Mostrando postagens com marcador Cassia Kiss. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Cassia Kiss. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

'BOA SORTE': ENCANTADORA COMO NUNCA, DEBORAH SECCO TRANSFORMA UMA HISTÓRIA SIMPLES NUM ROMANCE IRRESISTÍVEL


SINOPSE:

Aos 17 anos, o adolescente João (João Pedro Zappa) tem uma série de problemas comportamentais, é ignorado pelos pais e se torna agressivo com os amigos de escola.

Quando é diagnosticado com depressão, seus pais Ana (Gisele Fróes) e Luis (Felipe Camargo) decidem interná-lo em uma clínica psiquiátrica.

Lá, ele conhece Judite (Deborah Secco), uma mulher de 30 anos, HIV positivo e dependente química, em fase terminal.

Apesar do ambiente hostil, os dois se apaixonam e iniciam um romance, mas Judite tem medo que a sua morte abale a saúde de João.

CRÍTICA:

Duas vidas destruídas, que encontram nova força para viver após encontrarem o amor.

Se você se lembrou do recente megassucesso americano 'A Culpa é das Estrelas', sua lembrança não foi em vão, pois 'Boa Sorte', dirigido pela estreante em longas Carolina Jabor e que estreia hoje em 110 salas em todo o Brasil, tem a mesma pegada indie pop, que felizmente passa ao largo das comédias e cinebiografias que pipocam na produção nacional.

A trama, escrita por Jorge Furtado e seu filho Pedro, acompanha João (João Zappa), jovem dependente químico internado pelos pais (Gisele Fróes e Felipe Camargo) em uma clínica de reabilitação, onde o rapaz conhece Judite (Deborah Secco), usuária de drogas, soropositiva e com pouco tempo de vida.

Lá, aos poucos, se tornam próximos e encontram nova força para viver.

Deborah Secco como Judite e João Zappa como João, protagonistas do longa - Fotos dessa Postagem: Divulgação/Imagem Filmes

O longa funciona - como a produção americana citada acima  também funciona - graças à química entre seus personagens.

Fazendo sua estreia em longas-metragens de ficção, a diretora Carolina Jabor entende profundamente os protagonistas e permite ao casal protagonista explorarem nuances inesperadas de cada um.

Para mim, a melhor atriz de sua geração disparado, Deborah Secco mais uma vez se entrega de corpo e alma ao papel: sua Judite é muito magra e pálida - a atriz perdeu 10 quilos para interpreta-la - e surge em cena envolta em tristeza, até conhecer João, quando seu rosto se ilumina e ela volta a se sentir viva, mesmo que por alguns momentos.

O casal em cena

Sua atuação  é tão tocante e arrebatadora que Deborah não só rouba a cena, como leva o filme praticamente nas costas.

João Zappa, ator com mesmo nome de seu personagem, tem participação apenas correta e não causa o mesmo impacto do seu par.

O longa ganha muito também com as participações especialíssimas de duas atrizes de primeiríssima: Fernanda Montenegro - como avó de Judite - e Cássia Kiss Magro - como terapeuta da clínica - reforçam o tom dramático que permeia todo o longa com grandes atuações.

Fernanda Montenegro interpreta Célia, avó de Judite

Fernanda é a justificativa simplória do longa para o triste fim de Judite: a personagem deixa claro que aprontou muito em sua vida e ela sabe o impacto disso sobre a neta.

Cássia, sozinha, representa a humanidade da clínica e mostra a outro lado dessas instalações, sem cair no clichê da dinâmica destrutiva clínica/paciente que normalmente se vê.

Cássia Kiss Magro como Dra. Lorena, em cena do longa

Visualmente, o filme é um achado: diferentemente da textura chapada/televisiva de 99,9% das produções bancadas pela Globo Filmes, aqui se procura reforçar a decadência e solidão dos personagens, com cenários desgastados e fotografia primorosa, marcada pelo contraste de cores, luz e sombra.

Com exceção de alguns momentos de humor forçado, que não bate com o tom da narrativa - a cena de João roubando arquivos do escritório da clínica enquanto outro paciente finge passar mal é um exemplo - o longa vai bem até o final.

Cena do longa

Pena que a diretora perca o controle justamente aí, deixando de terminar a obra quando devia para inserir cenas de flashback.

Enfim, mesmo com esse final que nada acrescenta, o longa tem uma doçura que permeia cada cena e arrebata o espectador, com uma narrativa agradável e que trata de assuntos fortes com delicadeza.

Deborah em cena: sua Judite é a melhor coisa do longa

Deborah, apesar dos problemas de sua personagem, está encantadora como nunca, faz até com que João pareça mais interessante do que realmente é - e ainda consegue transformar uma história simples em um grande romance na telona.

O longa ficou com o Prêmio do Público e Direção de Arte (Claudio Amaral Peixoto) no último Festival de Paulínia.

Irresistível.

TRAILER:


FICHA TÉCNICA:
'BOA SORTE'
Gênero:
Drama
Direção:
Carolina Jabor
Roteiro Adaptado:
Jorge Furtado, Pedro Furtado - adaptando o conto 'Frontal com Fanta', de Jorge Furtado
Duração:
90 min.
Ano:
2013
País:
Brasil
Cor:
Colorido
Estreia no Brasil:
27/11/2014
Distribuidora:
Imagem Filmes
Estúdio:
Conspiração Filmes / Globo Filmes
Classificação:
16 anos

COTAÇÃO DO KLAU:

sexta-feira, 22 de abril de 2011

DIRETOR E ELENCO FALAM SOBRE "BRÓDER"

Diretor e elenco de "Bróder" se reuniram em São Paulo nesta segunda(18) para coletiva de imprensa que antecede o lançamento comercial do filme - a produção chega às salas brasileiras com 45 cópias depois de uma bem-sucedida carreira em festivais de cinema como Berlim, Gramado, Paulínia, Rio e Mostra de SP.

No encontro com jornalistas, estiveram presentes o estreante na direção de longa-metragem Jeferson De, o roteirista Newton Cannito e o afinado elenco formado por Caio Blat, Jonathan Haagensen, Cássia Kiss e o rapper Du Bronx.

Confira os melhores momentos do bate-papo, publicado pelo site Cineclik:

Filmado na periferia de São Paulo, no bairro do Capão Redondo, "Bróder" acompanha a história de três amigos que se reencontram para comemorar o aniversário de um deles.

Eles nasceram na região da zona sul da cidade e seguiram destinos distintos, sendo que um deles, Macu - Caio Blat - , se encontra em vias de se envolver com a criminalidade.

Fotos: Marcelo MarquesO diretor Jeferson De repudia estigma de "filme-favela"

O mote do longa-metragem, contudo, não é sobre crime, favela e violência urbana.

A história gira em torno da estrutura familiar que está por trás de indivíduos que se perdem durante a trajetória de vida.
"Todo mundo tem um Macu na família. E essas pessoas não caem do céu; todas têm uma história, uma mãe, um pai ou padrasto, irmãos, enfim, toda uma família em sua casa. 'Bróder' é como conhecer a história de Zé Pequeno [personagem de Cidade de Deus, de Fernando Meirelles]", disse Jerfeson De, que repudia o estigma de “filme-favela”.

"Acho sinceramente que essa é uma história de três amigos que poderia se passar em qualquer outro cenário, fosse nos Jardins ou no Leblon", afirma o diretor, citando bairros nobres de São Paulo e Rio de Janeiro.

Para interpretar com credibilidade sua personagem, Caio Blat mergulhou no universo dos moradores da comunidade do Capão Redondo e chegou a alugar uma casa no bairro, onde morou enquanto trabalhou o personagem.
“Existia uma cobrança muito grande dos moradores, de que nós respeitássemos os costumes do bairro, a história de vida deles”, revelou o ator ao se referir à abordagem dos seus novos vizinhos.
"Eu precisava respirar aquele ambiente e ser aceito, porque Macu é uma figura muito popular na comunidade. Eu precisava do aval dos moradores para poder contar a história deles", concluiu.

Caio Blat, Jonathan Haagensen e o diretor Jeferson De

O ator descobriu da pior forma que seus esforços para incorporar Macu tiveram êxito ao ser barrado em um restaurante que costumava frequentar , quando tentou entrar caracterizado como o personagem - corte “máquina zero” e roupa típica de jovens de periferia, depois de um dia de filmagem - e foi impedido pelo segurança da casa que desconfiou que fosse um marginal.
"Nunca senti uma humilhação maior do que aquela. Mas também percebi, naquela hora, que tinha chegado ao ápice do que estava buscando", contou o ator.

Blat disse ainda que chegou o set no dia seguinte revoltado e contou para Jeferson, o Jonathan Haagensen e o Silvio Guindane - que não esteve presente à coletiva -, o que tinha passado.
“Fui criando mais drama e nada, nenhuma reação. Foi quando eles esticaram a mão e disseram: 'bem-vindo ao clube'".

Neste momento, o ator Jonathan Haagensen pediu a palavra:
"Não é pelo fato de ser negro, a questão é ser excluído por não estar dentro do padrão que a sociedade exige", disse ele se referindo ao episódio vivenciado por Caio Blat.

Jonathan Haagensen fala sobre aceitação da sociedade

Ainda sobre o tema, Jeferson De acrescentou: "Esse 'racismo cordial' no Brasil é muito louco. Só aqui você tem negros neonazistas. Só aqui você tem ‘meio negro’, ‘meio viado’. Nem todo mundo tem essa clareza do Jair Bolsonaro", disse Jeferson, para logo completar: "Eu não sou um Spike Lee brasileiro. Para ele é bem mais fácil, lá negro é negro e branco é branco".

Além do elenco ambientado, o fato de as cenas terem sido rodadas na própria comunidade também contribuiu para a verossimilhança do filme.

Filmado no bairro, em que elementos como mobília e outros objetos foram mantidos com mínima intervenção da direção de arte.

"A família saía da casa e nós entrávamos para filmar", relembrou Cássia Kiss, que vive a mãe de Macu.

Cássia Kiss, que interpreta a mãe do protagonista, fala na coletiva

Apesar de ter filmado no bairro, Jefferson De fez questão de esclarecer que a localidade é figurante em seu filme.
"Escolhi o Capão porque lá existe uma efervescência grande da cidade, mas o que importa é a história que está sendo contada, sobre essas pessoas e suas buscas por uma identidade. As pessoas querem boas histórias, que emocionem, independente de onde elas se passam", ressaltou.

Matéria publicada no site Cineclik em 18.4.2011
*****
Clique abaixo e veja mais matérias do Blog de Klau sobre "Bróder":

1.ENTREVISTA: CAIO BLAT

2."BRÓDER" É RETRATO FIEL E MAGISTRAL DA PERIFERIA PAULISTANA