Mostrando postagens com marcador Festival de Toronto 2011 - TIFF. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Festival de Toronto 2011 - TIFF. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 20 de setembro de 2011

FESTIVAL DE TORONTO: FILME LIBANÊS VENCE PELO JÚRI POPULAR


Where Do We Go Now?, uma comédia agridoce situada num Líbano devastado pela guerra, derrotou dois bem-recebidos filmes americanos para vencer o prêmio do júri popular no domingo (18) no Festival de Cinema de Toronto - TIFF.

O prêmio Cadillac People's Choice, que também inclui um prêmio em dinheiro de 15 mil dólares canadenses, é votado pelo público do festival e tem sido considerado nas últimas edições um termômetro para ser sucesso no Oscar.

O filme feminista da diretora e atriz libanesa-canadense Nadine Labaki - sobre mulheres de uma vila empenhadas em manter seus homens fora de uma guerra religiosa - foi escolhido no começo do mês como o representante do Líbano para a categoria de melhor filme estrangeiro no Oscar 2012.

Labaki, que também estrela o longa, estava viajando pela Europa quando soube da notícia, que foi anunciada domingo num brunch de encerramento do festival, que durou 11 dias.

O filme estreou em Cannes em maio, e segue o sucesso do longa de estreia de Nadine, Caramelo (2007).

Os outros finalistas foram A Separation, de Asghar Farhadi, e Starbuck, de Ken Scott.

O público escolheu como melhor documentário The Island President, de Jon Shenk - o TIFF não tem um prêmio concedido pelo júri.

A curadora do festival Rasha Salti aceitou o prêmio em nome da cineasta, lendo um comunicado enviado por Labaki de um aeroporto na Alemanha.

AP
A diretora e atriz Nadine Labaki

"Estou emocionada, estou feliz, estou em êxtase, estou animada - o meu dia que tinha acabado de começar com o pé errado, porque meu voo foi cancelado, acaba de ser virado de cabeça para baixo", disse Labaki, 37, em seu comunicado.
"Estou correndo e pulando pelo aeroporto de Frankfurt. Amanhã vamos exibir "Where Do We Go Now?" pela primeira vez no Líbano e estarei feliz e orgulhosa de anunciar a notícia para minha equipe, minha família e o público libanês".

O diretor do festival Piers Handling notou que foi um triunfo surpreeendente para um filme que foi ofuscado por longas de Hollywood com divulgação pesada e encabeçado por estrelas - que incluem dois filmes de George Clooney, The Descendants e The Ides of March.

Confira o trailer do filme vencedor do TIFF 2011:

"Temos filmes muito famosos no festival e alguns que muitas pessoas estão comentando e tenho certeza que eles irão concorrer a prêmios", diz Handling.
"Mas o filme de Nadine obviamente se conectou com o público de maneira significante porque foi um vencedor claro".

Só para recordar: a escolha do público do TIFF do ano passado - O Discurso do Rei -, venceu quatro Oscars, incluindo melhor filme, e o vencedor do júri popular em 2008 - Quem Quer Ser um Milionário? -, levou além da estatueta de melhor filme, outros sete Oscars.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

FESTIVAL DE TORONTO: NA QUINTA, 'HYSTERIA' - QUE CONTA A HISTÓRIA DOS VIBRADORES - ROUBOU A CENA


Os vibradores foram o assunto do dia ontem (15) no Festival de Cinema de Toronto - TIFF, após a estreia de Hysteria, filme que aborda de maneira clara, real e divertida a invenção do consolo.

 Protagonizado pela acima da média Maggie Gyllenhaal e tratado como uma comédia romântica pela diretora americana Tanya Wexler, o filme narra a verdadeira história de como dois médicos de Londres - interpretados por Hugh Dancy e Jonathan Pryce - auxiliados por um amigo fascinado por máquinas - Rupert Everett - chegaram a inventar o vibrador elétrico para tratar mulheres que, aparentemente, sofriam de histeria nos anos 1880.

Fisicamente esgotados com as massagens pélvicas que faziam em suas pacientes para aliviá-las de dores abdominais, eles inventaram um aparelho motorizado com o protótipo de um espanador giratório para acelerar o clímax.

Sem querer, o resultado contribuiu também para a independência sexual das mulheres.

A diretora Wexler disse, durante entrevista coletiva, que durante as filmagens, a maioria das mulheres do elenco e a equipe tinham sua própria história sobre vibradores.

"Foi estranho que todas dissessem que ficaram tímidas na primeira vez", contou a cineasta, em entrevista à France Presse.

Aaron Vincent Elkaim/Associated Press
Os atores Jonathan Pryce, Hugh Dancy, Maggie Gyllenhaal e a diretora Tanya Wexler, na entrevista coletiva de "Hysteria"

Inicialmente vendido como um dispositivo médico ou eletrodoméstico -  em lojas como Sears ou através de revistas como Good Housekeeping - o vibrador logo se tornaria um brinquedo sexual e passou a ganhar nomes como a varinha mágica Hitachi ou coelho, tornando-se disponível em sex shops.

"Agora é mais comum", contou Wexler.
"Ainda assim, fazer piada sobre o vibrador é muito mais subversivo do que pornografia na internet", acrescentou.

Durante as filmagens, Wexler disse ter presenteado todos no set com vibradores, e contou que os presentinhos provocaram um certo constrangimento no funcionário de controle de bagagens do aeroporto londrino de Heathrow.

"O oficial disse, 'você tem 20 ou 30 pequenos dispositivos eletrônicos na bagagem' e eu respondi, 'sim, são vibradores', ao que ele declarou, 'Siga adiante'", lembrou a cineasta.

Maggie Gyllenhaal contou que, ao final das filmagens, ganhou um monte de vibradores de presente dos amigos.

Confira o engraçadíssimo trailer de "Hysteria":

Segundo Dancy, o que provocou mais risadas no filme foi "o fato de que os médicos (em 1880) diagnosticavam a sério uma doença não existente (a histeria) e faziam o que faziam sem nenhuma preocupação e sem ver nada de sexual nisso".
"É assombroso", completou ela.

O filme lembra ainda que os médicos continuaram diagnosticando mulheres com histeria ou excesso emocional difícil de lidar até 1952, quando a doença foi retirada dos textos médicos.

Pelo trailer, parece que o filme é muito bom.

FESTIVAL DE TORONTO: DIVA GLENN CLOSE BRILHA COMO TRANSGÊNERO EM 'ALBERT NOBBS', FILME QUE É O PROJETO DA SUA VIDA


Em 29 anos de carreira como atriz, Glenn Close já foi indicada a cinco Oscars, ganhou três Emmys e convenceu toda uma geração de homens norte-americanos casados a pensarem duas vezes antes de uma traição, graças ao seu papel como a amante obsessiva de Michael  Douglas em "Atração Fatal" (1987).

Mas, em meio a tudo isso, ela nunca deixou de lado o sonho de levar às telonas "Albert Nobbs", curiosa história sobre uma mulher que, premida pelas circunstâncias, se faz passar por homem na Dublin - Irlanda - do século 19.

Close interpretou o papel-título no teatro em 1982, e há 15 anos começou a se empenhar pela realização do filme - o que incluiu inúmeras versões do roteiro, mudanças no elenco e uma incessante busca por investidores.

Finalmente pronto, o projeto da vida da estrela estreou nesta semana no Festival Internacional de Cinema de Toronto - TIFF.

"A natureza desse tipo de filme é que você precisa ter essa louca paixão por trás deles, porque eles estão fora da caixa", disse a atriz à Reuters, com um sorriso radiante que nada tem a ver com a reprimida e cabisbaixa personagem do filme.

"Eu sabia que seria difícil. Não sabia que seria difícil durante um período de 15 anos", disse Close, que foi também corroteirista e produtora do filme, dirigido por Rodrigo Garcia.

DARREN CALABRESE/THE CANADIAN PRESS
Glenn Close, na estreia de "Albert Nobbs" em Toronto

Com seu rosto pálido e andar chapliniano, Nobbs em nada lembra as "femmes fatales" e figuras autoritárias que marcaram a carreira de Close.

Trabalhando como garçom em um pretensioso hotel dublinense, ele tenta manter a discrição, ocultar sua condição feminina e juntar dinheiro para um dia poder abrir seu negócio - mas sua clausura é rompida pela chegada do(a) pintor(a) Hubert - Janet McTeer -, que guarda um segredo semelhante.

Embora já tivesse encarnado Nobbs no palco, Close se viu num território inexplorado, pois envelheceu 30 anos desde então, e agora precisava interagir com a câmera, e não com a plateia.

"Achei desafiador quando eu fiz tantos anos atrás, e é ainda mais desafiador no cinema porque você tem os primeiros planos (...). O cinema olha para a alma da pessoa", disse ela.

Confira cenas do filme e trechos da entrevista de Glenn Close em Toronto:


Embora a crítica tenha reagido com certa indiferença ao filme como um todo, foi muito elogiosa quanto à atuação de Close.

A Daily Variety diz que se trata de "um papel para coroar uma carreira" e outras publicações especularam que esse papel transgênero poderia finalmente dar a Glenn Close o prêmio que falta em sua mais que vitoriosa carreira: o Oscar de Melhor Atriz.

Aguardando com ansiedade!

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

FESTIVAL DE TORONTO: DIRETOR WILLIAM FRIEDKIN CRITICA INFANTILIZAÇÃO DE ROTEIROS, AO APRESENTAR SEU 'KILLER JOE'


O diretor William Friedkin - de O Exorcista e Operação França - criticou a tendência atual do cinema de infantilizar o público com roteiros elaborados a partir de histórias em quadrinhos, ao exibir pela primeira vez na América do Norte seu novo filme, Killer Joe.

"Está cada vez mais difícil fazer material original para adultos neste clima dos filmes americanos... que se preocupam apenas com filmes que são histórias em quadrinho e remakes", declarou o diretor na segun da (12), em entrevista coletiva no Tiff 2011 que se seguiu à exibição do seu filme.

Matt Carr/Getty Images
O roteirista Tracy Letts, o diretor William Friedkin e o editor Darrin Navarro apresentam "Killer Joe" em Toronto

O cineasta, ícone da produção dos anos 1970, afirmou que seus filmes clássicos daquele período - como Operação França (1971), pelo qual recebeu o Oscar de diretor, e O Exorcista (1973), não seriam produzidos atualmente pelos estúdios.
"As audiências mudaram", lamentou Friedkin.
"Estão condicionadas pela televisão e a televisão está direcionada ao mínimo denominador comum das pessoas, as expectativas são menores".

E ele continuou: "Além disso, quando comecei a dirigir os estúdios estavam nas mãos de pessoas que haviam feito filmes. Hoje há ex-agentes ou advogados e os estúdios pertencem a grandes corporações que têm que apelar ao mínimo denominador comum".

"Há menos dinheiro no mercado dos adultos", completou o diretor, que leva às telas a adaptação da obra de 1998 do vencedor do prêmio Pulitzer, Tracy Letts.

Para Killer Joe, Friedkin escolheu como protagonista Emile Hirsch.

Ele interpreta um narcotraficante que contrata um policial - Matthew McConaughey - para que mate sua mãe, em troca de favores sexuais de sua irmã -  interpretada por Juno Temple.

Friedkin explicou que foi atraído pela história que trata de "inocência, de vitimar alguém, vingança e ternura".

A violência no filme tem um propósito, segundo o diretor.
"Há violência na sociedade. Há uma linha fina entre o bem e o mal, e exite a possibilidade do mal em todos nós", afirmou.

Confira o trailer de "Killer Joe":

Hirsch recordou que durante as filmagens, a maquiadora usava um pincel para espalhar o sangue falso, mas Friedkin não aceitava.

"Não, não, não!, ele pegava o balde com o sangue e jogava tudo no meu rosto. Depois ia pegar outro balde com sangue. Eu ficava ensopado", disse.

UPI
O ator Emile Hirsch, antes da exibição de "Killer Joe" em Toronto

Killer Joe foi exibido na semana passada no Festival de Veneza, antes de ser apresentado no TIFF.

FESTIVAL DE TORONTO: COM MELHOR PAPEL DE SUA CARREIRA NO CINEMA, RODRIGO SANTORO PROTAGONIZA 'HELENO', EXIBIDO SEGUNDA


Dez anos se passaram desde que Rodrigo Santoro se tornou um dos principais rostos do novo cinema brasileiro, com Bicho de Sete Cabeças (2001), de Laís Bodanzky.

Agora, Santoro, 36, faz a melhor interpretação de sua carreira nas telonas em Heleno, que teve estreia mundial anteontem no TIFF.

O novo filme é o primeiro em que Santoro também é produtor, tendo trabalhado desde a concepção do projeto e do roteiro com o diretor José Henrique Fonseca - de O Homem do Ano (2003).

Divulgação
Rodrigo Santoro, em cena do filme "Heleno", de José Henrique Fonseca

Baseado na história real de Heleno de Freitas - jogador de futebol e um dos maiores ídolos do Botafogo do Rio - o longa, que tem estreia no Brasil prevista para março do ano que vem, narra a tragédia do boleiro, a partir dos anos 1940.

Heleno viu seu talento e sua carreira serem destruídos por um temperamento irascível e pela sífilis cerebral, que o matou com apenas 39 anos, em 1959, esquecido e falido.

"Ele era obcecado com a perfeição, não só dele, mas de todo o time que jogava ao seu lado", explicou Santoro, que usou essa mesma obsessão para moldar sua performance.
"A vida é muito curta para não dar o seu melhor."

A exuberante atuação de Santoro vai além da transformação física - ele perdeu 20 kg para viver os últimos dias de Heleno - abrangendo também a arrogância do playboy carioca, seu charme e a derrocada numa clínica em Barbacena (MG), onde viu Pelé ascender ao estrelato na Copa de 1958.

O trabalho do ator e a degradação física do personagem remetem às espetaculares performances recentes de Marion Cotillard em Piaf - Um Hino ao Amor e de Natalie Portman em Cisne Negro.

Outra referência clara é Robert de Niro em Touro Indomável (1980) - não é por acaso que o longa é fotografado por Walter Carvalho, num preto e branco inspirado no clássico de Martin Scorsese.

Heleno reverencia o Rio dos anos 40 e 50 com visual e estilo, mas peca ao ignorar o lado popular do futebol.

Para um filme que fala sobre o maior esporte nacional, tendo como pano de fundo a derrota na Copa do Mundo de 1950 e a vitória em 1958, faltam a paixão e a presença do torcedor, o que torna a genialidade do protagonista algo meramente citado, mas nunca mostrado no longa.


Mesmo assim, a platéia presente em Toronto gostou.
*****
Daniel Oliveira - Colaboração para a FOLHA em Toronto

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

FESTIVAL DE TORONTO: TODO MUNDO DIZ QUE 'W.E.' É PÉSSIMO, MAS A DIRETORA MADONNA INSISTE


Ao apresentar seu segundo trabalho como diretora no TIFF 2011, Madonna disse que não se importa com as críticas cinematográficas, desde que o alvo seja o filme que ela fez, e não a própria estrela internacional.

A artista pop declarou que ela precisou se esforçar para ser reconhecida como cantora, e que espera a mesma coisa agora como cineasta.
"Eu sofri o mesmo tipo de pressão quando iniciei minha carreira musical", disse Madonna a jornalistas.
"Eu ficava nervosa, e não sabia o que esperar, e as pessoas não sabiam o que esperar."

AP Photo/The Canadian Press, Darren Calabrese
Madonna, chegando para a apresentação de "W.E." no Festival de Toronto

W.E. estreou no Festival de Veneza dias atrás e agora está na programação de Toronto.

Em Veneza, críticos disseram que o filme é visualmente deslumbrante, mas não tem foco definido e é recheado por más atuações.

Confira momentos da entrevista de Madonna em Toronto:

"Eu consigo dizer quando as pessoas estão criticando o meu filme e quando estão me criticando pessoalmente", disse Madonna, ao ser questionada sobre sua relação com a crítica.
"Então, quando (os críticos) se atêm ao filme, eu não ligo."

Um jornalista perguntou a Madonna se ela espera concorrer ao Oscar.
"Estou de pernas e dedos cruzados", respondeu.

Confira o trailer de "W.E.":

Madonna estreou como cineasta em 2008 com Sujos e Sábios, que teve mau desempenho nas bilheterias.

W.E. tem Abbie Cornish interpretando uma jovem nova-iorquina da década de 1990 que se deslumbra com o casamento - nos anos 1930 - do rei inglês Edward 8o com a divorciada norte-americana Wallis Simpson - interpretada por Andrea Riseborough.

O jornal britânico The Guardian foi um dos mais duros nas críticas ao filme, dando-lhe uma estrela num total de cinco.

Já o igualmente britânico Daily Telegraph foi mais generoso e deu três estrelas.

O filme, com orçamento estimado em torno de 15 milhões de dólares, estreia em dezembro nos EUA.

*****
Matéria Base: Julie Gordon - Reuters
Tradução e Redação Final: Cláudio Nóvoa

FESTIVAL DE TORONTO: LENDA DE HOLLYWOOD, FRANCIS FORD COPPOLA APRESENTA SEU 'TWIXT'


A lenda americana Francis Ford Coppola dividiu nesta segunda (12)  sua exploração catártica da dor de um pai após a morte de um filho, em seu novo filme, Twixt, que estreou no TIFF 2011.

O romance gótico, parcialmente filmado em 3D, apresenta um muito gordo Val Kilmer como um escritor em declínio que, durante uma turnê, confronta-se com a morte misteriosa de uma jovem numa cidade da Califórnia.

O protagonista do filme, que perdeu a filha, recebe a visita do fantasma da garota assassinada - a cima da média Elle Fanningque lhe revela os segredos da cidade.

Divulgação
Val Kilmer e Elle Fanning, em cena de "Twixt", novo filme de Francis Ford Coppola

Coppola disse que a ideia veio de um sonho que teve em Istambul.
"Pensei, enquanto sonhava: 'Oh, isso parece um roteiro'", disse o cineasta, durante a entrevista coletiva que se seguiu à exibição do filme.

Inspirada ainda nos escritos de Edgar Allan Poe e Nathaniel Hawthorne, a história é um conto pessoal de Coppola.
"Acredito que todo filme em que eu trabalhar a partir de hoje deva ser pessoal, porque uma das coisas bonitas de se fazer um filme é que você aprende muito sobre o assunto no qual estiver trabalhando", explicou.

AP
O cineasta francis Ford Coppola chega para a estreia de seu filme "Twixt", no Festival de Toronto

"De certa forma, produzir um filme é como fazer uma pergunta. Não sabia que iria me levar a algo que nunca admiti para mim mesmo" - numa clara referência ao seu filho Gian-Carlo, morto em 1986.

Gian-Carlo tinha 22 anos ao morrer decapitado num acidente de barco em Annapolis, Maryland, quando dava os primeiros passos na carreira de produtor de cinema, acidente causado por Griffin O' Neal, filho do ator americano Ryan O'Neal.

"Todo pai acha que é responsável pelo que acontecer com seu filho, mas eu não tinha percebido como me sentia responsável", explicou Coppola.

Confira o trailer de "Twixt":

Durante as filmagens, o cineasta percebeu que "estava na hora de admitir que, no fundo, eu me sentia responsável, porque eu poderia ter ido até lá, ele queria que eu tivesse ido. Se eu vou me sentir melhor agora, não sei."

A batalha profissional do principal personagem do filme, Hall Baltimore, também se assemelha à sua, reconheceu Coppola.
"Eu me sentia muito como Hall", disse.
"Estava sempre em crise, recebendo críticas negativas e tentando arrumar uma forma de sustentar minha família", contou, lembrando que o New York Times descreveu Apocalypse Now (1979)  como "o maior desastre que Hollywood experimentou em 50 anos."


Como todos sabemos, o filme é um dos melhores sobre guerra já feitos em todos os tempos, e a crítica, com certeza, deve ter partido de um crítico despeitado e com inveja do talento de Coppola.

FESTIVAL DE TORONTO: PROBLEMA NO SOM PREJUDICA APRESENTAÇÃO DE '360', NOVO FILME DE FERNANDO MEIRELLES


Não foi a estreia que o diretor brasileiro  Fernando Meirelles e o roteirista Peter Morgan tinham imaginado para sua parceria.

Chamados ao palco para uma sessão de perguntas e respostas com as cerca de 1.500 pessoas que lotaram o Elgin Theatre para assistir à primeira exibição mundial de 360, no TIFF 2011 em Toronto, eles começaram pedindo desculpas por um problema de áudio da sala de cinema.

Um ruído incessante desvirtuou o que Meirelles explicou como "uma série de silêncios e sutilezas românticas fundamentais para o ato final do filme".

Phil Fisk/Divulgação
Sir Anthony Hopkins em cena de "360", de Fernando Meirelles, que estreou no TIFF 2011

Irritado com o barulho, Morgan se recusou a ficar para as perguntas do público.

360 é uma ciranda transcontinental de encontros e desencontros sexuais, em que o que um personagem decide fazer afeta diretamente os demais, mesmo em países diferentes.

O primeiro encontro de uma garota de programa eslovaca em Viena - onde se passa a peça La Ronde, de Arthur Schnitzler, na qual o filme é baseado - dá início a uma roda gigante de coincidências e encruzilhadas que gira por Londres, Detroit, Paris e Berlim, até fechar o círculo implícito no título.

Confira entrevistas com Ben Foster, Fernando Meirelles e Maria Flor, ontem no TIFF:

O destaque fica para a brasileira Maria Flor e para o norte-americano Ben Foster, que vivem um encontro intenso em um aeroporto, de tirar o fôlego do espectador.
*****
Daniel Oliveira - Colaboração para a Folha de S.Paulo em Toronto

sábado, 10 de setembro de 2011

FESTIVAL DE TORONTO: GEORGE CLOONEY APRESENTA 'THE DESCENDANTS' - COMO ATOR - E 'THE IDES OF MARCH', ONDE ATUA E DIRIGE


O ator e diretor americano George Clooney declarou neste sábado que só a sorte lhe permitiu deixar de fazer "programas de televisão bastante ruins" a longas-metragens -  e se transformar em um dos maiores atores de Hollywood.

Durante uma entrevista coletiva realizada no TIFF 2011, por ocasião da apresentação de seu último filme, The Descendants, Clooney reconheceu que no começo de sua carreira artística esteve "em programas de televisão bastante ruins".

"Eu era bastante ruim, portanto não posso rir dos programas. Mas você sempre pensa em si próprio como um ator de filmes: 'Sou um ator de filmes, só que agora estou fazendo este péssimo programa de televisão'", continuou.

AP
O ator e diretor George Clooney, hoje no TIFF

"Há um período no qual simplesmente você tenta trabalhar. E então tem sorte. 'ER' [a série de TV 'Plantão Médico'] foi sorte", acrescentou Clooney.

"Imediatamente passei do anonimato a ser capaz de aparecer em um filme. Antes não conseguia. Tinha muitas audições e não o conseguia. Isso foi sorte. Não tinha nada a ver comigo. Era um ator que fazia só duas linhas em um filme", explicou.

Em The Descendants, um filme dirigido por Alexander Payne, e que estreou neste sábado no TIFF, Clooney interpreta um pai que tem que enfrentar a grave doença de sua esposa e uma difícil relação com seus três filhos.

Confira o trailer de "The Descendants":

Clooney também apresentou no TIFF seu quinto filme como diretor, e onde também escreveu, produziu e atuou -  The Ides of March.

Clooney assinalou que uma de suas maiores influências como diretor foi Sydney Lumet e qualificou seu filme Rede de Intrigas (1976) como "uma peça-mestra".

Confira o trailer de "The Ides of March":

Clooney também disse que atualmente está mais preocupado com o qualidade dos filmes nos quais participa que nos prêmios que ganha.

"A verdade é que quero fazer filmes que as pessoas lembrem, e se você faz cinco ou dez desses durante sua vida então você conseguiu", disse.

FESTIVAL DE TORONTO: DOCUMENTÁRIOS ROUBAM A CENA


Não é que Brad Pitt e George Clooney estejam sendo enxotados de lá, mas os documentários inscritos no Festival Internacional de Cinema de Toronto - TIFF estão recebendo uma atenção muito maior do que o habitual neste ano.

Além de From the Sky Down, filme sobre o U2 que abriu esta edição do evento, mestres como Werner Herzog, Morgan Spurlock, Wim Wenders e Alex Gibney também levarão nesta semana ao Canadá suas visões sobre a realidade.

"Abrimos mais espaço do que nunca nas nossas salas para os documentários, e os colocamos em espaços maiores do que nunca", disse Thom Powers, programador de documentários do festival.
"Isso reflete a crescente presença e importância do documentário na cultura em diferentes níveis."

A vários quarteirões do tapete vermelho por onde Bono e The Edge passaram para a estreia do documentário sobre o U2 na quinta (8) -  mais de mil pessoas se aglomeraram para ver o lançamento mundial de No Abismo, do alemão Herzog.

Spurlock, que ganhou fama mundial em 2004 com Super Size Me, desta vez mostra Comic Con: Episode IV - A Fan's Hope, sobre a popularíssima conferência anual da cultura pop que acontece todos os anos em  San Diego, Califórnia.

Wenders mostra Pina,  documentário em 3D sobre sua compatriota -  a influente coreógrafa Pina Bausch - enquanto Gibney estreia o seu Os Últimos Gladiadores, que aborda o mundo dos jogadores do hóquei no gelo.

Finalmente um festival importante dando a devida importância ao documentário.

FESTIVAL DE TORONTO: BRAD PITT BRINCA QUE FEZ "PACTO COM O DIABO" DURANTE COLETIVA DE APRESENTAÇÃO DE 'MONEYBALL'


O ator Brad Pitt disse nesta sexta (9) que está orgulhoso de seu último filme - Moneyball -  e brincou que o bom resultado obtido é fruto de um pacto que fez com o diabo, durante a estreia mundial do filme no Festival Internacional de Cinema de Toronto - TIFF.

"Cresci em um ambiente muito cristão. Saudável, uma família com muito amor, e não tentei nada por mim mesmo até que me tornei adulto e saí de casa. E o que tentei foi o satanismo. Está funcionando muito bem. Fiz um pacto. Por isso o filme saiu tão bem", brincou Pitt durante uma entrevista coletiva realizada em Toronto.

Brad Pitt também afirmou que as histórias de perdedores são sua fraqueza e que o gênero esportivo no mundo do cinema "é muito interessante".

O marido de Angelina Jolie, que além de protagonizar Moneyball é o produtor do filme -  que foi dirigido por Bennett Miller, de Capote (2005) - declarou que tem fraqueza por estas histórias de perdedores.
"Me atrai questionar as coisas que são estabelecidas a cada dia", assinalou.

Em Moneyball, baseado em uma história real, Pitt interpreta Billy Beane, o gerente da equipe de beisebol americana Oakland Athletics, uma franquia com um terço do orçamento das grandes equipes profissionais e que luta para ganhar os grandes do esporte.

Para fazê-lo, Beane utiliza um novo sistema com jogadores descartados por outros para criar uma equipe, em vez de um grupo com grandes individualidades.

"É um material complicado. Não tem a narrativa convencional nem um personagem convencional. Portanto levou muito tempo e muita gente para tentar conseguir fazê-lo", explicou Pitt, que durante a entrevista coletiva esteve acompanhado por seus companheiros de elenco, Jonah Hill, Philip Seymour Hoffman, Chris Pratt e o diretor do filme.

AP
Brad Pitt e Philip Seymour Hoffman, na coletiva de imprensa de "Moneyball" no TIFF 2011

"Finalmente, não podia me esquecer da história de um grupo que está preso em um esporte injusto e em uma situação injusta. Por necessidade tinham que se reinventar", acrescentou.

"É uma história sobre valores, como avaliamos outras pessoas, o que consideramos como sucesso e fracasso, como escolhemos nosso sistema de valores", acrescentou.

Confira o trailer de "Moneyball":

Por sua vez, Philip Seymour Hoffman, que interpreta o técnico do Oakland Athletics, afirmou que o filme foi para ele inspirador, porque "há um tipo que em meio a sua vida, de repente contempla seu passado e decide que tem que lidar com o que aconteceu antes".

"Todos nos encontramos de alguma forma nesse momento de nossas vidas e isso é importante para mim", acrescentou o Hoffman, que em 2006 ganhou um Oscar por sua interpretação de Truman Capote no filme de Miller.