistido nos cinemas chineses.

"Recebi a autorização antes de viajar a Cannes. É uma boa notícia", afirmou o cineasta.

"Estamos entrando em uma era na qual você é seu próprio meio de divulgação. Há muitas decisões que são tomadas por meio do twitter", afirmou.

O filme, parcialmente produzido por recursos chineses, foi aplaudido na sessão para a imprensa.

Esta é a terceira participação do diretor em Cannes, onde nunca foi premiado.

"O que mais me interessa é que o filme seja assistido por muitas pessoas, que provoque discussões, que provoque reações. Esta seria a maior recompensa", concluiu.

Confira o trailer de "A Touch of Sin":

Na mostra paralela 'Semana da Crítica', o destaque foi o filme italiano "Salvo", de Fabio Grassadonia e Antonio Piazza, que conta a história de um assassino da máfia, Salvo (interpretado pelo palestino Saleh Bakri), que deve matar Rita (Sara Serraioco), cega de nascimento, e que acompanha impotente o assassinato do irmão.

No momento em que Salvo deve matar Rita, algo acontece, Rita recupera a visão e o mafioso desiste do crime, o que une o destino de ambos para sempre.

Confira o trailer de "Salvo":


Segundo a revista "Hollywood Reporter", a produtora Independent Film anunciou hoje que conseguiu o financiamento total de US$ 60 milhões para o novo filme de Bruce Willis - o thriller de ação "Expiration".
No filme, Willis viverá um matador que é envenenado e precisa encontrar uma cura para o veneno antes que ele faça efeito.

Foi anunciado também nesta sexta em Cannes que Scarlett Johansson agora quer ser diretora e vai assinar seu primeiro longa-metragem - "Summer Crossing", baseado num livro do escritor Truman Capote que ficou desaparecido durante anos.

O filme contará a história de uma garota de 17 anos durante o verão de 1945, que deixa de viajar a Paris com a família para manter um romance com um empregado.

Scarlett Johansson em Cannes, hoje - foto: Hollywood Reporter
Antes da nova empreitada, Scarlett havia dirigido um curta-metragem de seis minutos em 2009 chamado "These Vagabond Shoes".

Já a revista "Variety", que circula diariamente em Cannes, publicou hoje três páginas de reportagem com um balanço do momento atual do cinema brasileiro.

A reportagem lembra que o país teve um aumento de 10% no número de cinemas desde 2008 e vendeu 164% mais ingressos no período.

A previsão para 2013 é que os filmes brasileiros fiquem com 18% da bilheteria do ano, um bom aumento em relação à média de 13% obtida desde 2001.

A revista destaca filmes prontos a serem lançados no Brasil, como "Flores Raras" e "Faroeste Caboclo", projetos em andamento como o coletivo "Rio, Eu Te Amo" e ainda cinco novas promessas do cinema brasileiro: Fernando Coimbra, que finaliza seu primeiro longa, "O Lobo atrás da Porta"; Ricardo Targino, que prepara "Quase Samba"; Marco Dutra, diretor de "Trabalhar Cansa" que finaliza seu segundo longa, "Quando Eu Era Vivo"; o diretor e produtor Rodrigo Letier, que prepara a comédia "Julio Sumiu"; e Afonso Poyart, diretor de "Dois Coelhos", atualmente em Hollywood para dirigir "Solace", com Colin Farrell e Sir Anthony Hopkins.

Para um país que não tem nenhum filme na edição 2013 de Cannes, tá de bom tamanho, né?
*****
Com agências internacionais, Belinda Goldsmith e Tiago Stivaletti