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sexta-feira, 29 de junho de 2012

'FAUSTO': TESTE DE PACIÊNCIA PARA O ESPECTADOR PREMIADO EM VENEZA


Levemente inspirada na lenda alemã de Fausto e suas muitas adaptações, o novo filme do cineasta russo Aleksandr Sokurov, é uma senhora prova de paciência para o espectador, que deve estar ciente disso antes de encarar suas mais de duas horas de projeção.

Sokurov faz aqui um versão muito particular do mito, usando e abusando de distorções de lente e outros truques óticos e ambientando a história num mundo sombrio e fantástico, onde Fausto - Johannes Zeiler - é um médico pobre que recorre ao agiota da cidade, interpretado por Anton Adasinsky, o Mal em cada movimento, fala e maneirismos grotescos.

Imagens: Divulgação - Imovision
Cena de "Fausto", de Aleksandr Sokurov
Apesar de sua avidez por conhecimento, o Fausto de Sokurov tem desejos muito mais mundanos que vão se tornando claros no desenrolar do longa, onde acompanhamos Fausto seguindo o diabo num passeio de sonho pela cidade e onde a câmera é uma ferramenta a serviço da estética desejada por Sokurov, gerando cenas que funcionam quase que como um fluxo de consciência.

Além da fotografia impecável, figurino e cenografia perfeitos, o final, filmado em meio a gêiseres vulcânicos da Islândia, é o ponto alto do longa, lúgubre e feito para inebriar e incomodar a audiência.

Cena de "Fausto", de Aleksandr Sokurov
Sukorov já tinha declarado ter sido influenciado pelo pintor inglês William Turner (1775-1851), um dos precursores do Impressionismo e, assim como na pintura de Turner, o cineasta se recusa ao naturalismo e opta distorção própria da percepção sensorial do indivíduo.

O longa é um teste de paciência para o espectador, com o nítido propósito desse conto de fadas adulto de ser sombrio e perturbador, exigindo um esforço ao invés de entretê-lo.

Cena de "Fausto", de Aleksandr Sokurov
A produção fez sua estreia no Festival de Veneza 2011,  de onde saiu com o Leão de Ouro de Melhor Filme.

Confira o trailer do filme:

*****
"FAUSTO"
Título Original:
Faust
Diretor:
Aleksandr Sokurov
Elenco:
Johannes Zeiler, Anton Adasinsky, Isolda Dychauk, Georg Friedrich, Hanna Schygulla, Antje Lewald, Florian Brückner, Maxim Mehmet, Katrin Filzen, David Jonsson
Produção:
Andrey Sigle
Roteiro:
Aleksandr Sokurov, Marina Koreneva, Yuri Arabov
Fotografia:
Bruno Delbonnel
Trilha Sonora:
Andrey Sigle
Duração:
134 min.
Ano: 
2011
País:
Alemanha
Gênero:
Drama
Cor:
Colorido
Distribuidora:
Imovision
Estúdio:
Proline Film
Cotação do Klau:

sábado, 5 de maio de 2012

"AMOR E DOR": DRAMA IRREGULAR, CASAL PROTAGONISTA SEM QUÍMICA


Baseado no romance "Fleur", da chinesa Jie Liu-Falin, "Amor e Dor" conta a história da conturbada relação entre Hua - interpretada por Corinne Yam - uma estudante chinesa em Paris, e Matthieu - o acima da média Tahar Rahim - um francês que trabalha em uma construção civil nos subúrbios da capital francesa.

Aos poucos, o que parecia ser um grande romance toma um rumo instável e a violência física e verbal começa a fazer parte do cotidiano do casal.
Divulgação
Corinne Yam - como Hua - e Tahar Rahim - como Matthieu - em cena de "Amor e Dor"

Com a derrocada do romance, e sentindo-se intimidada, a jovem decide voltar para China, não sem antes perceber a importância do rapaz em sua vida.

Exibido no Festival de Veneza de 2011, o filme é dirigido pelo jovem e polêmico cineasta chinês Lou Ye, que chegou a ser proibido de filmar em seu país por cinco anos após ter realizado "Palácio de Verão" (2006), em que abordava o protesto e massacre na Praça da Paz Celestial em 1989.

Sem muito espaço na China, resolveu trabalhar na França, mas sem esquecer suas raízes - o longa teve cenas rodadas em Pequim, traz uma protagonista chinesa e aborda ricamente os costumes locais.
Divulgação
O casal de protagonistas, em cena do filme

A sexualidade, outra marca da cinematografia de Ye, também está presente na obra, nas cenas de sexo pesadas e violentas e na carga emocional dos personagens, com narrativa bem construída num roteiro muito conciso, mas, mesmo assim, sem identificação com os protagonistas que mudam a todo momento seus perfis, num jogo que confunde o espectador.

Hua se apresenta como uma mulher moderna e independente, para depois já se mostrar submissa e sem personalidade, e Mathieu surge como um homem sensualíssimo e preocupado, mas que logo se revela capaz de atos duros e violentos.
Divulgação
Cenas de cexo, tórridas e violentas

O longa tem uma direção de fotografia muito inspirada - de Nelson Yu Lik-wai -, usando a câmera na mão, dando bem o tom de realidade e desespero transmitido pela obra.

Enfim, é um drama irregular, com protagonistas se esforçando para terem uma química quase inexistente.

Confira o trailer do filme:

*****
"AMOR E DOR"
Título original:
Love and Bruises
Diretor:
Lou Ye
Elenco:
Corinne Yam, Tahar Rahim, Jalil Lespert, Vincent Rottiers, Sifan Shao, Patrick Mille, Songwen Zhang, Adèle Ado, Cyril Dubreuil, Élise Otzenberger, Lika Minamoto
Produção:
Pascal Caucheteux, Kristina Larsen, An Nai
Roteiro:
Ye Lou, Liu Jie Falin
Fotografia:
Nelson Nelson Yu Lik-wai
Duração:
105 min.
Ano:
2011
País:
França/ China
Gênero:
Drama
Cor:
Colorido
Distribuidora:
Imovision
Estúdio:
Why Not Productions / Les Films du Lendemain / Arte France Cinéma / Canal+ / Dream Factory
Classificação:
14 anos
Cotação do Klau:

sexta-feira, 30 de março de 2012

'UM MÉTODO PERIGOSO': DAVID CRONENBERG MERGULHA FUNDO NAS MENTES E NO TRABALHO DE FREUD E JUNG


Concorrente ao Leão de Ouro no Festival de Veneza 2011 e tendo como base a peça "The Talking Cure", de Christopher Hampton - também corroteirista -, o diretor canadense David Cronenberg realizou  "Um Método Perigoso", uma ficção de primeira com foco desde o encontro entre o pai da psicanálise e um de seus mais criativos discípulos, antes que diferenças inconciliáveis os separassem.
Revista Exame
Cronenberg e o elenco do filme em Veneza 2011

A trama começa com Carl Jung - interpretado por Michael Fassbender, o melhor ator da sua geração - trabalhando numa clínica psiquiátrica em Zurique e encarregado do caso de uma jovem paciente histérica, Sabina Spielrein - interpretada por Keira Knightley - um caso complicado e que exige enorme esforço do médico, que descobre por trás do caso da moça evidências de uma história familiar complicada, que desembocou num comportamento autodestrutivo.

O ator norte-americano Viggo Mortensen, em seu terceiro trabalho com Cronenberg, interpreta Sigmund Freud, o pioneiro da psicanálise que, em Viena influenciou diversos profissionais, inclusive Jung - vemos o encontro do jovem médico suíço com seu mentor, quarenta anos mais velho, e o começo de uma incessante troca de correspondência e experiências.
Divulgação
Michael Fassbender e Viggo Mortensen - à frente - em cena do filme

Aos poucos, vamos conferindo, uma a uma, as diferenças entre os dois - não só de idade, classe social, religião (Freud era judeu, Jung, protestante) e personalidade - e a partir de um certo momento, divergem especialmente em sua postura profissional diante de aspectos cruciais na determinação da psique humana - como a sexualidade.

A sexualidade na prática é uma das muitas discordâncias entre Jung e Freud, a partir do momento em que o primeiro, casado e com filhos, envolve-se com sua ex-paciente, Sabina, que se tornou psicanalista também.
Divugação
Keira Knightley é Sabina, paciente que se envolve com Karl Jung - Michael Fassbender

Agora, mais do que atenuar algumas perversões de Sabina,  Jung passa a participar delas também.

Pela quarta vez dirigindo um filme de época, Cronenberg faz aqui um filme com boa movimentação e naturalidade dos personagens, e consegue humanizar dois mitos do nível de Freud e Jung, tornando absurdamente verdadeiras, tanto suas contradições, quanto seus sentimentos.
Divulgação
Freud e Jung, finalmente representados à altura da sua importância por dois atores acima da média

Da mesma forma, o diretor desnuda ao espectador que nada entende de psicanálise alguns dos principais conflitos entre o pensamento dos dois, desde o papel supremo defendido por Freud para a sexualidade como determinante do comportamento humano - que Jung contrapõe com uma procura também do transcendente, que o levará ao conceito do inconsciente coletivo.

Assim, "Um Método Perigoso" é um preciso retrato de época, em uma Europa varrida por vanguardas artísticas e que se achava muito civilizada enquanto caminhava para o massacre da Primeira Guerra Mundial.

Filmaço.

Confira o trailer do filme:

*****
"UM MÉTODO PERIGOSO"
Título original:
A Dangerous Method
Diretor:
David Cronenberg
Elenco:
Michael Fassbender, Viggo Mortensen, Keira Knightley, Vincent Cassel, Sarah Gadon
Produção:
Martin Katz, Marco Mehlitz
Roteiro:
Christopher Hampton
Fotografia:
Peter Suschitzky
Trilha Sonora:
Howard Shore
Duração:
99 min.
Ano: 2011
País:
EUA
Gênero:
Drama
Cor:
Colorido
Distribuidora:
Imagem Filmes
Estúdio:
Recorded Picture Company (RPC) / Lago Film / Prospero Pictures
Classificação:
14 anos
Cotação do Klau:

sexta-feira, 16 de março de 2012

'SHAME': ROTEIRO SEM FIM DEFINIDO E INTERPRETAÇÕES MARAVILHOSAS DE MICHAEL FASSBENDER E CAREY MULLIGAN


Ele tem o mesmo nome de uma das lendas de Hollywood, mas não se engane: o diretor britânico Steve McQueen é negro, jovem , e  "Shame" é o seu primeiro grande projeto  - de cara, disputou o prêmio máximo no festival de Veneza em 2011.

No longa, que estreia hoje no Brasil, Mcqueen dirige com rara maestria o ator alemão/irlandês Michael Fassbender, 34 anos,  seguramente um dos maiores atores de sua geração, que aqui interpreta Brandon, um charmoso executivo de trinta e poucos anos de Nova York e que é o que se convencionou chamar de "caçador urbano": ele passa todo o tempo seduzindo mulheres, masturbando-se em casa ou no escritório - onde passa o tempo todo vendo pornografia no computador e buscando sexo na Internet - masturba-se em banheiros públicos,contrata prostitutas...
Divulgação
Michael Fassbender é Brandon, protagonista de "Shame"

Essa existência, por mais escravizante que seja, porém, é controlada, pois Brandon apesar de vicioso, em momento algum sofre socialmente por ele.

Até seu chefe aproveita-se de suas habilidades de "pegador" para levá-lo a casas noturnas e faz vista grossa quando técnicos do escritório encontram pornografia em seu HD.

Em casa, Brandon também não parece sofrer - é solitário, mas resignado.

Sua vida começa a se desfazer quando sua irmã Sissy - interpretada por Carey Mulligan - chega para uma visita surpresa.

Sua presença e sua carência pela total atenção de Brandon deixam de pernas pro ar a vida solitária do executivo, que passa então a rondar pelas ruas à noite em busca de novas aventuras sexuais - até num dark room de boate gay o hetero Brandon vai parar, para dar vazão à sua compulsão sexual.

A chegada de Sissy causa um rompimento não apenas no que estava estabelecido, mas também na estética do filme.
Divulgação
Carey Mulligan e Michael Fassbender, em cena do filme

Com uma câmera elegante e sets assépticos - que contrastam com o comportamento do protagonista -, McQueen reflete a fachada pública de Brandon.

Sissy é o elemento que traz confusão, deixa lixo pela casa e tem um comportamento completamente intrusivo onde cada um, à sua maneira, lida com traumas que o filme sequer deixa subentendidos - só nos resta imaginar o que transformou esses dois - com as excepcionais atuações de Fassbender e Muligan - em pessoas tão destruídas.

O diretor McQueen só exagera no uso de longas sequências: há um número de jazz que dura longos 4 minutos, e um encontro num restaurante mantém a câmera imóvel e sem cortes durante 6 minutos.

Entende-se que opção vá ao encontro da estética criada para a existência de Brandon, mas em um filme em que pouco - muito pouco - efetivamente acontece, essas cenas, além de cansativas, ficam desinteressantes para a condução da trama.

Por falarmos em trama, como o roteiro de Abi Morgan e McQueen opta por manter inexplorados os problemas anteriores dos dois personagens principais, quando eles finalmente explodem na tela há uma sensação de estranheza.

O que houve? 
Em sua exploração da compulsão sexual e a natureza das necessidades, o filme mostra os efeitos, mas nunca as causas.

O roteiro poderia ter sido melhor resolvido nesse sentido.
Divulgação
Michael Fassbender, em cena do filme

Michael Fassbender e seu talento apareceram para nós primeiro na telinha - na série "Band of Brothers" (2001), dirigida por Steven Spielberg.

Nas telonas, apareceu bem em "Bastardos Inglórios" (2009), onde foi dirigido por Quentin Tarantino e também será visto em breve como o psicanalista Carl Jung no novo filme de David Cronenberg, "Um Método Perigoso" - ou seja, se os grandes diretores o escolhem para protagonizar seus longas, é porquê o cara é bom mesmo.

Pela atuação como Brandon, ele levou o prêmio de melhor ator em Veneza no último ano e, durante o festival, disse aos jornalistas que fazer as cenas de sexo do filme não foi fácil.
"Sim, foi desconfortável fazer as cenas de sexo", afirmou. "O mais importante foi que todos os envolvidos se sentiram o mais confortável que puderam. E eles simplesmente se lançaram e fizeram o que tinha de ser feito, então não tivemos de repetir muitas tomadas."

O diretor McQueen - cujo filme de estreia foi o aplaudido "Hunger", sobre os últimos meses do ativista do IRA Bobby Sands na prisão Maze, de Belfast - disse ver concordâncias entre os dois filmes.

"'Hunger" - que também tinha Fassbender como protagonista - claramente era um filme político, mas "Shame'"também é político. Aquele era sobre uma prisão na Irlanda do Norte, esse é sobre como a liberdade de alguém pode aprisioná-lo", afirmou.

Para encerrar, preferi postar aqui um dos pôsteres europeus do filme, abaixo - vocês vão entender porquê...

Confira o trailer do filme:

*****
SHAME
Título Original:
Shame
Diretor:
Steve McQueen
Elenco:
Michael Fassbender,Carey Mulligan, Lucy Walters, Mari-Ange Ramirez, James Badge Dale , Nicole Beharie, Alex Manette, Hannah Ware, Elizabeth Masucci
Produção:
Iain Canning, Emile Sherman
Roteiro:
Abi Morgan, Steve McQueen
Fotografia:
Sean Bobbitt
Trilha Sonora:
Harry Escott
Duração:
101 min.
Ano:
2011
País:
Reino Unido
Gênero:
Drama
Cor:
Colorido
Distribuidora:
Paris Filmes
Estúdio:
See Saw Films
Classificação:
18 anos
Cotação do Klau:

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

'TUDO PELO PODER': RYAN GOSLING ARREBATADOR, EM UM DOS MELHORES FILMES DO ANO


Em Tudo pelo Poder - seu quarto filme como diretor - George Clooney volta a um dos temas mais caros a ele, a política, adaptando para as telonas a peça de sucesso de Beau Willimon - também corroteirista.

A trama foca os bastidores de uma campanha política de um governador democrata, Mike Morris - interpretado pelo próprio Clooney - na tentativa de conseguir a indicação de seu partido para concorrer à Presidência dos Estados Unidos.

Divulgação
Além de dirigir, George Clooney interpreta o candidato à presidência dos EUA Mike Morris, em "Tudo pelo Poder"

Só que o verdadeiro protagonista é Stephen Meyers - Ryan Gosling - porta-voz do governador Morris e assistente de seu chefe de campanha, Paul Zara - Philip Seymour Hoffman.
Ingênuo e idealista, Meyers veste a camisa do candidato, que vem seduzindo os eleitores por seu charme, discurso liberal e defesa das igualdades.

No comando da campanha do rival de Morris está Tom Duffy - Paul Giamatti -, que se esforça para levar Meyers para o seu lado - e essa não é a única grande pressão que o jovem assessor precisa encarar, pois quase diariamente tem que driblar a fome de notícias exclusivas da poderosa Ida Horowicz - Marisa Tomei -, repórter política do jornal The New York Times.

Divulgação
Ryan Gosling é Stephen Meyers , porta-voz do candidato e protagonista de "Tudo pelo Poder"

Meyers resiste bravamente, até porque acredita estar "do lado certo", ou seja, do candidato mais honesto e dotado de qualidade, mas nada como um choque de realidade para pôr à prova tudo em que acredita, inclusive sobre si mesmo.

A grande provação vem por conta do seu envolvimento com uma estagiária da campanha de Morris, Molly Stearns - Evan Rachel Wood - que, apesar de parecer um anjinho, na realidade é a bomba que pode sacudir a campanha - o que logo Meyers vai perceber.

Divulgação
Philip Seymour Hoffman e Ryan Gosling, em cena do filme

Contando com um elenco muito, mas muito acima da média do que já vimos nesse ano, que mescla veteranos e jovens promissores de Hollywood - como Gosling - Clooney conduz a narrativa com segurança e clima cético, não deixando ilusões.

Tudo pelo Poder é um filme denso e realista, com semelhanças entre ficção e realidade, como algumas situações vividas pelos ex-presidentes John F. Kennedy, Bill Clinton e até o atual, Barack Obama - de conhecimento geral.

Divulgação
Evan Rachel Wood, George Clooney e Ryan Gosling, em cena do filme

Aqui, quem está no centro da trama -  mais do que os próprios políticos -  são os chefes de suas campanhas, e Clooney parece querer lembrar que a luta pelo poder não é, de modo algum, um território exclusivo dos políticos profissionais, e sim algo inerente à natureza humana.

Interpretando com segurança, carisma e raro talento um personagem que faz a transição mais dramática de todos, Ryan Gosling confirma todas as expectativas a seu respeito, como um dos atores mais completos de sua geração.

Aqui, ele é simplesmente brilhante, mesmo fazendo frente a veteranos do porte de Philip Seymour Hoffman - Oscar de melhor ator por Capote - e Paul Giamatti.

Não se surpreenda se algum deles - ou mesmo todos eles - forem nomeados ao Oscar 2012.

O filme abriu o Festival de Veneza 2011 e competiu pelo Leão de Ouro, em setembro - na ocasião, o produtor executivo da obra, Leonardo DiCaprio esteve lá também.

Também conquistou quatro indicações ao Globo de Ouro 2012 - melhor filme/drama, direção, roteiro e ator - para Ryan Gosling.

Corra para ver o último filme imperdível nas telonas brasileiras em 2011.

Confira o trailer do filme:

*****
TUDO PELO PODER
Título original:
The Ides of March
Diretor:
George Clooney
Elenco:
Ryan Gosling, George Clooney, Marisa Tomei, Evan Rachel Wood, Philip Seymour Hoffman, Paul Giamatti, Jeffrey Wright
Produção:
Grant Heslov, George Clooney, Brian Oliver
Produção Executiva:
Leonardo DiCaprio
Roteiro:
Grant Heslov
Fotografia:
Phedon Papamichael
Duração:
101 min.
Ano:
2011
País:
EUA
Gênero:
Drama
Cor:
Colorido
Distribuidora:
Califórnia Filmes
Estúdio:
Smoke House
Cotação do Klau:

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

FESTIVAL DE TORONTO: TODO MUNDO DIZ QUE 'W.E.' É PÉSSIMO, MAS A DIRETORA MADONNA INSISTE


Ao apresentar seu segundo trabalho como diretora no TIFF 2011, Madonna disse que não se importa com as críticas cinematográficas, desde que o alvo seja o filme que ela fez, e não a própria estrela internacional.

A artista pop declarou que ela precisou se esforçar para ser reconhecida como cantora, e que espera a mesma coisa agora como cineasta.
"Eu sofri o mesmo tipo de pressão quando iniciei minha carreira musical", disse Madonna a jornalistas.
"Eu ficava nervosa, e não sabia o que esperar, e as pessoas não sabiam o que esperar."

AP Photo/The Canadian Press, Darren Calabrese
Madonna, chegando para a apresentação de "W.E." no Festival de Toronto

W.E. estreou no Festival de Veneza dias atrás e agora está na programação de Toronto.

Em Veneza, críticos disseram que o filme é visualmente deslumbrante, mas não tem foco definido e é recheado por más atuações.

Confira momentos da entrevista de Madonna em Toronto:

"Eu consigo dizer quando as pessoas estão criticando o meu filme e quando estão me criticando pessoalmente", disse Madonna, ao ser questionada sobre sua relação com a crítica.
"Então, quando (os críticos) se atêm ao filme, eu não ligo."

Um jornalista perguntou a Madonna se ela espera concorrer ao Oscar.
"Estou de pernas e dedos cruzados", respondeu.

Confira o trailer de "W.E.":

Madonna estreou como cineasta em 2008 com Sujos e Sábios, que teve mau desempenho nas bilheterias.

W.E. tem Abbie Cornish interpretando uma jovem nova-iorquina da década de 1990 que se deslumbra com o casamento - nos anos 1930 - do rei inglês Edward 8o com a divorciada norte-americana Wallis Simpson - interpretada por Andrea Riseborough.

O jornal britânico The Guardian foi um dos mais duros nas críticas ao filme, dando-lhe uma estrela num total de cinco.

Já o igualmente britânico Daily Telegraph foi mais generoso e deu três estrelas.

O filme, com orçamento estimado em torno de 15 milhões de dólares, estreia em dezembro nos EUA.

*****
Matéria Base: Julie Gordon - Reuters
Tradução e Redação Final: Cláudio Nóvoa

sábado, 10 de setembro de 2011

FESTIVAL DE VENEZA: ALEXANDER SOKUROV E SUA VERSÃO DE 'FAUSTO' LEVAM LEÃO DE OURO - CONFIRA OUTROS GANHADORES


Depois de vários dias, o 68o. Festival Internacional de Cinema de Veneza, o mais antigo do mundo, chegou ao fim hoje, com a entrega dos principais prêmios.

É o que você acompanhará nessa postagem.

LEÃO DE OURO - "Fausto", de Alexander Sokurov (Rússia)

Para o veterano cineasta russo Aleksandr Sokurov, valeu a pena esperar.

Seu épico Fausto, adaptação da obra do autor alemão Johann Wolfgang Goethe e seu primeiro filme realizado em quatro anos, veio a Veneza para levar o Leão de Ouro - uma das apostas mais seguras nesta tarde entre os jornalistas - e levou mesmo!

AFP
O diretor russo Alexander Sokurov leva Leão de Ouro no Festival de Veneza pelo filme "Fausto"

Um diretor a quem não faltam credenciais para um prêmio destes, digno de quem realizou Arca Russa, Moloch, Taurus, Pai e Filho e O Sol, alguns títulos de uma obra sólida e consagrada.

É o grande cineasta russo da atualidade, e um dos melhores de todos os tempos, e, justamente por isso, o Leão de Ouro de 2011 está em boas mãos.

Relembre o trailer de "Fausto", o grande vencedor de Veneza 2011:

O cinema oriental, que nesta edição entusiasmou pouco os críticos, no final levou três prêmios importantes.

LEÃO DE PRATA DE MELHOR DIREÇÃO - "People Mountain People Sea", de Shangjun Cai (China)

O diretor Cai Shangjun foi o responsável pelo filme-surpresa dessa edição.

 People Mountain People Sea - que saiu clandestinamente da China sem ser submetido à censura - deverá dar problemas ao diretor na volta para casa.

AFP
O chinês Cai Shangjun segura seu Leão de Prata de melhor diretor da 68ª edição do Festival de Veneza

Confira o trailer do ganhador do Leão de Prata:

COPA VOLPI DE MELHOR ATRIZ - Tao Jie - "A Simple Life" (China)

Atriz veterana, foi premiada por outro filme chinês - de Hong Kong -, A Simple Life, de Ann Hui.

Ela interpreta sutilmente Ah Tao, uma mulher que trabalha há 60 anos para a mesma família e que cuida de um menino.

AFP
A atriz recebe sua Copa Volpi em Veneza

Após vê-la sofrer um infarto, Roger começa a ter uma verdadeira relação com a senhora que cuidou dele por toda a vida.

COPA VOLPI DE MELHOR ATOR - Michael Fassbender - "Shame" (Reino Unido)

O competente bloco britânico, no final, conquistou dois prêmios, entre eles um merecido troféu de melhor ator para o ator alemão Michael Fassbender pelo drama Shame, de Steve McQueen.

AP
Michael Fassbender segura sua Copa Volpi de melhor interpretação masculina

Fassbender, de 34 anos, ficou conhecido do grande público ao ser dirigido por Quentin Tarantino em Bastardos Inglórios (2009), e agora com Shame dá uma lição de força interpretativa com um complexo personagem, viciado em sexo e isolado voluntariamente do mundo que o cerca.

PRÊMIO MARCELLO MASTROIANNI - Shôta Sometani e Fumi Nikaidô em "Himizu" (Japão)

O prêmio que leva o nome de um dos maiores atores de todos os tempos é destinado a jovens atores - tipo uma "melhor revelação" -  e foi entregue aos dois protagonistas do concorrente japonês Himizu, de Sion Sono - Shôta Sometani e Fumi Nikaido.

AFP
O diretor Sion Sono, a atriz Shota Sometani e o ator  Fumi Nikaido, em Veneza

PRÊMIO ESPECIAL DO JÚRI - "Terraferma", de Emanuele Crialese (Itália)

Os italianos, que este ano tinham três candidatos ao Leão de Ouro, acabaram levando um importante Prêmio Especial do Júri para o drama Terraferma, de Emanuele Crialese - que aborda um tema atualíssimo e premente na Itália hoje - a intolerância em relação aos imigrantes clandestinos africanos, cuja entrada no país é combatida inclusive por legislação a quem lhes der socorro ou qualquer tipo de apoio humanitário.

AFP
O diretor Emanuele Crialese

Romano de origem siciliana, Crialese, de 46 anos, pertence a uma nova geração italiana e já havia vencido como diretor revelação na mesma Veneza, há cinco anos, por Novo Mundo.

MELHOR ROTEIRO - "Alpis"  (Grécia)

Um prêmio relativamente surpreendente coube ao grego Alpis, vencedor de melhor roteiro -  assinado pelo diretor Yorghos Lanthimos - de Dente Canino - e Efthimkis Filippou.

Um destes filmes estranhos, mas criativos, que ficam na memória tempos depois que a projeção terminou.

MELHOR FOTOGRAFIA -  O Morro dos Ventos Uivantes, de Andrea Arnold (Reino Unido)

O prêmio de Contribuição Técnica da Fotografia foi para O Morro dos Ventos Uivantes, de Andrea Arnold.

PRÊMIO FIPRESCI DE MELHOR FILME - "Shame" (Reino Unido)

Além do prêmio de Melhor Ator para Michael Fassbender, "Shame" também venceu o prêmio de Melhor Filme pela FIPRESCI, a Federação Internacional dos Críticos - o que não é pouco.

MELHOR ROTEIRO - "Alpis", de Yorgos Lanthimos (Grécia)

Mais um prêmio para esse filme grego, que os críticos acharam estranho, mas bom.

E TEVE TAMBÉM OS COTADOS, MAS  QUE SAÍRAM  SEM NADA... 

O francês Carnage - de Roman Polanski, favorito da tabela dos críticos divulgada hoje cedo pelo diário do festival - e seu magnífico quarteto de atores -Kate Winslet, Jodie Foster, Christoph Waltz e John C. Reilly - nada ganharam.

Os cinco concorrentes norte-americanos: George Clooney - por Tudo pelo Poder, William Friedkin - por Killer Joe, Abel Ferrara - por 4:44 Last Day on Earth, Todd Solondz - por Dark Horse e Ami Canaan Mann - por Texas Killing Fields, vieram ao Lido à toa e também não levaram nada, como também nada levou o diretor canadense David Cronenberg e seu poderoso A Dangerous Method.

Todos eles, ao que parece, não impressionaram o júri presidido pelo cineasta norte-americano Darren Aronofsky.

Sobre o badalado filme de Madonna, W.E., crítica e público foram unânimes de que ela deveria dedicar toda a sua energia à carreira de cantora, pois interpretando ou dirigindo, suas performances são abaixo da crítica, para ficarmos em termos leves.

Concorrente na seção Horizontes, o docudrama brasileiro Girimunho, de Helvécio Marins e Clarissa Campolina, venceram um prêmio secundário -  o Interfilm Award - por promover o diálogo interreligioso.

Terminado o 68o. Festival Internacional de Cinema de Veneza, as atenções vão todas agora para o Festival de Toronto - TIFF, que já começou e que você também vai acompanhar tudo o que de melhor acontecer aqui.

Quanto à Veneza, até 2012!
*****
Com: Neusa Barbosa, do portal Cineweb em Veneza - AFP - AP - Reuters - site de Veneza 2011
Redação Final: Cláudio Nóvoa