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domingo, 26 de julho de 2020

R.I.P.: OLIVIA DE HAVILLAND

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Atriz era a única remanescente do elenco do clássico '...E o Vento Levou" e a última grande estrela da Era de Ouro de Hollywood
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A atriz Olivia de Havilland morreu neste domingo (26) aos 104 anos, em sua casa em Paris, França.

Segundo informou sua agente Lisa Goldberg à CNN, De Havilland morreu "em paz" e de causas naturais. 

A aclamada atriz ficou conhecida pelo papel de Melanie Hamilton em "...E o Vento Levou", lançado em 1939.

"Me senti muito atraída por Melanie. Ela era uma personagem complexa em comparação com as heroínas que eu interpretei várias vezes", disse De Havilland, anos depois.

A produção, que também foi protagonizada por Clark Gable e Vivien Leigh, ganhou oito prêmios Oscar, incluindo o de melhor filme.

Confira um clipe de Olivia como Melanie:


Depois do sucesso em "...E o Vento Levou", ela teve que lutar para conseguir papéis mais desafiadores – uma batalha que acabou no tribunal, mas valeu o Oscar por Só Resta uma Lágrima (1946) e Tarde demais (1949).

Só Resta Uma Lágrima 1946 Leg | projetorantigo
Cartaz original de Só Resta uma Lágrima (1946) - Divulgação
Além disso, a batalha de egos com sua irmã mais nova - a também estrela Joan Fontaine e também vencedora do Oscar – sempre chamou atenção em sua biografia e fez a alegria dos colunistas de fofocas de Hollywood.

De Havilland, uma americana naturalizada que nasceu de pais ingleses no Japão, vivia em Paris desde 1953.

Ela fez poucas aparições públicas depois de se aposentar, mas voltou para Hollywood em 2003 para receber uma bela homenagem pela carreira,  na 75ª edição do Oscar.

Olivia de Havilland, Oscar-winning actress, dies at 104 | WFLA
Sendo homenageada na  75ª edição do Oscar - Getty Images
CARREIRA

Olivia de Havilland fez 50 filmes em sua carreira incluindo Capitão Blood (1935), As Aventuras de Robin Hood (1938) e O Intrépido General Custer (1941).

The Adventures of Robin capuz, capa - Old Robin capuz, capa filmes ...
Com Errol Flynn em As Aventuras de Robin Hood (1938) - Warner Bros.
Outros papéis memoráveis incluem sua interpretação de duas gêmeas de personalidades opostas em Espelho d'Alma (1946) e uma paciente com problemas mentais em A cova da serpente (1948), filme que lhe rendeu uma indicação ao Oscar naquele ano.

A Cova da Serpente (1948) - Cinema Clássico
Em cena de A cova da serpente (1948) - Divulgação
Ela também estrelou dois filmes de suspense bem recebidos: A Dama Enjaulada e Com a Maldade na Alma, ambos em 1964 - este último em duelo espetacular com a também estrela Bette Davis.

Foto de Olivia de Havilland - Com a Maldade na Alma : Foto Bette ...
Em cena de Com a Maldade na Alma, ao lado de Bette Davis - Divulgação
De Havilland teve um filho, Benjamin, com o roteirista Marcus Goodriche, e uma filha, Giselle, com seu segundo marido, o jornalista Pierre Galante.

terça-feira, 29 de outubro de 2019

DIVA: JANE FONDA ACEITA BAFTA HONORÁRIO ENQUANTO É PRESA DURANTE PROTESTO

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A icônica atriz Jane Fonda foi presa mais uma vez, durante um protesto contra a inércia em relação às mudanças climáticas mundiais
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O incidente aconteceu no instante em que ela também era condecorada com o prêmio Stanley Kubrick Britannia Award for Excellence in Film, na Inglaterra.

Em virtude de sua prisão nos Estados Unidos, a vencedora do Oscar não pôde receber a honraria do BAFTA de maneira presencial.

Mas enquanto era escoltada pela polícia de Washington DC, a atriz agradeceu à Academia Britânica pelo prêmio, lamentando-se por não estar lá para receber a estatueta em mãos.

Confira o instante de sua prisão:


Essa é a terceira vez que Fonda é presa em um curto intervalo de três semanas, por protestar contra as políticas relacionadas às mudanças climáticas.

Além dela, o ator Ted Dawson, da série ‘The Good Place’, também foi detido durante o mesmo protesto.

Jane Fonda sempre foi uma grande ativista dos direitos humanos e das causas ambientais.

Seu engajamento sócio político se estende desde a década de 60 e seu envolvimento com o meio ambiente tem sido ainda maior desde que a atriz se mudou para Washington, onde ficará por quatro meses.

A mudança se deu justamente pelo seu anseio de se tornar ainda mais ativa em sua militância.

Em seu site oficial, ela explicou sua postura categórica:

“Eu estarei no Capitólio toda sexta-feira, faça chuva ou sol, inspirada e envolta pelos incríveis movimentos que nossa juventude criou. Não posso mais permitir que nossos oficiais elegidos ignorem e, pior, deem aval para as indústrias que destroem nosso planeta em busca de lucro”.

Diva, maravilhosa - e ganhadora do BAFTA honorário.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

R.I.P.: BIBI FERREIRA, A DIVA DOS MUSICAIS BRASILEIROS

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Atriz, diretora, cantora, compositora e apresentadora morreu em seu apartamento, no Rio, aos 96 anos ** Filha de Procópio Ferreira, artista brilhou por décadas no teatro e nas telas
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A atriz e cantora Bibi Ferreira, diva dos musicais brasileiros, morreu nesta quarta (13), aos 96 anos, no Rio.

Também apresentadora, diretora e compositora, ela foi um dos maiores fenômenos artísticos do país.

