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segunda-feira, 8 de junho de 2020

FESTIVAL DE CANNES 2020: CONFIRA A SELEÇÃO OFICIAL

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Mais de 50 títulos foram anunciados em evento virtual, incluindo o brasileiro 'Casa de Antiguidades'
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Nem mesmo o cancelamento da edição presencial do Festival de Cannes 2020 devido à pandemia do coronavírus impediu que a seleção oficial fosse divulgada.

Na semana passada, o evento anunciou 56 filmes que receberão o "selo" de Cannes para que, assim, possam ser exibidos em outros festivais ao longo deste ano.

Dentre os filmes selecionados pela equipe de Cannes, estão o brasileiro Casa de Antiguidades, de João Paulo Miranda, Ammonite, de Francis Lee e The French Dispatch, de Wes Anderson.

O ator Viggo Mortensen também entrou na lista oficial, desta vez como diretor de primeira viagem com seu filme Falling.

A animação Soul, da Pixar, também integra a seleção.

Além desta situação não ter precedentes na história do festival, os filmes que compõem a lista de 2020 não serão colocados em outras categorias (como Competição, Un Certain Regard e Out of Competition), mas sim foram unificados em uma lista só.

Confira a seleção completa de Cannes 2020:

The French Dispatch - Wes Anderson
Summer of 85 - François Ozon
True Mothers - Naomi Kawase
Lovers Rock - Steve McQueen
Mangrove - Steve McQueen
Another Round - Thomas Vinterberg
Last Words - Jonathan Nossiter
DNA - Maïwenn
Heaven: To The Land Of Happiness - Im Sang-soo
El olvido que seremos - Fernando Trueba
In the Dusk - Sharunas Bartas
Home Front - Lucas Belvaux
Peninsula - Yeon Sang-ho
The Real Thing - Koji Fukada
Passion Simple - Danielle Arbid
A Good Man - Marie-Castille Mention Schaar
Les choses qu’on dit, les choses qu’on fait - Emmanuel Mouret
Souad - Ayten Amin
John and the Hole - Pascual Sisto
Striding into the Wind - Wei Shujun
Limbo - Ben Sharrock|
Soul - Pete Docter, Kemp Powers
Here We Are - Nir Bergman
Rouge - Farid Bentoumi
Sweat - Magnus von Horn
Teddy - Ludovic and Zoran Boukherma
February - Kamen Kalev
Ammonite - Francis Lee
Médecin de nuit - Elie Wajeman
Enfant terrible - Oskar Roehler
Nadia, Butterfly - Pascal Plante
Septet: The Story Of Hong Kong - Ann Hui, Johnnie To, Tsui Hark, Sammo Hung, Yuen Woo-Ping, Patrick Tam
Falling - Viggo Mortensen
Pleasure - Ninja Thyberg
Slalom - Charlène Favier
Memory House - João Paulo Miranda Maria
Broken Keys - Jimmy Keyrouz
Ibrahim - Samir Guesmi
Beginning - Déa Kulumbegashvili
The Death of Cinema and My Father Too - Dani Rosenberg
Gagarine - Fanny Liatard, Jérémy Trouilh
16 printemps - Suzanne Lindon
Vaurien - Peter Dourountzis
Garçon chiffon - Nicolas Maury
Si le vent tombe - Nora Martirosyan
On the Way to the Billion - Dieudo Hamadi
The Truffle Hunter - Michael Dweck, Gregory Kershaw
9 jours à Raqqa - Xavier de Lauzanne
Antoinette dans les Cévennes - Caroline Vignal
Les deux Alfred - Bruno Podalydès
Un triomphe - Emmanuel Courcol
Le Discours - Laurent Tirard
L'Origine du monde - Laurent Lafitte
Earwig and the Witch - Goro Miyazaki
Flee - Jonas Poher Rasmussen
Josep - Aurel

sexta-feira, 17 de maio de 2013

FESTIVAL DE CANNES: SEXTA TEVE ROUBO DE JÓIAS E TIROTEIO REAIS, JANE CAMPION, OZON, FARHADI E JACKIE CHAN


O Festival de Cannes teve um dia agitado hoje, com o roubo de joias da marca Chopard em um quarto de hotel e tiros de balas de festim disparados por um homem nas imediações do estúdio do programa 'Grand Journal' do Canal+, que era transmitido ao vivo da Croisette - avenida à beira mar da linda cidade da Riviera Francesa.

As joias da Chopard, avaliadas pela polícia em 1,4 milhão de dólares, estavam em um cofre no quarto do hotel Novotel de uma funcionária americana da Chopard e foram roubadas à noite.

Esse valor foi contestado pela marca suíça, fornecedora de joias para estrelas que desfilam pelo tapete vermelho e concorrem à Palma de Ouro, que menciona um valor "bem abaixo dos números anunciados".
"As peças roubadas não fazem parte da coleção destinada às atrizes durante o Festival de Cannes", indicou uma porta-voz da Chopard.

O cofre que continha as joias teria sido retirado do armário do quarto e depois levado, de acordo com uma fonte policial.

A Chopard é a principal joalheria das estrelas no festival.
Este ano, a célebre marca suíça de joias e de relojoaria já emprestou joias a Julianne Moore, Lana Del Rey, Cindy Crawford, à atriz chinesa Fan Bing Bing e à espanhola Blanca Suarez.

Como parte de uma parceria com o Festival de Cannes, a Chopard fornece todos os anos a Palma de Ouro, joia de 118 gramas de ouro que recompensa o melhor filme da competição oficial, é avaliada em mais de 20.000 euros e será entregue no dia 26 de maio no final do Festival - a Palma de 2013 está em segurança, garantiram os organizadores.



Policial defronte ao Novotel de Cannes, momentos após o roubo ter sido divulgado - foto: AFP

Todos comentaram que o roubo lembrou muito a trama do filme "Ladrão de Casaca" (1955) - de Hitchcock, estrelado por Cary Grant e Grace Kelly e filmado em parte no Carlton de Cannes, sobre uma série de roubos misteriosos de joias nos palácios da Riviera Francesa.

Já no começo da noite, a Croisette foi agitada novamente, quando um homem armado com uma pistola de festim e com uma granada falsa atirou duas vezes para o alto perto do cenário montado à beira mar do programa 'Grand Journal' do Canal +, que era transmitido ao vivo e que desencadeou um breve pânico, mas sem deixar feridos.

"Foi um indivíduo de 42 anos que utilizou sua arma nas proximidades do estúdio. Era um desequilibrado que logo foi detido pela polícia", declarou à AFP Marcel Authier, diretor do Departamento de Segurança Pública (DDSP) dos Alpes Marítimos.

Segundo fontes policiais, o homem, que também estava armado de um canivete, foi colocado sob custódia.

'O Grand Journal', que no momento entrevistava ao vivo os membros do juri do festival desde ano, Christoph Waltz e Daniel Auteuil, retomou sua transmissão às 20h35.

Confira matéria sobre os dois incidentes do 'Jornal do SBT':


Voltando a falar do festival e de filmes, a neozelandesa Jane Campion - diretora, entre outros filmes, de "O Piano" - recebeu ontem a 'Carruagem de Ouro', homenagem feita pelo próprio grêmio à independência, ambição e ousadia dos premiados.

A cerimônia aconteceu na abertura da 'Quinzena de Produtores', mostra paralela que a recebeu com um aplauso e que elogiou "uma das poucas cineastas capazes de refletir as emoções mais difíceis e sutis".

Campion tem uma longa carreira, na qual também se destacam "Retratos de Uma Mulher" (1996) e "Fogo Sagrado!" (1999), dedicou o prêmio ao francês Pierre Rissient - que em 1986, como responsável pela seleção de filmes do festival, descobriu três curtas da diretora e a encorajou a apresentá-los.

Um deles - "An Exercise in Discipline - Peel" - ganhou no mesmo ano a Palma de Ouro de melhor curta-metragem e representou o início de uma relação com Cannes que atingiu seu auge ao levar outra Palma de Ouro com "O Piano", que deu ainda o prêmio de melhor atriz para Holly Hunter.

Jane Campion é cumprimentada pela atriz Nicole Kidman - membro do júri principal desta edição - após seus discurso em que recebeu a 'Carruagem de Ouro' - foto: Paris Match

Jane, que nesta 66ª edição é presidente do júri de curtas-metragens e do 'Cine Fundación', dedicou o prêmio ainda a todos os diretores que a precederam em Cannes na lista de premiados e que com suas vozes e histórias, segundo explicou ao pegá-lo, a "educaram" como cineasta.

"A paixão que sinto por eles me fez querer ser diretora", concluiu em seu discurso, dizendo esperar que esse reconhecimento que dá à Sociedade de Produtores de Filmes (SFR) reflita "de alguma maneira" ter estado à altura de suas aspirações.

Ainda na quinta à noite, "Jeune et Jolie", filme de François Ozon, primeiro de quatro produções francesas na disputa pela Palma de Ouro, foi exibido.

O longa esboça o retrato de uma adolescente - a bela Marine Vacth - que mergulha na prostituição sem necessidade, sem um motivo aparente, como Catherine Deneuve em "A Bela da Tarde" (1967), obra prima do diretor Luis Buñuel.

Isabelle, jovem estudante - Lea para os clientes - se relaciona com homens maduros pela internet.
"É estudante? Ah, é a crise", diz um deles, referindo-se a um crescente fenômeno de estudantes que se prostituem ocasionalmente para arcar com suas despesas.

Marine Match como Lea, em cena de "Jeune et Jolie", de François Ozon - foto: Divulgação

"A ideia era fazer um retrato de uma jovem de hoje ancorado em uma certa realidade, mas sem dar todas as respostas, compartilhar com os espectadores o mistério de Isabelle", declarou Ozon após a exibição de seu filme para a mídia - que reagiu com aplausos.

Confira um teaser de "Jeune et Jolie":


O sexo também foi destaque no evento dois anos depois do escândalo de Dominique Strauss-Kahn, em pleno Festival de Cannes.

O ex-diretor do FMI voltou a dar o que falar, pois foram revelados os primeiros trechos do filme de Abel Ferrara "Welcome to New York", que narra sua queda em desgraça.

As imagens de forte cunho sexual do filme, protagonizado por Gerard Depardieu, que interpreta DSK - que não tem seu nome pronunciado - e pela Diva britânica Jacqueline Bisset, no papel da sua esposa, circulam em Cannes.

Já nessa sexta, o premiado diretor iraniano Asghar Farhadi apresentou "Le Passé", seu primeiro filme rodado na França e com boa parte do elenco francês.

"Le Passé" segue um caminho parecido do longa mais conhecido do diretor - "A Separação": é um drama familiar intenso sobre uma mulher, Marie (Bérénice Bejo, de "O Artista"), que recebe em sua casa, em Paris, a visita do ex-marido iraniano, Ahmad (Ali Mosaffa), que hoje mora em Teerã e que ela não vê há quatro anos - ele retorna para que eles oficializem os papéis do divórcio.

Marie agora mora com o marido, Samir (Tahar Rahim, de "O Profeta"), dono de uma lavanderia, e três filhos – dois de um casamento anterior a Ahmad e o terceiro é um menino filho de Samir.

Uma tragédia assombra a família: a ex-mulher de Samir vive em coma após tentar se matar quando descobriu a nova relação do marido e Lucie, a filha mais velha, não aceita a situação e vive deprimida.

Tahar Rahim e Berenice Bejo posam durante sessão de fotos para divulgação do filme "Le Passé" - foto: Loic Venance/AFP

Como em "A Separação", esse ato do passado encobre alguns segredos que proporcionam boas reviravoltas na parte final.

A Diva francesa Marion Cottilard - Oscar de melhor atriz por "Piaf" - era a primeira opção de Farhadi para o papel de Marie, mas teve de abandonar o projeto por problemas de agenda.

Ao final da projeção, o longa recebeu aplausos da mídia presente.

Confira o trailer de "Le Passé":


Quem deu o ar da graça hoje em Cannes foi a lenda Jackie Chan, que veio divulgar seu novo filme, "Skiptrace".

Chan deu uma concorrida entrevista a bordo de um luxuoso iate, disse que aceitou largar as cenas perigosas e que agora quer papéis mais sérios, mas sem nunca deixar de ser um astro de ação.

Aos 59 anos o ator nascido em Hong Kong disse que não é mais capaz de fazer sozinho as cenas mais físicas, pois demora muito para se recuperar de qualquer lesão.

Jackie Chan posa no iate onde concedeu entrevista hoje em Cannes - foto: Reuters

"Não sou super-herói", disse Chan à Reuters.

"Realmente quero ser mais como um Robert de Niro asiático, capaz de fazer todo tipo de coisa - comédia, drama, papéis pesados", afirmou, acrescentando que adoraria interpretar um vilão.

Depois de estrelar mais de 150 filmes ao longo de mais de quatro décadas, ele disse no ano passado que iria se aposentar dos grandes filmes de ação depois de "Chinese Zodiac 2012", lançado em dezembro.

Mas ele admite que em "Skiptrace" acabou fazendo mais um filme do gênero.

"Todo astro de ação sempre diz (que vai parar), mas no final precisa fazer de novo. Que nem o (Sylvester) Stallone, ele nunca para. Como eu, nunca vou parar.Mas a vida de um astro de ação é muito curta. Quero que o público saiba que sou um ator que sabe brigar. Não sou um astro de ação que sabe atuar."

