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sábado, 22 de maio de 2010

CANNES, PENÚLTIMO DIA: COMEÇAM AS PREMIAÇÕES E AS APOSTAS PARA OS PRINCIPAIS PRÊMIOS SE INTENSIFICAM


"Octubre" ganha o Prêmio do Júri da competição
'Um Certo Olhar'

O filme peruano "Octubre" - dos irmãos Daniel e Diego Vega - ganhou hoje o Prêmio do Júri da seção oficial 'Um Certo Olhar', que também escolheu as três atrizes da produção argentina "Los labios" - Victoria Raposo, Eva Bianco e Adela Sánchez.
"Los labios" é uma produção de Iván Fund e Santiago Loza.

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Prêmio ecumênico vai para o francês
"Des hommes et des dieux"

O filme francês "Des hommes et des dieux" (De Homens e Deuses) - de Xavier Beauvois - foi agraciado hoje com o prêmio do Júri Ecumênico, que homenageia os filmes com conteúdos que elogiem os valores humanos e solidários.

O júri também concedeu duas menções especiais: a "Another year" -do britânico Mike Leigh - e "Poetry", do coreano Lee Chang-dong.

"Des hommes et des dieux" - que conta o assassinato de sete monges franceses na Argélia em 1996 - foi premiado pela "profunda humanidade dos monges, seu respeito ao Islã e sua generosidade com seus vizinhos", segundo comunicado do júri.

Protagonizado por Lambert Wilson, Michael Lonsdale e Jacques Herlin, é um filme "de uma grande beleza plástica, com uma destacada interpretação coletiva e com um ritmo marcado pela alternância de trabalhos e liturgia", acrescenta a nota.

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"Todos vos sódes capitáns" conquista
prêmio da crítica

O filme espanhol "Todos vós sodes capitáns" - primeiro longa-metragem do diretor Oliver Laxe - recebeu agora a pouco o Prêmio FIPRESCI da crítica internacional.

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Filme coreano "Hahaha" vence prêmio
"Un Certain Regard"

O filme sul-coreano "Hahaha", dirigido por Hong Sang-soo, recebeu o prêmio da mostra Un Certain Regard - Um certo Olhar, o principal desta seleção paralela do Festival.

O júri, presidido pela produtora francesa Claire Denis, decidiu este prêmio "por unanimidade", apesar de consideraram que a qualidade dos 19 filmes em competição era "muito boa".

"Hahaha" conta a história de um diretor sul-coreano, Jo, que se reúne com seu amigo Bang, um crítico de cinema.
Na conversa, ambos descobrem que os dois estiveram recentemente em Tongyeong (Coreia do Sul) e trocam lembranças da viagem.


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Sem favoritos à Palma de Ouro, Javier Bardem continua à frente nas apostas


Nesse ano, as apostas estão muito pulverizadas sobre quem será o vencedor da Palma de Ouro - que será entregue amanhã.

A única unanimidade é com relação a Javier Bardem que deve levar o prêmio de melhor ator, com a permissão dos monges franceses liderados por Lambert Wilson.

Neste ano nenhum filme despertou fortes aplausos n- em grandes defesas - e as apostas dos críticos incluem títulos como "Another year", de Mike Leigh; "Des hommes et des dieux", de Xavier Beauvois; "Poetry", de Lee Chang-soo, e "Biutiful", de Alejandro González Iñárritu.

Mas o que todo mundo parece concordar é com relação à grande atuação de Bardem em "Biutiful", e também de que a única alternativa a Bardem seria um prêmio conjunto para os monges do filme "Des hommes et des dieux".

Lambert Wilson, como o principal da comunidade, mas, sobretudo, Michael Lonsdale como o irmão Luc e o veteraníssimo Jacques Herlin, de 83 anos, fizeram interpretações maravilhosas - poderiam receber um prêmio conjunto, o que já ocorreu várias vezes em Cannes.

Entre as mulheres, as apostas se concentram em dois nomes: a Diva francesa Juliette Binoche e a coreana Yun Jung-hee.

Binoche - é a imagem do cartaz desta 63ª edição de Cannes - interpreta sua Elle em "Copie conforme" - do iraniano Abbas Kiarostami - em uma história sobre a dificuldade de amar e para a qual a atriz se inspirou na italiana Anna Magnani.

Não menos brilhante está a veterana Yun Jung-hee em sua volta ao cinema após dez anos de ausência com a poética "Poetry".

Um filme que entra forte nas apostas para a Palma de Ouro, o Grande Prêmio e os prêmios de melhor diretor, roteiro e o especial do júri.

Um heterogêneo júri presidido por Tim Burton e que tem entre seus nomes o espanhol Victor Erice, o porto-riquenho Benicio del Toro e à atriz britânica Kate Beckinsale, será o encarregado de elaborar a lista de premiados que será conhecida amanhã à noite.

De seus gostos dependerá para quem vão os prêmios, sem esquecer que os grandes festivais tendem a levar em conta elementos que vão além das qualidades cinematográficas dos filmes no concurso.

Nesse esquema de elementos exteriores poderia entrar no histórico o filme de Kiarostami - que já levou a Palma de Ouro em 1997 com o "O sabor das cerejas".

O iraniano não está entre os favoritos, mas com um prêmio ao seu filme se enviaria uma senhora mensagem de apoio ao cineasta iraniano Jafar Panahi, detido em 1º de março acusado de fazer um filme contra o regime - Panahi deveria fazer parte do júri desta edição, mas sua detenção impediu sua saída do Irã, e no domingo passado ele iniciou uma greve de fome.

Em um contexto político diferente poderia ser concedido um prêmio para "Des hommes et des dieux", um das obras que trata das tensas relações entre a França e a Argélia.

O outro é "Foras da lei", de Rachid Bouchareb, cuja exibição esteve rodeada de medidas de segurança ostensivas, pelas duras acusações contra si por ser considerado um filme antifrancês.

Fora das considerações políticas, a crítica internacional gostou muito do retrato de Mike Leigh, que já conseguiu em Cannes a Palma de Ouro, em 1996 por "Segredos e Mentiras" e o prêmio ao melhor diretor por "Naked" em 1993.

E também não fica fora das apostas, apesar da divisão de opiniões, o último trabalho de Iñárritu.

"Biutiful" agradou tanto quanto decepcionou, mas seu nome aparece em todas as apostas.
Iñárritu já ganhou em Cannes o prêmio de melhor diretor em 2006 com "Babel" e agora poderia ir mais alto.

Levando em consideração que o presidente do júri é Tim Burton, pode-se dizer com certeza que haverá alguma surpresa.

Uma hipótese é que poderá ser escolhido um filme mais experimental, como a história de relação entre humanos e fantasmas que o tailandês Apichatpong Weerasethakul conta em "Lung Boonmee raluek chat"; o drama da guerra africana em sua versão chadiana, "Um homme qui crie", de Mahamat-Saleh Haroun, e a potente "Schastye moe", do ucraniano Sergei Loznitsa.

O que parece mais distante é a possibilidade de que nomes tão veteranos como os de Bertrand Tavernier, Nikita Mikhalkov e Ken Loach figurem no histórico.

Mas nem os mais veteranos no Festival de Cannes entendem a lógica dos prêmios, e, portanto, qualquer coisa é possível.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

CANNES: ATRIZ COREANA DE VOLTA ÀS TELONAS - ÚNICO FILME ESPANHOL NA COMPETIÇÃO - DOCUMENTÁRIOS ABORDAM A CRISE FINANCEIRA GLOBAL


Estrela sul-coreana, Yun Jung-hee volta às telonas em Cannes

A veterana atriz sul-coreana Yun Jung-hee faz um retorno de peso às telas - após vários anos de ausência - em "Poetry", de Lee Chang-dong, um dos filmes da competição do Festival.

De volta a Cannes após sua última participação, em 2007, quando Jeon Do-yeon ficou com o prêmio de melhor atriz por seu filme "Milyang" ("Secret Sunshine"), Lee disse que pensou imediatamente em Yun Jung-hee, ícone do cinema sul-coreano que não fazia um filme em mais de 15 anos.
"Quando eu estava criando a personagem, pensei imediatamente em Yun Jung-hee, sem saber exatamente porque", disse Lee, ex-ministro da Cultura da Coreia do Sul, após uma sessão do filme para a imprensa em que "Poetry" foi bem recebido.

Como "Milyang", "Poetry" trata das consequências trágicas da morte de uma criança, e os dois filmes se baseiam em performances marcantes de suas protagonistas.
Yun faz uma mulher que cria seu neto egoísta em uma cidade deprimente de província onde ela trabalha meio período fazendo faxina e cuidando de um idoso rico incapacitado após um derrame cerebral.
Preocupada com sua perda de memória e sinais de fraqueza física, ela busca uma aula de poesia no centro cultural local, mas tem dificuldade em encontrar inspiração e ao mesmo tempo descobre um segredo hediondo envolvendo seu neto.

Jeon Do-Yeon, que está de volta a Cannes no filme sombrio e sexualmente forte "The Handmaid", foi apelidada de "Rainha de Cannes" na Coreia do Sul após sua vitória em 2007, e a performance de Yun pode levá-la a concorrer por uma honra semelhante este ano.
A atriz, que hoje vive em Paris, disse que recebeu várias ofertas para voltar a atuar ao longo dos anos, mas não achou nenhuma delas atraente até que Lee entrou em contato, dizendo que estava escrevendo um roteiro com ela em vista.
"É estranho, não nos conhecemos muito bem, mas essa personagem realmente é muito parecida comigo", disse a atriz.
"Ela é sonhadora, como eu, e, como eu, é inocente e um pouco fora de sintonia com a vida, então não foi muito difícil", explicou Yun, dizendo que a experiência aguçou sua vontade de fazer cinema.
"Quero continuar a trabalhar até ter pelo menos 90 anos."

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Filmes mostram "assaltos" causadores da crise bancária

Um retrato devastador de um sistema corrupto e descontrolado aparece em dois documentários sobre a crise financeira, e que coincidem com o retorno de Oliver Stone a uma Wall Street fictícia nesta edição do Festival .

"Inside Job", dirigido por Charles Ferguson, e "Cleveland versus Wall Street", do diretor suíço Jean-Stephane Bron, dissecam meticulosamente o desastre que colocou o sistema bancário global de joelhos.

Decompondo uma série altamente complexa de eventos, os filmes examinam o frenesi especulativo que vinculou compradores de casas nos EUA, autoridades complacentes e financistas globais irresponsáveis e, de tudo isso, destilam uma mensagem simples.
Ferguson falou à Reuters:
"O que aconteceu foi um assalto bancário, mas foi um assalto cometido pelo presidente do banco, não por algum sujeito que entra com uma arma na mão.
"Foi um crime cometido pelas pessoas que comandavam o sistema financeiro. Nós deixamos essas pessoas correrem soltas, sem freios, e elas afundaram o sistema."

Hoje, os nomes mais ilustres de Wall Street estão travando uma batalha de relações públicas para salvar suas reputações da maré de indignação pública contra o setor.
E "Eles" ainda tem a cara de pau de dizer que a opinião pública com frequência é injusta e mal informada!

Mas, com o velho vilão Gordon Gekko (MIchael Douglas) - criado por Oliver Stone, presente em Cannes em "Wall Street - O Dinheiro Nunca Dorme" - o clima crescente de ira pública evidentemente se alastrou para o maior festival de cinema do mundo.

Stone falou à Reuters, em entrevista depois de seu filme ser exibido, fora da competição:
"Acho que os banqueiros deveriam estar na cadeia, mas as coisas não acontecem assim. Hoje as pessoas já sabem que os bancos nos estão ferrando e que eles saíram impunes."

Os dois documentários são os equivalentes cinematográficos da onda de livros sobre o derretimento financeiro que vem marcando presença nas listas de livros mais vendidos nos últimos meses, enquanto o público procura explicações sobre o que deu errado.

O filme de Ferguson procura explicar a crise dos bancos.
Já Bron emprega o formato de um filme sobre julgamento, para mostrar as vítimas do colapso das hipotecas de alto risco que perderam suas casas quando os ventos financeiros mudaram de direção.

Disse o diretor: "Todo o mundo conhece o termo 'hipoteca de alto risco', mas não sabemos exatamente o que isso significa, o que está por trás desse termo. A gente precisa de personagens. Foi por isso que fizemos o filme no formato de um julgamento."

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Oliver Laxe apresenta "Todos vós sodes capitáns",
único filme espanhol no festival


O diretor Oliver Laxe apresentou hoje seu filme "Todos vós sodes capitáns", único espanhol em Cannes.

Exibido na Quinzena de Realizadores - seção paralela do Festival - o filme foi rodado no norte do Marrocos e surgiu do trabalho de Laxe com crianças marroquinas em uma oficina de cinema em Tanger, onde chegou em 2006.

"Neste filme não estava interessado no drama destas crianças", contou Laxe à Agência Efe, sobre as condições de vida precárias de seus alunos, vistos praticando cinema pelas ruas da cidade com uma câmara de 35 milímetros.

Ele afirmou que seu propósito com este trabalho - rodado com um orçamento de pouco mais de 30 mil euros, em preto e branco - era "compartilhar os valores inerentes à prática cinematográfica, compartilhar um processo criativo, filmar aquilo que gostamos sem nenhum tipo de motivação narrativa nem discursiva, ou seja, provocar um certo desafio epistemológico sobre o que é o cinema, sobre sua ontologia, sobre o que é uma imagem".


Sobre seu trabalho futuro, assegura que pensa em movimentar-se rumo ao sul do Marrocos, "para o deserto. Há um filme que de alguma maneira já tenho na cabeça, cuja primeira parte será rodada na Galícia, provavelmente".