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quinta-feira, 14 de maio de 2015

'A GANGUE': SEM VOZ, FILME CHOCA PELA BRUTALIDADE E SEXO EXPLÍCITO EM SUBMUNDO DE ESCOLA ADOLESCENTE


SINOPSE:

Sergey (Grigoriy Fesenko), um jovem surdo-mudo, começa a estudar num internato especializado que abriga secretamente uma rede de crime e prostituição entre seus estudantes, "a tribo".

Neste novo ambiente, ele é forçado a aceitar as duras regras da gangue e participa de vários assaltos, o que lhe garante o respeito dos colegas.

Ele cresce na hierarquia do grupo, mas coloca tudo a perder ao se envolver com Anna (Yana Novikova), amante do líder da organização.

CRÍTICA:

Um filme rodado em linguagem de sinais e sem narração ou legendas, já que o amor e o ódio não precisam de tradução.

Só que a violência de 'A Gangue', em exibição em apenas 3 salas de cinema em todo o Brasil, não é para qualquer um.

O retrato cru e absolutamente ousado do diretor Myroslav Slaboshpytskiy foge do convencional logo na forma: não há qualquer diálogo nas mais de duas horas de cenas chocantes e que causam desconforto e sua ousadia vem rendendo prêmios por onde aparece – o mais importante deles no Festival de Cannes de 2014.

O protagonista é Sergey (Grigoriy Fesenko), um jovem que entra em uma escola para surdos-mudos mantida pelo governo na periferia de uma cidade ucraniana qualquer.

Grigoriy Fesenko E Yana Novikova, num '69' explícito - Fotos dessa Postagem: Divulgação/Filmes da Mostra
Para se enturmar com os colegas, ele percebe que terá que se inserir em uma gangue que funciona internamente, a 'The Tribe'.

Pequenos crimes, prostituição e bullying são comuns na rotina desses alunos, que vivem em um ambiente hostil e marginal.

A iniciação do personagem dentro desse submundo também é a introdução cena a cena do espectador nessa realidade marcada pela crueldade, seguindo a base do cinema independente: câmera na mão, atores não profissionais, e muito sexo explicito.

Cena do Longa
A lógica é quebrada quando Sergey se apaixona pela namorada do líder da gangue (Yana Novikova), o que causa uma onda de violência que culmina em uma cena final, das mais chocantes do cinema nos últimos anos.

Cena do Longa
Há várias virtudes no longa, a começar pela capacidade que o diretor apresentou de emergir o espectador dentro daquele universo tão brutal.

Mesmo sem qualquer linguagem verbal, o gestual que os personagens usam para a comunicação acaba criando uma tensão crescente, nos colocando na função de voyeurs desse mundo tão cru.

Cena do Longa
O som seco das brigas e a falta de qualquer voz contrastam com os gritos que ecoam em sua melhor sequência: retratado como um ritual, o aborto clandestino praticado por uma das personagens é criado diante dos nossos olhos com uma frieza assustadora - do espectador fechar os olhos e ouvir os gritos em sua cabeça por dias.

O longa tem a marca da experimentação, mas os pés no chão que nos permite ver sentido no meio de todo este caos.

Filmaço.

TRAILER:


FICHA TÉCNICA:
'A GANGUE'
Titulo Original:
PLEMYA
Gênero:
Drama
Direção, Roteiro e Produção: 
Miroslav Slaboshpitsky
Elenco:
Alexander Dsiadevich, Alexander Osadchiy, Alexander Panivan, Alexander Sidelnikov, Grigoriy Fesenko, Ivan Tishko, Rosa Babiy, Yana Novikova, Yaroslav Biletskiy
Fotografia e Montagem:
Valentyn Vasyanovych
Duração:
130 min.
Ano:
2014
País:
Holanda / Ucrânia
Cor:
Colorido
Estreia:
14/05/2015 (Brasil)
Distribuidora:
Filmes da Mostra
Estúdio:
Garmata Film Production
Classificação:
18 anos

COTAÇÃO DO KLAU:

sábado, 24 de maio de 2014

FESTIVAL DE CANNES: APÓS 32 ANOS, FILME TURCO LEVA A PALMA DE OURO E JULIANNE MOORE, A PALMA DE MELHOR ATRIZ


O filme turco 'Winter Sleep', do premiado Nuri Bilge Ceylan ('Era uma Vez na Anatólia'),  acabou de levar a Palma de Ouro do festival de Cannes 2014 - a  cerimônia terminou agora pouco.

"Dedico este prêmio a todos os jovens que perderam a vida ao longo do último ano", agradeceu o diretor, referindo-se aos que morreram nos protestos contra o governo em Istambul.

Confira matéria da AFP:


É a segunda vez que a Turquia leva o prêmio máximo do festival: a primeira foi para 'O Caminho', de Yilmaz Guney e Serif Goren, em 1982, há 32 anos.

O prêmio foi apresentado por Uma Thurman e Quentin Tarantino, comemorando os 20 anos da Palma de Ouro dada a 'Pulp Fiction' - John Travolta também estava lá.

John Travolta, Uma Thurmam e Quentin Tarantino, agora pouco, em Cannes - The Independent

Com três horas e quinze minutos de duração, 'Winter Sleep' conta a história de Aydin, dono de um pequeno hotel na Anatólia.

Ele escreve artigos sobre a moral, a religião e a busca da felicidade para um jornal local, mas sua jovem esposa Nihal e sua irmã Necla vão lhe mostrando pouco a pouco como ele é um sujeito egocêntrico e manipulador.

O filme tem longos diálogos de mais de 20 minutos e é um belo conto sobre a complexidade e as contradições da alma humana, inspirado por Tchecov e Doistoiévski.

Depois da premiação, a diretora neozelandesa Jane Campion ('O Piano') explicou a escolha do júri presidido por ela:

"Quando li sobre o filme, fiquei com medo das três horas e quinze minutos. Pensei: meu deus, vou precisar de um banheiro! (risos). Mas o filme tem um ritmo tão bonito que me envolveu, eu podia ficar mais tempo ali. É como uma historia de Tchecov, com os personagens se torturando o tempo todo. Eu me vi em todos os personagens. É um filme muito sofisticado", afirmou.

Confira o trailer de 'Winter Sleep':


A Diva Julianne Moore tirou o favoritismo das canadenses de 'Mommy' e venceu a Palma de melhor atriz por seu papel de uma atriz neurótica atormentada pelo jovem fantasma da mãe em 'Maps to the Stars', de David Cronenberg.

Pena que Moore não estava mais em Cannes para receber o prêmio.

Confira Julianne Moore em ação, no trailer de 'Maps to the Stars':


Mais conhecido como o Wormtail da série 'Harry Potter', o britânico Timothy Spall ficou com a Palma de melhor ator pelo papel do pintor embrutecido de 'Mr. Turner', de Mike Leigh, sobre um grande pintor inglês precursor do impressionismo.

O celular do ator tocou bem no momento em que ele agradecia o prêmio no palco, provocando risos na plateia.

Spall lembrou que não pôde estar em Cannes quando Leigh ganhou a Palma de Ouro em 1996 com 'Segredos e Mentiras' porque fazia um tratamento contra a leucemia.

Veja Timothy Spall em ação no trailer de 'Mr. Turner':


O Grande Prêmio do júri - espécie de segundo lugar - ficou para 'Le Maraviglie' ('As Maravilhas'), da italiana Alice Rohrwacher.

O Prêmio do Júri foi para o canadense 'Mommy', do jovem Xavier Dolan (25 anos), o mais novo cineasta da competição - mas o júri também deu uma menção para 'Adieu au Langage', de Jean-Luc Godard, que, por sua vez, foi o cineasta mais velho entre os selecionados.

O prêmio para Godard foi bastante vaiado pelos jornalistas na sala de imprensa - o pior é que o júri ignorou o pedido do próprio Godard, que declarou numa entrevista preferir não levar nenhum prêmio especial em reconhecimento da carreira.

Veja o trailer de 'Mommy':


O americano Bennet Miller (de 'O Homem que Mudou o Jogo' e 'Capote'), venceu o prêmio de melhor diretor por 'Foxcather', que fez com que o Steve Carrell fosse cotado inclusive para o Oscar de melhor ator, pelo papel de John Du Pont, milionário que decide montar um centro de treinamento para lutadores em sua imensa propriedade na Pensilvânia e convidar para o projeto os irmãos Schultz, Mark (Channing Tatum) e Dave (Mark Ruffalo), medalhistas de vários campeonatos.

Confira o trailer de 'Foxcather':


O russo 'Leviathan', sobre um homem comum que perde a casa e a família após uma série de contratempos, ficou com a Palma de melhor roteiro.

Em seu último ano à frente do festival, Gilles Jacob foi ovacionado de pé quando entrou no palco para apresentar o prêmio 'Caméra d'Or', para o melhor filme de estreia - que foi para o francês 'Party Girl', sobre uma ex-dançarina de boate aos 60 anos e sua família e onde os papéis do filme são feitos pelas próprias pessoas que as inspiraram, e a protagonista é mãe de um dos diretores.

O prêmio de melhor curta ficou para 'Leidi', do diretor colombiano Simón Mesa Soto.

O francês 'Aïssa' e o norueguês 'Javi Elsker' receberam menções especiais do júri, presidido pelo diretor Abbas Kiarostami.

A cerimônia foi apresentada pelo ator francês Lambert Wilson - da trilogia 'Matrix' e 'Homens e Deuses'.

O júri que decidiu os prêmios foi presidido pela neozelandesa Jane Campion, diretora de 'O Piano', e incluía Willem Dafoe, Gael García Bernal, Sofia Coppola, Carole Bouquet, a atriz iraniana Leila Hatami ('A Separação'), o chinês Jia Zhang-Ke ('Um Toque de Pecado'), o dinamarquês Nicolas Winding Refn ('Drive') e a atriz coreana Jeon Do-Yeon.

Depois de ser ovacionado por cinco minutos quando foi exibido em Cannes, o documentário 'O Sal da Terra', sobre o fotógrafo Sebastião Salgado, foi escolhido na sexta (23) para receber o prêmio especial do júri da mostra 'Un Certain Regard', presidido pelo cineasta argentino Pablo Trapero.

O filme tem direção do alemão Wim Wender e de Juliano Salgado, filho de Sebastião.

Confira matéria da AFP:


O prêmio principal de melhor filme ficou com o húngaro 'White Gods', longa que mostra ataques de cães selvagens pelas ruas de Budapeste, filmados com cães reais.

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Com Agências Inrernacionais

sexta-feira, 23 de maio de 2014

FESTIVAL DE CANNES: NO ÚLTIMO DIA DA COMPETIÇÃO, KRISTEN STEWART DÁ CANO NA COLETIVA DE 'SILS MARIA'


No último dia de exibição dos filmes da seleção oficial do Festival de Cannes, a ausência mais sentida foi a da atriz americana Kristen Stewart.

A estrela da saga 'Crepúsculo' era aguardada na coletiva de imprensa de 'Sils Maria', novo filme do diretor francês Olivier Assayas, que foi todo filmado em inglês.

No longa, Kristen contracena com a diva francesa Juliette Binoche - Oscar de melhor atriz coadjuvante por 'O Paciente Inglês'.

Com o título americano de 'Clouds of Sils Maria', o filme conta a história da atriz Maria Endres (Juliette Binoche) que, no auge da carreira, e convidada para fazer a refilmagem de um dos seus sucessos.

Dessa vez, porém, ela não será a personagem jovem, que ficará nas mãos de uma estrela hollywoodiana (Chloë Grace Moretz), que frequenta as colunas de celebridades por conta de seus escândalos.

Sempre acompanhada da assistente Valentine (Kristen Stewart), Maria se prepara para o papel e repensa toda sua carreira.

Juliette Binoche e Cloe grace Moretz em Cannes - The Guardian

O longa teve boa aceitação da crítica.

Uma curiosidade: numa cena em que Maria e Valentine vão nadar em um lago, Kristen aparece de calcinha e sutiã, enquanto Juliette fica nua em cena - aos 50 anos, a francesa mostra que está em forma e ofusca a ex-namorada de Robert Pattinson.

Confira o trailer de 'Sils Maria':
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Texto: Renato Marafon

FESTIVAL DE CANNES: NOVO LONGA DE XAVIER DOLAN EMOCIONA


A relação entre pais e filhos sempre rendem filmes acalorados, mas nada chega perto ao exagero poético que o jovem cineasta canadense Xavier Dolan impôs em 'Mommy', um dos destaques desta quinta, 22, no Festival de Cannes.

Aos 25 anos, Dolan chega com seu novo filme em Cannes apenas oito meses depois de exibir 'Tom na Fazenda' no Festival de Veneza.

A velocidade que o cineasta produz é tão assustadora quanto sua maturidade para tocar em assuntos delicados, como no caso de 'Mommy'.

A trama aborda a relação entre Diane, uma mãe viúva (Anne Dorval) e Steve, seu filho problemático (Antonie Olivier Pilon).

O adolescente sofre de ADHD, o que o torna extremamente agressivo.

A doçura do menino é despertada graças a Kyla (Suzanne Clement), a vizinha que sofre de gagueira - a vida dos três, até então limitada a seus problemas, ganha uma nova dimensão à partir desta amizade.

O diretor Xavier Dolan - de paletó azul - e o elenco de 'Mommy' em Cannes - People Fr.

Além da ótima atuação dos atores - com destaque para Anne Dorval, que já aparece como principal rival de Marion Cotillard e Julianne Moore ao prêmio de atriz – Dolan mostra todo seu talento fazendo várias cenas brincando com o tamanho da tela, uma alusão ao olhar dos personagens para a vida.

A cena em que Steve anda de skate ao som de Oasis e a tela – até então pequena – se expandindo a partir do movimento das mãos do personagem é de um lirismo absurdo - a cena está no trailer, abaixo.

Tocante, 'Mommy' é sim um filme exagerado, cheio de gritos e histeria, como se espera de uma história de Xavier Dolan.

Mas não é só isso. 

É também um filme belíssimo sobre o amor de mãe e filho, a amizade, a esperança e a aceitação da realidade - e deixa a mensagem que, por mais que a vida seja dolorida, vale sempre a pena se jogar nela.

Confira o trailer de 'Mommy':


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Texto: Janaína Pereira

quinta-feira, 22 de maio de 2014

FESTIVAL DE CANNES: NOVO LONGA DO DIRETOR DE 'O ARTISTA' DECEPCIONA


Sempre que um filme é premiado ou faz muito sucesso, o trabalho seguinte do diretor gera muita expectativa.

Não foi diferente com Michel Hazanavicius, diretor de 'O Artista', que apresentou nesta quarta, 21, 'The Search', mais um concorrente à Palma de Ouro em Cannes.

O filme, no entanto, decepcionou.

A trama se passa na época da guerra da Chechenia contra a Rússia, no final do anos 1990, e foca quatro personagens: um menino checheno que vê seus pais sendo mortos e a irmã mais velha sendo levada pelos soldados russos – e acaba fugindo com o irmão caçula; uma assistente social e sua chefe que tentam ajudar os refugiados; e um rapaz preso por porte de maconha que vira soldado.

A vida de todos eles será entrelaçada por fotos e circunstâncias que fogem ao controle de cada um.

Cartaz do longa - Divulgação

O grande pecado do filme é não explorar a fundo os personagens, o que acaba sendo também um desperdício dos atores, entre eles a esposa do diretor, Bérénice Bejo, que faz a assistente social.

Por conta do roteiro superficial, cheio de possibilidades e que nem clímax tem, o filme acaba sendo bem inferior ao que se esperava dele.

O único destaque é a belíssima fotografia.

O diretor Michel Hazanavicius e sua mulher, a atriz Berenice Bejo, em Cannes - Le Figaro

Na coletiva de imprensa, diretor e elenco foram recebidos com frieza - em tempos de conflito na Ucrânia, Hazanavicius negou ter sido essa sua inspiração.

“O filme nasceu do desejo de denunciar a indiferença das pessoas em relação a conflitos como esse. Claro que essas histórias são contadas em reportagens jornalísticas, mas as pessoas tendem a esquecer o lado negro da História”.

'The Search' ainda não tem previsão de estreia no Brasil.

Confira o trailer de 'The Search':

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Com Agências Internacionais

terça-feira, 20 de maio de 2014

FESTIVAL DE CANNES: ROBERT PATTINSON SE DESTACA EM FILME AUSTRALIANO AO LADO DE GUY PEARCE


Pouco a pouco, Robert Pattinson está provando que tem futuro depois do fim da saga 'Crepúsculo', mais do que sua ex-namorada Kristen Stewart.

Além de um papel pequeno no novo Cronenberg, 'Maps to the Stars', ele aproveitou sua vinda neste ano ao Festival de Cannes apresentar 'The Rover', filme ultraviolento ambientado nas paisagens desérticas da Austrália - o melhor do gênero vindo da país dos cangurus desde 'Mad Max'.

O longa é dirigido pelo australiano David Michod, o mesmo do aclamado 'Reino Animal' (2010) - lançado diretamente em DVD no Brasil e que deu à veterana Jacki Weaver uma indicação ao Oscar de atriz coadjuvante - e se passa num futuro apocalíptico, cerca de dez anos depois do colapso do sistema econômico mundial.

Um viajante, Eric (Guy Pearce), tem o carro roubado por uma gangue de bandidos selvagens e por um motivo que só vai se descobrir ao final do longa, ele arrisca a vida e faz de tudo para recuperar o carro.

Para isso, conta com a ajuda de Rey (Pattinson), um rapaz com dificuldade na fala - o irmão de Rey, um dos bandidos da gangue, o abandonou no momento do assalto, e ele se junta a Eric para reencontrar o irmão e acertar as contas pelo abandono.

Além do sotaque australiano que não deixa nada a dever ao de Pearce (que foi criado na Austrália), Pattinson se sai muito bem na composição de um tipo cheio de problemas, que luta para aprender a se tornar violento contra a sua própria natureza.

Robert Pattinson e Guy Pearce na sessão de fotos do filme "The Rover" - AFP

"Esse filme apareceu do nada, e eu pensei que jamais ganharia esse papel, mas sentia que esse personagem se parecia comigo. Me aproximei desse personagem como as mulheres espancadas que apanham, mas depois perdoam tudo e voltam para os maridos. Rey é como um cachorro que toma um chute e volta para pedir carinho", disse Pattinson, muito feliz, na coletiva pós exibição do longa.

"Eu me identifiquei com essa necessidade quase irracional de aprovação. É um pouco o reflexo de meu complexo de ator, ou de todos os atores. Somos obrigados a ter um grande ego pra fazer o que fazemos, mas temos ao mesmo tempo essa outra parte de nós que é pura insegurança", completou.

Confira o trailer de 'The Rover':

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Texto Base: AFP
Redação Final e tradução: Cláudio Nóvoa

FESTIVAL DE CANNES: ESTREIA DE RYAN GOSLING NA DIREÇÃO TEM ESPECTADOR ABANDONANDO SALA ANTES DO FINAL


O aclamado ator Ryan Gosling foi um dos nomes mais falados do Festival de Cannes em 2011, interpretando o motorista violento e caladão de 'Drive', filme de Nicolas Winding Refn que levou a Palma de melhor diretor e virou cult no mundo todo.

No ano passado, ele começou a descer a ladeira, ao receber duras críticas sobre a sua fraquíssima atuação no estranhíssimo 'Only God Forgives', do mesmo diretor.

Neste 2014, Gosling voltou à Croisette para exibir na mostra 'Un Certain Regard' sua estreia na direção e evidentemente, chamou a atenção e ganhou a maior fila de espera até agora no festival para a primeira sessão do filme, com uma multidão se acotovelando para conseguir um lugar na sala.

Só que muitos espectadores saíram da sala antes de o filme terminar e ao final, a maioria nem esperou a última cena acabar - só eram ouvidos comentários irritados à saída.

Christina Hendricks e Ryan Gosling em Cannes, antes da exibição de 'Lost River' - AFP

Em 'Lost River', uma mãe solteira, Billy (Christina Hendricks, a Joan de 'Mad Men') cria seus dois filhos, um menino e um rapaz de cerca de 18 anos, num bairro decadente e quase deserto de Detroit.

Ela trabalha num clube noturno macabro em que, junto com a personagem de Eva Mendes, faz performances bizarras envolvendo muito sangue, como furar os olhos dos espectadores ou remover o próprio rosto.

Perto desse clube bizarro há um lago artificial, e uma das personagens acredita que, no fundo desse lago, construído num lugar onde antes havia um zoológico, há uma maldição que domina a cidade.

Gosling tenta receber um David Lynch de frente e cria um universo estranho, cujo resultado é uma grande mistura, sem força narrativa ou estética.

A boate em que Billy trabalha lembra o Club Silencio de 'Cidade dos Sonhos' (2001) e o casal jovem e a trilha sonora parecem saídos direto de 'Twin Peaks' - vemos até um misterioso corredor roxo por onde passam os personagens, que lembra a sala com cortinas vermelhas da série de... Lynch!

Numa cena, o malvado da cidade esfaqueia o ratinho de estimação da mocinha (Saoirse Ronan) na frente dela, numa alusão bem capenga à perda da virgindade.

Em outra, um cliente bizarro simula um estupro de Billy, que está enclausurada dentro de uma redoma de plástico.

Enfim, o que era para ser profundo não é -  e a sorte de Gosling é que os filmes da mostra 'Un Certain Regard' não têm entrevista coletiva para a imprensa, o que o salvou das saraivadas dos jornalistas.

Mas vai ser difícil escapar do massacre midiático mais uma vez.

Pena; depois de Justin Timberlake, era até agora o talento mais promissor do show-biss a ter começado, ainda criança, no 'Clube do Mickey'.

Confira o trailer de 'Lost River':


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Texto Base: Thiago Stivaletti - UOL
Redação Final: Cláudio Nóvoa

segunda-feira, 19 de maio de 2014

FESTIVAL DE CANNES: STEVE CARELL EM PAPEL DRAMÁTICO JÁ DESPONTA COMO FAVORITO À PALMA DE MELHOR ATOR


Depois de um domingo com sol e calor, esta segunda (19) em Cannes foi de céu encoberto, frio e vento forte.

A mudança drástica no tempo parecia o prenúncio do que veríamos na telona, pois, logo cedo, a primeira exibição do concorrente a Palma de Ouro ‘Foxcatcher‘, de Bennet Miller ('Capote') trouxe uma surpresa muito boa.

Conhecido por papeis cômicos - como em 'O Virgem de 40 anos' e 'Pequena Miss Sunshine', o ator Steve Carell deixou todo mundo boquiaberto com sua atuação sublime no drama de Miller.

Baseado em um fato real, o filme conta a história de John Du Pont (Carell, com prótese no nariz, irreconhecível), milionário herdeiro da indústria química Du Pont que decide montar um centro de treinamento para lutadores.

Ele convida Mark Schultz (Channing Tatum), campeão olímpico de luta livre, para participar do projeto e os dois estabelecem uma relação bastante próxima, até que o irmão do lutador, Dave (Mark Ruffalo), que também é atleta, aceita entrar no projeto e torna a relação dos três tensa e complicada.

Para quem não conhecia a história, o desfecho é um choque - mas, ainda que todo mundo saiba o trágico final, o longa se sustenta, graças a construção lenta e forte de Miller e a atuação memorável de Steve Carell, que assim é o primeiro favorito de fato e de direito ao prêmio de melhor ator em Cannes – com chances de dar aqui a largada rumo ao Oscar 2015.

Vale ressaltar que Mark Ruffalo também está muito bem e Channing Tatum não compromete.

Muito mais do que um drama real, Bennet Miller traça um paralelo entre fama e fracasso, e como o mundo lida com isso.

Além de fazer um ótimo filme, o diretor proporcionou a Steve Carell a melhor performance dramática de sua carreira, e que pode ser um divisor de águas para o ator, também conhecido pelo seriado de humor 'The Office'.

Confira o trailer de ‘Foxcatcher‘:


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Texto: Renato Marafon - CinePop

domingo, 18 de maio de 2014

FESTIVAL DE CANNES: 'OS MERCENÁRIOS 3' É LANÇADO E STALLONE BRINCA: "SOMOS CRIANÇAS COM ARTRITE"


Os mercenários pararam Cannes na manhã deste domingo (18): a avenida da Croisette à beira-mar em frente ao hotel Carlton teve que ser bloqueada para que tanques desfilassem ao lado de um elenco maior que toda a competição do festival.

Sylvester Stallone (67 anos), Arnold Schwarzenegger (66), Harrison Ford (71), Mel Gibson (58), Wesley Snipes (51), Dolph Lundgren (56) e Antonio Banderas (53) atraíram tantos jornalistas para a entrevista coletiva de 'Os Mercenários 3' que deram uma esvaziada na entrevista do faroeste 'The Homesman', com Tommy Lee Jones e Hillary Swank.

Mas apenas dois minutos do terceiro filme foram mostrados à imprensa.

Como idealizador do projeto, Stallone comandou a festa, brincando com todos os colegas:

"Somos crianças com artrite. Ficam dizendo que é tudo muito velho, muito anos 80, mas não é. Temos a energia de uma criança", falou.

"Só vamos parar de fazer nossos filmes de ação quando tentarmos levantar da cama e a bunda cair".

Sylvester Stallone, Mel Gibson (de barba), Jason Statham e Harrison Ford (atrás) chegam em um tanque de guerra para a coletiva em Cannes - Reuters

Neste terceiro filme, o mercenário Barney (Stallone) e sua equipe têm que enfrentar Conrad Stonebanks (Mel Gibson), que anos atrás fundou o grupo com Barney e se tornou um impiedoso traficante de armas.

Stallone explicou um pouco a ideia do terceiro filme.

"No primeiro, eu não sabia muito bem em que direção ir. Tinha muito violência e um pouco de comédia. No segundo, acho que fomos longe demais na comédia. Desta vez quisemos ficar um pouco mais dramáticos, e a comédia do filme é mais humana, não é só uma série de piadas. Espero ter acertado neste terceiro. É exatamente como nos casamentos", brincou Sly de novo.

Stallone e Schwarzenegger não cansavam de fazer declarações de amor um ao outro e relembrar a competição entre eles nos filmes dos anos 80.

"Eu costumava ligar pra ele e dizer: 'Eu matei 49 pessoas no último filme, Sly. E você? '78', ele respondia. Mas esse cara foi uma das minhas grandes inspirações na carreira, mesmo que a gente tenha competido muito lá atrás", disse Schwarzenegger.

Perguntado se ele poderia trocar de papel com Stallone neste último filme, Schwarzie aproveitou para provocar:

"Somos muito diferentes. Eu não sou o cara que fez 'Pare senão Mamãe Atira'". 

"Você não teve um bebê num filme?! Por que não fica quieto então?", retrucou Stallone.

Kellan Lutz, Glen Powell, Antonio Banderas, Kelsey Grammer, Sylvester Stallone e Arnold Schwarzenegger na sessão de fotos do filme 'Os Mercenários 3' - EFE

Com uma barba enorme e desgrenhada, Mel Gibson chegou e provou que ainda não anda muito normal: ficava balbuciando coisas o tempo todo na mesa e testando o microfone sem parar.

Harrison Ford, o mais velho da turma (71 anos), falou pouco:

"Eu tive pouco tempo de filmagem, mas foi muito divertido. O trabalho foi concentrado e muito ágil", contou, antes de aumentar a ansiedade dos fãs sobre 'Star Wars: Episódio 7'.

"Ainda não começamos a filmar. O que eu sei é que J.J. Abrams (o diretor) já tem um elenco maravilhoso para trabalhar." - o elenco inclui a volta de Mark Hamill (Luke Skywalker) e Carrie Fisher (princesa Leia).

Harrison Ford, Sylvester Stallone e Mel Gibson na sessão de fotos do filme 'Os Mercenários 3' - EFE

Stallone jurou que boa parte das cenas de 'Mercenários 3' foi feita sem dublês.

"Todo mundo se machuca num filme desses, mesmo quando se toma todas as precauções. Tentamos fazer como na época do Harrison em Indiana Jones, quando ainda não havia CGI(computação gráfica)", disse.

Outro objetivo de Stallone e dos produtores é pegar uma classificação indicativa mais leve nos Estados Unidos para atingir um público mais jovem.

Arnold Schwarzenegger faz pose ao divulgar 'Os Mercenários 3' em Cannes - EFE

Os dois primeiros Mercenários foram classificados como R (restrito, menores de 17 anos só entram acompanhados dos pais), e este terceiro foi formatado para conseguir um selo PG-13 (menores de 13 anos entram com os pais).

"A gente se inspirou na violência de filmes como 'A Identidade Bourne', que conseguiram essa classificação. Mas chegamos no limite, o filme é quase R", explicou Stallone.

"A primeira versão do filme ficou com 4 horas.E eu gostava dela!", contou Sly.

'Os Mercenários 3' estreia no dia 21 de agosto no Brasil.

Confira o último teaser trailer de 'Os Mercenários 3':

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Com Agências Internacionais

sábado, 17 de maio de 2014

FESTIVAL DE CANNES: SÁBADO TEVE SAINT LAURENT COM SEXO E DROGAS, DÉPARDIEU MARGINAL E BACKSTREET BOY VAMPIRO


O dia a dia do Festival de Cannes, você confere aqui.

Confira o que de melhor aconteceu neste sábado:


'SAINT LAURENT': BIOGRAFIA NÃO AUTORIZADA TEM ORGIA E DROGAS E CAUSA COMOÇÃO NA PLATEIA

Morto há seis anos, a lenda da alta costura Yves Saint Laurent voltou à moda: depois do filme chapa branca sobre sua vida que está em cartaz em São Paulo, uma segunda cinebiografia entrou na competição de Cannes neste sábado e deu o que falar.

'Saint Laurent', de Bertrand Bonello, é bem mais verdadeiro que o primeiro e manda ver nas cenas de uso de drogas pelo gênio da costura, vivido por Gaspard Ulliel (de "Hannibal – A Origem do Mal"), com seu maior amante, Jacques (Louis Garrel, de "Canções de Amor").

Numa cena, que causou comoção na plateia, o cãozinho de estimação do estilista come todos os remédios largados no chão e morre de overdose - as cenas de drogas são bem mais fortes que as (poucas) cenas de sexo.

O filme se concentra em uma década, de 1967 a 1976, quando Saint Laurent abandona a Maison Dior para fundar sua própria casa de costura com o marido e sócio Pierre Berger, não poupando sequências com as modelos desfilando suas belas criações, e terminando com o desfile de 1976 - aquele que o próprio Yves considerava o seu mais inspirado.

Gaspard Ulliel em Cannes hoje - Public France

Mas Bonello consegue ir além ao elaborar um filme delirante, em que as aflições e fragilidades do artista conduzem o ritmo da narrativa.

Há momentos quase hipnóticos, envoltos num clima surrealista, que lembram seu filme anterior, 'Os Amores da Casa de Tolerância'.

Ao final, entra um Saint Laurent mais velho e decadente, vivido à perfeição pelo austríaco Helmut Berger, ator dos filmes de Luchino Visconti e há muito afastado das telonas.

Os dois filmes sobre Saint Laurent tiveram caminhos bem diversos: Bonello começou antes seu projeto, mas o outro diretor, Jalil Lespert, correu na frente e conseguiu a bênção de Berger, que além de viúvo é também cofundador da Maison Saint Laurent.

Depois, Berger - ainda vivo - deu várias declarações condenando este segundo filme, que foi feito sem autorização de amigos ou parentes.

"Mas por um lado isso foi bom, porque nos liberou da obrigação de fazer uma biografia tradicional", disse o produtor Eric Altmayer.

"Não faço comparações porque não vi o outro filme, me concentrei no meu projeto. Tomamos a liberdade de fazer o filme que quisemos. Para ser livres, precisamos trabalhar no nosso canto", disse Bonello.

"Essa década parecia a mais rica e apaixonante de sua vida, tanto em termos de moda como de vida. É um filme que vai do documentário à ópera".

Ulliel, que também está excelente como Saint Laurent jovem, ao mesmo tempo genial e frágil, contou que só conheceu Louis Garrel no momento das filmagens, e revelou que a cena de sexo entre eles era a única que não estava no roteiro.

"Uma espécie de graça surgiu entre a gente desde a primeira cena. Mas essas cenas são totalmente envolvidas pelo trabalho, não têm nada de realidade", defendeu.

Confira um teaser de 'Saint Laurent':


CURTAS DA CROISETTE

VAMPIRO BACKSTREET BOY

No mercado de Cannes, pode-se encontrar os filmes mais bizarros à venda para distribuidores do mundo todo.

Lembra de Kevin Richardson, o integrante mais alto e magrelo dos Backstreet Boys?

Ele agora investe na carreira de ator e estrela 'The Bloody Indulgent', um filme trash que mistura musical com filme de vampiro.

No elenco está também Diva Zappa, filha do lendário Frank Zappa.

Kevin Richardson hoje em Cannes - AFP
A sinopse desperta a curiosidade mórbida:
"Este sexy musical de vampiros está cheio de vampiros perturbados, ninfetas drogadas, zumbis existencialistas. Galões de sangue são derramados nesta versão nouvelle vague de uma mistura de 'Pulp Fiction' com 'Vem Dançar Comigo', que acompanha um Backstreet Boy vampiro (Kevin) caçado por uma Zombie Zappa (Diva)"

Haja criatividade...

SAMBA NOS 'INTOCÁVEIS'

Eric Toledano e Olivier Nakache, diretores de 'Intocáveis', a maior bilheteria internacional de um filme francês em todos os tempos, parecem ter um pezinho no Brasil.

Sua nova comédia vai se chamar 'Samba' e reúne um grande elenco europeu: Omar Sy (de 'Intocáveis'), Charlotte Gainsbourg ('Ninfomaníaca'), Tahar Rahim ('O Passado') e Izia Higelin.

Eric Toledano e Olivier Nakache-FilmsEuropa
O pouco que se sabe do filme é que será uma comédia sobre amizade, solidariedade e trará de questões que possam ter empatia em diferentes partes do mundo - as informações são da revista 'Variety'.

DEPARDIEU MARGINAL?

Gérard Depardieu, ainda hoje o astro francês mais conhecido no mundo, vem a Cannes este ano com uma agenda de ator marginal.

Ele é a estrela de 'Wellcome to New York', o novo filme do americano Abel Ferrara ('Vício Frenético'), livremente inspirado no caso de Dominique Straus Kahn, ex-diretor do FMI acusado de agressão física a uma camareira de um hotel em Nova York.

Depardieu, em cena do longa - Divulgação

Vetado da seleção oficial, o filme teve uma sessão fechada para poucos jornalistas no festival, mas todo mistério é só para aumentar o burburinho em torno do filme.

A partir de hoje, o filme já estará disponível em um serviço de vídeo 'on demand' na internet e provavelmente não será exibido nos cinemas da França – orgulhosos, os franceses consideram uma afronta que um filme seja feito sobre um episódio tão vergonhoso envolvendo um de seus conterrâneos ilustres.