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quarta-feira, 19 de junho de 2019

'BATMAN': LONGA DE TIM BURTON COMPLETA 30 ANOS DE LANÇAMENTO HOJE!

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Saiba tudo sobre o clássico, que estreou nos cinemas em 19 de junho de 1989
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Batman, de Tim Burton, um dos primeiros filmes de super-heróis de todos os tempos, completa exatamente neste 19 de junho 30 anos de seu lançamento.

Como eu fiz uma manhã inteira de malabarismos para poder estar na primeira sessão - e fiquei na sala de cinema pelas próximas quatro - queria rememorar com vocês o impacto que esse belo longa fez nos nossos corações e mentes.


Hoje em dia, filmes de super-heróis são tão comuns que se tornaram a fonte mais rentável e bem sucedida da Hollywood atual.

Mas se formos voltar ao passado e olhar 30 anos atrás, esta realidade era bem diferente.

Foi somente em 1989, no aniversário de 50 anos do Batman, que a Warner tirou do papel o primeiro filme do icônico personagem criado pelo artista Bob Kane em 1939.

Antes disso, a imagem mais popular que se tinha do personagem era a interpretada por Adam West na cult série da década de 1960 – aquele do “Pow”, “Soc”, “Wham”.

Essa versão do personagem era mais voltada ao humor, dono de um tom extremamente farsesco e caricato.

Também gerou um longa-metragem em 1966, rodado entre a primeira e a segunda temporadas, para lançar a bat série nos mercados de fora dos EUA.

Sim, meus queridos, ADAM WEST FOI O PRIMEIRO BATMAN DOS CINEMAS.


Desta forma, em 1989 foi a primeira vez que o personagem de fato ganhou um tratamento diferenciado e cinematográfico – no melhor sentido da palavra.

Não havia muito precedente, já que na época histórias em quadrinhos ainda eram consideradas coisa de criança e todo estúdio que se prezava via o material como um tremendo risco.

A não ser a própria Warner, que em 1978 tirou do papel, recebeu inúmeros elogios e lucrou  horrores com 'Superman - O Filme'.

Essa foi a primeira vez que um filme tratou tais obras com seriedade, apelando tanto aos adultos quanto às crianças.

Richard Donner, o diretor, fez com que todos acreditassem que um homem podia voar – esse era inclusive o slogan da produção.

No elenco, grandes astros da época davam o respaldo necessário, trazendo credibilidade ao projeto.

Marlon Brando – o maior ator americano à época – viveu o pai kryptoniano do herói, e Gene Hackman, ator que já tinha duas indicações e uma vitória no Oscar deu vida ao vilão Lex Luthor.


Com Batman, o desejo do estúdio era por uma proposta similar: uma obra calcada no realismo, sem esquecer se tratar de uma história de quadrinhos.

Essa mescla de fantasia com sobriedade e elementos adultos fazia toda a diferença - mas nem sempre foi assim.

O filme quase seguiu os moldes coloridos e bem humorados do seriado de TV, e por pouco não teve Bill Murray como o Homem Morcego e Eddie Murphy como Robin!

Nesta época, o diretor Ivan Reitman (Os Caça-Fantasmas) era cotado para comandar a produção.


Mas a opção da Warner e dos produtores Peter Guber e Jon Peters (os homens que fizeram este motor girar) foi mesmo por um tom mais sério, maduro, intenso e sombrio.

Depois de muitos diretores serem considerados, o comando do filme terminou nas mãos de Tim Burton, então um cineasta novato de 30 anos de idade, vindo do setor de animação da Disney, com apenas dois longas no currículo – o infantil As Grandes Aventuras de Pee-Wee (1985) e Os Fantasmas se Divertem (Beetlejuice, 1988).

Foi inclusive o sucesso do segundo, lançado pela própria Warner, que fez os produtores escolherem Burton de vez – o diretor teve assim mais de um ano para o lançamento Batman, já que Beetlejuice estreou no início de 1988.


De Burton, que depois adotaria de vez o estilo sombrio e o visual gótico, saído do expressionismo alemão, partiu a ideia para a criação daquele universo particular – que englobou a construção de uma imensa Gotham City em estúdio e sua direção de arte, o visual dos personagens (como o uniforme do herói – uma armadura negra), a trilha sonora imponente de Danny Elfman e os demais elementos.

O visual de Batman mistura elementos típicos do cinema noir, com uma criminalidade pulsante (bem similar a filmes de gângsters da década de 1930, o filme inclusive parece passado em tal década), com o visual fantástico, de sombras e cenários de angulações distorcidas, do expressionismo do cinema alemão - vide F.W. Murnau.

Por falar nesta atmosfera, muitos acreditavam que o filme sequer era indicado para seu público-alvo.


O crítico Gene Siskel, na época chegou a dizer que Batman “não era um filme para crianças”.

Já seu companheiro de programa, Roger Ebert, foi além, e citou:

“Não é apenas um filme sombrio ou noir, mas existe um grande nível de hostilidade e raiva neste filme, um grande nível de sentimentos ruins. É um filme extremamente perturbador”.


Quanto aos atores, depois de muita procura e ofertas – como é esperado num filme assim, de orçamento estimado na casa dos US$35 milhões (o que na época era um absurdo) - a produção optou por Michael Keaton, um ator que vinha basicamente de comédias, tinha estrelado  Beetlejuice, também de Burton, um ano antes e não tinha o porte do personagem como os fãs queriam.

A opção de Burton era por um homem comum, extremamente identificável, que deixava fluir seu lado negro e assustador devido a um grande trauma.

A proposta de entregar algo completamente fora do padrão, do esperado e atuando contra o estereotipo se mostrou muito bem sucedida e Keaton ainda permanece como o Batman preferido de muitos - para muitos também, ele é melhor Bruce Wayne do que Batman.

Só que na época, os fãs do Morcego odiaram a escolha por Keaton, dizendo, por baixo, que não conseguiam vê-lo como o personagem.

Numa época pré internet, mais de 50 mil cartas foram enviadas para a Warner se posicionando contra a escolha do ator.


Para acalmar os ânimos, a Warner divulgou imagens do ator dentro da armadura – os fãs ainda imaginavam o collant típico dos heróis, como nos quadrinhos, na série de TV e o usado por Christopher Reeve em Superman (1978).

A ideia da armadura foi revolucionária e coloca o herói, que não possui poderes sobre-humanos como os outros super-heróis, numa situação de vantagem, se tornando inclusive à prova de balas.

A roupa também dava todos os músculos e a altura que Keaton precisava para ser o herói.

Recentemente, Shazam! usou a mesma estratégica com o ator Zachary Levi.


Quanto ao vilão Coringa, o astro Jack Nicholson só topou o interpretar quando a Warner armou uma “armadilha” para o ator.

A fim que o astro aceitasse, a Warner fez chegar aos seus ouvidos que Robin Williams iria ficar com o papel – a quem o personagem havia realmente sido oferecido.

Assim, Nicholson pulou na oferta - e Williams por outro lado não gostou nada de ter sido usado como isca.

No meio das filmagens, alertado pelo seu agente sobre o imenso potencial de vendas de produtos licenciados com a sua imagem como o Coringa,
Nicholson pediu uma reunião com a diretoria da Warner e exigiu um novo contrato, que lhe daria, além de uma porcentagem da bilheteria ao invés de um salário fixo pelo filme, um percentual em cada produto ou boneco do Coringa que fosse lançado;

Foi uma manobra arriscada se o filme se mostrasse um fracasso, mas, visionário, Nicholson acabou embolsando cerca de US$80 milhões para viver o palhaço do crime – ainda hoje, um dos maiores cachês a um ator na história.


Kim Basinger não topou de primeira viver a repórter Vicki Vale, sendo substituída pela atriz Sean Young (Blade Runner – O Caçador de Androides).

Young chegou a rodar cenas como Vale, mas numa delas, na qual andava a cavalo, caiu e quebrou a clavícula, precisando se afastar por completo da produção.

Assim, Basinger foi chamada às pressas e depois de reajustes na oferta salarial, topou o desafio.

Além disso, Basinger insistiu para aumentar seu papel no filme.

Na cena final, a do duelo entre Batman e Coringa na catedral de Gotham, Vale ficaria de fora, lá embaixo.

Basinger insistiu para que sua personagem estivesse no ato final e assim, os roteiristas ao lado da atriz reescreveram o desfecho para incluí-la.

Isso que é iniciativa!


Realmente talvez seja muito difícil para a geração de hoje, nascida numa era de filmes eventos e colossos semanais, entender o fenômeno cultural que foi Batman.

Não existia precedentes para esta magnitude.

Só em matéria de merchandising, por exemplo, os materiais promocionais de Batman (como cartazes, outdoors e o símbolo amarelo do Morcego) começaram a ser veiculados um ano antes da estreia.

Até mesmo no Brasil vimos o símbolo do herói espalhado pela cidade.

E sim, como o trailer só passava nos cinemas, muitos de nós, bat maníacos, íamos até ás salas, comprávamos o ingresso, entrávamos, assistíamos ao trailer espetacular - e depois íamos embora.

Afinal, nenhum filme se equipararia a Batman, né?

Relembre o icônico trailer:


O filme lucrou mais de US$40 milhões em sua estreia, somando mais de US$250 milhões só nos EUA.

Pelo mundo, Batman arrecadou mais de US$ 410 milhões - um verdadeiro arrasa-quarteirão para a época.

Se a bat série (1966-1968) foi a responsável pela primeira grande 'Batmania' mundial, o filme de 1989, seguramente detonou a segunda 'Batmania' mundo afora.

Era o início de uma nova era.


E o que temos hoje no terreno de superproduções megalomaníacas se deve muito a este filme.

Os blockbusters haviam dado seu start com Tubarão (1975) e depois disso, na década de 1980, abriam a porta como nunca antes para o cinema entretenimento.

Mas é seguro dizer que Batman elevou o jogo a outro patamar.

Como previu o astro Sylvester Stallone após o lançamento deste filme, o cinema comercial estava prestes a mudar, atores davam lugar a marcas, efeitos e personagens.


Tim Burton fez no ano seguinte um dos seus filmes mais simpáticos - 'Edward Mãos de Tesoura', catapultando ao estrelato seus protagonistas Wynona Rider e Johnny Depp.

Logo depois, fez 'Batman Returns', para muitos - eu inclusive - o melhor filme do Morcego e que, além de Michael Keaton como um Batman/Bruce espetacular,  tinha uma espetacular Michelle Pffeifer como a Mulher-Gato e Danny DeVitto como o Pinguim.

Tivemos depois disso os dois longas horrorosos de Joel Schumacher, a brilhante trilogia de Chris Nolan com Chris Bale e o Morcego meia boca de Ben Affleck.

Só esperamos, como bons bat-maníacos que somos, que Robert Pattison faça pelo menos metade do que Tim Burton fez em 1989.

O Morcego, agora com oitenta anos, merece!

sábado, 16 de março de 2019

CLÁSSICOS CINEMARK: 'BATMAN' (1989) E OUTROS CULT FILMES RETORNAM AOS CINEMAS BRASILEIROS

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'Um Lugar Chamado Notting Hill', 'Os Bons Companheiros' e 'Alien, o Oitavo Passageiro' também voltarão às telonas
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Neste mês de março, a rede Cinemark dará início a mais uma temporada do projeto que visa trazer novamente aos cinemas brasileiros os filmes que foram sucessos de bilheteria décadas atrás: o Clássicos Cinemark.

Uma vez por mês, por dois dias, um clássico diferente poderá ser conferido em sessões ao redor do Brasil - os ingressos custarão entre R$8,00 e R$16,00.

As compras já podem ser garantidas desde já em todas as bilheterias dos complexos e também pelo aplicativo da rede.

Nos dias 26 e 30 de março, o filme da vez é o divisor de águas Batman, de 1989.

Dirigido por Tim Burton, com Michael Keaton como Bruce/Homem-Morcego e Jack Nicholson como o Coringa, o longa surpreendeu ao sair vitorioso do Oscar do ano seguinte, voltando para a casa com um prêmio de Melhor Direção de Arte para Anton Furst e Peter Young.

O longa também foi o responsável por detonar a segunda grande 'Batmania' mundo afora - a primeira aconteceu com a estreia da batssérie com Adam West, em 1966.

RELEMBRE O TRAILER DE 'BATMAN':


Nas sessões de 16 e 20 de abril, os fãs de comédias românticas poderão conferir Um Lugar Chamado Notting Hill, com Julia Roberts e Hugh Grant formando um dos casais mais icônicos do cinema.

Escrito pelo aclamado Richard Curtis e dirigido por Roger Mitchell, a obra é uma referência até hoje para arcos de desenvolvimento em diversos filmes do gênero.

RELEMBRE O TRAILER:


Em 28 de maio e 1 de junho, Alien, o Oitavo Passageiro, ícone da ficção científica, será o reestreante do momento.

Comandado por Ridley Scott, o filme, que mais tarde seria conhecido como o pontapé de uma longa franquia que perdura até hoje —, traz a tenente Ripley (Sigourney Weaver) como uma das mulheres mais fortes da cultura popular.

RELEMBRE O TRAILER:


Fechando o ciclo, nos dias 25 e 29 de junho, uma mais obras mais icônicas do cineasta Martin Scorsese voltará às telonas depois de quase 30 anos: Os Bons Companheiros.

Arrebatando diversas premiações no ano de 1991, o filme traz o poderoso trio de Robert de Niro, Joe Pesci e Ray Liotta como os protagonistas da trama.

RELEMBRE O TRAILER:


Os Clássicos Cinemark serão exibidos em 32 complexos da Cinemark nas cidades de Aracaju, Belo Horizonte, Brasília, Campinas, Campo Grande, Curitiba, Florianópolis, Foz do Iguaçu, Goiânia, Londrina, Mogi das Cruzes, Natal, Niterói, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, Santos, São Caetano, São José dos Campos, São Paulo, Uberlândia, Varginha, Vila Velha e Vitória.

Acesse o site oficial da rede Cinemark para obter a relação de todos os complexos participantes.

sábado, 9 de setembro de 2017

MICHAEL KEATON REVELA PORQUÊ NÃO ESTRELOU 'BATMAN ETERNAMENTE'

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Ator ainda detonou o terceiro longa
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Michael Keaton, primeiro intérprete do Batman no cinema - ele estrelou ‘Batman‘ (1989) e ‘Batman: O Retorno‘ (1992), ambos dirigidos por Tim Burton - voltou a falar em entrevista ao The Guardian porque decidiu não retornar para o terceiro ‘Batman‘.

Após Burton pular fora do projeto, Keaton decidiu fazer o mesmo.

“Fui paciente até ver como eles fariam o projeto, depois descobri que não poderia fazer, porque achei que seria horrível. Existiam muitos projetos de mal gosto nos anos 90”, afirmou.

Michael Keaton, em foto recente - Variety

Recentemente, ele alegou que deixou a franquia após Joel Schumacher substituir Tim Burton como diretor.

“O roteiro era uma porcaria. Eu sabia que teria problemas quando Schumacher disse: ‘Porque tudo tem que ser tão sombrio?'”  - afirmou.

Segundo ele, Schumacher fez questão de chamar outro ator - Val Kilmer - para viver o personagem após uma série de reuniões catastróficas com Keaton.

Após realizar o ruim ‘Batman Eternamente‘ com Kilmer, Schumacher ainda fez uma sequência ainda pior: ‘Batman & Robin‘, com George Clooney como o Morcego.

Michael Keaton e Tim Burton, nas filmagens de 'Batman Returns' - Warner Bros.

Recentemente, Keaton revelou que gostaria de interpretar o herói novamente em um filme de Burton.

“Se fosse com Tim Burton dirigindo? Aceitaria na hora. Foi Tim quem realmente inventou essa coisa toda de super-herói sombrio. Ele começou essa onda e alguns desses caras que vem fazendo filmes do gênero não admitem, e estão errados.”

Grande Michael Keaton!

segunda-feira, 23 de junho de 2014

'BATMAN': FILME DE TIM BURTON QUE RESGATOU PERSONAGEM PARA O CINEMA COMPLETA 25 ANOS


Em 1978, 'Superman: O Filme', dirigido por Richard Donner, foi um grande sucesso e durante anos, permaneceu como a melhor adaptação de quadrinhos para o cinema.

Mas o êxito inicial também se transformou quase que em mico, com as sequências que vieram nos anos seguintes, onde tudo o que era bom no longa de estreia ficou ruim na parte 2,  péssimo nas partes 3 e 4 e desacreditou totalmente os filmes inspirados em HQs.

Ainda bem que a Warner/DC tinha uma senhora carta na manga para resgatar a credibilidade dos super-heróis nas telonas e foi assim que surgiu  'Batman', longa dirigido pelo ainda desconhecido Tim Burton.

Lançado nos Estados Unidos em 23 de junho de 1989, quando o herói completava 50 anos, 'Batman' completa 25 anos hoje cercado de grandes números e até polêmicas entre os fãs, pois ainda há aqueles que gostam da produção incondicionalmente e outros que acreditam que Tim Burton não poderia ter dirigido e que Michael Keaton não poderia ter ficado com o papel principal.

O filme é histórico por ter detonado a chamada 'Segunda Bat Mania' no mundo - a primeira foi em 1966, com o lançamento da bat série estrelada por Adam West e Burt Ward, dupla que estrelou inclusive o primeiro longa para as telonas, também chamado 'Batman' e produzido entre a primeira e segunda temporadas da série.

'Batman' chegou aos cinemas em 1989, mas já se tentava um novo filme do Homem-Morcego há, pelo menos, dez anos.

O símbolo do Batman, no logo oficial do filme - Fotos dessa postagem: Divulgação/Warner Bros

Inicialmente os direitos de filmagem foram comprados pelos produtores Michael Uslam e Benjamin Melniker, os mesmos da adaptação de 'Monstro do Pântano'.

No fim das contas, ambos acabaram creditados como produtores executivos, mas quem levou a obra adiante foram os mega produtores Jon Peters e Peter Guber - o motivo para tamanha demora é que, segundo Guber disse à época, “havia muitas versões de roteiros escritos e muitos bons diretores envolvidos. Aí, houve um momento em que Jon e eu vimos Tim Burton, sua criatividade e o projeto começou a tomar forma”.

O que colocou Tim Burton no projeto, sem dúvida, foi o sucesso de 'Os Fantasmas se Divertem' (1988): o filme 'terrir' - terror com humor negro - com Michael Keaton como protagonista foi bem nas bilheterias mas não foi só por isso que chamou a atenção, pois seu jovem diretor, um semi desconhecido para o grande público, mostrou originalidade, segurança e um estilo bem próprio.

Até então, Burton tinha este e apenas mais um longa na carreira - 'As Grandes Aventuras de Pee-Wee' (1985) e 'Batman' foi seu próximo trabalho após 'Os Fantasmas se Divertem'.

O roteiro para a volta do Morcego ás telonas foi escrito por Sam Hamm - sob a supervisão de Burton - e o tom do filme seria bem diferente daquela imagem que muita gente tinha do Batman, a da cult série dos 60 que era totalmente voltada para a sátira e humor.

Desde o início dos 70, o herói já era mostrado nas HQs como um ser sombrio, enigmático, soturno e mostrando seu lado detetivesco, graças às HQs escritas por Dennis O`Neil e com arte de Neal Adams, que resgataram o herói e seu estilo dark bem próprios de seu surgimento no mundo dos quadrinhos, em 1939 e parte dos anos 40.

Este jeitão sombrio se acentuou ainda mais com 'Cavaleiro das Trevas', minissérie em quatro partes escrita e desenhada por Frank Miller e que é um dos marcos do gênero e embora o filme de 1989 não seja uma adaptação do clássico de Miller, há uma certa inspiração nesta obra - também é possível notar alguns elementos de 'A Piada Mortal', de Alan Moore, outra excelente HQ do Homem-Morcego dos anos 80.

O projeto, porém, não foi tranquilo para Tim Burton e Sam Hamm e o que se vê no filme pronto são alguns momentos bem complicados e outros que não fazem lá muito sentido.

Por exemplo: por que Bruce Wayne (Michael Keaton), pouco tempo depois de iniciar sua carreira como o Batman, revela toda a verdade para a repórter Vicki Vale (Kim Basinger)?

Michael Keaton e Kim Basinger, em cena do longa

Também dá para reclamar da falta de cenas de ação, mas devemos sempre lembrar que nem tudo que se viu na telona foi exatamente culpa de Burton ou de Hamm, pois o resultado final teve muita interferência dos executivos da Warner, que tentaram até enfiar Robin no roteiro - coisa que Burton conseguiu impedir.

Pior: Hamm não chegou a terminar seu trabalho, já que houve uma greve de roteiristas em 1988, o que fez com que outros o terminassem.

Até hoje o elenco principal do longa gera discussões entre os fãs.

Tem gente que simplesmente detesta a escolha de Michael Keaton para interpretar Bruce Wayne/Batman, pois, aparentemente, o ator não tem muito a ver com o empresário-playboy que conhecemos dos quadrinhos: baixinho, já com cabelo de menos e sem porte atlético, Keaton gerou muita desconfiança, já que ninguém imaginava como é que ele iria conseguir ser o Homem-Morcego daquele jeito.

A questão foi resolvida, em parte, pela armadura criada como uniforme, que deixou o ator mais alto e bem imponente em frente as câmeras - armaduras que a partir de então sempre fizeram parte do visual do heróis nas telonas, mesmo sendo interpretador por atores malhados em cena (como Christian Bale) e que, felizmente, sumiram com o visual criado agora para Ben Affleck em 'Batman v Superman', onde o herói voltará a usar uma malha justa que deixa seus músculos à mostra.

A maquiagem também ajudou: como Batman, Keaton usou um queixo falso, mais quadrado que o seu, dando ao rosto do herói uma agressividade masculina.

Mesmo assim e apesar do descrédito, Keaton é conhecido até hoje por ser um grande ator e acabou por fazer um bom trabalho, mesmo não tendo aquele ar heroico que veríamos em outros longas do Batman anos mais tarde.

Michael Keaton e Jack Nicholson, em foto promocional do longa

O outro grande personagem do filme, o Coringa, foi vivido por Jack Nicholson, que teve uma atuação muito elogiada por fãs e vários críticos.

Com um jeito debochado e muito humor negro, Nicholson roubou as atenções e na época, se ele foi praticamente uma unanimidade no papel do vilão, hoje a coisa já não é bem assim pois, depois de Heath Ledger mostrar ao mundo o seu Coringa psicótico em 'Batman: O Cavaleiro das Trevas', muita gente passou a menosprezar a atuação de Nicholson - o que é uma bobagem sem tamanho.

Michael Keaton e Jack Nicholson, em foto promocional do longa

Aliás, um dos responsáveis por Jack Nicholson estar no elenco foi justamente Bob Kane, criador do Homem-Morcego, que durante anos pediu para os produtores colocarem o ator como Coringa no longa.

Nicholson começou as filmagens meio no piloto automático, apesar do cachê de U$ 5 milhões já depositado na sua conta.

Só que, com o passar dos dias, percebeu que estava sentado uma mina de ouro e, então, convocou seu agente, que convocou o pessoal da Warner para renegociarem seu contrato.

Nicholson passou, então, para um cachê de U$ 8 milhões, mais participação em todos os produtos - bonecos, chaveiros e etc - que fossem feitos com a imagem do seu Coringa e o resultado é que o ator embolsou mais de US$ 82 milhões, o maior lucro que um ator já teve com um papel em todos os tempos, jamais igualado até hoje.

Michael Keaton e Jack Nicholson, em foto promocional do longa

O projeto foi uma superprodução para a época e a única grande atração do elenco era mesmo Jack Nicholson, pois os demais atores eram semi desconhecidos, inclusive Michael Keaton, que só tinha 'Os Fantasmas se Divertem' como maior destaque - e isso não quer dizer que fossem maus atores, apenas que a opção foi por ter um elenco mais barato para gastar em outras coisas, como efeitos especiais e cenários, por exemplo.

Michael Gough já era um conhecido ator inglês dos filmes de terror da Hammer quando interpretou o mordomo Alfred

A Gotham City que se vê nas telas, por exemplo, é sensacional: os gigantescos sets da cidade, criados por Anton Furst, foram construídos no Pinewood Studios - enorme complexo nos arredores de Londres, criados nos anos 60 justamente para que os gigantescos cenários da 'saga 007' pudessem se tornar realidade.

Na época, Furst declarou que a ideia era ter algo como se Nova York tivesse dado completamente errado e os prédios altíssimos impedissem a entrada de luz na cidade, tudo num estilo gótico, sujo, decadente e pouco amistoso - ou seja: um lugar em que Batman poderia realmente viver.

A trama do longa não mostra a origem do Homem-Morcego e seu surgimento, com o assassinato de seus pais, é mostrado em flashback.

O mesmo não acontece com o Coringa, que conhecemos ainda quando ele era Jack Napier, braço direito do chefe do submundo de Gotham, Carl Grissom (Jack Palance): tentando passar o chefe pra trás, ele sobre uma emboscada e cai num tanque numa fábrica de produtos químicos, ficando com a pela branca , cabelos verdes e face destruída.

Jack Palance como Grissom e Jack Micholson como Jack Napier, em cena do longa

Tentando arrumar sua face desfigurada pelo ácido, o carniceiro que o opera deixa nela um sorriso permanente - nasce aí o Coringa, que mata Grissom e assume seus negócios, tocando o terror na cidade.

O que vemos são os primeiros dias do herói em sua luta contra o crime, com Bruce Wayne decidindo entrar em ação principalmente porque Gotham está um caos: a polícia é totalmente corrupta e o chefão Grissom tem a cidade em suas mãos.

Diferentemente das HQs, o filme mostra que Jack Napier, o Coringa, é o assassino dos pais de Bruce, o que faz uma ligação forte entre os dois personagens.

Daí para frente, o que vemos é o Homem-Morcego batendo de frente com o vilão e lutando com todas as suas forças para acabar com os planos do inimigo até o clímax das cenas finais, no topo da catedral de Gotham, onde Batman e Coringa partem para um sensacional 'mano a mano', que termina com a morte do vilão, que despenda das alturas para a morte.

No longa, os principais bat gadgets além da armadura, são uma Batcaverna 'high-tec', um Batmóvel repleto de truques e uma sensacional 'BatWing', que o Coringa consegue derrubar com um único tiro de revólver - ainda bem que na quadrinização do longa, é explicado que o revólver, de cano muito longo era especial e que a bala era na verdade um pequeno míssil terra-ar...

Primeira foto divulgada da produção mostrou ao mundo o visual do Batman e do Batmóvel

O elenco principal é completado por Robert Wuhl como Alexander Knox, Pat Hingle no papel de Comissário Gordon, Billy Dee Williams interpreta Harvey Dent, Michael Gough vive Alfred e Jerry Hall aparece como Alicia Hunt.

O filme teve um orçamento em torno de US$ 40 milhões (sem contar marketing), o que o colocava mesmo como uma superprodução de Hollywood para a época - para comparar, 'Indiana Jones e a Última Cruzada', terceiro longa do arqueólogo, lançado no mesmo ano pela Universal Pictures, custou US$ 48 milhões.

Investir essa grana toda num super-herói dos quadrinhos não deixou de ser algo arriscado, já que personagens das HQs não estavam em alta na época e não havia nada que garantisse o retorno.

Primeira aparição do Batmóvel no longa acontece na sequência da fuga de Batman e Vicki Vale do Museu de Gotham

Mas, mesmo assim, a Warner Bros resolveu apostar alto e mesmo sem certeza do retorno, fez valer o investimento e para isso, montou uma sensacional campanha de marketing.

Meses antes do lançamento do filme, a marca do Homem-Morcego estava espalhada pelo mundo todo: o morcego negro dentro da insígnia amarela podia ser visto em adesivos de carros, bancas de revistas, lojas de brinquedos, álbum de figurinhas e mais uma infinidade de produtos e numa época ainda sem internet, os já alucinados batfãs se viravam para ver trailers nas TVs e até em outros filmes no cinema.

No Brasil, o programa 'Metrópolis', da TV Cultura, anunciou com um certo alarde que exibiria o trailer - o que fez muitos fãs sintonizarem o canal - e eu mesmo, seguindo o que milhares já haviam feito, fui diversas vezes ao cinema, paguei o ingresso, assisti ao trailer e não fiquei para ver o filme!

Confira o trailer histórico:


O marketing agressivo da Warner também invadiu as rádios e a MTV: Prince - já em baixa - foi chamado para fazer a trilha sonora e lançou um álbum com o mesmo título do filme, também em 1989, que revitalizou sua carreira.

Tudo foi gravado entre fevereiro e março daquele ano, algumas das canções - principalmente 'Batdance' - foram bastante executadas nas rádios e na TV e o álbum vendeu bastante, ficando durante seis semanas como o mais vendido na parada da Billboard.

Confira o clipe de 'Batdance':


A campanha agressiva também pode ser considerada histórica, já que mudou para sempre a maneira de se promover um blockbuster: só de produtos licenciados o longa arrecadou US$ 750 milhões, quase o dobro do que o longa fez nas bilheterias e o mais sensacional disso é que a maior parte desta grana foi gerada antes do filme sequer estrear, tamanha era a ansiedade das pessoas para ver o herói nas telas.

Com isso, o longa pagou seus custos de produção no primeiro fim de semana de exibição, quando arrecadou US$ 40.4 milhões, um verdadeiro fenômeno.

O resultado deste trabalho de marketing pode ser visto nas bilheterias: 'Batman' arrecadou cerca de US$ 411 milhões no mundo todo, um feito e tanto para a época e algo que mostrou que coisas muito boas poderiam vir das páginas dos quadrinhos.

Apesar das polêmicas, o trabalho do diretor rendeu muitos frutos no futuro e o mais óbvio, claro, foi a continuação 'Batman: O Retorno' (1992), onde Burton teve carta branca da Warner e sem interferências no seu trabalho, fez o que para mim é, até agora, o melhor longa do Batman de todos os tempos.

O 'Batman' de 1989 é considerado hoje um relançamento dos super-heróis nas telonas, algo que acabou sendo radicalizado no ano 2000, quando os X-Men, de Bryan Singer, entraram em cena.

É verdade que a história do herói nas telas desandou nos anos seguintes, especialmente com os dois longas dirigidos por Joel Schumacher, mas mesmo os dois fracassos conseguiram ensinar aos grandes estúdios como não tratar um super-herói nos cinemas.

Felizmente, a mesma Warner promoveu o resgate cinematográfico do Homem-Morcego em 2005, com 'Batman Begins', primeiro da trilogia dirigida por Chris Nolan.

O longa só estreou no Brasil em 26 de outubro de 1989 e eu, que na época trabalhava viajando, corri para visitar clientes pela manhã em Campos do Jordão para, à tarde, já estar livre num Shopping da vizinha São José dos Campos, onde vi três sessões de uma tacada só.

Filmaço, que já tive em VHS, DVD e agora, bluray.

'BATMAN'
Título Original:
Batman
Gênero:
Fantasia , Suspense , Ação
Direção:
Tim Burton
Elenco: 
Jack Nicholson, Michael Keaton, Kim Bassinger, Michael Gough, Billy Dee Williams, Robert Wuhl, Pat Hingle, Jack Palance, Jerry Hall, Tracey Walter, William Hootkins
Roteiro:
Sam Hamm, Tim Burton
Produção:
Jon Peters, Peter Guber
Direção de Arte e concepção do uniforme, Batmóvel e BatWing:
Anton Furst
Trilha Sonora:
Danny Elfman, Prince
País:
Eua, Reino Unido
Cor:
Colorido
Duração:
2h05min
Estúdio:
PolyGram Filmed Entertainment, Warner Bros.
Distribuição:
Warner Bros.
Estreia nos EUA:
23 de junho de 1989
Estreia no Brasil:
26 de outubro de 1989
Cotação do Klau: