Mostrando postagens com marcador The New York Times. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador The New York Times. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 5 de julho de 2012

OS MAIORES LUCROS DA INDÚSTRIA CINEMATOGRÁFICA VEM DE OUTRAS RECEITAS, E NÃO DAS BILHETERIAS


O repórter Adam Davidson, do "The New York Times", explica na matéria a seguir de onde vem os fabulosos lucros da indústria cinematográfica - bilheterias são importantes, mas são uma pequena parte desses lucros.

"Estou tentando compreender dois fatos aparentemente inconciliáveis. 
Primeiro, "Homens de Preto 3" já faturou mais de US$ 550 milhões nas bilheterias de todo o mundo. 
Segundo, embora um representante da Columbia Pictures, a produtora do filme, tenha me dito recentemente que o filme "agora está no azul", parece que até recentemente o estúdio podia perder dinheiro com ele. 
Como isso é possível?

Divulgação - Sony Pictures
Will Smith, em cena de "Homens de Preto 3"
Não é tão complicado. 
O custo de produção ficou perto dos US$ 250 milhões; as despesas mundiais de marketing devem ter sido parecidas; e uma grande proporção do dinheiro arrecadado com a venda de ingressos vai para as salas de cinema e as distribuidoras locais.

Deve haver uma maneira mais fácil de ganhar dinheiro. 
Pelo custo de produzir "Homens de Preto 3", por exemplo, o estúdio poderia se tornar um dos maiores fundos mundiais de capital para empreendimentos, e deter participações em centenas de empresas iniciantes promissoras. 
Mas, em lugar disso, adquiriu os direitos sobre uma propriedade intelectual, pagou uma fortuna para contratar um grande astro e não tem como saber se o filme dará ou não grande lucro. 

Por que as pessoas continuam a operar na indústria do cinema?

Todos os negócios requerem certa dose de adivinhação, mas prever as futuras bilheterias de cinema é um ramo especialmente opaco.

Se uma empresa deseja lançar um carro novo, pode basear suas previsões, ao menos em parte, em fatores como as tendências de preço do petróleo. 
Já os executivos de cinema desenvolvem diversas teorias a cada verão sobre o que a audiência realmente deseja - filmes em 3D, filmes em 2D, filmes de vampiros, filmes baseados em quadrinhos, jogos de tabuleiro e assim por diante - e mesmo assim, de vez em quando, os resultados de um final de semana fazem com que disparem na direção de uma nova teoria.

Será que o desempenho apenas morno de "Homens de Preto 3" significa problema para "O Espetacular Homem Arranha", o grande lançamento deste final de semana? Ninguém sabe.

TEORIAS DO SUCESSO

Ao contrário de outras indústrias criadas décadas atrás, Hollywood tem dificuldades não só para prever resultados como para analisar os resultados do passado.

Por que "Jogos Vorazes" foi tamanho sucesso? 
Porque tinha uma audiência pré-interessada? 
Por que a estrela do filme é Jennifer Lawrence
Por que foi lançado no feriado de primavera das universidades norte-americanas?

O cinema conta com inúmeros analistas que se vangloriam dos seus poderes de previsão, mas a vasta maioria dos filmes fecha as contas no vermelho, o que prova que ninguém tem certeza de coisa alguma.

O que complica ainda mais as coisas é que o setor está repleto de profissionais - a começar dos agentes mais inexperientes - que se declaram responsáveis pelo sucesso de um projeto.

Essas bazófias têm impacto econômico real. 
A maioria das grandes marcas gasta muito dinheiro para garantir que as associações que seus nomes despertam nos consumidores sejam positivas, mas a maioria dos espectadores não percebe que estúdio produziu determinado filme (a Disney e sua subsidiária Pixar representam notáveis exceções, apesar de "John Carter: Entre Dois Mundos" - o fracasso do ano.

Na verdade, os estúdios de cinema se saem melhor ajudando marcas que não controlam --alguns astros, diretores, produtores e fontes de conteúdo, a exemplo dos livros da série "Jogos Vorazes" - a faturar muito dinheiro.

RECEITAS AUXILIARES

O motivo pelo qual a maioria dos estúdios termina no azul quase todos os anos é que encontraram maneiras de, no jargão do setor, monetizar os fluxos auxiliares, vendendo direitos de TV e de distribuição no exterior, criando videogames, atrações de parque de diversões e outros produtos vinculados aos seus filmes.

E os grandes sucessos, por raros que sejam, continuam a bancar o custo de muitos fracassos. 
Mas os lucros não são enormes. 
Matthew Lieberman, diretor da PricewaterhouseCoopers, estima que cresçam em 0,6% ao ano pelo futuro previsível.

