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sábado, 10 de setembro de 2011

FESTIVAL DE VENEZA: ALEXANDER SOKUROV E SUA VERSÃO DE 'FAUSTO' LEVAM LEÃO DE OURO - CONFIRA OUTROS GANHADORES


Depois de vários dias, o 68o. Festival Internacional de Cinema de Veneza, o mais antigo do mundo, chegou ao fim hoje, com a entrega dos principais prêmios.

É o que você acompanhará nessa postagem.

LEÃO DE OURO - "Fausto", de Alexander Sokurov (Rússia)

Para o veterano cineasta russo Aleksandr Sokurov, valeu a pena esperar.

Seu épico Fausto, adaptação da obra do autor alemão Johann Wolfgang Goethe e seu primeiro filme realizado em quatro anos, veio a Veneza para levar o Leão de Ouro - uma das apostas mais seguras nesta tarde entre os jornalistas - e levou mesmo!

AFP
O diretor russo Alexander Sokurov leva Leão de Ouro no Festival de Veneza pelo filme "Fausto"

Um diretor a quem não faltam credenciais para um prêmio destes, digno de quem realizou Arca Russa, Moloch, Taurus, Pai e Filho e O Sol, alguns títulos de uma obra sólida e consagrada.

É o grande cineasta russo da atualidade, e um dos melhores de todos os tempos, e, justamente por isso, o Leão de Ouro de 2011 está em boas mãos.

Relembre o trailer de "Fausto", o grande vencedor de Veneza 2011:

O cinema oriental, que nesta edição entusiasmou pouco os críticos, no final levou três prêmios importantes.

LEÃO DE PRATA DE MELHOR DIREÇÃO - "People Mountain People Sea", de Shangjun Cai (China)

O diretor Cai Shangjun foi o responsável pelo filme-surpresa dessa edição.

 People Mountain People Sea - que saiu clandestinamente da China sem ser submetido à censura - deverá dar problemas ao diretor na volta para casa.

AFP
O chinês Cai Shangjun segura seu Leão de Prata de melhor diretor da 68ª edição do Festival de Veneza

Confira o trailer do ganhador do Leão de Prata:

COPA VOLPI DE MELHOR ATRIZ - Tao Jie - "A Simple Life" (China)

Atriz veterana, foi premiada por outro filme chinês - de Hong Kong -, A Simple Life, de Ann Hui.

Ela interpreta sutilmente Ah Tao, uma mulher que trabalha há 60 anos para a mesma família e que cuida de um menino.

AFP
A atriz recebe sua Copa Volpi em Veneza

Após vê-la sofrer um infarto, Roger começa a ter uma verdadeira relação com a senhora que cuidou dele por toda a vida.

COPA VOLPI DE MELHOR ATOR - Michael Fassbender - "Shame" (Reino Unido)

O competente bloco britânico, no final, conquistou dois prêmios, entre eles um merecido troféu de melhor ator para o ator alemão Michael Fassbender pelo drama Shame, de Steve McQueen.

AP
Michael Fassbender segura sua Copa Volpi de melhor interpretação masculina

Fassbender, de 34 anos, ficou conhecido do grande público ao ser dirigido por Quentin Tarantino em Bastardos Inglórios (2009), e agora com Shame dá uma lição de força interpretativa com um complexo personagem, viciado em sexo e isolado voluntariamente do mundo que o cerca.

PRÊMIO MARCELLO MASTROIANNI - Shôta Sometani e Fumi Nikaidô em "Himizu" (Japão)

O prêmio que leva o nome de um dos maiores atores de todos os tempos é destinado a jovens atores - tipo uma "melhor revelação" -  e foi entregue aos dois protagonistas do concorrente japonês Himizu, de Sion Sono - Shôta Sometani e Fumi Nikaido.

AFP
O diretor Sion Sono, a atriz Shota Sometani e o ator  Fumi Nikaido, em Veneza

PRÊMIO ESPECIAL DO JÚRI - "Terraferma", de Emanuele Crialese (Itália)

Os italianos, que este ano tinham três candidatos ao Leão de Ouro, acabaram levando um importante Prêmio Especial do Júri para o drama Terraferma, de Emanuele Crialese - que aborda um tema atualíssimo e premente na Itália hoje - a intolerância em relação aos imigrantes clandestinos africanos, cuja entrada no país é combatida inclusive por legislação a quem lhes der socorro ou qualquer tipo de apoio humanitário.

AFP
O diretor Emanuele Crialese

Romano de origem siciliana, Crialese, de 46 anos, pertence a uma nova geração italiana e já havia vencido como diretor revelação na mesma Veneza, há cinco anos, por Novo Mundo.

MELHOR ROTEIRO - "Alpis"  (Grécia)

Um prêmio relativamente surpreendente coube ao grego Alpis, vencedor de melhor roteiro -  assinado pelo diretor Yorghos Lanthimos - de Dente Canino - e Efthimkis Filippou.

Um destes filmes estranhos, mas criativos, que ficam na memória tempos depois que a projeção terminou.

MELHOR FOTOGRAFIA -  O Morro dos Ventos Uivantes, de Andrea Arnold (Reino Unido)

O prêmio de Contribuição Técnica da Fotografia foi para O Morro dos Ventos Uivantes, de Andrea Arnold.

PRÊMIO FIPRESCI DE MELHOR FILME - "Shame" (Reino Unido)

Além do prêmio de Melhor Ator para Michael Fassbender, "Shame" também venceu o prêmio de Melhor Filme pela FIPRESCI, a Federação Internacional dos Críticos - o que não é pouco.

MELHOR ROTEIRO - "Alpis", de Yorgos Lanthimos (Grécia)

Mais um prêmio para esse filme grego, que os críticos acharam estranho, mas bom.

E TEVE TAMBÉM OS COTADOS, MAS  QUE SAÍRAM  SEM NADA... 

O francês Carnage - de Roman Polanski, favorito da tabela dos críticos divulgada hoje cedo pelo diário do festival - e seu magnífico quarteto de atores -Kate Winslet, Jodie Foster, Christoph Waltz e John C. Reilly - nada ganharam.

Os cinco concorrentes norte-americanos: George Clooney - por Tudo pelo Poder, William Friedkin - por Killer Joe, Abel Ferrara - por 4:44 Last Day on Earth, Todd Solondz - por Dark Horse e Ami Canaan Mann - por Texas Killing Fields, vieram ao Lido à toa e também não levaram nada, como também nada levou o diretor canadense David Cronenberg e seu poderoso A Dangerous Method.

Todos eles, ao que parece, não impressionaram o júri presidido pelo cineasta norte-americano Darren Aronofsky.

Sobre o badalado filme de Madonna, W.E., crítica e público foram unânimes de que ela deveria dedicar toda a sua energia à carreira de cantora, pois interpretando ou dirigindo, suas performances são abaixo da crítica, para ficarmos em termos leves.

Concorrente na seção Horizontes, o docudrama brasileiro Girimunho, de Helvécio Marins e Clarissa Campolina, venceram um prêmio secundário -  o Interfilm Award - por promover o diálogo interreligioso.

Terminado o 68o. Festival Internacional de Cinema de Veneza, as atenções vão todas agora para o Festival de Toronto - TIFF, que já começou e que você também vai acompanhar tudo o que de melhor acontecer aqui.

Quanto à Veneza, até 2012!
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Com: Neusa Barbosa, do portal Cineweb em Veneza - AFP - AP - Reuters - site de Veneza 2011
Redação Final: Cláudio Nóvoa

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

FESTIVAL DE VENEZA: FILMES ITALIANOS ABORDAM IMIGRAÇÃO


A imigração na Itália é um tema importante no Festival de Cinema de Veneza deste ano, com vários filmes domésticos assumindo uma visão crítica sobre como as autoridades do país e o povo italiano estão lidando com uma onda crescente de recém-chegados.

A questão não poderia ser mais atual em um ano em que dezenas de milhares de imigrantes ilegais, fugindo dos distúrbios políticos no norte da África e da guerra civil na Líbia, chegaram na Itália e em que outras centenas se afogaram no mar.

Terraferma, do diretor Emanuele Crialese, explora como as vidas de um pescador e sua família em uma ilha remota na costa da Sicília é transformada quando ele resgata uma etíope grávida do mar e a esconde em sua casa.

O filme, que está na principal competição do festival, fala de uma história ficcional e não identifica a ilha, mas seu elenco inclui uma ex-imigrante que sobreviveu à perigosa jornada no mar e a história poderia facilmente se passar em Lampedusa - um pedaço de terra italiano que vem suportando o peso dos refugiados da Tunísia e Líbia.

Divulgação
Cena de"Terraferma", do diretor Emanuele Crialese

O número de africanos que arriscam suas vidas para cruzar o mar Mediterrâneo em barcos frágeis frequentemente sobrepuja a população de Lampedusa, que é de cerca de 5.000 pessoas, transformando a ilha em um campo de refugiados a céu aberto, onde os imigrantes são deixados por conta própria e os moradores locais se sentem abandonados pelo Estado.

No filme, o pescador Ernesto conhece apenas a lei do mar - ele sente uma obrigação moral em ajudar as pessoas em águas turbulentas, não importa o que dizem as autoridades.

Mas alguns parentes não estão tão convencidos: o  fluxo de imigrantes ilegais está arruinando a reputação da ilha como paraíso turístico, e a guarda-costeira pune os moradores que não relatam os imigrantes para a polícia tomando seus barcos.

Crialese decidiu fazer o filme em 2009 depois de ler a história de uma africana que foi um dos cinco sobreviventes em um barco lotado que passou 21 dias à deriva no mar sem ajuda antes de chegar a Lampedusa.

"Fiquei hipnotizado pelo rosto dela, por sua expressão. Ela tinha acabado de passar pelo inferno, três semanas em alto mar, com pessoas que os viam, se aproximavam e jogavam água e então os abandonavam novamente. E ela parecia ter chegado ao paraíso", disse.

Crialese ofereceu à mulher, identificada apenas como Timnit T., a parte da etíope grávida, no filme que é uma denúncia clara à repressão da imigração ilegal do governo do primeiro-ministro Silvio Berlusconi e a sua falta de preparo em frente de emergência humanitária.

"Para mim, a resposta do Estado é totalmente inadequada", disse Crialese depois que o filme foi bem recebido em uma exibição para a imprensa no domingo.

"Deixar as pessoas morrerem no mar é um sinal de uma grande falta de civilização, para um país que se diz civilizado", disse.

Confira o trailer de "Terraferma":

Uma mensagem similar, embora em um estilo diferente, também permeia Cose dell'altro mondo, uma comédia de Francesco Patierno que imagina o que aconteceria à Itália se seus quatro milhões de trabalhadores imigrantes desaparecessem de repente.

A resposta do filme: o país iria parar, com fábricas fechando por falta de pessoal, os idosos abandonados em cadeiras de rodas e sem ninguém para cuidar deles, hospitais sem enfermeiras e o lixo se acumulando nas ruas.

Confira o trailer de "Cose dell'altro mondo":