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sexta-feira, 27 de setembro de 2019

CHRISTIAN MALHEIROS: SAIBA MAIS SOBRE O PROTAGONISTA DO LONGA 'SÓCRATES' E DA SÉRIE 'SINTONIA'

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Aos 20 anos, o jovem ator, que também arrebentou na série 'Sintonia', da Netflix, conta que já passou fome e foi salvo do crime pelo teatro
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Em 16 de novembro de 2018, Christian Malheiros estava no mercado com a mãe.

Era dia de folga das gravações de “Sintonia”, a série que, no ano seguinte, viraria um hit da Netflix.

Ele recebeu uma mensagem com um link que dizia: 
“Ator brasileiro é indicado ao Oscar do cinema independente”.

Intrigado, abriu a reportagem para ver quem era esse artista que estava ganhando reconhecimento mundo afora. Deparou-se com sua próprio foto e ficou confuso: Independent Spirit Awards? Nunca tinha ouvido falar.

Sua performance em seu primeiro filme, “Sócrates”, já em cartaz, colocou-o na corrida pelo prêmio americano mais importante do cinema independente, cuja cerimônia aconteceu em 23 de fevereiro.
Ele concorreu com grandes nomes da indústria, como Joaquin Phoenix, por “Você nunca esteve realmente aqui”, e Ethan Hawke, de “Fé corrompida” (que ganhou).

O longa de Alexandre Moratto, rodado na Baixada Santista a um custo de apenas US$ 20 mil — arrecadados nos EUA, onde o diretor mora — de alguma forma chamou atenção dos jurados do Spirit, após passagem por alguns festivais internacionais.

Recebeu ainda uma indicação na categoria John Cassavetes Award, dedicada a filmes de baixo orçamento, e Moratto ganhou o prêmio de “talento promissor”.

"Fiquei em pânico, foi assustador, eu não tinha noção de nada" — admite Malheiros, de 20 anos, sobre a indicação.
Aos poucos, absorveu a notícia.
No tapete vermelho do Spirit, parecia um astro como qualquer outro, com seu blazer preto sobre uma blusa marrom de gola alta.

Relembre o trailer de 'Sócrates':


Hoje, o ator tem quase 1 milhão de seguidores no Instagram, graças ao sucesso de “Sintonia”, em que interpreta Nando, um jovem da periferia paulista que vira traficante para sustentar a família.
É reconhecido na rua e parado por desconhecidos para tirar fotos.
Ele ainda tenta lidar com essa nova realidade, buscando conforto no pensamento de que a “euforia das pessoas” também é uma forma de carinho.

Nando lembra Sócrates em certos aspectos: ambos são jovens pobres da periferia paulista em busca de uma vida melhor (“Essa é minha história também”, complementa o ator que os interpreta). Mas o personagem da série escolhe a vida do crime, enquanto o do filme busca uma alternativa digna após a morte repentina da mãe.

Ameaçado de ser despejado de casa e enviado a um orfanato, Sócrates peregrina pelas ruas de Santos atrás de trabalho, sem sucesso. O desespero o levar a cogitar a prostituição ou recorrer ao pai violento. Acaba fazendo um bico num ferro velho, onde conhece Maicon (Tales Ordakji), por quem se apaixona. Há uma cena quente de beijo e sexo.

“Sócrates” foi o grande vencedor do Festival Mix Brasil e do troféu Felix, do Festival do Rio, voltados a obras com temática LGBT.

Christian Malheiros em 'Sócrates' Foto: Divulgação
Malheiros em cena de 'Sócrates' - Divulgação
"Fazer beijo gay num filme não é nada. Beijo é beijo, a gente faz na vida real por prazer. Foi muito mais difícil fazer a cena em que Sócrates come restos de comida no lixo, porque eu já passei fome" — diz o ator, que hoje mora no Centro da capital paulista.

Malheiros se refere à infância na periferia de Santos, onde os pais, retirantes nordestinos e analfabetos, assentaram-se após rodar o Brasil em busca de uma condição de vida digna.

"Eu acordava e via os traficantes vendendo drogas, sabia como funcionava o esquema, e também andava com gente que fazia isso. Seria bem mais fácil entrar nessa vida, por isso não julgo quem opta por ela. Fui salvo pelo teatro".

Tales Ordakji e Christian Malheiros, 'Sócrates', de Alexandre Moratto Foto: Divulgação
Tales Ordakji e Christian Malheiros, em cena de  'Sócrates' - Divulgação
O teatro entrou em sua vida aos 9 anos, quando se inscreveu, por pura curiosidade, numa oficina de atuação da escola. No documento de autorização exigido pela instituição, falsificou a assinatura da mãe, porque achou que ela, uma dona de casa, não ia gostar que o filho virasse artista. Aí não parou.

Quando a Escola de Artes Cênicas (EAC) de Santos abriu processo seletivo para jovens atores de pelo menos 16 anos, tentou a sorte mesmo tendo 15. Levou um “não” de cara, mas passou um mês ligando e batendo na porta. Finalmente, a diretora lhe deu uma chance, vencida pela “chatice do menino”, como lembra Malheiros. Ensaiou durante cinco dias (“Mal dormia por causa da ansiedade”) e, enfim, foi aprovado. Dois anos depois, a diretora da EAC lhe diria que aquele tinha sido o melhor teste já realizado na história da escola.

A essa altura, Malheiros estava satisfeito com os rumos que sua vida tinha tomado, tanto que não cogitava fazer cinema — para ele, uma possibilidade distante de sua realidade. Mesmo assim, fez o teste para “Sócrates” quando o diretor Alexandre Moratto chegou dos EUA à procura de talentos. O filme foi produzido pela Querô Filmes, por meio de seu instituto homônimo — situado na cidade do litoral paulista —, que capacita jovens de 16 a 20 anos para o audiovisual.

"Testamos mais de mil pessoas. Christian foi o primeiro. É muito talentoso, o problema é que ele vinha do teatro, atuava daquele jeito “grande” — lembra Moratto. 
"Falei: “Christian, a câmera vai ampliar em 30 vezes tudo o que você fizer, os gestos do seu rosto e a sua emoção. Então atue mais “pequeno”. Ele ajustou imediatamente. Foi o momento em que falei: “É ele”.

O “New York Times” disse que o longa “vigoroso honra a resiliência que existe dentro de nós”. Para o “Hollywood Reporter”, a produção é “impressionante em sua autenticidade corajosa e poderosa”. Algumas poucas críticas, porém, apontaram o que consideram excesso de sofrimento na história.

"É um personagem que quer ser uma pessoa íntegra, ter um futuro, uma vida comum, sem se jogar no mundo de crime, drogas e prostituição, mas ele está inconformado porque de certa forma é como só houvesse essa opções" — defende Malheiros
"Meninos como Sócrates existem, estão por aí na rua, não há idealização nenhuma no filme".


A mesma opinião é dispensada a “Sintonia” e ao seu personagem Nando. Para Malheiros, a série mostra que a favela paulista é bem diferente da carioca, popularizada mundo afora por “Cidade de Deus” (2002) — Fernando Meirelles, aliás, assina a produção-executiva de “Sócrates”.

Christian Malheiros (no meio, de vermelho), em 'Sintonia' Foto: Rafael Morse/Netflix / Divulgação
Em cena de 'Sintonia' - Netflix/Divulgação
"Pra mim, o Chris é o próximo Lázaro Ramos" — prevê Johnny Araújo, que divide a direção da série com KondZilla.
"Ele chegava no set citando as frases do roteiro que não tinha entendido, questionava. Ele ouve, não tem ansiedade, e transforma orientações concisas em camadas complexas de atuação. Dá pra ver isso na cena em que Nando mata uma pessoa pela primeira vez: aquele jeito como mexe a cabeça, falando só pelos olhos. Dá pra ver que ali dentro tem um turbilhão de pensamentos".


No próximo mês, Malheiros embarca no próximo desafio, em Portugal, onde vai rodar “A Última Festa”, filme de Matheus Souza que se passa durante uma formatura.

"Fiz uns 800 testes e escolhi o Christian de primeira — afirma Souza, o mesmo de “Apenas o fim” (2008) e “Ana e Vitória” (2018). — Depois de escalado, ele me ajudou a selecionar o par dele na trama. Chegou um dia no teste sem ter almoçado, então a produção comprou um pastel. Perguntei se ele queria parar pra comer, mas ele respondeu: “Prefiro usar o pastel na cena”. Isso resume quem é o Christian: uma pessoa que reage rapidamente a qualquer situação. Tem aquele brilho, sei lá, coisa de estrela mesmo, tipo Leonardo DiCaprio".

Relembre o trailer de 'Sintonia':


Matéria: Fabiano Ristow - O Globo

quinta-feira, 26 de setembro de 2019

'SÓCRATES': LONGA FEITO POR COLETIVO SANTISTA É IMPACTANTE E NOS DÁ UMA SENSAÇÃO INCÔMODA DE IMPOTÊNCIA


SINOPSE:

Depois da morte de sua mãe, o jovem Sócrates (Christian Malheiros), que foi criado apenas por ela durante os últimos tempos, precisa fazer tudo o que for possível para que consiga sobreviver na realidade da miséria, somado com o preconceito por ser homossexual.

Seus valores e ideais são colocados na balança com o medo de não conseguir se virar sozinho.

CRÍTICA:

Desde a primeira cena, o jovem vivido por Christian Malheiros - que vimos recentemente brilhando na série Sintonia, da Netflix - não tem praticamente um segundo de respiro.

Sua urgência em consertar pequenos fragmentos de sua vida - que desmorona em questão de pouquíssimo tempo - é transportada para fora da tela na forma de uma sensação incômoda de impotência, por mais que existam tentativas ininterruptas de fazer com que ao menos alguma coisa dê certo.