Hollywood é um setor econômico estável, o que surpreende um pouco. 
Ao longo dos últimos 80 anos ou pouco mais, seu modelo básico, que envolve o financiamento de produções criativas em Los Angeles por capital de investimento vindo de Nova York, existe sem grandes alterações.

Em parte por conta disso, os maiores estúdios atuais (Columbia, Disney, Paramount, Warner Brothers, Universal, 20th Century Fox) estão na liderança desde os anos 50.

Essa estabilidade é intrigante, à primeira vista, porque os estúdios não contam com grandes ativos. 
Pior: cada um de seus projetos é uma colaboração de curto prazo entre protagonistas independentes.

O principal ativo de um estúdio moderno, no entanto, é sua capacidade de aproximar esses elementos díspares. 
Eles sabem como convencer Tom Cruise a fazer um filme, como levar a produção a salas de cinema em todo o país e quem contatar para organizar um evento em Doha.

Também conhecem o idioma do poder no setor, e as regras sempre mutáveis quanto aos astros, restaurantes e roteiros bacanas e nem tanto a cada momento. 
É fácil parodiar o processo, mas ele movimenta bilhões.

Editoria de Arte - Folhapress

NEGÓCIO ARRISCADO

Outro motivo para que os estúdios continuem no topo é que desafiá-los não vale o risco, para a maioria dos empresários (mesmo os maiores sucessos precisam de anos, às vezes uma década, para recuperar seus custos).

"Se eu tivesse US$ 2 bilhões, investiria em um estúdio de Hollywood?", indaga Anita Elberse, professora na escola de administração de empresas na Universidade Harvard, pesquisadora do setor de entretenimento. 
"Muitos outros setores oferecem retornos mais elevados sobre o investimento."

Bilionários como Anil Ambani, sócio do DreamWorks Studios, de Steven Spielberg, presumivelmente investem porque o glamour os ajuda em seus outros negócios.

Há quem preveja o fim da indústria do cinema desde que surgiu a TV, e mais tarde os vídeos, a TV a cabo e a pirataria digital.

Fabrizio Perretti, professor de administração de empresas na Università Bocconi, na Itália, diz que Hollywood agora está mesmo se destruindo. 
Porque obter financiamento e audiências se tornou mais difícil, as empresas concorrem para produzir filmes maiores e mais caros enquanto eliminam os riscos, o que explica o motivo para que cada vez mais filmes dependam de propriedade intelectual existente.

Dos cem filmes de maior faturamento em todos os tempos (levando em conta a inflação), 18 são continuações, e mais de metade foi lançada depois de 2000.

A previsibilidade pode conquistar os finais de semana, diz Perretti, mas vai acabar cansando as pessoas.

Enquanto isso, Lieberman vê avanços significativos em outro negócio de entretenimento que está experimentando com modelos, métodos de distribuição e formas de contar histórias diferentes. 
Talvez a TV venha mesmo a destruir o cinema, afinal".
*****
The New York Times
Tradução de Paulo Migliacci

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

SEGUNDO CRÍTICOS, SILÊNCIO SOBRE HOMOSSEXUALIDADE NAS ESCOLAS LEVA AO BULLYING


Meus amigos:

Os jovens  gays americanos estão se matando por culpa dos abusos cometidos contra eles, principalmente nas escolas.

Quando um jornal da importância do The New York Times entra no debate sobre o bullying contra os adolescentes homossexuais nas escolas do interior americano, principalmente, podemos esperar mudanças efetivas nesse estado de coisas.

É essa matéria que eu separei para vocês, hoje:

A cidade de Anoka, no estado do Minnesota, tem um distrito escolar suburbano em expansão e sua maior parte está localizada no distrito da congressista Michele Bachmann.

Nesse setembro, Anoka atraiu a atenção dos americanos ao protagonizar uma das guerras culturais mais acirradas dos EUA – sobre como a homossexualidade deve ser discutida nas escolas.

Depois de anos de um conflito duro entre os defensores de alunos homossexuais e os cristãos conservadores, a questão já é altamente polêmica aqui.

Em julho, seis alunos entraram com um processo alegando que funcionários da escola não impediram o bullying incansável contra os homossexuais e que uma política do distrito - que exigia que os professores permanecessem “neutros” nas questões de orientação sexual - havia alimentado um silêncio opressivo e um estigma corrosivo.

Também neste verão americano, pais e alunos daqui aprenderam que o Departamento de Justiça federal estava envolvido profundamente numa investigação de direitos civis por conta de queixas de assédio contra um aluno gay do distrito - a investigação ainda está em andamento.

Evaristo Sá/AFP

Enquanto isso, grupos cristãos conservadores pediram que as escolas evitassem quaisquer descrições da homossexualidade ou do casamento do mesmo sexo como algo normal, alertando contra qualquer capitulação ao que eles chamam de “plano homossexual” para recrutar jovens para um “estilo de vida anormal e pouco saudável.”

Acrescentando um elemento incendiário a mais, o distrito escolar sofreu oito suicídios estudantis nos últimos dois anos, fazendo com que funcionários do estado declarassem estar diante de um “contágio suicida”.

Se o bullying homofóbico contribuiu para alguma dessas mortes é algo muito questionado aqui.

Afinal, alguns amigos e professores dizem que quatro dos alunos estavam sofrendo por conta da identidade sexual.

Em muitas cidades maiores, aulas de tolerância à diversidade sexual agora fazem parte da rotina da educação para saúde e treinamento anti-bullying.

Mas nos subúrbios a batalha continua, talvez agora mais amarga do que aqui no Distrito Escolar Anoka-Hennepin, ao norte de Minneapolis que, com 38 mil alunos, é o maior sistema escolar de Minnesota.

A congressista Michele Bachmann não falou sobre os suicídios ou sobre o debate acirrado sobre política escolar, e também não respondeu aos pedidos de entrevista da reportagem - ela já expressou "ceticismo" no passado sobre programas anti-bullying e é aliada do Conselho Familiar de Minnesota, um grupo cristão que se opôs veementemente contra qualquer retrato positivo da homossexualidade nas escolas.

Funcionários da escola dizem que estão no meio de uma batalha, enquanto defensores dos direitos dos homossexuais dizem que não há um meio termo nas questões de direitos humanos básicos.
“Acho que os adultos estão muito mais interessados em nos transformar num campo de batalha do que os alunos”, disse Dennis Carlson, superintendente das escolas.
“Temos pessoas na esquerda e na direita, e estamos tentando encontrar um terreno comum nesses assuntos.”

“Manter as crianças em segurança é uma preocupação comum”, diz ele, apontando para as iniciativas do distrito para combater o bullying e as novas iniciativas anti-suicídio.

Crianças gays e alguns pais e apoiadores dizem que essas iniciativas foram enfraquecidas pelo que chamam de “silenciamento” da discussão sobre diversidade sexual no distrito – uma política, adotada em 2009 em meio a um acalorado debate público, segundo a qual “ensinar sobre orientação sexual não faz parte do currículo adotado pelo distrito” e que os funcionários “deveriam permanecer neutros em questões relativas à orientação sexual.”

O processo foi aberto em julho em prol de seis alunos e ex-alunos, pelo Southern Poverty Law Center e pelo Centro Nacional pelos Direitos das Lésbicas, quando testemunharam ou ouviram relatos de atitudes homofóbicas, tendendo a “ignorar, minimizar, descartar, ou em alguns casos, culpar a vítima pelo comportamento abusivo dos outros alunos.”

Uma das vítimas, Kyle Rooker, 14, não declarou sua orientação sexual mas foi percebido como gay por um colega de classe, diz ele, em parte porque ele gosta de usar cachecóis brilhantes e cantar músicas de Lady Gaga.
No ensino médio ele era chamado por apelidos quase diariamente e uma vez urinaram nele por cima da parede enquanto ele usava o banheiro.

“Adoro atenção, mas esse é o tipo de drama com o qual eu simplesmente não consigo lidar”, disse Kyle, acrescentando que quando ele foi ameaçado no vestiário, funcionários da escola fizeram ele se trocar no escritório do assistente do diretor em vez de impedir o bullying.

A demanda do distrito por neutralidade sobre a homossexualidade, diz o processo, é inerentemente estigmatizante, inibiu os professores de responder mais agressivamente ao bullying e os impediu de combater estereótipos destrutivos.

“Esta política envia claramente uma mensagem para os alunos LGBT de que há algo de vergonhoso no jeito deles e que eles não são pessoas válidas na história”, disse Jefferson Fietek, professor de teatro na Anoka Middle School for the Arts.

Fietek, conselheiro de uma Aliança Gay-Hétero recentemente formada na escola, disse que conhece vários alunos gays e lésbicas que tentaram ou consideraram seriamente o suicídio.

Colleen Cashen, psicóloga e conselheira da Northdale Middle School, disse que ao excluir a homossexualidade, a política criou “um clima de vergonha”, e que interpretações contraditórias da administração deixaram os professores com medo de testar os limites, vendo a homossexualidade e a história dos direitos gays como temas tabu.
“Acredito que a política está criando um ambiente tóxico para os alunos”, diz ela.

Carlson, o superintendente, concordou que o bullying persiste, mas negou fortemente que o ambiente escolar é em geral hostil.

Ele disse que receberá bem iniciativas que possam resultar das negociações sobre o processo ou com os investigadores federais.
“Nós queremos que todos os alunos se sintam acolhidos e seguros”, disse ele.

Mas pais conservadores organizaram-se para fazer lobby contra mudanças.
“Dizer que você deveria aceitar duas mães como sendo uma família normal – isso seria defender direitos”, disse Tom Prichard, presidente do Conselho Familiar de Minnesota.
“Não deveria haver tolerância ao bullying, mas esses grupos estão usando o tema para tentar fazer avançar uma agenda social.”

Um grupo de pais do distrito que são aliados próximos do conselho familiar recusaram os pedidos de entrevista. 

Seu site diz que a depressão entre os adolescentes gays costuma ser culpa dos defensores dos direitos homossexuais que geram a falta de esperança: “quando uma criança foi deliberadamente mal informada sobre as causas da homossexualidade e dizem a ela que os atos homossexuais são normais e naturais, toda esperança de recuperação é retirada dela.”
*****
Matéria do jornalista Erik Eckholm,  publicada no The New York Times em 19.9.2011


Tradução: Eloise De Vylder

quarta-feira, 27 de abril de 2011

A SEMANA NA DIVERSIDADE

O governo do Paquistão - um dos maiores países muçulmanos do mundo - garante cidadania e emprego a transexuais; autoridades alemãs expulsam do país por homofobia líder religioso radical; estudantes gays de escolas cristãs americanas reinvidicam direitos; jovens católicos espanhóis fazem calendário de páscoa que deu o que falar...

São as notícias da Diversidade, que você confere agora:


GOVERNO PAQUISTANÊS DÁ VISIBILIDADE INÉDITA AOS TRANSEXUAIS DO PAÍS

Segundo a BBC Brasil, o conservador governo do Paquistão surpreendeu ao anunciar medidas que favorecem os transexuais que vivem no país.

A primeira delas é o fato de a Suprema Corte ter aceitado introduzir um terceiro gênero no documento de identificação nacional.

Além disso, o governo está começando a empregar transexuais - que tem uma grande dificuldade para encontrar trabalho digno - na cobrança de impostos atrasados.

Sempre em grupo, eles visitam a casa dos devedores, recebem valores e dão documentos de quitação.

Confira vídeo da BBC Brasil:


















Em se tratando de um dos maiores países mulçumanos do mundo, é realmente uma grande conquista.


POR HOMOFOBIA, ALEMANHA EXPULSA RADICAL ISLÂMICO

O site Cena G destacou ontem que o governo da Alemanha ordenou a expulsão de um visitante - o islâmico radical Ameena Abu Bilal Philips, que nasceu na Jamaica e vive no Qatar - por ele defender em território alemão a pena de morte aos homossexuais.

A ordem de expulsão foi dada antes de uma apresentação pelo islâmico, de 60 anos, a cerca de 2000 pessoas em Frankfurt.

Cena GO líder islâmico radical Ameena Abu Bilal Philips

Pelas leis alemãs, os estrangeiros podem ser expulsos do país desde que "incitem ao ódio contra partes da população" ou defendem o uso da violência contra elas.

Philips tem três dias para acatar a ordem; caso contrário, a polícia pode prendê-lo e expulsá-lo à força.

Enquanto isso, aqui no Brasil, o tal pastor Silas Salafrária, quero dizer, Malafaia, continua pregando contra os gays noite sim, noite também nas madrugadas da Band, e ninguém toma nenhuma providência a respeito.

Parabenizando as autoridades alemãs, continuo afirmando que é uma vergonha para o Brasil, sétima economia do mundo, ser ainda tão jurássica em direitos de minorias.


HOMOSSEXUAIS LUTAM POR DIREITOS EM UNIVERSIDADES RELIGIOSAS NOS EUA

Matéria publicada nesse final de semana pelo maior jornal americano, o The New York Times, reporta que a luta pela aceitação de alunos homossexuais surgiu nos lugares que menos a esperavam: nos vários colégios e universidades cristãos evangélicos que, em suas crenças fundamentais, veem a homossexualidade como um pecado.

Décadas depois que o movimento pelos direitos homossexuais varreu as escolas seculares do país, mais gays e lésbicas de colégios cristãos estão começando a sair do armário, exigindo o direito de proclamarem suas identidades e formar clubes nos campi, e rejeitando as sugestões de buscarem ajuda para suprimir seus desejos homossexuais.

