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domingo, 26 de maio de 2013

FESTIVAL DE CANNES: AMOR ENTRE GAROTAS LEVA PALMA DE OURO - CONFIRA TODOS OS GANHADORES


O cartaz do Festival de Cannes 2013 é uma cena de beijo de um dos casais mais legais de Hollywood - Paul Newman e Joanne Woodward - tirada do filme "Amor Daquele Jeito/A New Kind of Love" (1963)

O 66º Festival de Cinema de Cannes - um dos mais importantes do mundo - encerrou-se agora pouco, numa cerimônia apresentada pela atriz Audrey Tautou e sem muitas surpresas nos seus ganhadores.


Audrey Tatou comanda a cerimônia de encerramento e premiação do Festival de Cannes 2013 - foto: Valery Hache/AFP

No prêmio máximo, deu a lógica: o francês "La vie D'Adele" (A Vida de Adèle), de Abdellatif Kechiche, longa mais falado dessa edição por ter fortes cenas de sexo entre uma garota de 15 anos que se apaixona por outra moça, levou a Palma de Ouro.

A Palma foi concedida pelo júri presidido pelo cineasta e produtor americano Steven Spielberg, que fez questão de mencionar o grande trabalho do diretor e das atrizes Léa Seydoux e Adèle Exarchopoulos.

As atrizes francesas Lea Seydoux (à esq) e Adele Exarchopoulos beijam o diretor franco-tunísio Abdellatif Kechiche enquanto ele recebe a Palma de Ouro pelo filme "La Vie d'Adele" - foto: Valery Hache/AFP
O prêmio máximo em Cannes para um longa com essa temática veio num momento em que o debate sobre casamento gay pega fogo na França, com católicos e ultraconservadores protestando nas ruas contra a aprovação do casamento, mas Spielberg negou que a decisão tenha sido política.
"Para nós, é uma grande história de amor que carrega uma mensagem muito positiva. E a propósito, as personagens não se casam", brincou.

Também foi surpreendente a Palma para um filme tão sexual vindo de Spielberg, diretor que filmou apenas uma cena de sexo em toda a sua carreira – em "Munique" (2005) - como bem lembrou o correspondente do UOL Thiago Stivaletti, que, aliás, fez  uma cobertura irretocável da edição deste ano.

O júri do Festival de Cannes: Nicole Kidman, Daniel Auteuil, Ang Lee, Vidya Balan, Steven Spielberg, Lynne Ramsay, Naomi Kawase, Cristian Mungiu e Christoph Waltz posam em frente do Palácio dos Festivais agora pouco - foto: Loica Venance/AFP

O Grande Prêmio do Júri, considerado o segundo lugar, ficou com a comédia dos irmãos Coen, "Inside Llewyn Davis" - sobre um cantor de folk fracassado na Nova York dos anos 60.

O ator Oscar Isaac, que vive o Llewyn do título, recebeu o prêmio em nome dos diretores.

Oscar Isaac sobe as escadas do Palais du Festival com  Emma Watson, sua parceira do longa, agora pouco - foto: AP
O Prêmio do Júri, espécie de terceiro colocado, ficou com o japonês "Like Father, Like Son" (Tal pai, tal filho), de Hirokazu Kore-Eda, drama sobre duas famílias que descobrem que seus filhos foram trocados na maternidade há seis anos.

O diretor japonês Hirokazu Kore-Eda ganha o Prêmio do Júri pelo filme "Like Father, Like Son" - foto: Valery Hache/AFP

A lenda Bruce Dern levou a Palma de Melhor Ator pelo papel do velhinho que imagina ter ganhado na loteria em "Nebraska", de Alexander Payne.
Dern - que desde já é apontado como um favoritos ao Oscar de Melhor Ator em 2014 - não estava mais em Cannes, e Payne recebeu o prêmio por ele.

O diretor americano Alexander Payne recebe o  Prix d'Interpretation Masculine (Melhor Ator) em nome de Bruce Dern, que não pode estar presente no encerramento de Cannes - foto: Valery Hache/AFP

Se Marion Cotillard saiu do filme por problemas de agenda, a também francesa Bérénice Bejo não fez por menos, defendeu muito bem o papel e acabou levando Palma de Melhor Atriz por "Le Passé", de Asghar Farhadi.

Bérénice Bejo ganha a Palma de Ouro por "Le Passé" - foto: Valery Hache/AFP
Uma surpresa: o mexicano Amat Escalante ficou com o prêmio de Melhor Diretor pelo violento "Heli", história de um jovem cuja família desmorona depois que a irmã mais nova se envolve com um jovem militar ligado ao narcotráfico.

O diretor Amat Escalante (à esq) recebe o prêmio de Melhor Diretor por seu filme "Heli" das mãos do ator Forest Whitaker - foto: Francois Mori/AP Photo

O chinês Jia Zhangke - Leão de Ouro em Veneza por "Em Busca da Vida" - ficou com o prêmio de Melhor Roteiro por "A Touch of Sin", que flerta com os filmes de samurais e no qual filma pela primeira vez cenas de violência e sangue.

O diretor chinês Jia Zhangke fala no encerramento do Festival de Cannes após receber o prêmio de Melhor Roteiro pelo filme "A Touch of SIn" - foto: Valery Hache/AFP
Um filme de Cingapura, "Ilo Ilo", de Anthony Chen, levou o prestigioso prêmio 'Caméra d'Or', de Melhor Longa-Metragem de Diretor Estreante.
O filme foi exibido na paralela 'Quinzena dos Realizadores'.

O diretor Anthony Chen (centro) recebe seu prêmio 'Camera d'Or de Melhor Filme' das mãos da diretora francesa e presidente do Júri, Agnes Varda, (à esq) e da atriz chinesa Zhang Ziyi - foto: Valery Hache/AFP

A Diva Kim Novak, 80 anos, foi aplaudida de pé pela plateia ao subir no palco para apresentar um prêmio.

Kim Novak em Cannes - foto: Le Figaro
Ela lembrou que "Um Corpo que Cai" (1958), de Alfred Hitchcock, recebeu críticas negativas no lançamento – e, numa recente enquete da revista "Sight & Sound", ficou em primeiro lugar na lista dos melhores filmes de todos os tempos.

O longa, considerado a obra prima do mestre do suspense, foi exibido em cópia restaurada em Cannes, mais uma vez encantando a todos.

Em seu discurso de apresentação, o presidente do júri, Steven Spielberg, deu seu apoio ao movimento de exceção cultural na França – que reivindica que o cinema e outras artes não sigam as mesmas regras de outros setores nos acordos internacionais de comércio, preservando assim os produtores e cineastas de filmes independentes de pequeno orçamento.

Passaram pelo tapete vermelho na noite de encerramento atrizes como Uma Thurman e os membros do Júri Steven Spielberg, Nicole Kidman, Christoph Waltz, Ang Lee e Daniel Auteil.

Uma Thurman no red carpet agora pouco - foto: AP


Confira todos os ganhadores nas categorias principais do 66º Festival de Cinema de Cannes:

Palma de Ouro
"La Vie d'Adèle", de Abdellatif Kechiche (França) – com menção para o diretor e as atrizes Léa Seydoux e Adèle Exarchopoulos

Relembre cena do filme:


Grande Prêmio do Júri
"Inside Llewyn Davis", de Joel e Ethan Coen (EUA)

Relembre trailer do filme:


Melhor diretor
Amat Escalante, por "Heli" (México)

Confira cena do filme:


Prêmio do Júri
"Like Father, Like Son", de Hirokazu Kore-Eda (Japão)

Relembre trailer do filme:


Melhor Ator
Bruce Dern, por "Nebraska" (EUA)

Relembre trailer do filme:


Melhor Atriz
Bérénice Bejo, por "Le Passé" (França)

Relembre trailer do filme:


Melhor Roteiro
Jia Zhangke, por "A Touch of Sin" (China)

Relembre trailer do filme:


Prêmio Caméra d'Or 
(melhor longa-metragem de diretor estreante)
"Ilo Ilo", de Anthony Chen (Cingapura)

Relembre trailer do filme:


*****
Com AP e AFP

quinta-feira, 16 de maio de 2013

CANNES 2013: NO PRIMEIRO DIA, SPIELBERG OVACIONADO E ULTRAVIOLÊNCIA MEXICANA


Leonardo DiCaprio subiu ao palco do Palais du Festival acompanhado pelo ator indiano Amitabh Bachchan - seu parceiro no filme "O Grande Gatsby" como uma nova homenagem ao 100º aniversário do cinema indiano - e declarou aberto o 66º Festival de Cannes na noite de ontem (15), diante do público presente que ovacionou o presidente do júri, a lenda Steven Spielberg.

"Eu declaro aberto o 66º Festival de Cannes", disse o ator, que teve seu mais recente filme, dirigido por Baz Luhrmann, exibido para a multidão após a cerimônia.

A francesa Audrey Tautou, conhecida por seu papel como "Amèlie Poulain", brilhou como mestre de cerimônia, lembrando, com um piscar de olhos para Spielberg, que tinha cinco anos de idade no lançamento de "E.T.".
Para ela, "o cinema nunca deixa você sair como chegou".

Em seguida, Steven Spielberg recebeu uma longa ovação.
"Meu Deus, obrigado, muito obrigado", agradeceu antes de declarar ter "crescido com o festival".
"Esta é a sua 66ª edição e eu tenho 66 anos!", afirmou.

Spielberg ovacionado - foto: AFP

A pré-estreia começou no final da tarde, em meio a uma persistente chuva que não chegou a abalar a moral dos dançarinos que animavam o tapete vermelho, ao som de músicas dos anos 1920, para receber a equipe de "O Grande Gatsby".

Os fãs reunidos em frente aos degraus do Palácio foram ao delírio quando Leonardo DiCaprio saiu de seu carro e, muito solícito, foi cumprimentar o público.

Muitas estrelas vieram antes, começando com os membros dos júri - entre eles a atriz australiana Nicole Kidman e o diretor taiwanês Ang Lee.

Júri do Festival de Cannes 2013 posa para os fotógrafos: o diretor britânico, Lynne Ramsay, o diretor tailandês Ang Lee, o diretor americano Steven Spielberg (presidente), a atriz australiana Nicole Kidman, o ator francês Daniel Auteuil, a atriz indiana Vidya Balan, o ator austríaco Christoph Waltz, a diretora japonesa Maomi Kawase e o diretor romeno Cristian Mungiu - foto Anne-Christine Poujoulat/AFP
Como de costume, os artistas foram recebidos no alto da escadaria pelo diretor do festival Thierry Fremaux e o presidente Gilles Jacob, que cumprimentaram nomes como a Diva Julianne Moore, Cindy Crawford, Ludivine Sagnier e Ines de la Fressange.

Depois da exibição de "O Grande Gatsby", os primeiros filmes em competição começaram a ser apresentados.

O diretor do festival Thierry Fremaux e o presidente Gilles Jacob - foto: AFP

Ainda ontem, o primeiro filme da competição pela Palma de Ouro chocou a plateia com cenas ultraviolentas.

O mexicano "Heli", de Amat Escalante, conta a trajetória do rapaz do título, que vê sua vida devastada depois que a irmã de apenas 12 anos se envolve com um soldado que tem conexão com o narcotráfico.

O soldado esconde quilos de cocaína no tanque da casa de Heli.
Quando este descobre, resolve se livrar da droga. 
Mas os traficantes decidem puni-los com violência, e a irmã fica desaparecida por dias.

O filme abre com a cena de um corpo sendo tirado de uma carreta e enforcado do alto de uma passarela.
Em outro momento, Heli e o soldado são pendurados por um gancho e espancados com uma tábua.
Um deles tem o pênis queimado – a sessão de tortura é observada por três crianças, parentes dos traficantes.
Em outra, um cachorro é morto a balas.

O cãozinho de estimação da menina é estrangulado na frente dela – momento que provocou um suspiro de terror na plateia - alguns jornalistas chegaram a deixar a sessão.

Cena de 'Heli' - foto: divulgação

Escalante justifica a violência que decidiu mostrar.
"Quando filmo esses atos de violência, não estou tentando impressionar, e sim traduzir a tristeza desses atos. Quero que os mexicanos encarem de frente a realidade. Quando você pensa em acerto de contas entre gangues, sempre imagina um cara grandão com bigode e chapéu. Mas na verdade as gangues pagam crianças para fazer esse tipo de trabalho sujo."

"Heli" é o único filme latino-americano na Competição principal deste ano em Cannes e já foi premiado na última edição do Festival de Sundance.

Seu retrato duro da pobreza mexicana pode lembrar um pouco "Cidade de Deus", mas faz um retrato ainda mais cru e realista da devastação social causada pelo tráfico.

É um filme importante e corajoso, que representa bem o continente no festival e abriu muito bem a seleção, relata Thiago Stivaletti, do UOL.

Confira matéria com cenas do longa: