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sexta-feira, 3 de maio de 2013

'SOMOS TÃO JOVENS': LONGA CONSEGUE TRANSFORMAR O CHATO E VERBORRÁGICO RENATO RUSSO EM UM SER HUMANO FASCINANTE



Nunca fui fã de Renato Russo, nem da banda brasiliense 'Legião Urbana' - nem quando eu era tão jovem.

Até hoje, minha opinião é que as músicas - como 'Que País é Este', 'Música Urbana', 'Geração Coca-Cola', 'Eduardo e Mônica' 'Faroeste Caboclo' - são longas demais, cansativas demais, depressivas demais.

A cara do Renato, um cara chato, egocêntrico,  sempre pra baixo e morto precocemente em 1996, vítima da Aids.

Mas ao mesmo tempo sou fascinado por biografias e cinebiografias e 'Somos Tão Jovens' - que estreia hoje - realmente incendiou a mim e  ao público de cara, justamente por se propor mostrar o nascimento do artista.

No longa, Renato Russo, o músico consagrado, é deixado de lado e o diretor Antônio Carlos Fontoura vai atrás do anônimo Renato Manfredini Jr, adolescente classe média de Brasília, professor de inglês, inteligente, entediado, rebelde, vítima de uma doença que o deixou prostrado na cama por um ano.

A 'Legião Urbana'do longa, ainda ao tempo em que se chamava 'Aborto Elétrico' - Fotos dessa postagem: Divulgação/Imagem Filmes

É esse garoto - que vai se transformar no superstar no futuro - é que nos mostra seus dilemas, incertezas e vivências pessoais, o maior achado do longa, que faz uma ótima ambientação da época em que surgiu não só a  'Legião', mas bandas como 'Plebe Rude', 'Capital Inicial' e 'Paralamas do Sucesso'.

O filme não acaba com a morte de Russo, mas com o show no Disco Voador que transformou a 'Legião' no estrondoso sucesso que conhecemos.

Mas é justamente o que não conhecemos, ou sabemos pouco, a base de que Fontoura, ótimo diretor de atores, buscou aqui.

A ideia de transitar pelo íntimo e pessoal do Renato pré-ídolo, no entanto, precisaria - e muito de um ator que desse conta do recado.

E esse ator é Thiago Mendonça, que manda divinamente bem, auxiliado por um ótimo trabalho de caracterização.

Thiago Mendonça como Renato Russso, em cena do longa 

Ator muito acima da média, Thiago dribla com habilidade o que poderia derrubar o personagem - Renato Russo era muito afetado e verborrágico no modo de falar, tudo que um ator costuma evitar ao interpretar um personagem.

Aqui, Mendonça consegue incorporar maneirismos na fala e gestuais sem tornar seu Renato caricato, o que faz seu trabalho ser simplesmente maravilhoso.

Alguns vão achar que o longa tropeça no desenvolvimento de alguns coadjuvantes, que poderiam ter suas passagens mais aprofundadas.

Mas para mim esse é outro achado do diretor Fontoura, que conscientemente optou por não se prender nos personagens periféricos para não alongar e manter a dinamismo do filme - o que deixa o filme movimentado, com ritmo e urgência de um jovem.

Sandra Corveloni como Maria do Carmo e Marcos Breda como Renato, os pais de Renato Russo

'Somos Tão Jovens' fica sendo assim um registro bem vindo e necessário, tanto por mostrar com verdade uma época tão importante para a música nacional, quanto por humanizar a figura de seu biografado.

Outra cena de Thiago Mendonça no longa

Renato Russo é mostrado aqui não só em sua genialidade, mas também em momentos nada simpáticos, onde seu egocentrismo e prepotência se sobressaíam.

O filme é a resposta de que,  quando se humaniza um ídolo, o que fica na telona é o ser humano e seu fascínio.

Filmaço.

Confira o trailer do filme:

*****
'SOMOS TÃO JOVENS'
Diretor:
Antonio Carlos Fontoura
Elenco:
Thiago Mendonça, Sandra Corveloni, Marcos Breda, Laila Zaid, Bianca Comparato, Bruno Torres, Daniel Passi, Sérgio Dalcin e outros
Produção:
Letícia Fontoura, Antonio Fontoura
Roteiro:
Marcos Bernstein
Fotografia:
Alexandre Ermel
Trilha Sonora:
Carlos Trilha
Duração:
104 min.
Ano:
2011
País:
Brasil
Gênero:
Drama
Cor:
Colorido
Distribuidora:
Imagem Filmes, Fox Film do Brasil
Estúdio:
Fox Filmes do Brasil
Classificação:
14 anos
Cotação do Klau:

domingo, 10 de abril de 2011

MARCOS BREDA SOBRE A DITADURA:"A GENTE NÃO TINHA NOÇÃO DOS HORRORES QUE ERAM COMETIDOS"

Até com um personagem pesado e dramático é possível se divertir. Pelo menos, para Marcos Breda é assim.

Na pele de Carlo, em "Amor e Revolução", nova novela do SBT, ele interpreta um militante de esquerda que é sequestrado e torturado até a morte por militares, na época da ditadura estabelecida em 1964.

Apesar da temática e das cenas tensas e sangrentas que protagoniza, o ator costumava alternar momentos de total concentração com brincadeiras durante as gravações dos oito capítulos em que participa.

Afinal, contracenar com amigos, como Fábio Villa Verde e Jayme Periard, deixa o clima bem mais leve nos bastidores.
"Na hora de gravar, era todo mundo sério: muito sangue, dor, sofrimento, lágrimas. Quando cortava, um olhava para a cara do outro e dava risada", revela.

A descontração não significa falta de comprometimento, pelo contrário.
"As pessoas confundem seriedade com sisudez. Você não precisa estar com uma cara amarrada para fazer uma coisa séria. Você pode estar bem sério e se divertindo para caramba. Diversão ajuda a trabalhar", completa.

Por pouco, Marcos não faz um personagem do início ao fim da trama, mas quando surgiu o convite, o ator teve de recusar o papel maior, porque já estava comprometido com as duas sequências do filme "Os Senhores da Guerra", de Tabajara Ruas, cujas filmagens começariam ao mesmo tempo em que parte das gravações do folhetim de Tiago Santiago ocoreriam.
"Não tinha como conciliar com a novela porque é um ritmo muito intenso. Então, o autor e o diretor sugeriram esse outro papel. Deu tudo certo", constata.

Apesar de pequeno, o personagem é intenso e ainda trouxe à tona recordações em Marcos: ele era muito novo na época do Golpe de 64 – tinha um pouco menos de quatro anos –, mas lembra que seu pai, que era sargento da Aeronáutica, passou um bom período longe de casa.
"A imagem que guardo é de um medo no ar. Lembro da ausência do meu pai e da minha mãe chorosa, preocupada com a situação", revela.

No auge da ditadura, um pouco mais velho, Marcos cantava canções ufanistas na escola, enquanto pessoas eram torturadas nos porões da ditadura.
"O país ia sendo silenciosamente massacrado. Era um pano de fundo meio distante para uma geração que cresceu alienada. A gente nem tinha noção dos horrores que eram cometidos", avalia.

Luiza Dantas/Carta Z NotíciasO ator Marcos Breda

Confira o restante da entrevista:

Na pele de um preso político que é duramente torturado, você protagoniza cenas fortes. Fez alguma preparação específica para isso?
As cenas de tortura são "barra pesada", com muito sangue, choque. Por mais que você faça tudo tecnicamente, sempre se machuca um pouco, mas isso faz parte do jogo. Como eu só apanho, não tive de fazer grandes preparações em manuseio de arma, por exemplo. Mas sempre privilegiei, na minha formação como ator, a preparação corporal. Fiz 20 anos de capoeira, lutei judô, caratê, jiu-jítsu, faço alongamento, ioga. É uma coisa que venho trabalhando a vida toda.

A caracterização ajuda você nesse processo de entender o personagem?
Ajuda, mas é um acessório. Acredito que, mais do que qualquer coisa, o importante é a preparação interna do ator. Não é cabelo, não é roupa, não é maquiagem. Esses artifícios ajudam, mas o principal trabalho é de dentro para fora. A caracterização é importante, mas vem depois do processo do ator, que é ler aquele texto, entender de onde vem e para onde vai o personagem.

Você tem 30 anos de profissão e já trabalhou em todas as emissoras de TV. Que personagem elege como o mais marcante de sua carreira?
Um dos personagens mais legais que já fiz pouca gente viu, porque era em uma novela da Band: "Paixões Proibidas". Eu fazia um "serial killer" de época. Era muito bom trabalhar com esse tipo de universo que, apesar de macabro e terrível, é fascinante. Os monstros são personagens muito ricos para um ator.

A novela "Amor e Revolução" é exibida de segunda a sábado, às 22:15h, no SBT.

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Entrevista ao site PopTevê