Segundo Tina Ferreira, filha única de Bibi, a artista morreu no início da tarde em seu apartamento no Flamengo, Zona Sul do Rio.

A atriz acordou e a enfermeira que a acompanhava percebeu que o batimento cardíaco estava baixo e, por isso, chamou um médico.

Tina Ferreira e Bibi Ferreira — Foto: Bazilio Calazans/TV Globo

Tina acredita que a mãe morreu dormindo.

"Ela amanheceu normal, acordou tomou seu café da manhã e tudo. Depois ela só se queixou que estava se sentindo um pouco com falta de ar. Então como tem enfermeira, tem tudo, tiramos a pressão, o pulso estava fraco. Imediatamente chamamos o Pró-Cardíaco. Eles vieram muito rápido, muito rápido mesmo, ambulância, médico, tudo, mas quando chegaram ela já tinha partido. Ela morreu dormindo, tranquila", explicou Tina.

NASCEU NO TEATRO E ESTREOU COM 20 DIAS

Abigail Izquierdo Ferreira nasceu em 1º de julho de 1922.

Filha de um dos maiores nomes das artes cênicas do Brasil, o ator Procópio Ferreira (1889-1979), e da bailarina espanhola Aída Izquierdo, Bibi – apelido que ganhou ainda na infância – estreou nos palcos com pouco mais de 20 dias de vida.

Em cena, ela apareceu no colo da madrinha, Abigail Maia, em encenação de "Manhãs de sol", de Oduvaldo Vianna (1892-1972).

Bibi Ferreira com o pai, Procópio Ferreira, em 1978 — Foto: TV Globo

Artista multimídia, Bibi ao longo da carreira fez filmes, apresentou programas de TV, gravou discos e dirigiu shows.

Tudo sem nunca abandonar o teatro, sua grande paixão.

Também foi enredo da Viradouro no Carnaval do Rio em 2003.

Recentemente, teve a vida e obra contadas no espetáculo "Bibi, uma vida em musical", escrito por Artur Xexéo e Luanna Guimarães, com direção de Tadeu Aguiar.

Na montagem, a protagonista foi interpretada por Amanda Costa.

Em março de 2018, já aos 95 anos, Bibi foi assistir a uma apresentação do musical, então em cartaz em um teatro no Rio e fez o público se emocionar ao cantar, da plateia e sem microfone, uma música de Edith Piaf (1915-1963).

Bibi Ferreira durante entrevista com Roberto D'Avila — Foto: Tata Barreto/Globo

A própria Bibi interpretou a cantora francesa com maestria em um musical - Bibi Canta Piaf de enorme sucesso no Brasil e em Portugal.

O trabalho minucioso foi considerado tão perfeito que mesmo pessoas que conheceram Piaf se espantaram com o nível de semelhança.

Com o espetáculo, Bibi conquistou os principais prêmios do teatro nacional, como Molière, Mambembe, Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA), Governador do Estado e Pirandello.

Foram apenas alguns dos muitos prêmios que colecionou ao longo das décadas de carreira.

Veja Bibi cantando Piaf:


TELEVISÃO

Em 1960, Bibi inaugurou a TV Excelsior com o programa ao vivo "Brasil 60", que levou à TV os maiores nomes do teatro.

A atração mudaria de nome nos anos seguintes ("Brasil 61", depois "Brasil 62" e assim por diante).

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Bibi, estrela da TV Excelsior - Divulgação
Na mesma emissora, também apresentou o programa "Bibi sempre aos domingos".

Em 1968, estrelou o musical "Bibi ao vivo" – com direção de Eduardo Sidney, o programa era transmitido do auditório da Urca.

MUSICAIS

Ainda nos anos 1960, Bibi estrelou outros dois dos musicais mais marcantes de sua carreira.

O primeiro foi "Minha querida dama" ("My Fair Lady"), de Frederich Loewe e Alan Jay Lerner, adaptação de "Pigmaleão", de George Bernard Shaw.

No espetáculo, atuou ao lado de Paulo Autran (1922-2007) e Jaime Costa (1897-1967).

Bibi, com Autran e Costa, em cena de "My Fair Lady" - divulgação

O outro trabalho marcante foi "Alô, Dolly!" (Hello, Dolly!), versão da obra "The Matcmaker", de Thornton Wilder, com Hilton Prado e Lísia Demoro.

Em cena de "Alô, Dolly!" - Divulgação

Já na década de 1970, Bibi foi o principal nome de "O homem de La Mancha", musical de Dale Wasserman dirigido por Flávio Rangel e com letras adaptadas para o português por Chico Buarque.

Em cena de O homem de La Mancha", ao lado de Paulo Autran e Grande Otelo - Divulgação

MARCA NO CANECÃO

A artista deixou ainda seu nome marcado na casa de shows Canecão, no Rio, ao dirigir o espetáculo "Brasileiro, Profissão Esperança", de Paulo Pontes e Oduvaldo Vianna Filho (1936-1974), produção inspirada na obra do compositor Antonio Maria.

No início, o show foi concebido em escala menor para ser apresentado em boates, com Ítalo Rossi e Maria Bethânia nos papéis centrais.

Mas depois o musical foi reformulado e ampliado.

Passou, então, a ser protagonizado por Paulo Gracindo e Clara Nunes, transformando-se em um dos maiores sucessos da história do Canecão.

Clara Nunes e Paulo Gracindo: encontro no musical "Brasileiro, Profissão Esperança" - O Globo

Em 1975, Bibi recebeu o Prêmio Molière pela interpretação da personagem Joana, de "Gota d’água", de Paulo Pontes e Chico Buarque, montagem que ambientava a tragédia "Medeia", de Eurípedes, em um morro carioca.

Em cena de "Gota d’água" - Divulgação

AMÁLIA RODRIGUES

No início dos anos 2000, Bibi Ferreira fez mais um trabalho impressionante ao interpretar a fadista Amália Rodrigues (1920-1999) no espetáculo "Bibi Vive Amália".

Veja Bibi entoando 'Foi Deus', um dos hinos de Amália Rodrigues:


Em seguida, Bibi apresentou dois recitais, "Bibi in concert" e "Bibi in concert pop", nos quais se apresentou acompanhada por orquestra e coral.

VIDA RESERVADA

Admirada pelo público e adorada e respeitada pelos colegas, Bibi sempre manteve uma rotina discreta, evitando a exposição de detalhes de sua vida pessoal – raras eram suas aparições em eventos sociais.

Segundo amigos mais próximos, quando estava fora dos palcos, Bibi preferia passar o tempo em seu apartamento no Flamengo.

Teve oito casamentos e apenas uma filha, Teresa Cristina.

AFASTAMENTO

"Nunca pensei em parar. Essa palavra nunca fez parte do meu vocabulário, mas entender a vida é ser inteligente. Fui muito feliz com minha carreira. Me orgulho muito de tudo que fiz. Obrigada a todos que de alguma forma estiveram comigo, a todos a que me assistiram, a todos que me acompanharam por anos e anos. Muito obrigada! Bibi."

Com essas palavras, em comunicado publicado em rede social, a Diva anunciou, em 10 de setembro de 2018, que encerrava uma das carreiras mais gloriosas construídas por uma artista no Brasil e no mundo.

Já nonagenária, ainda brilhando nos palcos - Foto: Rayan Ribeiro/Divulgação

Aos 96 anos, a artista se retirou voluntariamente de cena para preservar a saúde, após três sucessivas internações.

De acordo com a nota, Bibi disse que não iria mais se apresentar nos palcos como atriz e/ou cantora.

Tampouco daria entrevistas, nem mesmo por e-mail, como vinha fazendo nos últimos tempos.

O que nos resta é ainda nos deliciarmos com o enorme talento de Bibi.

A Secretaria Estadual de Cultura e Economia Criativa informou que o velório vai ser no Theatro Municipal do Rio.

A cerimônia, aberta ao público, ocorre de 10h às 15h. 

Depois, o corpo de Bibi deve ser cremado.

quinta-feira, 16 de agosto de 2018

RIP: ARETHA FRANKLIN, A DIVA DAS DIVAS

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Última estrela viva da era de ouro da música negra dos EUA, Aretha Franklin nos deixou nesta quinta 16), aos 76 anos.

Considerada a Rainha do Soul, Aretha Franklin era a segunda cantora a possuir mais prêmios Grammy na história e foi considerada a maior cantora de todos os tempos pela revista Rolling Stone.

Mulher negra, foi ícone da soul music, mas também cantou rock, blues, jazz, pop e até ópera.

Em 1987, se tornou a primeira mulher a entrar para o Salão da Fama do Rock and Roll.
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Já Diva, Aretha Franklin fala a repórteres em uma coletiva de imprensa em março de 1973, um dia depois de seu aniversário de 31 anos - AP/Arquivo

Aretha Louise Franklin nasceu em Memphis, no estado americano do Tennessee, em 25 de março de 1942 e cresceu em Detroit, a outrora rica metrópole dos carros e da música.

Era de uma das muitas famílias afro-americanas que migraram do sul para o norte dos EUA com o boom industrial.

Seu pai, o reverendo Clarence LeVaughn Franklin, era um pregador famoso, muito próximo de Martin Luther King.

Aretha começou a cantar no coro da igreja de seu pai e abalou a cena musical dos anos 60, introduzindo recursos do gospel em música secular.

Ela gravou seus primeiros discos aos 14 anos, virou rapidamente uma estrela gospel adolescente e em menos de uma década, se tornou um grande nome do R&B americano, o Rhythm and Blues surgido nos anos 40 com influências como jazz e corais de igreja.

Aretha Franklin durante show no Festival de Jazz de Antibes, na França, em julho de 1970 - Daniel Lefevre/INA via AFP/Arquivo

A "rainha do soul" ficou famosa com "Respect" (1967), sua única canção a chegar ao topo da Billboard, principal parada de sucessos dos Estados Unidos.

"Respect" resume o poder de Aretha: composta e gravada originalmente por Ottis Redding, ídolo do soul, a cantora acelerou o arranjo, acrescentou vocais de apoio e a famosa parte em que soletra "R-e-s-p-e-c-t".

Confira:
Ao longo de sua carreira, Aretha Franklin recebeu 18 prêmios Grammy, incluindo um pelo conjunto da obra.

Outros de seus maiores hits foram "(You Make Me Feel Like) A Natural Woman" (1968), "Day Dreaming" (1972), "Jump to It" (1982), "Freeway of Love" (1985) e "A Rose Is Still A Rose" (1998).

Em 1987, ela se tornou a primeira mulher a entrar no Hall da Fama do Rock and Roll.

Em 2005, Aretha recebeu a Medalha Presidencial da Liberdade - a maior condecoração para um civil americano - das mãos do então presidente George W. Bush.

Ela também cantou em janeiro de 2009 na posse do presidente americano Barack Obama.

Atravessou quase seis décadas cantando e compondo com enorme sucesso mundo afora, mesmo que há 30 anos não se apresentava fora dos Estados Unidos, por causa de sua lendária fobia de voar.

Aretha anunciou sua aposentadoria no início de 2017, com a ideia de limitar a sua agenda a poucas e bem selecionadas apresentações - e também, segundo ela, "para ficar mais tempo com os netos".

Porém, mesmo essas poucas aparições tiveram de ser canceladas este ano por recomendação médica.

Sua última apresentação aconteceu em novembro passado, na Catedral de São João, O Divino, em Nova York, no aniversário de 25 anos da Elton John AIDS Foundation.

Aretha Franklin se apresenta em cerimônia da fundação no combate à AIDS do cantor Elton John, em novembro de 2017 - foi sua última apresentação pública - Dimitrios Kambouris/Getty Images via AFP

Última estrela viva na era de ouro da música negra nos EUA, Aretha Franklin morreu nesta quinta (16), em sua casa em Detroit, cercada por parentes e amigos, após complicações decorrente de um câncer no pâncreas com o qual lutava havia oito anos, deixando suas músicas e sua voz estão enraizados no nosso inconsciente coletivo.

CONFIRA UM TOP 5 COM AS MELHORES APRESENTAÇÕES DE ARETHA:


1. (You Make Me Feel Like) A Natural Woman

Assinada por Carole King, a canção se tornou popular na voz de Aretha nos anos 1960.

Muitos anos depois, em 2015, durante o Prêmio Kennedy, a cantora subiu ao palco para entoar a faixa.

Ela emocionou Carole, homenageada da noite, e o então presidente dos EUA, Barack Obama, foi às lágrimas.


2. I Say A Little Prayer

Originalmente gravada por Dionne Warwick, a faixa ganhou nova vida na voz de Aretha, que a levou ao topo das paradas em 1968.

O vídeo acima registrou uma belíssima apresentação da música, em 1970.


3. Amazing Grace

Clássico da música gospel, 'Amazing Grace' ganhou tratamento de luxo na voz de Aretha durante apresentação em 2014, na Casa Branca, com direito a introdução de seu famoso fã, Barack Obama.


4. Amazing Grace (2)

A mesma música ela cantou para o papa Francisco no ano seguinte, em um evento para a família nos Estados Unidos.


5. I Dreamed a Dream

Em 1993, Aretha Franklin foi uma das convidadas de honra da posse do presidente americano Bill Clinton.

Ela subiu ao palco para cantar 'I Dreamed a Dream', emotiva canção do musical 'Les Misérables'.

REPERCUSSÃO

Músicos, outros artistas e personalidades usaram as redes sociais para lamentar a morte de Aretha Franklin.

Veja algumas manifestações:

"Aretha ajudou a definir a experiência americana. Em sua voz, pudemos sentir nossa história, tudo e em todas as tonalidades - nosso poder e nossa dor, nossa escuridão e nossa luz, nossa busca pela redenção e nosso respeito duramente conquistado. Que a Rainha do Soul descanse em paz eterna".
Barack Obama, ex-presidente dos Estados Unidos

"A rainha do soul, Aretha Franklin, morreu. Ela era uma mulher incrível, com um maravilhoso dom de Deus, sua voz. Sentiremos sua falta".
Donald Trump, presidente dos EUA

"Eu amei a música de Aretha Franklin toda a minha vida, e sua música tocou em nosso público por 15 anos. Meu coração está com sua família. #RESPECT #QueenofSoul".
Ellen DeGeneres, apresentadora

"Estou em oração pelo maravilhoso espírito dourado Aretha Franklin".
Diana Ross, cantora

"A perda de @ArethaFranklin é um golpe para todos que amam a música real: música do coração, da alma e da igreja. Sua voz era única, seu piano tocando subestimado - ela era uma das minhas pianistas favoritas".
Elton John, cantor e compositor

"Vamos todos tirar um momento para agradecer a bela vida de Aretha Franklin, a Rainha de nossas almas, que nos inspirou por muitos e muitos anos. Sentiremos sua falta, mas a memória de sua grandeza como música e um belo ser humano viverá conosco para sempre. Amor, Paul".
Paul McCartney, cantor e compositor

"Para sempre".
Ariana Grande, cantora

"Respeito à rainha".
Axl Rose, cantor e compositor

"Não consigo me lembrar de um dia da minha vida sem a voz e a música de Aretha Franklin enchendo meu coração com tanta alegria e tristeza. Absolutamente com o coração partido, ela se foi, que mulher. Obrigado por tudo, pelas melodias e movimentos 💔".
Adele, cantora

"Aretha, você elevou nossos corações com seus dons incomparáveis, descanse em paz, sua festa nunca terminará".
Tom Jones, cantor

"Saudação à rainha. A melhor cantora que já ouvi".
John Legend, cantor

"Aretha Franklin. A Rainha do Soul. Uma ícone. A grande cantora das cantoras. A maior cantora e musicista da história. O poder e a voz na música e nos direitos civis abriu portas para tantas outras. Você é minha inspiração, mentora e amiga".
Mariah Carey, cantora

"Um dos destaques da minha carreira foi cantar com #ArethaFranklin no Tony Awards. Foi uma experiência fora do corpo para mim. Uma das maiores cantoras de todos os tempos. Todos sentirão sua falta".
Hugh Jackman, ator

"Nós lamentamos a morte de Aretha Franklin, a Rainha do Soul. Sua voz continuará nos elevando, através da música que ela deu ao mundo. Nossos pensamentos estão com sua família, seus entes queridos e fãs em todos os lugares. Pegue a mão dela, precioso Senhor, e leve-a para casa".
Tim Cook, CEO da Apple

"Esta foto foi tirada em 2012, quando Aretha e eu nos apresentamos em uma festa em homenagem ao nosso amigo Marvin Hamlisch. É difícil conceber um mundo sem ela. Ela não só era uma cantora excepcionalmente brilhante, mas seu compromisso com os direitos civis causou um impacto indelével no mundo".
Barbara Streisand, cantora e atriz

"A Rainha do Soul deixou esta terra para se sentar em seu trono no céu. Quão abençoados fomos ao ouvir o melhor que Deus tinha para oferecer em sua voz. RESPEITO".
Lenny Kravitz, cantor

"Hoje nós perdemos uma das maiores. Ela sempre será lembrada e admirada. Aretha Franklin, descanse em paz, eu te amo".
Ricky Martin, cantor

"Lamentando a perda hoje de @ArethaFranklin que compartilhou seu espírito e talento com o mundo. Ela merece não apenas nosso respeito, mas também nossa gratidão permanente por abrir nossos olhos, ouvidos e corações. Descanse em paz eterna, minha amiga".
Hillary Clinton, política

"Ela era música. Alma, graça e respeito".
John Stamos, ator



quarta-feira, 2 de agosto de 2017

RIP: JEANNE MOREAU, A MAIOR MUSA FRANCESA DO CINEMA

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O cinema francês perdeu um de seus maiores ícones
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A atriz e cantora Jeanne Moreau, musa da nouvelle vague e estrela de clássicos como 'Jules & Jim', 'Uma Mulher Para Dois', 'A Noite' e 'Duas Almas em Suplício', foi encontrada já morta em sua casa em Paris, segundo a agência France Presse.

Jeanne Moreau nasceu em Paris - em 23 de janeiro de 1928 - e morreu também na capital francesa, no último dia 31 de julho, aos 89 anos.

Durante seus 65 anos de carreira, Moreau trabalhou com diversos cineastas consagrados como François Truffaut, Orson Welles, Michelangelo Antonioni e Roger Vadim.

Ao todo, a Diva nos presenteou com mais de cem filmes.

Confira a Diva em cena de 'Jules & Jim' (1962):

A atriz também estrelou a produção brasileira "Joanna Francesa", de Cacá Diegues, em que interpretou a dona de um bordel que acaba se envolvendo com um cliente.

Além de musa das telonas, ela também ficou conhecida por seu engajamento político e social, além de ser uma figura exemplo de liberdade feminina por seu comportamento independente em uma época conservadora.

Confira Moreau em cena de "Joanna Francesa" (1973):

A causa da sua morte ainda não foi revelada.

Moreau deixa um filho, Jérome Richard, de 68 anos.

Grande presença nas telonas, fará muita falta.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

JESSICA LANGE: DIVA ESTEVE EM SÃO PAULO PARA ABRIR EXPOSIÇÃO DE SUAS FOTOS NO MIS


Era o ano de 1976.

Tinha 16 anos, já era fascinado pelo 'King Kong' de 1933 e lá estava no primeiro dia de exibição da versão que o mega produtor Dino de Laurentiis fez - aquele com um imenso macaco mecânico que depois passou uma temporada exposto com muito sucesso no finado Playcenter, aqui em SP.

Se o filme nem chegou aos pés do original, saí fascinado do cinema com a jovem atriz Jessica Lange, que se grita, chora e se aterroriza nas mãos do macaco gigante, era uma presença absolutamente magnética na telona.

Jessica Lange, em cena de 'King Kong' (1976), sua estreia na telona - Divulgação/Paramount Pictures
Frisson assim, eu só tinha sentido até então com Marilyn Monroe e dois dias depois, arrastei meu melhor amigo, Francisco Azevedo, para o cinema - ele, que detestava blockbusters, foi porquê queria conferir a atriz.

Kiko, já um renomado diretor de teatro e TV, também saiu de queixo caído e profetizou:
 "O filme é uma bosta, mas essa moça ainda vai dar muito o que falar".

'Mãe Kiko' acertou!

Já formada em fotografia e até então modelo das boas, Jessica só fez 'King Kong' porquê De Laurentiis  lhe fez marcação cerrada, por ela ser muito parecida com a atriz do 'Kong' de 1933, Fay Draw.

A crítica caiu matando - no filme e na performance dela - e mesmo levando o Globo de Ouro de Melhor Nova Estrela - a saraivada negativa a fez desistir de ser atriz por longos três anos.

E eu, esperando...

Até que em 1979, ela aceitou um pequeno papel - de um anjo -  em 'All That Jazz' - que eu só fiquei sabendo quando o Kiko, depois de ver, me telefonou, eufórico: 
"Sabe a loira do macaco?"

Em 'All That Jazz' (1979) - Divulgação
As críticas, desta vez, foram amplamente favoráveis e Jessica seguiu com a carreira de atriz, fazendo 'The Postman Always Rings Twice' (1981) e me deixando de joelhos em 'Frances'  (1982)- uma cinebiografia tocante da estrela de Hollywood dos anos 1940, Frances Farmer, que por ser independente e dona do seu nariz é lobotomizada pela inconformada família.

Na saída do cinema, 'Mãe Kiko' finalizou: 
"Eu não disse que ela era danada"?

Em 'Frances' (1982) - Divulgação
Nas filmagens, Jessica, que tinha tido um breve romance com o ator e bailarino Mikail Barishnikov - com quem teve uma filha, Alexandra - engatou um longo casamento - entre 1982 e 2010 - com o ator, diretor e dramaturgo Sam Shepard, com quem teve dois filhos, Hanna e Walker.

A partir daí, o mundo, o céu e tudo o mais não foram limites para uma das mais completas atrizes de todos os tempos que nos entregou atuações marcantes em diversos filmes.

Seu primeiro grande sucesso de bilheteria foi 'Tootsie' (1983), comédia em que brilhou ao lado de Dustin Hoffman e que lhe deu seu primeiro Oscar - o de atriz coadjuvante - além de um Globo de Ouro e uma indicação ao BAFTA.

Com Dustin Hoffman, em foto dos bastidores de 'Tootsie' (1983) - Paramount Pictures
Em 1995, a consagração veio com 'Blue Sky': no filme, dirigido por Tony Richardson, Jessica interpretou Carly, casada com o engenheiro militar Hank (Tomy Lee Jones), com duas filhas, ora infantil, ora sedutora, que gosta de se sentir o centro das atenções sempre que pode e é assediada pelo General Vince (Powers Boothe), que tenta a todo custo levá-la para cama.

Enquanto o major Hank vai tomando conhecimento das irregularidades cometidas pelo governo durante experimentos nucleares, bate de frente com o general quanto às medidas tomadas na base e também quanto ao assédio à sua mulher.

O General Vince trama a internação de Hank em uma instituição psiquiátrica para que ele cale a boca sobre a real razão dos testes nucleares e é a partir daí que Carly prova seu amor pelo marido, armando um salseiro para ter o marido de volta.

Com Tommy Lee Jones, em 'Blue Sky' - Divulgação
Por Carly, uma das personagens femininas mais sensacionais de todos os tempos na telona, Jessica levou o Oscar de Melhor Atriz - agora na categoria principal - e o Globo de Ouro de Melhor Atriz (Drama) no Cinema.

Depois, sua carreira entrou em declínio: separou-se de Shepard e aceitou um pequeno papel em 'Hush', ao lado da ganhadora do Oscar daquele ano, Gwyneth Paltrow.

Com  Sam Sheppard - Getty Images
A crítica achou o desempenho de Lange fraco, o que lhe rendeu sua única indicação ao Framboesa de Ouro de pior atriz.

Assim, Lange ficou alguns anos longe das telonas e foi para o teatro, onde brilhou na Broadway interpretando Blanche Dubois numa das mais sensacionais encenações de 'Um Bonde Chamado Desejo', obra prima de Tenessee Williams.

Seu desempenho foi tão bom que ela foi convidada a  repetir o papel na minissérie de 'Um Bonde...' - que lhe deu um Globo de Ouro de Melhor Atriz em Minissérie ou Telefilme em 1996.

Em cena de 'Um Bonde Chamado Desejo' - Divulgação
E o cinema? 

Se Hollywood tinha se esquecido dela, nós, seus fãs, não tínhamos!

Por isso, e já sob a internet, recebi no final de 2011 um alerta de 'nova notícia sobre Jessica Lange' - que dizia que a Diva tinha sido convidada por Ryan Murphy - até então o criador e diretor da série musical de sucesso da Fox, ' Glee' - para fazer parte do elenco de sua nova série, que ele vinha desenvolvendo com Brad Falchuk.

Jessica aceitou e 'American Horror Story' se tornou um absurdo sucesso mundo afora, graças a um roteiro diferenciado, direção primorosa e elenco afiadíssimo, onde a estrela pontua.

Com o megassucesso da série, especialmente entre o público jovem, Jessica Lange voltou a ser reverenciada como a grande Diva, a grande estrela que nunca tinha deixado de ser, especialmente depois dos prêmios que ela arrebatou:

Em 2012, pela primeira temporada de 'American Horror Story', Emmy de Melhor Atriz (Coadjuvante) na Televisão
Em 2012, pela primeira temporada de 'American Horror Story', Globo de Ouro de Melhor Atriz em Minissérie ou Telefilme
Em 2012, pela primeira temporada de 'American Horror Story', Screen Actors Guild de Melhor Atriz - Série (Drama)
Em 2014, por 'American Horror Story: Coven', Emmy de Melhor Atriz (Minissérie ou Telefilme)

Na primeira temporada, ela interpretou Constance Langdon, ex-proprietária da casa mal assombrada onde a ação acontece; na segunda, 'Asylum', uma freira, Irmã Jude, diretora de um manicômio; na terceira, 'Coven', como Fiona, a bruxa chefe de uma casta e nesta última, 'Freak Show', atualmente no ar no FX brasileiro, onde ela capricha no sotaque alemão para dar vida a Elsa Mars, dono do circo de horrores que dá nome à temporada.

Como Elsa Mars, cantando em cena de 'AHS Freak Show'  - FX/Divulgação
Mesmo com o sucesso absurdo, todo final de temporada a Diva ameaça abandonar o barco - mas sempre volta, para nossa alegria.

Fotógrafa por formação, Jessica desde sempre fotografou.

Suas imagens em preto e branco, tiradas em todo o mundo, mostram principalmente pessoas, são soturnas e se assemelham muito aos visuais usados por Tim Burton em seus filmes.

Nos últimos anos, graças ao sucesso da série, Jessica vem fazendo exposições fotográficas e foi justamente a última que ela trouxe agora para o MIS - Museu da Imagem e do Som de SP nesta semana.

Quando soube que a Diva estaria aqui, enlouqueci: corri ao MIS e me ajoelhei aos pés do diretor André Sturm, pedindo a oportunidade de ao menos dar um "Hello" à Diva.

André riu muito, me sabatinou pra saber se eu era mesmo fã de Jessica e, assim, fui laureado com um convite para a abertura da exposição, na última terça (10).

Só quando cheguei ao MIS, no final da tarde de terça, empunhando um simpático buquê de flores, é que soube que a mulekada - fascinada por 'AHS' - tinha começado uma fila às seis da matina para ver a Diva de perto!

Pelo menos 150 deles, inclusive, tiveram de assistir ao bate papo do lado de fora do auditório principal do MIS, por meio de uma TV, já que não cabia mais gente.

Uma gentil produtora já pegou as flores para colocar na água e depois de algumas horas de espera, Jessica surgiu, toda de preto, linda e loira do alto dos seus 65 anos bem vividos.

A Diva, cercada pela mulekada antes do bate papo - Manuela Scarpa
Foi uma das maiores emoções da minha vida.

Foi ovacionada, com gritos histéricos, típicos do público jovem que foram avisados com antecedência que a Diva havia pedido que não fossem tiradas fotos durante o evento, pois isso a desconcentrava.

A verdade é que a atriz e fotógrafa tem horror que a fotografem e isso tem lhe criado algumas situações constrangedoras, especialmente depois de ser transformada em ídolo adolescente por causa da série de terror.

“Eles me pedem para tirar selfies o tempo todo. E eu apenas digo: ‘Não, obrigada por pedir, mas eu nunca tiro fotos'”, comentou a atriz.

No começo do bate papo, ela falou sobre a carreira e respondeu aos jornalistas.

Jessica Lange (Foto: Bruno Segadilha / QUEM)
A Diva, no Bate papo - Bruno Segadilha/Revista 'Quem'
Eu perguntei sobre Shepard, os filhos e depois, como era trabalhar com a dupla Murphy/Falchuk.

Jessica respondeu que Sam foi o amor da sua vida, que os filhos a mantém à tona e que a dupla criadora de 'AHS' são insanos, a obrigam a fazer "coisas que eu jamais faria", mas que ela se diverte a cada cena e a cada encontro com o elenco - Sara Paulson e Kathy Bates principalmente.

Sobre a série, disse que ela lhe deu alguns dos melhores personagens da carreira e que agradecia muito a Murphy e Falchuk por isso.

Quando o debate abriu para o público, só foi permitido fazer perguntas sobre fotografia pois, do contrário, ela provavelmente só teria falado sobre suas personagens na série.

Ela aproveitou e falou mais um pouco sobre a obsessão das pessoas por selfies.

“Não faz o menor sentido pra mim registrar cada segundo da sua vida. Eu até entendo o impulso de registrar cada minuto de sua vida, mas acho que cruzamos a linha além do natural. Afinal, quem se importa? Quem se importa tanto assim com sua vida? Se alguém se importa, olha, Deus te abençoe, mas eu não acredito que alguém se importe. Quem se importa comigo indo ao supermercado tirando fotos de mim mesma em frente à prateleira de sucrilhos?”

Obviamente, foi aplaudidíssima - e continuou:

“Visitei um parque aqui em São Paulo e fiquei observando um casal que ficou o tempo todo tirando fotos de si mesmos. Não rolou uma carícia. Um beijo que não fosse fotografado. Pensei: os tempos mudaram mesmo.”

Jessica Lange (Foto: Manuela Scarpa/Foto Rio News)
Jessica, defronte às suas fotos em exposição no MIS - Manuela Scarpa
Originalmente intitulada 'Unseen' (“Não Visto”, em tradução livre), a exposição é composta por 135 fotografias e 12 folhas de contato, todas em preto e branco.

Formada por imagens feitas nos últimos 20 anos com uma câmera analógica Leica M6 - que ela ganhou de Sam Shepard - as fotos são organizadas em duas séries: “Coisas que vejo” e “México”.

Foto da Diva que está na exposição do MIS - Jessica Lange/Divulgação
O fato de a abertura da exposição não ter tido a presença de muitos artistas e figurões ligados à política e às artes plásticas provavelmente se deve ao fato de muita gente duvidar se, além de ser uma grande atriz, Jessica Lange é também uma grande fotógrafa, ou se está apenas fazendo isso por hobby.

Pouca gente sabe, mas ela estudou fotografia muito antes de se tornar atriz - e as principais características de seu trabalho em fotos é que ela fotografa apenas em preto e branco, usa uma câmera analógica e gosta de fotografar à noite.

Foto da Diva que está na exposição do MIS - Jessica Lange/Divulgação
“Eu costumo passar despercebida porque sempre gosto de fotografar em locais onde ninguém me conhece. E eu sempre me interesso por aquele momento anterior ao que a pessoa percebe que eu a estou fotografando”, contou ela, que na tarde desta terça visitou o Mercado Municipal e a rua 25 de Março, onde não foi reconhecida.

Lange fotografa na rua 25 de Março, onde não foi reconhecida -  Divulgação
O material que saiu disso pode se tornar uma exposição?

“Preciso ver se elas ficaram boas. Esse é o problema de quem fotografa usando filme.”

Ao fim do debate, novamente ovacionada pela plateia, agradeceu sorridente e saiu aos gritos de: “Supreme! Supreme!” (referência ao papel da bruxa suprema na terceira temporada da série).

Lange fotografa no Marcado Municipal da Cantareira, onde  também não foi reconhecida -  Divulgação
Ainda na terça, a Diva concedeu uma ótima entrevista ao repórter James Cimino, do UOL:

James Cimino – O que a distingue como fotógrafa?

Jessica Lange – Olha, não sei. Eu nunca sou muito boa ao falar de mim mesma desse jeito. Eu acho que eu me projeto para um outro tempo… O que acho fascinante sobre usar filmes para fotografar é capturar um momento etéreo e reduzi-lo a branco e preto, sombras e luz. Eu não estou interessada em manipular imagens. Não estou interessada em cores, em computação gráfica, nada disso. É um approach bem antiquado, na verdade…

Inclusive sua câmera…

Sim. Ainda fotografo com filme…

Foto da Diva que está na exposição do MIS - Jessica Lange/Divulgação
Deve ser muito difícil para você fazer isso nos dias de hoje, em que tudo é eletrônico e digital…

Sim. E está ficando cada vez mais difícil, aflitivo até… Um dos filmes que gosto de usar, que é um filme de exposição rápida, para fotografar à noite, a Kodak não fabrica mais. Então eu tive que parar um trabalho, que ficaria descontínuo por causa disso. Alguns produtos químicos para revelação e alguns papéis de impressão não estão mais sendo feitos. Hoje em dia não é fácil de entrar em uma loja e pedir um filme. Ninguém mais tem isso.

Li que você adora fotografar o México, por quê? O que tem de especial naquele país que a inspira tanto?

O México é muito cinematográfico e teatral. Aquelas pequenas vilas. O jeito que as ruas são dispostas. As pessoas vivem nas ruas. Há uma vida a ser observada, bem diferente de Nova York, por exemplo. A coisa é que, em alguns lugares do mundo ainda existe essa vida sendo vivida em espaço aberto. Hoje a maior parte da vida acontece a portas fechadas. E você vai a um lugar desses e você observa famílias, namorados… Tudo está ali. E não é o mesmo em todos os lugares.

Foto da Diva que está na exposição do MIS - Jessica Lange/Divulgação
Você está aqui para uma exposição de fotos, mas você vetou a presença de fotógrafos aqui durante a entrevista…

Eu odeio ser fotografada… (risos)

Por quê?

Primeiro de tudo é porque agora tudo está muito facilmente disponível na internet. Facebook, Instagram. Agora tudo acontece em rede. Então quanto mais tudo isso se torna facilmente disponível, menos eu quero participar.

Foto da Diva que está na exposição do MIS - Jessica Lange/Divulgação
Mas agora você se tornou um ídolo adolescente por causa de 'American Horror Story'. E eu suponho que muitos deles pedem para tirar selfies contigo o tempo todo, não?

Sempre!

O que você responde?

Eu digo: “Muito obrigado por pedir, mas eu nunca tiro fotos.” Algumas pessoas têm reações muito fortes sobre isso, mas o fato é que eu nunca me deixo fotografar.

Foto da Diva que está na exposição do MIS - Jessica Lange/Divulgação
Fora isso, esses jovens passaram a conhecer o trabalho de atrizes como você, Kathy Bates, Angela Bassett…

Sim, essas crianças não tinham ideia do que era meu trabalho… Me surpreende quando essas meninas chegam a mim e dizem: “Meu Deeeeeeeeusssss!” E eu fico pensando: “Quem elas pensam que eu sou?”

Que você é a bruxa suprema…

Sim! (risos) Eu acho muito fofo, na verdade. E algumas vezes elas dizem: “Eu acho que vou chorar!” E eu fico: “Oi?” Mas é um fenômeno! Porque para uma pessoa que veio do cinema como eu, o negócio funciona assim: você faz seu trabalho. Ele é bem recebido, ou não é bem recebido. As pessoas vão ao cinema, ou ao teatro, pagam um ingresso para ver. E acabou. Agora, a TV tem milhares de tentáculos. Ela penetra na casa das pessoas. Me pegou de surpresa.

É verdade que você não sabia o que eram índices de audiência?

Sim! Eles tiverem que me explicar! (risos)

Foto da Diva que está na exposição do MIS - Jessica Lange/Divulgação
Por que você acha que a série ficou tão popular?

Acho que é porque a série não é sobre horror somente. Definitivamente não é. Se você observa o trabalho do Ryan [Murphy, criador da série], você vê que ele gosta das subculturas, dos excluídos. Se você reparar, cada uma das quatro temporadas que fizemos é sobre um desses grupos marginalizados. Pessoas que não são aceitas. Por isso eu acho que a série conquista o público, que trata de grupos diferentes, mas que, de alguma forma, estão sob o mesmo tipo de opressão.

E o que despertou o seu interesse neste trabalho?

O que me interessou, desde o começo, foi quando Ryan Murphy me ligou, e eu nunca o tinha encontrado na vida. Eu não assisto TV e, portanto, não conhecia 'Nip/Tuck' [série sobre dois cirurgiões plásticos que no Brasil foi exibida no SBT com o nome de 'Estética'] nem 'Glee'. E, quando ele começou a falar da série, ele foi muito sedutor. Ele começou a explicar a primeira personagem para mim, mas escondeu uma característica que sempre me interessou em uma personagem. E a primeira personagem… Na verdade, as quatro personagens têm essa linha que as une. Que é uma vida de decepção. E elas estão todas naquele ponto em que nada que você imaginou, nada que você planejou aconteceu. E todas elas estão lidando com isso. A base dessas personagens é essa. E você joga todas essas fragilidades para o público. Na verdade, todas essas personagens têm isso em comum com outra grande personagem que interpretei no palco, que é Blanche Dubois [da peça 'Um Bonde Chamado Desejo', que no cinema foi interpretada por Vivien Leigh]. Nunca ter tido a segurança de ser quem você quis ser. E cada uma dessas quatro personagens têm isso em certo grau. Esse desespero. E essa terrível solidão. E tem isso do Ryan. Ele me fez acreditar, quando conversou comigo. Ele me disse: “Vou escrever para você alguns dos melhores personagens que você já interpretou.” De alguma forma eu acreditei nisso…

E ele cumpriu?

Sim, ele cumpriu.

Muitas pessoas dizem que só assistem à série por sua causa…

Sério? Muito obrigada!

Você estará na quinta temporada, ou a cena final de 'Freak Show' foi sua despedida mesmo?

Foi minha despedida. Não posso. Já fiz o suficiente. (risos)

(Nota: Ryan Murphy já disse que ela volta ...)

No México, você fotografou o Dia de los Muertos, e estamos a apenas alguns dias do Carnaval no Brasil. O que você gostaria de fotografar aqui?

Se eu pudesse ficar, eu definitivamente ficaria para fotografar o Carnaval. Eu não sou muito de fotografar cidades. Exceto pequenas comunidades ou bairros mais afastados. Eu gostaria de ir para o interior. Mas, quem sabe no ano que vem…

Ou seja: ELA VOLTA!!

A Diva agradece as flores - para minha alegria! - Foto: Manuela Scarpa
Exposição: “Jessica Lange: Fotógrafa”
Quando: 
 De 11 de fevereiro a 5 de abril de 2015
Dias e Horários:
 Terças a sextas, das 12h às 21h; sábados, das 10h às 22h; domingos e feriados, das 11h às 20h
Onde: 
Av. Europa, 158, Jardim Europa, São Paulo
Telefone:
(11) 2117 4777
Quanto: 
R$ 6,00 (inteira) e R$ 3,00 (meia)