Finalizando o dia em Cannes, foi exibido "A Touch of Sin" ("Tian Zhu Ding"), do diretor Jia Zhangke, corrosivo painel sobre a China contemporânea e que disputa a Palma de Ouro sem ter sido censurado pelas autoridades chinesas, que vigiam com rigor as obras do país.

O longa, muito ambicioso, foi exibido para a imprensa e relata quatro histórias, entre elas uma sobre uma trabalhadora sexual em um bordel de luxo, que refletem uma sociedade em plena mutação, na qual o capitalismo desenfreado gera uma grande desigualdade e uma colossal falta de humanidade.

O protagonista de uma das histórias, ambientadas em quatro províncias do gigante asiático, é Dahai, operário de Shanxi, que se rebela contra a corrupção dos dirigentes locais e recebe um castigo digno dos filmes de Quentin Tarantino.

A personagem de outro relato é uma recepcionista em uma sauna de Hubei, no centro da China, que vira uma lutadora quando um cliente tenta abusar dela.

O episódio, como o título do filme, faz referência a "A Touch of Zen", do taiwanês King Hu, um clássico das artes marciais de 1969.

O protagonista do último segmento, talvez o mais triste, é um jovem de Dongguan (sudeste), que, pressionado pelo trabalho, pela família e pela falta de esperanças, se joga pela janela de um prédio.

Shozo Ichiyama, Lik Wai Yu, Meng Li, Wang Baoqiang, Wu Jiang, ,Zhangke Jia, Tao Zhao e Lanshan Luo divulgam "Tian Zhu Ding" no Festival de Cannes 2013 - foto: Valery Hache/AFP
Em entrevista à AFP, o diretor explicou que todas as histórias são baseadas em eventos reais, conhecidos por quase todos na China.

"Muitas pessoas na China enfrentam crises pessoais pela grande desigualdade entre ricos e pobres", disse o diretor de 43 anos.

"Antes, em meus filmes eu tentava relatar a vida cotidiana. Neste eu tinha vontade de ir mais longe. Com o desenvolvimento fulgurante da sociedade chinesa, há muitas coisas que se tornam extremas. E quando digo extremo, digo violência", disse Jia Zhangke.

Quando as primeiras cenas do filme foram divulgadas há alguns dias no Youku - o Youtube chinês -, os internautas previram que o longa-metragem nunca será visto no país em consequência da censura do regime comunista.

Mas Jia afirma que "A touch of sin" poderá ser assistido nos cinemas chineses.

"Recebi a autorização antes de viajar a Cannes. É uma boa notícia", afirmou o cineasta.

"Estamos entrando em uma era na qual você é seu próprio meio de divulgação. Há muitas decisões que são tomadas por meio do twitter", afirmou.

O filme, parcialmente produzido por recursos chineses, foi aplaudido na sessão para a imprensa.

Esta é a terceira participação do diretor em Cannes, onde nunca foi premiado.

"O que mais me interessa é que o filme seja assistido por muitas pessoas, que provoque discussões, que provoque reações. Esta seria a maior recompensa", concluiu.

Confira o trailer de "A Touch of Sin":

Na mostra paralela 'Semana da Crítica', o destaque foi o filme italiano "Salvo", de Fabio Grassadonia e Antonio Piazza, que conta a história de um assassino da máfia, Salvo (interpretado pelo palestino Saleh Bakri), que deve matar Rita (Sara Serraioco), cega de nascimento, e que acompanha impotente o assassinato do irmão.

No momento em que Salvo deve matar Rita, algo acontece, Rita recupera a visão e o mafioso desiste do crime, o que une o destino de ambos para sempre.

Confira o trailer de "Salvo":


Segundo a revista "Hollywood Reporter", a produtora Independent Film anunciou hoje que conseguiu o financiamento total de US$ 60 milhões para o novo filme de Bruce Willis - o thriller de ação "Expiration".
No filme, Willis viverá um matador que é envenenado e precisa encontrar uma cura para o veneno antes que ele faça efeito.

Foi anunciado também nesta sexta em Cannes que Scarlett Johansson agora quer ser diretora e vai assinar seu primeiro longa-metragem - "Summer Crossing", baseado num livro do escritor Truman Capote que ficou desaparecido durante anos.

O filme contará a história de uma garota de 17 anos durante o verão de 1945, que deixa de viajar a Paris com a família para manter um romance com um empregado.

Scarlett Johansson em Cannes, hoje - foto: Hollywood Reporter
Antes da nova empreitada, Scarlett havia dirigido um curta-metragem de seis minutos em 2009 chamado "These Vagabond Shoes".

Já a revista "Variety", que circula diariamente em Cannes, publicou hoje três páginas de reportagem com um balanço do momento atual do cinema brasileiro.

A reportagem lembra que o país teve um aumento de 10% no número de cinemas desde 2008 e vendeu 164% mais ingressos no período.

A previsão para 2013 é que os filmes brasileiros fiquem com 18% da bilheteria do ano, um bom aumento em relação à média de 13% obtida desde 2001.

A revista destaca filmes prontos a serem lançados no Brasil, como "Flores Raras" e "Faroeste Caboclo", projetos em andamento como o coletivo "Rio, Eu Te Amo" e ainda cinco novas promessas do cinema brasileiro: Fernando Coimbra, que finaliza seu primeiro longa, "O Lobo atrás da Porta"; Ricardo Targino, que prepara "Quase Samba"; Marco Dutra, diretor de "Trabalhar Cansa" que finaliza seu segundo longa, "Quando Eu Era Vivo"; o diretor e produtor Rodrigo Letier, que prepara a comédia "Julio Sumiu"; e Afonso Poyart, diretor de "Dois Coelhos", atualmente em Hollywood para dirigir "Solace", com Colin Farrell e Sir Anthony Hopkins.

Para um país que não tem nenhum filme na edição 2013 de Cannes, tá de bom tamanho, né?
*****
Com agências internacionais, Belinda Goldsmith e Tiago Stivaletti

sábado, 18 de fevereiro de 2012

62º FESTIVAL DE BERLIM PREMIA COM O URSO DE OURO OS IRMÃOS TAVIANI E SUA ADAPTAÇÃO LIVRE DE UM TEXTO DE SHAKESPEARE INTERPRETADA POR DETENTOS ROMANOS


E as apostas da maioria se confirmaram.

Os irmãos Taviani receberam neste sábado à noite o Urso de Ouro  - prêmio máximo do 62º Festival de Berlim - por "César deve morrer" - adaptação livre de "Julio César" de Shakespeare, interpretada por detentos de um pavilhão de uma penitenciária de segurança máxima de Roma.

Paolo e Vittorio Taviani são cineastas já octogenários, sempre trabalharam juntos e sempre se recusaram a trabalhar separados - o filme dos dois superou outros 17 que estavam em competição  desde que a Berlinale 2012 começou, em 9 de fevereiro.

O júri, presidido pelo cineasta britânico Mike Leigh, era composto sobretudo por atores -
Jake Gyllenhaal, Charlotte Gainsbourg e Barbara Sukowa - e por diretores - o iraniano Asghar Farhadi,o francês François Ozon e o holandês Anton Corbij.

A ideia de "César deve morrer"  - em parte filmado em preto e branco -  veio quando os irmãos assistiam a uma representação de "Inferno" de Dante, na penitenciária de Rebbibia, em Roma.
AFP
Os diretores do filme César Deve Morrer, Vittorio e Paolo Taviani comemoram conquista
Os irmãos Taviani recebem o prêmio máximo da Berlinale -o Urso de Ouro de Melhor Filme, agora a pouco, em Berlim

Ao receberem o Urso de Ouro, os irmãos foram pródigos em declarações:

"Neste juri, conhecemos muitos rostos de pessoas que fizeram cinema, cinema que nós apreciamos", declarou Paolo.
"Espero que quando esse filme for apresentado ao público, alguns voltem para casa e se digam (...) que mesmo os criminosos duros, condenados à prisão perpétua, são e permanecem homens", disse ainda Paolo.

"Isso permitiu (aos prisioneiros) durante alguns dias voltar à vida. Isso durou apenas alguns dias, mas eles fizeram isso com uma grande convicção e é para eles que vai a nossa saudação", disse Vittorio.

A escolha do elenco, parte integrante do filme com os testes diante da câmera, apresentou uma Humanidade sem mulheres, condenada a pesadas penas por assassinatos, tráfico de drogas, contravenções múltiplas das leis anti-máfia.

Quanto à escolha de "Julio César", ela está ligada a uma frase da peça, quando é dito a respeito do assassino de César: "Brutus é um homem de honra".

"É uma linguagem à siciliana, que fala a esses homens saídos da máfia, da N'dranghetta, da Camorra: as conspirações, os segredos, as traições, eles também a conhecem", disse Vittorio após a exibição do longa na Berlinale - desde então, o filme esteve presente em praticamente todas as apostas como o grande favorito dessa edição.

Filhos de um advogado toscano anti-fascista, os irmãos Taviani são conhecidos por seu cinema comprometido com a realidade social de seu país.

Foi essa, como na tradição, a tonalidade geral da seleção, baseada nas viradas abruptas da história.