Muitos dos novos militantes cresceram como cristãos e desenvolveram consciência de suas identidades sexuais só depois de começar o colégio, e anos depois de conflitos internos.

Eles vêm de uma nova geração de jovens evangélicos que, acima de tudo, tem visões bem menos rígidas sobre a homossexualidade do que os mais velhos.

Mas em seus esforços de afirmação, quer seja nos clubes no campus ou mais publicamente no Facebook, os alunos homossexuais estão batendo de frente contra os administradores que defendem aquilo que descrevem como a lei de Deus sobre a moralidade sexual, e que por sua vez precisam responder aos conselhos e alunos conservadores.

Enfrentando proibições vagas contra o “comportamento homossexual”, muitos alunos se preocupam com que tipo de atitude – andar de mãos dadas com um parceiro, por exemplo, ou colocar uma foto num site gay – pode prejudicar suas bolsas de estudo ou levar à expulsão.


“É como uma força incontrolável que se depara com um objeto imóvel”, disse Adam R. Short, calouro de engenharia na Universidade Baylor que é gay assumido e lutou, sem sucesso, para o reconhecimento de um clube no campus para discutir a sexualidade e lutar contra a homofobia.


Poucos colégios religiosos mais liberais, como a Universidade Belmont em Nashville, que tem origens batistas, permitiram, relutantemente, a formação de grupos de alunos gays - no caso de Belmont, após anos de um aquecido debate, e logo depois que a universidade obrigou uma técnica de futebol lésbica a pedir demissão.

Mas a resposta mais típica veio de Baylor, que com 15 mil alunos é a maior universidade batista do país, e que se recusou a aprovar o fórum sobre sexualidade.
“Baylor espera que seus alunos não participem de grupos que promovam uma compreensão da sexualidade contrária aos ensinamentos bíblicos”, disse Lori Fogleman, porta-voz da universidade.

Apesar da rejeição, mais de 50 alunos continuam a realizar encontros semanais do Fórum de Identidade Sexual, e continuarão buscando a validação moral que seria fruto do status formal, disse Samantha A. Jones, veterana e presidente do grupo.

“O corpo de estudantes é grande e está pronto para isso”, disse Saralyn Salisbury, namorada de Jones e também veterana da Baylor. “Mas a administração e os regentes não.”

Na Universidade Cristã Abilene no Texas, vários alunos são homossexuais assumidos, e muitos mais estão pressionando, nos bastidores, por uma mudança.

Na última primavera, a universidade não permitiu a formação de uma Aliança Gay-Heterossexual.
“Queremos lidar com esses temas complexos, e oferecer ajuda e orientação para os alunos que estão lutando com a atração pelo mesmo sexo”, disse Jean-Noel Thompson, vice-presidente da universidade para a vida estudantil. “Mas não vamos abraçar nenhum grupo de defesa da identidade homossexual.”

Ben Sklar/The New York Times
Taylor Schmitt - terceiro a partir da direita - se assumiu gay no ano passado. Na imagem, ele participa de festa com amigos na Universidade Cristã Abilene, no Texas

Na Universidade Harding do Arkansas, que como a Abilene é afiliada às Igrejas de Cristo, meia dúzia de alunos e ex-alunos publicaram uma revista online no começo de março com relatos pessoais sobre as dificuldades dos alunos homossexuais.

A universidade proibiu o acesso ao site em seu servidor de internet, o que ajudou a fazer com que o ele se tornasse um produto viral no mundo das universidades religiosas.

Na capela, o presidente da Harding, David B. Burks, disse aos alunos que a universidade “não tentaria controlar o pensamento deles”, mas que “era importante bloquear o site por causa do que ele dizia sobre a Harding, quem ela é e no que acredita”.
Burks disse que o próprio nome do site - www. huqueerpress.com - era ofensivo.

A maioria das faculdades evangélicas dizem que não disciplinam os alunos que admitem ter atração pelo mesmo sexo, apenas aqueles que assumem “comportamento” ou “atividades” homossexuais, já que nos campi evangélicos, o ato sexual fora do casamento é proibido para todos.

A Abilene vê uma grande diferença, diz Thompson, entre um aluno que está com dificuldades particulares por conta de sentimentos de atração pelo mesmo sexo, e um “aluno que diz em e-mails, no Facebook e outros lugares, que é publicamente gay e que este é um estilo de vida que ele defende independentemente da posição da universidade.”

Amanda Lee Genaro
diz que foi expulsa em 2009 da Universidade North Central, um colégio pentecostal em Minneapolis, quando foi mais afirmativa sobre sua identidade homossexual.
Ela lutou contra seus sentimentos durante anos, até 2006, quando foi inspirada por uma visita ao campus do SoulForce, um grupo nacional de alunos homossexuais religiosos que tenta levantar a discussão do tema nas universidades.
“Eu pensei, uau, talvez Deus me ame independente de eu gostar de mulheres”, lembra-se Genaro.

Em 2009, depois que ela deixou a “terapia reparadora”, entrou no MySpace e admitiu ter uma relação romântica, mesmo que não consumada, com uma mulher, a universidade a suspendeu, dizendo que ela poderia se inscrever novamente dentro de um ano se deixasse a homossexualidade.
Ela então se transferiu para uma escola não-cristã.

Alunos homossexuais dizem que costumam ser questionados sobre o motivo porque frequentam colégios cristãos, mas a questão, dizem eles, é injusta.

Muitos foram criados em lares profundamente cristãos com uma expectativa de frequentar um colégio religioso, e lutaram por muito tempo contra sua homossexualidade.

Eles chegaram à universidade, como um dos autores do Harding Web disse: “esperando que o colégio nos tornasse heterossexuais, e uma vez lá, percebemos que isso não aconteceria, não havia nada que se pudesse fazer quanto a isso.”

Os alunos que assumem sua homossexualidade no campus dizem que é um alívio, mas que a vida continua difícil.
“Eu sou sozinho”, disse Taylor Schmitt, aluno do segundo ano da Abilene que entrou lá com uma bolsa total e com a esperança de que seu ser interior mudasse de certa forma.
No final de seu primeiro ano ele aceitou sua homossexualidade, se transferiu para o departamento de inglês e deixou o departamento de estudos da Bíblia que, segundo ele, “tinha o ar das decepções e falsidades passadas que eu havia criado em torno de mim.”
Em vez de mudar de universidade e desistir de sua bolsa, ele está fazendo aulas extras para se formar um ano mais cedo.

Alguns dos alunos homossexuais acabam desiludidos com o cristianismo, e até se tornam ateus, enquanto outros buscam igrejas mais liberais.

David Coleman, 28, foi suspenso pela Universidade North Central em seu último ano - em 2005 - depois que distribuiu panfletos que divulgavam um site de apoio a homossexuais e admitiu ter relações íntimas, mas não sexuais, com outro homem.
Ele, que chama o ambiente da universidade de “espiritualmente violento”, está matriculado agora no Seminário Teológico Unido de Twin Cities em New Brighton, Minnesota, que é administrado pela Igreja Unida de Cristo, mais aberta - ele ainda sonha em se tornar pastor, e completa: “Eu sinto o chamado”.

Aqui no Brasil, a situação dos alunos gays em escolas cristãs não é muito diferente.
É só nos lembrarmos o manifesto do reitor da Universidade e Colégio Mackenzie, contra a PLC 122, que criminaliza a homofobia.


E POR FALAR EM CRISTÃOS...

Com a intenção de arrecadar dinheiro, e aproveitando a época da páscoa cristã, um grupo de jovens católicos espanhóis recriaram cenas da Paixão de Cristo de uma maneira insólita: posando nus para um calendário.

Os calendários, que custavam €10 cada cerca de R$ 21 - praticamente esgotaram e o grupo de Maiorca, ilha turística espanhola, está considerando outra tiragem.


Mesmo com o bispo da localidade chiando, os rapazes afirmaram que a grande popularidade do calendário mostra que eles têm o apoio do público.



Eles pagaram €1.500 - cerca de R$ 3,2 mil - para imprimir 300 calendários.



O lucro de €1.500 será usado para comprar material para seus trabalhos, que tem como objetivo educar jovens católicos.

O calendário inclui imagens em preto e branco de homens e mulheres jovens de Sant Joan - cidade com 2.000 habitantes - recriando imagens da época romana.

Imagens tiradas em ambientes rústicos incluem gladiadores quase nus lutando com lanças e centuriões romanos com sua belas bundas ao léu, escoltando três prisioneiros cristãos que vestem tangas e carregam uma cruz de madeira rústica.


Divulgação



Uma das fotos do calendário, mostra os modelos vestindo só capacetes romanos




Pere Mestre, sapateiro de 19 anos e membro do grupo de jovens, disse que todos os modelos tinham entre 18 e 28 anos - tinha de carpinteiro a piloto, além de trabalhadores rurais.

O líder do grupo jovem, Pep Mas, disse entender as críticas ao calendário, mas afirmou que as fotos eram artísticas e preencheram a necessidade de captação de recursos.

O prefeito de Sant Joan, Joan Magro, defendeu o calendário.
"Há algumas boas fotografias, elas são artísticas e muito bem feitas", disse.

A polêmica sobre o calendário pascoalino acontece depois que policiais do sexo feminino de Lérida, cidade próxima a Maiorca, lançaram um calendário vestidas de gato, como presente de Natal aos seus colegas do sexo masculino.
Com o sucesso, as policiais pensaram em vender cópias, para arrecadar dinheiro para caridade.

E os rapazes católicos são bem bunitinhos!

*****


ATÉ +!

quarta-feira, 2 de junho de 2010

JORNALISTAS RUSSOS SÃO PAGOS COM SANGUE

Depois da falência do comunismo na então União Soviética, o mundo assistiu seus domínios, principalmente a Rússia, chafurdarem no que a Humanidade tem de pior.

O governo é corrupto, de uma grandeza que assombra até a nós, brasileiros, habituados desde as capitanias hereditárias ao tema.

Milionários começaram a pipocar aos montes, e suas fortunas se originam em tráfico de armas, drogas, chantagem e toda sorte de bandidagens.

Por aqui, tivemos o russo Boris Berezovski e o iraniano Kia Jorabichian, que conseguiram lavar fortunas na lavanderia que montaram no Corinthians.

Enquanto isso, o povo russo sofre com a falta de tudo: alimentos, transporte, gás, esperança.

Apenas poucos gatos pingados, principalmente jornalistas, ousam se insurgir contra esse estado de coisas.

E é esse o foco da reportagem do ótimo repórter Clifford J. Levy, do jornal americano "The New York Times", que teve o título dessa postagem.

Leia:

KHIMKI, Rússia - Mikhail Beketov foi alertado, mas não parou de escrever. Sobre transações fundiárias duvidosas. Empréstimos irregulares. Subornos por baixo da mesa. Tudo isso era evidência, argumentava ele em seu jornal, da corrupção desenfreada num subúrbio de Moscou.
"No ano passado, pedi a renúncia da liderança municipal", disse Beketov em um de seus últimos artigos. "Dias depois, meu automóvel foi explodido. O que me espera a seguir?"
Não muito tempo depois, ele sofreu uma selvagem agressão em frente de casa e foi deixado sangrando sobre a neve. Seus dedos foram esmagados, e três deles tiveram de ser amputados, como se os agressores quisessem ter certeza de que ele nunca mais escreveria uma só palavra.
Beketov também perdeu uma perna. Aos 52 anos, está numa cadeira de rodas, com o cérebro tão danificado que é incapaz de pronunciar uma só frase.
Os policiais prometeram uma investigação minuciosa, mas mal ergueram os olhos das suas mesas. Vídeos de vigilância foram ignorados. Vizinhos não foram ouvidos. Informações sobre o desagrado de políticos com Beketov foram tidas como "não confirmadas", segundo entrevistas com autoridades e moradores.

Foto: James Hill para o New York Times
O editor Mikhail Beketov, agredido em 2008, após desafiar autoridades

Cultura da impunidade
Depois de rejeitar repetidos apelos de Beketov por proteção, o Ministério Público assumiu o caso, mas não parece ir muito longe. Colegas do jornalista se dizem ansiosos para dar informações sobre quem no governo foi atingido pelas revelações dele. Mas ninguém perguntou.
Passados 18 meses, ninguém foi preso.
O incidente marca o início de uma onda de ataques não resolvidos e de intimidação oficial contra jornalistas, ativistas de direitos humanos e políticos de oposição em toda a região, que inclui os subúrbios de Moscou, mas não a cidade propriamente dita.
Tais intimidações -entre as quais estão também os esforços agressivos de promotores para fechar novos veículos de comunicação e ONGs- funcionam como uma enervante dissuasão.
E, em alguns casos nos últimos anos, a violência descambou para a pistolagem. A corrupção é disseminada na Rússia, e o governo costuma funcionar mal. Mas a maioria dos jornalistas e ONGs evita se aprofundar nesses temas.
A cultura russa da impunidade representa o exemplo mais flagrante da incapacidade do país em estabelecer leis reais nestas duas décadas desde o colapso da União Soviética. O presidente Dmitri Medvedev já repreendeu o "niilismo jurídico" do país. Mas, sob o governo de Medvedev e do seu antecessor, o hoje premiê Vladimir Putin, tal niilismo persistiu. E entre os maiores beneficiários estão os políticos do partido governista, o Rússia Unida.
Boris Gromov, governador da região de Moscou, comandou o 40? Exército durante a guerra soviética no Afeganistão, e seus adversários acham que ele governa com o mesmo sentido de ordem de um general. Gromov, nomeado por Putin, encheu o governo local com ex-colegas do Afeganistão, como o prefeito de Khimki, Vladimir Streltchenko.
Beketov fundou seu jornal, o "Khimkinskaia Pravda" ("A verdade de Khimki"), em 2006. Ele escrevia regularmente sobre supostos casos de corrupção envolvendo autoridades locais, em geral membros do Rússia Unida.

Uma denúncia repercute

Foto: Yrui Grachev
Iuri Gratchov, vítima de violência ao sair de casa

Suas reportagens tiveram repercussão nacional quando ele questionou por que a prefeitura, para ampliar uma avenida, demoliu um monumento que continha restos mortais de aviadores soviéticos.
E ele abordava incansavelmente o destino da floresta de Khimki, uma área intocada a uma improvável proximidade de Moscou.
Praticamente sem que a opinião pública notasse, o governo planejava que uma rodovia para São Petersburgo cruzasse a floresta. Beketov suspeitava que as autoridades estivessem lucrando secretamente com o projeto.
Desacostumados a esse tipo de crítica, os governantes locais o fustigaram publicamente. Beketov recebeu telefonemas ameaçadores. Pediu em vão ajuda às autoridades, segundo colegas. Chegando em casa certo dia, achou seu cão morto na soleira da porta. Então, seu carro foi explodido.
Em vez de investigar a explosão, os promotores abriram um inquérito criminal sobre o jornal dele. Amigos dizem que Beketov lhes contou que um funcionário municipal havia lhe feito um alerta sobre suas reportagens.
Numa noite de novembro de 2008, Beketov foi atacado, provavelmente por várias pessoas.
Iulia Jukova, porta-voz da comissão investigadora do Ministério Público na região de Moscou, disse que o departamento conduziu um rigoroso inquérito, mas teve de arquivá-lo por falta de provas. Ela afirmou que os investigadores precisavam ouvir Beketov, mas que seus médicos não autorizaram. (Beketov está incapaz de se comunicar desde o ataque.)
O governador Gromov e o prefeito Streltchenko não quiseram conceder entrevista para esta reportagem. Depois da agressão, Streltchenko declarou que não tivera envolvimento com o crime, mas se queixou da atenção dada ao assunto.
"Não quero dizer que foi bom o que aconteceu com o Mikhail", disse. "Mas quero que vocês separem a verdade da inverdade."
Em Solnietchnogorsk, ao norte de Khimki, o jornal "Solnietchnogorsk Forum" publicou denúncias sobre como os políticos locais tentavam dispensar eleições para manter o poder.
O editor do jornal, Iuri Gratchov, tem 73 anos. Em fevereiro de 2009, vários homens o agrediram quando ele saía de casa, fazendo-o passar um mês na UTI, com concussões e fraturas.
A polícia inicialmente disse que ele estava bêbado e caíra. Em seguida, afirmou que ele havia sido vítima de um assalto comum, embora só tivesse sido levada uma pasta com material para ser publicado no jornal. Os bandidos não foram achados, e políticos do Rússia Unida disseram que o ataque não tinha relação com o trabalho de Gratchov.
"Talvez tenham sido 'hooligans', ou talvez tenha sido ao acaso", disse Nikolai Bojko, dirigente local do partido, também veterano do Afeganistão. "A ideia de que tenha sido encomendado -não acredito nisso."

Jornal processado

Foto: Bell Tower
Andrei Khmelevski: repórter foi surrado dentro de casa

Os promotores tiveram mais sucesso procurando provas de que o "Solnietchnogorsk Forum" havia cometido uma calúnia. Abriram processo contra o jornal, querendo fechá-lo. Enquanto isso, em Khimki, um novo jornal da oposição, o "Khimki Nach Dom" ("Khimki é o nosso lar"), foi fundado para ajudar a manter o trabalho de Beketov.
O editor, Igor Belousov, 50, é profundamente religioso. Publica o calendário ortodoxo russo no jornal. Já trabalhou na prefeitura, mas diz ter saído por causa da corrupção.
Não muito tempo depois de lançar o jornal, Belousov foi acusado de calúnia, numa ação cível movida por promotores, e num processo penal aberto pelo prefeito Streltchenko. Em fevereiro, a polícia o deteve sob acusação de vender cocaína. Documentos judiciais mostram que o caso se baseia no depoimento de um traficante que não se lembrava de detalhes básicos do suposto crime.
"Tínhamos muito jornalistas aqui, mas todos sofreram e todos desistiram", disse Belousov. "Só sobrei eu, e agora estou desistindo."