Do início ao fim esta sensação permanece em Sócrates, que estreia hoje.

Mas a ideia do diretor Alex Moratto é justamente a de incomodar, seja nos situando dentro de uma realidade comum de pessoas que moram em regiões periféricas ou por simplesmente assumir um tom muito pessoal e próximo ao protagonista.

Com a câmera seguindo seus passos e expressões, que compõem um misto de desespero e ansiedade com pequenos vislumbres de esperança, a direção é seca e direta, assim como os cortes que vão montando a sequência de adversidades de Sócrates, que ainda precisa lidar com o preconceito por ser homossexual.

O roteiro também não fica muito atrás na questão de ser austero e impactante.

Da mesma forma que a vida é dura com Sócrates, ele também carrega uma carga muito pesada referente ao passado, o que o deixa suscetível a enfrentar com mais rigidez algumas pessoas e situações num primeiro momento.

Mas o que o torna mais interessante são suas nuances, comuns em qualquer ser humano, que são trabalhadas com esmero pelo diretor e interpretadas com uma sinceridade potente de Malheiros. 

Não é correto dizer que ele se torna vulnerável em dados momentos, pois, na verdade, a maneira como ele se porta com Maicon (Tales Ordakji) ou com seus parentes (exceto seu pai, a origem de toda essa severidade) só é um reflexo de seu verdadeiro eu, longe dos escudos que precisaram ser colocados para sobreviver.

Produzido por alunos do Instituto Querô na Baixada Santista, o longa é um exemplo de dedicação e perseverança audiovisual no Brasil e pode abrir um leque de possíveis obras originadas de jovens que têm um olhar particular, especialmente se estas têm a chance de abordar temas que já lhe são familiares.

Tal identificação certamente auxiliou no processo de composição da história, com bom aproveitamento da fotografia e do som.

Há certas irregularidades no que se refere à iluminação e mudança de cenários, mas nada que prejudique amplamente o resultado final - sendo as atuações de Malheiros e Ordakji os combustíveis para tudo fluir naturalmente.

Se o filme abre com a morte do ente mais querido de Sócrates, ele fecha com o possível renascimento do jovem, que vive e coleciona aprendizados sem qualquer tipo de suavização.

Por bem ou por mal, ele vê que a melhor companhia que pode ter é a dele mesmo. O espectador acompanha um momento importante (se não essencial) da vida do protagonista, no qual ele se encontra com seu lado mais íntimo e enfrenta monstros internos e externos a fim de simplesmente viver mais um dia.

A comovente cena final mostra que até mesmo no mais triste adeus mora uma chance de renovação para Sócrates, sem que isso o afaste de sua verdadeira essência.

Filme visto no 26º Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade, em novembro de 2018.

Fiilme premiado no 'Alguém para Assistir' no último Independent Spirit Awards.

GALERIA DE IMAGENS:
Sócrates : Foto Christian Malheiros

Sócrates : Foto Christian Malheiros, Tales Ordakji

Sócrates : Foto Christian Malheiros, Tales Ordakji

Sócrates : Foto Christian Malheiros

TRAILER:


FICHA TÉCNICA:
SÓCRATES
Gênero:
Drama
Direção:
Alex Moratto
Elenco Principal:
Christian Malheiros, Tales Ordakji, Caio Martinez Pacheco
Roteiro:
Alex Moratto
Trilha Sonora:
Felipe Puperi
Produtores:
Ramin Bahrani, Alex Moratto, Jefferson Paulino, Tammy Weiss
Diretor de fotografia:
João Gabriel de Queiroz
Montador:
Alex Moratto
Engenheiro de som:
Ricardo Reis
Distribuidor Brasileiro (Lançamento):
O2 Play

COTAÇÃO DO KLAU:

quarta-feira, 21 de agosto de 2019

'SÓCRATES': DRAMA BRASILEIRO CANDIDATO AO OSCAR 2020 GANHA NOVO TRAILER

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O longa foi o grande vencedor na categoria Diretor Revelação do Independent Spirit Awards e segue disputando vaga no Oscar 2020
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Produzido por Fernando Meirelles e alunos do Instituto Querô, na Baixada Santista, o longa acaba de ganhar um novo trailer.

Assista:


Na trama, após a morte repentina da mãe, Sócrates (Christian Malheiros, da série 'Sintonia', da Netflix), um adolescente de 15 anos da periferia de São Paulo, precisa fazer tudo o que for possível para que consiga sobreviver na realidade da miséria, somado com o preconceito por ser homossexual.

Seus valores e ideais são colocados na balança, junto com o medo de não conseguir se virar sozinho. 

Tales Ordakji, Caio Martinez Pacheco, Jayme Rodrigues e Rosane Paulo completam o elenco.

Dirigido por Alex Moratto, Sócrates estreia dia 26 de setembro.