Entre os outros premiados da noite está "Barbara", elogiado pela imprensa e pelo público alemães, que conta a história de uma médica (Nina Hoss) vigiada durante nove anos antes da queda do Muro de Berlim pela Stasi, a polícia secreta da antiga-RDA - o filme recebeu o Urso de Prata de melhor diretor para Christian Petzold.

O Grande Prêmio do Júri ficou com um drama húngaro sobre o destino dos ciganos, "Apenas o vento", de Bence Fliegauf - no momento em que um governo nacionalista autoritário está no comando em Budapeste.

O Urso de Prata de melhor atuação feminina ficou com uma ex-menina de rua de Kinshasa - a congolesa Rachel Mwanza - por seu papel de uma criança-soldado em "Rebelde", do canadense Kim Nguyen.

O de Melhor Ator recompensou a atuação do dinamarquês Mikkel Boe Folsgaard - em "A Royal affair", de seu compatriota Nikolaj Arcel.
O filme recebeu também o prêmio de melhor roteiro.

Merece destaque também uma "menção especial do júri" - prêmio criado por Mike Leigh para saudar o filme da diretora franco-suíça Ursula Meier, "L'Enfant d'en haut", fábula social entre a região industrial e as ricas áreas mais altas suíças, entre um menino angustiado e sua irmã mais velha imatura.

O cineasta português Miguel Gomes foi agraciado com o Prêmio Alfred Bauer e o da crítica internacional Fipresci por seu filme "Tabu".
"Espero que seja decisivo em um momento no qual em Portugal se está decidindo como tem que ser a contribuição do Governo para o cinema", declarou o diretor, ao se referir a seu prêmio e ao de seu compatriota João Salaviza, ganhador do Urso de Ouro de melhor curta-metragem.

Ele afirmou que "um país precisa de filmes, mas se não há dinheiro, não há mercado", ao mesmo tempo em que assinalou que se trata de "um conceito de serviço público que está desaparecendo em Portugal".

Gomes dedicou seu prêmio ao recebê-lo durante a festa de encerramento do Festival "ao talento dos diretores do cinema português, que estão há 50 anos fazendo cinema independente do poder político e econômico".

O filme que ganhou o Alfred Bauer - prêmio adotado em memória do fundador do festival e outorgado a uma obra que abra novas perspectivas na arte do cinema - é uma história de amor filmada em preto e branco, ambientada na África colonial.

"Estou muito feliz com o prêmio, embora seja à inovação e meu filme seja feito à moda antiga. Mas é muito moderno agora fazer filmes à antiga", disse sobre seu filme, coproduzido por Brasil e Portugal.

Segundo Gomes, "o que conta realmente é tentar mostrar coisas, o que acontece entre os personagens e as emoções da melhor maneira, e às vezes você tem que fazer isso em preto e branco".

Salaviza, que levou o Urso de Ouro do júri do "Festival de Berlim Shorts" por seu curta-metragem "Rafa", lembrou durante a entrevista coletiva que a situação em Portugal "não está fácil".

Por isso, expressou sua esperança de que o prêmio contribua para melhorar a situação, já que "o cinema não teve muito apoio nos últimos 10-12 anos com os sucessivos Governos".

"Quero dedicar o prêmio também ao Governo português. Se este ano fizer um bom trabalho, dedicarei a ele o prêmio, portanto é uma dedicatória com condição", declarou, acrescentando: "Em Portugal temos problemas e não sabemos o que vai acontecer com o cinema".

A obra premiada, uma coprodução luso-francesa intitulada "Rafa", conta a história de um adolescente de 13 anos cuja mãe não retorna para casa nos subúrbios de Lisboa em uma manhã, depois de ter passado a noite com um homem.

Também houve uma menção especial do júri do "Festival de Berlim Shorts" ao curta brasileiro "Licuri Surf", de Guile Martins, que convida a percorrer a costa do Brasil em um filme de aventuras sobre o surfe.

A fita, de 15 minutos, transfere o espectador ao mundo dos jovens indígenas que sobre sua prancha de surf procuram desfrutar a próxima onda.

A Berlinale 2012 será fechada oficialmente amanhã à noite com a exibição para o público do filme ganhador do Urso de Ouro.

Tuitadas, por Alessandro Giannini, do UOL em Berlim:

O jornalista do UOL cobriu todos os dias da Berlinale 2012, e de lá tuitou muito.

O UOL separou 17 tuites de Giannini, que abrangem tudo o que de melhor aconteceu na edição 2012 do Festival.
UOL
Alessandro Giannini
O jornalista Alessandro Giannini

Confira:

"O Festival de Berlim 2012 resultou em um saldo positivo, embora a edição deste não tenha sido tão fértil em descobertas quanto a de 2011. Muitas das principais descobertas, como o documentário "Ai Weiwei: Never Sorry", estavam nas mostras paralelas".

"'War Witch' é um retrato da agonia das crianças-soldado africanas, vítimas do tráfico de minério e da corrupção dos governos".

"O filme "A Royal Affair" retoma um período conturbado da história da Dinamarca, com intrigas e conspirações shakespeareanas".

"Confuso, extenso e excessivo, o alemão "Gnade" só explica sua seleção para a mostra competitiva pela nacionalidade".

"Último filme a entrar no Festival, "White Deer Plain" é um épico sobre o fim da era imperial na China. Longo e difícil."

"'A Dama de Ferro' mostra mais do q 1 velha senhora acometida pela demência. É tb um retrado dos efeitos colaterais do poder".

"Na mostra Panorama, "Xingu" mostra a aventura de 3 irmãos que se transformou na luta pelos direitos dos índios".

"Em "A Toda Prova", de Steven Soderbergh, o elenco todo é formado por personagens masculinos, inclusive Gina Carano".

"O indonésio "Postcards From The Zoo" faz 1 curioso paralelo entre a vida dentro e fora de um zoo, e entre humanos e animais".

"Co-produção brasileira, "Tabu" faz experiências com som, imagem e cita clássicos do cinema. Um filme poderoso e difícil".

"'Sister' mostra sem muita convicção as diferenças sociais na Suíça por meio da história de uma jovem e seu "irmão'".

"Em "Jane Mansfield's Car", BB Thornton faz sua versão de Festa em Família".

"Em "Flowers of War", Christian Bale encarna um anti-herói, apenas para variar. Mas você reza para ele invocar Batman".

"'Ai Weiwei: Never Sorry' explica de fato a arte pelo artista, a obra pelo homem, e não o contrário".

"'Shadow Dancer', de James Marsh (O Equilibrista), mostra o conflito entre Irlanda do Norte e Reino Unido de forma inédita".

"Extenso e reiterativo, "Marley" se excede na homenagem ao cantor, compositor e pacifista jamaicano".

"O alemão "Barbara" mostra a Alemanha Oriental de um modo diferente e menos preconceituoso, com a ajuda de um elenco muito bom".

"'Cesare Deve Morire' mostra que os veteranos irmãos Paolo e Vittorio Taviani, 80 e 82 anos, não perderam o foco".

Prêmios do Júri Internacional de Curtas-Metragens

Menção Especial

Licuri Surfe, de Guile Martins

Urso de Prata como Prêmio Especial do Júri

The Great Rabbit, de Atsushi Wada

Urso de Ouro para Melhor Filme

Rafa, de João Salaviza

Prêmio de Melhor Filme de Estreia entre selecionados para Competição, Panorama, Fórum, Generation e Perspektive Deutsches Kino

Menção especial para filme da mostra Forum

Tepenin Ardi, de Emin Alper

Melhor Filme de Estreia

Kawboy, de Boudewijn Koole

Prêmios do Júri Internacional

Menção Especial

L'Enfant d'en Haut, de Ursula Meier

Prêmio Alfred Bauer em memória do fundador do festival

Tabu, de Miguel Gomes

Urso de Prata para melhor contribuição artística nas categorias fotografia, edição, trilha sonora, figurino ou cenografia

Melhor fotografia

Lutz Reitmeier, pelo filme Bay Lu Yuan

Urso de Prata de Melhor Roteiro

Nikolaj Arcel e Rasmus Heisterberg, por A Royal Affair

Urso de Prata para Melhor Atriz

Rachel Mwanza, por The War Witch

Urso de Prata para Melhor Ator

Mikkel Boe Foslgaard, por An Royal Affair

Urso de Prata para Melhor Diretor

Christian Petzold, por Barbara

Urso de Prata - Grande Prêmio do Júri

Just The Wind, de Bence Fliegaulf

Urso de Ouro de Melhor Filme

Cesare Deve Morire, de Paolo e Vittorio Taviani

sexta-feira, 24 de junho de 2011

DIVA FRANCESA, CATHERINE DENEUVE ZOA A SI MESMA EM "POTICHE - ESPOSA TROFÉU"


É certo e sabido que a Diva das Divas francesa Catherine Deneuve detesta a mídia e raramente sai da França para promover seus filmes.

Por tudo isso, foi com extrema satisfação que seus fãs brasileiros - eu incluso - receberam Madame Deneuve numa rápida visita a São Paulo, para promover esse filme que estreia hoje, e também para falar sobre o Festival Varilux de Cinema Francês, que trouxe à cidade um cardápio de bons filmes.

Na coletiva de imprensa, fumando muito - o hotel Tivoli, onde ficou hospedada, foi multado por isso - a Diva, visivelmente contrariada, dava curtas e secas respostas aos repórteres, mas ainda parecia simpática.

Até que um, mais inexperiente, resolveu fazer a pergunta chavão:
"O que a senhora está achando da cidade de São Paulo?"
Catherine nem pestanejou:
"Tem pouca cor, poucas árvores e muitos fios expostos".

Rápida no gatilho e seca pessoalmente, Catherine Deneuve se transforma quando ilumina a tela com seu charme, suas interpretações seguras e seu enorme talento de uma das atrizes mais sensacionais de todos os tempos.

Juntando todas essas suas facetas às do diretor francês François Ozon, craque em misturar clichês de melodrama e comédia de boulevard, a receita final é maravilhosa.

Em Potiche - Esposa Troféu, filme que estreou no último Festival de Cannes, Ozon conta com um elenco estelar e afiado para abordar um formidável arsenal de temas prementes, especialmente o sexismo, a hipocrisia de costumes e as semelhanças e diferenças entre direita e esquerda.
Divulgação
A Diva das Divas em cena

Aqui, Deneuve interpreta uma burguesa, Suzanne Pujol, uma rainha do lar - "potiche" pode ser traduzido como "vaso" - rica , fútil e submissa, que é compelida a sair de seu mundinho cor de rosa ao assumir a direção de sua empresa de guarda-chuvas, herdada de seu pai, mas dirigida com mão de ferro por seu marido, Robert - o inacreditável Fabrice Luchini - em meio a uma greve, que provoca uma crise cardíaca no marido, logo depois de ser mantido refém pelos grevistas.

A reviravolta na vida de Suzanne permite que o roteiro inclua uma série de comentários irônicos sobre a política, já que, com o marido afastado do negócio, a verdadeira Suzanne desabrocha.
Divulgação
A cena onde o sindicalista propõe que Madame Pujol assuma a fábrica

Se no começo, ela é recebida na fábrica com as batidas piadas de loiras burras, logo Suzanne revela um inesperado talento para renovar o clima de trabalho, inclusive em proveito próprio.

Seu talento para os negócios a encaminha em direção a uma carreira política - detalhe que ressoou no lançamento do filme na França, em 2010, três anos depois de uma disputada campanha eleitoral em que, pela primeira vez na história francesa, uma mulher, a socialista Segolène Royal, teve reais chances de vencer.

Já nos limites onde ela era a rainha - a sua casa - Suzanne começa a ver que sua família perfeita não é tão perfeita assim, quando começa a descobrir o caso mantido a anos entre seu marido e sua dedicada secretária, Nadège - Karin Viard.

Somos também apresentados ao passado nada certinho da própria Madame Pujol, que esconde um antigo e quentíssimo caso com o prefeito comunista e sindicalista, Babin - interpretado por Gérard Depardieu.

A farsa ambientada nos anos 70 é habilmente sustentada pelo design dos cenários e figurinos - que foram idealizados por duas colaboradoras habituais de Ozon, a diretora de arte Katia Wysztop e a figurinista Pascaline Chavanne - e a comédia ganha muito com a maravilhosa trilha sonora, que ressuscita alguns sucessos dos anos 70, como Emmène-moi danser ce soir, com Michèle Torr, More Than a Woman, dos Bee Gees - que acompanha uma deliciosa cena à la Embalos de Sábado à Noite, com Deneuve e Depardieu - e C'est beau la vie, interpretada pela própria Deneuve!
Divulgação
A Diva das Divas ensaia, com o diretor Ozon, cena de "Potiche"

Enfim, o que se tem de melhor no filme é a desenvoltura com que estes dois ícones do cinema francês se entregam sem nenhum pudor à auto-sátira.

A história e o público ganham muito com isso.

Confira o trailer do filme:

*****
POTICHE - ESPOSA TROFÉU
Título Original:
Potiche
Diretor:
François Ozon
Elenco:
Catherine Deneuve
Gérard Depardieu
Fabrice Luchini
Karin Viard
Judith Godrèche
Jérémie Renier
Sergi López
Produção:
Eric Altmeyer
Nicolas Altmeyer
Roteiro:
François Ozon
Trilha Sonora:
Philippe Rombi
Duração:
Nada cansativos 103 min.
Ano:
2010
País:
França
Gênero:
Comédia
Cor:
Colorido
Distribuidora:
Imovision
Estúdio:
Mandarin Films
Classificação:
12 anos
Cotação do Klau: