Um dos pontos altos da 3ª temporada de 'Demolidor', é a 'luta na prisão', um longo plano-sequência de quase 11 minutos, com Matt Murdock acabando com bandidos e carcereiros
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Agora, o showrunner Erik Oleson falou sobre como foi fazer essa sequência, suas influências e como isso deixou os executivos da Marvel preocupados.
“Eu inseri alguns pontos em que poderíamos ter escondido alguns cortes se não funcionasse, tipo um corredor escurecido, com ele olhando para as luzes vermelhas piscando”, disse Oleson.
“Mas, ao invés disso, na pós-produção, insisti em usar uma tomada única de verdade e clareei esse corredor para que a audiência pudesse ver que não há cortes escondidos”.
“Eu tive de ligar para as pessoas das finanças e dizer, ‘adivinha? Vamos parar de filmar por um dia, mas temos a equipe inteira lá para ensaiar”, continuou Oleson.
“Isso definitivamente causou preocupação na produção”.
Tom Lieber, vice presidente de programação original da Marvel Television admitiu ter ficado preocupado.
“Eu fiquei tipo, ‘são 12 páginas de roteiro'”, disse Lieber ao Vulture.
“E ele respondeu, ‘sim, eu sei! Não é doido?’. E eu respondi, ‘sim, é mesmo!'”.
O que finalmente convenceu os executivos da Marvel foi a disposição do elenco e equipe em entregar isso.
Alex Garcia Lopez, diretor do episódio, ainda disse que se inspirou em um plano-sequência de 'Filhos da Esperança', de Alfonso Cuarón.
A série, que sempre teve a 'cena de luta no corredor' como um dos pontos altos de cada temporada, dessa vez se superou.
Assista:
Desaparecido por meses, Matt Murdock (Charlie Cox) ressurge como um homem quebrado, questionando seu futuro como o vigilante Demolidor e advogado Matthew Murdock.
Mas quando seu arqui-inimigo Wilson Fisk (Vincent D'Onfrio) é libertado da prisão, Matt deve escolher entre se esconder do mundo ou abraçar seu destino como um herói, diz a sinopse da nova temporada.
A 3ª temporada de Demolidor já está disponível na Netflix.
Série Original Netflix estreou sua terceira temporada ontem - já assistimos aos seis primeiros episódios
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Lançada em 2015, 'Demolidor' foi a primeira das séries da parceria da Marvel com a Netflix, servindo como ponto de partida do universo de 'Os Defensores', icônicos 'heróis urbanos' da Marvel.
A primeira temporada surpreendeu positivamente muita gente pelo tom sombrio e, na medida do possível, realista.
Ao avançar em seu segundo ano e na minissérie 'Os Defensores', porém, os fãs ficaram algo irritados, ao ver o Homem Sem medo em uma trama mais fantástica, com ninjas, guerreiros imortais e o cúmulo dos cúmulos: ossadas de dragão.
A verdade é que, se não fosse pela presença do Demônio de Hell's Kitchen e seu universo de amigos à volta, 'Os Defensores' teria sido mais uma das muitas bombas que a Netflix nos enfia goela abaixo - eu mesmo só assisti à minissérie para ver o que aconteceria com o Demolidor.
Felizmente, a terceira temporada estreou ontem (19.10), ao que parece trazendo um dos meus super-heróis favoritos de volta às raízes.
Assisti aos seis primeiros episódios (de um total de treze) da terceira temporada, e as primeiras impressões - sem spoilers - mostram porquê essa é uma das melhores séries originais Netflix - e uma das melhores séries de super-herói de todos os tempos.
A terceira temporada começa exatamente do ponto em que acabou 'Os Defensores'.
Após ver um prédio desabar sobre ele e Elektra, o herói é resgatado e abrigado pelo seu amigo, padre e confessor, num orfanato administrado por freiras, o mesmo em que Matt cresceu após a morte do pai.
Aqui, todo o destaque vai para a atriz Joanne Whalley como a freira Irmã Maggie, personagem icônica dos quadrinhos do herói e que ajuda Matt a ficar de pé novamente: Whalley interpreta uma freira corajosa e sarcástica, um contraponto perfeito à atual falta de fé do herói: é que, enquanto se recupera e espera que seus poderes também retornem em sua plenitude, Matt Murdoch (Charlie Cox) passa a questionar sua fé, seu papel e sua existência ao perceber que Deus o obriga a agir como o Demônio de Hell’s Kitchen, enquanto as pessoas que ele mais ama se tornam alvos de criminosos e inimigos.
Joanne Whalley como a freira Irmã Maggie
Os primeiros episódios alternam as cenas da recuperação física do herói com uma investigação do FBI que envolve o temido Rei do Crime (Vincent D'Onofrio).
Após um breve período de recuperação e reflexão, Matt decide abdicar de sua vida civil, aposentando sua persona de advogado, e volta à ação como o Demolidor – especialmente quando a ameaça de Wilson Fisk, o Rei do Crime, se agiganta sobre a cidade de Nova York.
O Demolidor em ação: com o uniforme vermelho destruído, Matt volta a usar um figurino ninja
O retorno do vilão (com a interpretação monstruosa de D’Onofrio) é uma das maiores qualidades da 3ª temporada de Daredevil.
A narrativa mostra que Fisk está decidido a fazer o que for preciso para ajudar sua amada Vanessa a se livrar da Justiça, mesmo que isso signifique entregar outros criminosos à polícia.
O roteiro se propõe a analisar os diferentes pontos de vista a respeito da colaboração de Fisk com os agentes da lei, trazendo questionamentos políticos, morais e sociais sobre “quantas vidas o Rei do Crime está salvando” em sua delação e “quantos policiais ainda vão morrer para protegê-lo”.
D'Onofrio, mais uma vez espetacular como Wilson Fisk
A discussão sobre o conflito político em torno de Fisk reverbera questões atuais que podemos notar na sociedade norte-americana de Trump e até mesmo no momento turbulento de eleição que vivemos no Brasil – basta perceber a agitação dos personagens diante dos privilégios e da manipulação do Rei do Crime nos bastidores.
O debate aprofundado de ideias é balanceado por sequências de ação impressionantes e de tirar o fôlego.
Se Fisk é o centro de uma emboscada alucinante logo no começo da temporada, Matt Murdoch/Demolidor tem uma nova cena de luta em plano-sequência (que começa novamente em um corredor) que nos deixa imaginando: como o trecho foi gravado, pelamor...
Mas o melhor aparece bem aos poucos: a temporada introduz o clássico vilão dos quadrinhos Mercenário de uma forma absolutamente feliz.
Vivido por um Colin Farrell no modo automático no longa 'Demolidor - O Homem Sem Medo', o Mercenário surge de forma muito mais sóbria e impactante na série: ele é o agente do FBIBenjamin Poindexter, que logo cai no radar do Rei do Crime para se transformar no letal Mercenário.
Wilson Bethel, como o Mercenário
Interpretado magistralmente por Wilson Bethel, o Mercenário, ou simplesmente Bullseye, surge como uma ameaça importante ao herói - e melhor, a série cuida de introduzi-lo de forma cuidadosa e complexa.
Como todas as séries da Marvel na Netflix, 'Demolidor T.03' conta com um ritmo lento, onde vemos uma repetição de situações e conflitos, principalmente na dinâmica entre Matt, Karen (Deborah Ann Woll) e Foggy (Elden Henson) - os dois últimos novamente notáveis - que passam do luto de perder um grande amigo à revolta de ver Fisk fora da prisão.
Há ainda mais da metade da temporada para assistir, mas uma coisa é certa: 'Demolidor' parece ter ouvido as críticas sobre a segunda temporada e sobre 'Os Defensores'.
As lutas insanas continuam pontuando os episódios, cada vez melhor coreografadas e melhor dirigidas - dá tanto gosto de ver que eu voltei muitas vezes para ver novamente.
Não dá para saber se tudo deu certo, mas o caminho parece levar para uma bem vinda evolução.
Matt e Foggy (Elden Henson), em cena da terceira temporada
E Charlie Cox é espetacular - como Matt Murdock e como o Demônio de Hell's Kitchen.
O ator, que já havia comprovado seu imenso talento nos anos anteriores, faz aqui seu melhor trabalho, revelando novas camadas e dimensões ao Homem Sem Medo.
O resultado é, potencialmente, a melhor adaptação de um super-herói dos quadrinhos para o formato de série – seja na Netflix ou em qualquer outra plataforma até aqui.