'DEUSES DO EGITO': ELENCO ESTELAR EM CENÁRIOS E FIGURINOS DE ESCOLA DE SAMBA FAZEM DO LONGA A TOSQUÊRA DO ANO

SINOPSE:

Bek (Brenton Thwaites) é um mortal pacato que se considera apenas mais um soldado, e que vive em um Egito ancestral dominado por deuses e forças ocultas. 

Quando o impiedoso Set (Gerard Butler), deus da escuridão, toma o trono e mergulha a todos no caos, o jovem se unirá a outros cidadãos e com o poderoso deus Horus (Nikolaj Coster-Waldau) para formar uma expressiva resistência.

CRÍTICA:

Era para ser um filme de ação com diretor até aqui competente e elenco estelar.

Mas 'Deuses do Egito', em exibição em 599 salas em todo o Brasil, é tão ruim, tem cenas tão toscas, que o público na sala de cinema ri tanto que acaba transformando o longa na melhor comédia do ano até agora.

Nova aposta de Hollywood em um produto que venda todo tipo de merchandising, de bonecos até vídeo games, essa tosquêra, totalmente filmada em computação gráfica, traz a mitologia dos Deuses egípcios para as telonas, depois dos relativamente bem sucedidos 'Fúria de Titãs' (2010 e 2012) – cujo foco eram as divindades gregas.

Aqui, a dupla Matt Sazama e Burk Sharpless - dos também bombas 'Drácula: A História Nunca Contada' (2014) e 'O Último Caçador de Bruxas' (2015) conseguiu se superar e entregou se não o pior, um dos piores filmes do ano.

Courtney Eaton e Brenton Thwaites, em cena do longa - Fotos dessa Postagem: Divulgação/Paris Filmes

A começar da trama, um verdadeiro mix de tudo o que de bom e de ruim podemos ver na telona: no Egito antigo, onde deuses e homens convivem, o Deus Osiris (Bryan Brown) reina supremo, mas quando chega a hora de passar a coroa para seu filho Horus (Nikolaj Coster-Waldau, o Jamie Lannister de 'Game of Thrones'), seu invejoso irmão Set (Gerard Butler) usurpa o trono, matando-o e banindo o sobrinho.

A partir daí, tudo muda para o sofrido povo do Egito sob o cruel Set e, assim, cabe ao ladrão Bek (Brenton Thwaites) se unir ao desgraçado Deus do Ar (Horus), para, entre outras coisas, trazer de volta à vida sua amada (Courtney Eaton).

Esse longa é a prova maior que, nem sempre, atores e atrizes, que já nos entregaram excelentes atuações, são felizes nas escolhas de seus papéis.

Waldau, Butler, Thwaites, Courtney Eaton, Abbey Lee, Elodie Yung (a Elektra da segunda temporada de 'Demolidor', como a Deusa do Amor Hathor) e até Chadwick Boseman (o Pantera Negra da Marvel é o Deus da Inteligência Thoth) entram e saem de cena muitas vezes, como o elenco estrelado da 'Paixão de Cristo' de Nova Jerusalém, sem nunca mostrarem a que vieram e por que diabos aceitaram participar desse projeto.

Gerald Butler e Elodie Yung, em cena do longa

E o que dizer de Geoffrey Rush e Rufus Sewell, igualmente remando nessa canoa furada?

Todo o elenco está canastrão e over ao extremo - mas, ao que parece, o exagero é a ordem do dia, inclusive nos muitos efeitos especiais, que de tão toscos, são os maiores responsáveis pelos risos gerais que ecoam da plateia a todo instante.

Os cenários digitais e os figurinos de escola de samba lembram muito outra tosquêra, 'Flash Gordon'(1980), igualmente pretensioso e ruim.

Nikolaj Coster-Waldau é Horus

Enfim, talvez os nerds ou os entendidos em egiptologia até gostem de uma ou outra cena, ainda mais pelo diretor, Alex Proyas, dos cultuadíssimos 'O Corvo' (1994) e 'Cidade das Sombras' (1998), dois cults por excelência e seus melhores trabalhos.

Aqui, ele definitivamente perdeu a mão e o que vemos na tela são duas horas de entretenimento, sem qualquer substância, de fazer 'Os Dez Mandamentos' da Record ser melhor.

Fuja.

TRAILER:

FICHA TÉCNICA:

'DEUSES DO EGITO'

Título Original:

GODS OF EGYPT

Gênero:

Aventura

Direção:

Alex Proyas

Roteiro:

Burk Sharpless, Matt Sazama

Elenco:

Abbey Lee, Alexander England, Alia Seror-O'Neill, Brenton Thwaites, Bruce Spence, Bryan Brown, Chadwick Boseman, Courtney Eaton, Elodie Yung, Emily Wheaton, Emma Booth, Geoffrey Rush, Gerard Butler, Goran D. Kleut, Ishak Issa, Jean-Pierre Yerma, Jeff Coopwood, Julian Stone, Kurt Goehner Winter, Lindsay Farris, Marisa Lamonica, Matt Ruscic, Nikolaj Coster-Waldau, Premila Jennar, Rachael Blake, Rachel Joseph, Robyn Nevin, Rufus Sewell, Wassim Hawat, Yaya Deng

Produção:

Alex Proyas, Basil Iwanyk

Fotografia:

Peter Menzies Jr.

Montador:

Richard Learoyd

Trilha Sonora:

Marco Beltrami

Duração:

127 min.

Ano: 

2016

País:

Austrália / Estados Unidos

Cor:

Colorido

Estreia:

25/02/2016 (Brasil)

Distribuidora:

Paris Filmes

Estúdio:

Mystery Clock Cinema / Pyramania / Summit Entertainment / Thunder Road Pictures

Classificação:

12 anos

COTAÇÃO DO KLAU:

'MULHERES AO ATAQUE': DIRETOR PESA A MÃO E QUASE PÕE TUDO A PERDER

A comédia 'Mulheres ao Ataque', dirigida por Nick Cassavetes (Diário De Uma Paixão) e que estreia hoje em 197 salas em todo o Brasil, mostra a vingança de três mulheres contra Mark (Nikolaj Coster-Waldau, o Jaime Lannister de 'Game of Thrones'), homem mulherengo e mentiroso.

Pena que, se o longa tenta seguir os moldes de 'O Clube Das Desquitadas' (1996), não é capaz de reproduzir seu tom ácido e inteligente.

Na trama, a bem-sucedida advogada Carly (Cameron Diaz, cada vez mais desfigurada pelos procedimentos estéticos) finalmente decide investir num relacionamento quando descobre que o homem ideal, Mark, é casado.

Cameron Diaz e Nikolaj Coster-Waldau, em cena do longa - Fotos dessa postagem: Fox Film do Brasil

Aos poucos, Carly e Kate (Leslie Mann) - esposa totalmente submissa a Mark - começam uma improvável amizade, unidas pelo ódio contra Mark.

A partir do momento em que descobrem outra amante, decidem desmascarar Mark, mas a sujeira é maior do que esperavam e, com uma nova garota a bordo (Kate Upton), prometem uma vingança à altura.

A trinca de mulheres daqui se limita a falar mal e perseguir a pessoa que mais odeiam, enquanto tentam traçar um caminho para Kate aprender a viver após o divórcio – tratado como algo absolutamente anormal.

O roteiro de Melissa Stack até que é feliz em captar bem o desamparo natural da situação, mas o diretor exagera ao fazer do rompimento um drama e tentar justificar a obsessão das personagens.

Enquanto a esposa se desespera com a traição e abusa da comédia física - cheia de trejeitos, tropeços e gestos exagerados -,Cameron Diaz é a melhor presença do longa,  atuando como contraponto da absurda situação.

As protagonistas funcionam juntas, crescem ao longo da narrativa e aprendem lições valiosas uma com a outra.

As três traídas se unem para tornar a vida de Mark um inferno

Apesar dos personagens estereotipados, as duas se viram bem dentro das limitações e conseguem arrancar risadas em diversos momentos, mas o mesmo não pode ser dito do resto do elenco.

Pena que essa comédia com muito potencial sofra com a mão pesada de Cassavetes, que abusa das piadas com excrementos, dos clichês, da trilha sonora genérica para fazer o espectador se emocionar e até de piadas machistas.

Cena do longa

Mesmo assim, dentro do gênero, chegamos à triste constatação de que o longa não está entre os piores de Hollywood – onde parece não haver mais espaço para rir sem apelar.

Confira o trailer do longa:

*****

'MULHERES AO ATAQUE'

Título Original:

THE OTHER WOMAN

Gênero:

Comédia

Direção:

Nick Cassavetes

Roteiro:

Melissa Stack

Elenco:

Alyshia Ochse, Brenna Gwyn Snowe, Brooke Stacy Mills, Cameron Diaz, Dan Bilzerian, Deborah Twiss, Don Johnson, Elizabeth Saint, Jaclyn Keys, Jessica Shea Alverson, Kate Upton, Leslie Mann, Madison McKinley, Meki Saldana, Nancy De Mayo, Nicki Minaj, Nikolaj Coster-Waldau, Raushanah Simmons, Taylor Kinney, Toshiko Onizawa

Produção:

Julie Yorn

Fotografia:

Robert Fraisse

Montador:

Alan Heim, Jim Flynn

Trilha Sonora:

Aaron Zigman

Duração:

109 min.

Ano:

2014

País:

Estados Unidos

Cor:

Colorido

Estreia no Brasil:

08/05/2014

Distribuidora:

Fox Film

Estúdio:

LBI Productions / Twentieth Century Fox Film Corporation

Classificação:

12 anos

Cotação do Klau:

'MAMA': TERROR INSPIRADO E JESSICA CHASTAIN MARAVILHOSA

O intrépido diretor mexicano Guillermo Del Toro ('Labirinto do Fauno', Hellboy') viu um aterrorizante curta em 2008 - 'Mamá', do diretor argentino radicado na Espanha Andrés Muschietti - e não só gostou do que viu, como se envolveu com a produção de longa-metragem baseado nele e dirigido pelo próprio Muschietti.

Cinco anos depois, 'Mama' chega aos cinemas com a mesma capacidade de gerar uma atmosfera sufocante, apresentar criaturas fantásticas e assustar muito o espectador.

Muschietti conseguiu expandir muito bem a história de seu curta com a ajuda dos co-roteiristas Neil Cruz e Barbara Muschietti, com uma trama simples que começa após o pai de duas  meninas surtar e matar a mãe delas.

Fugindo para o interior, sofre um acidente e encontra uma casa abandonada, sendo logo morto por algo disforme e monstruoso.

Cena de 'Mama' - fotos dessa postagem: Divulgação/Paramount Pictures Brasil

Nos cinco anos seguintes, as meninas passam a viver com a criatura - a quem chamam de "Mama" e quando são encontradas, passam por terapia e vão viver com seu tio Lucas (Nikolaj Coster-Waldau) e a namorada dele, Annabel (Jessica Chastain), roqueira egocêntrica que gradualmente descobre ter instinto maternal enquanto tenta proteger duas garotas de um espírito condenado a repetir seus erros eternamente.

Chastain - para mim a melhor atriz da atualidade - está sen-sa-cio-nal em um papel muito diferente do que estamos acostumados a vê-la - já que, gradativamente, sua personagem se transforma diante dos olhos do espectador de forma muito convincente.

Jessica Chastain como Annabel, em cena do longa

As garotinhas também roubam a cena, com atuações sólidas, verdadeiras e absolutamente aterrorizantes.

Victoria (Megan Charpentier) - a mais velha - consegue se relacionar com as pessoas e aos poucos se mostra capaz de abandonar o estado selvagem no qual foi encontrada.

Já Lilly (Isabelle Nélisse) era jovem demais e mal sabe falar ou se portar, sempre agindo como um animal acuado, feliz apenas quando sua protetora sobrenatural aparece para brincar.

As meninas Victoria(Megan Charpentier, em primeiro plano) e Lilly (Isabelle Nélisse), em cena do longa

O longa mantém um constante tom de ameaça, de profunda tristeza - afinal as melhores histórias de fantasmas estão repletas de melancolia - é um elegante filme de terror, que poderia ser ainda melhor caso não segurasse a franga para manter a classificação indicativa para adolescentes de 14 anos.

Visualmente belo, a produção tem bons efeitos especiais e fotografia impactante, repleta de sombras ameaçadoras, mas a intensa e constante trilha sonora soa exagerada para garantir o apelo emocional da visão que um diretor inexperiente em longas pretendeu dar.

Também por inexperiência do diretor, o espectador não está livre de clichês: mariposas marcam a presença do fantasma, canções assustadoras são ouvidas na madrugada e os personagens coadjuvantes são fracos: a tia das meninas, que luta contra Lucas pela guarda das garotas, é dispensável e suas (poucas) ações não levam nada a lugar nenhum; o psiquiatra, embora mais interessante por começar a desvendar o que realmente acontece com as meninas, serve apenas para deixar suas anotações para Annabel tentar resolver o problema sozinha.

A produção conta ainda com belas cenas da criatura interagindo com as crianças e nem sempre o fantasma está visível, escondido por paredes, closets ou portas.

Assim, se até mesmo as brincadeiras são tensas, imagine quando as coisas esquentam!

O melhor momento remete diretamente ao curta, quando as garotas são acuadas pelo monstro após fugirem por um estreito corredor - de se mijar na poltrona do cinema!

Gostei!

Confira o trailer do filme:

*****

'MAMA'

Título Original:

Mama

Diretor:

Andres Muschietti

Elenco:

Jessica Chastain, Nikolaj Coster-Waldau, Megan Charpentier, Daniel Kash, Julia Chantrey, Jane Moffat, Javier Botet  e outros

Produção:

J. Miles Dale, Barbara Muschietti

Roteiro:

Neil Cross, Andres Muschietti, Barbara Muschietti

Fotografia:

Antonio Riestra

Trilha Sonora:

Fernando Velázquez

Duração:

100 min.

Ano: 

2013

País:

Canadá, Espanha

Gênero:

Terror

Cor:

Colorido

Distribuidora:

Paramount Pictures Brasil

Estúdio:

Toma 78 / De Milo

Classificação:

14 anos

Classificação do Klau: