Mostrando postagens com marcador Zé Bonitinho. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Zé Bonitinho. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 26 de março de 2015

R.I.P. - JORGE LOREDO, O ZÉ BONITINHO: "CUIDADO HEBE, NAIR E OUTRAS GATINHAS: O 'PERIGOTE DAS MULHERES' ESTÁ CHEGANDO!"


Ator dos bons, mas conhecido principalmente por seus personagens cômicos - principalmente o Zé Bonitinho - Jorge Loredo fez um sucesso absurdo até dois anos atrás, com os esquetes do seu personagem, o "perigote das mulheres", como ele se intitulava, no programa "A Praça É Nossa", no SBT e também fazendo shows com o seu número humorístico.

Ícone do humor brasileiro, Zé Bonitinho, seu personagem mais famoso, foi lembrado no desfile da União da Ilha desde ano, cujo enredo falou sobre as várias formas de beleza e criticou o culto ao corpo.

Nascido em 7 de maio de 1925, Loredo se descobriu ator após o que parecia uma tragédia: internado aos 20 anos de idade devido a uma tuberculose, ele começou a frequentar o grupo de teatro do hospital por conselho de um médico, e assim apaixonou-se pela atuação.

Após se restabelecer, o então jovem Jorge se dedicou à carreira de ator, mas não imaginava que enveredaria pelos caminhos do humor.

Tendo seu primeiro papel no monólogo "Como Pedir uma Moça em Casamento", o sucesso e o talento para o riso o fizeram mudar de ideia, e assim nascia o comediante.

O personagem mais conhecido de Loredo surgiu muito antes de suas participações na televisão: ainda nos palcos, ele se inspirou em um amigo chamado Jarbas para criar o Zé Bonitinho, um pretenso garanhão que sempre falhava na hora 'H', por já ter beijado muitas mulheres naquele dia.

Com Lívia Andrade, Cristina Rocha e Carlos Alberto de Nóbrega, Loredo grava, como Zé Bonitinho, esquete para a 'Praça é Nossa' - SBT

A estreia do papel na telinha foi há 55 anos, em 1960.

O roteirista dos primeiras esquetes de Zé Bonitinho foi ninguém menos que Chico Anysio, para o programa "Noites Cariocas", da TV Rio.

No entanto, Jorge Loredo já havia ganhado destaque um ano antes com outro icônico personagem - o Mendigo Filósofo, no programa "A Praça da Alegria", antecessora de 'A Praça é Nossa'.

Loredo em cena como o 'Mendigo Filósofo' - Reprodução

Desde 1959, ele atuou em 12 filmes, dentre os quais "Sem Essa, Aranha" (1970), "O Abismo" (1977), "Chega de Saudade" (2008), e "O Palhaço" (2011), todos com grande destaque no cinema nacional, além de "Câmera, Close" (2005), documentário em que ele foi o tema.

Dirigido por Selton Mello em “O Palhaço” (2011), Loredo interpretou Nei, gerente de uma loja, que gosta de contar piadas e que motiva o protagonista, vivido por Selton Mello, a seguir carreira como palhaço.

Eles trabalham juntos pela segunda vez: em 2006, Selton dirigiu Loredo no curta-metragem “Quando o Tempo Cair” - no mesmo ano, só que alguns meses antes, Selton o havia entrevistado no “Tarja Preta”, programa do Canal Brasil, e quis saber por que ele estava há tanto tempo - desde 1978 - sem fazer cinema.

Resposta do Loredo: “Porquê não me convidam!“.

Em 'O Palhaço', Loredo arrebentou e foi ovacionado pela equipe de filmagem ao acabar de rodar sua última cena, em outubro de 2010.

Loredo ovacionado pela equipe do longa - Selton Mello à frente - Divulgação

Loredo faz parte da história do SBT desde setembro de 2001, quando ingressou no elenco principal do humorístico “A Praça é Nossa”, no qual sempre encarnou Zé Bonitinho.

Sua última participação no programa foi no dia 8 de março de 2012, mas ele permaneceu como funcionário do SBT até esta quinta.

Com Eliana, em 'A Praça é Nossa' - SBT


Paralelo à carreira de ator, Loredo foi advogado trabalhista dos bons, trabalhando principalmente para a classe artística.

Muitos atores e atrizes conseguiram suas aposentadorias graças ao expressivo trabalho do 'Dr. Loredo', que soube coletar a papelada necessária para que eles, quase nunca tendo trabalhos registrados, tivessem um dinheiro no fim de suas vidas.

Justamente por isso, aliado ao seu porte magro e elegante, Jorge Loredo era reverenciado por onde passava.

Um gentleman dos palcos e das telas, Jorge Loredo morreu na manhã desta quinta (26), no Rio de Janeiro, em decorrência de falência múltipla de órgãos.

Aos 89 anos, ele estava internado desde 3 fevereiro no Hospital São Lucas, na zona sul carioca.

No dia 13 de fevereiro, ele havia sido transferido para a Unidade Cardio Intensiva (UCI), onde permaneceu até esta quinta.

Segundo informações da equipe médica, Loredo lutava há anos contra uma doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) grave e um enfisema pulmonar - as mesmas que mataram o também grande ator Cláudio Marzo nessa semana e que são causadas pelo vício em tabaco.

O corpo de Loredo será cremado no Memorial do Carmo, na zona portuária do Rio, em cerimônia marcada para às 15h da sexta (27).

O colunista do UOL, Flávio Ricco, postou um texto sobre Loredo em 06/02/2011, destacando seu profissionalismo:

"O ator e humorista Jorge Loredo, mais conhecido como Zé Bonitinho, além de profissional disciplinado é um exemplo a ser seguido.

Ao contrário de outros, que se fizeram conhecer por agitar ou transtornar bastidores - o que inclui não estudar e decorar textos - Loredo, aos 86 anos, continua justamente na contramão de tudo. Ele permanece no elenco de "A Praça é Nossa", gravando todas as terças-feiras.

Precavido, sempre um dia antes, viaja do Rio de Janeiro para a sede do SBT, em São Paulo. Tudo para não correr o risco de chegar atrasado ou perder o voo.

Já nas dependências da emissora, cumpre o mesmo e antigo ritual. Devido a problemas respiratórios, passa antes no ambulatório e recebe inalação. Com o texto decorado e utilizando um colete cervical, é um dos primeiros a chegar ao estúdio. Nesta semana, na volta das férias, não foi diferente.

Uma postura que é muito comentada pelo pessoal do meio, dentro e fora do SBT. É, repito, um exemplo a ser seguido".

Loredo em cena como Zé Bonitinho - SBT

Depois da confirmação da morte, familiares, humoristas e outros famosos prestaram suas homenagens ao ator.

"Para mim, Jorge Loredo foi um colega de trabalho exemplar, pois mesmo doente, ele chegava ao SBT, ia até o ambulatório para receber oxigênio e, assim que podia, fazia sua gravação. Retornava ao ambulatório para mais uma sessão de oxigênio e em seguida voltava ao Rio de Janeiro onde residia. Respeitávamos essa atitude porque essa era a vontade dele. Loredo irá nos fazer muito falta", disse Carlos Alberto de Nobrega, comandante de 'A Praça é Nossa'.

Com Carlos Alberto, gravando 'A Praça é Nossa' - SBT

A sobrinha do humorista, Jussara Lorêdo, falou sobre o adeus ao tio em seu Facebook:
"É gente, meu tio se foi. Vai alegrar o céu agora."

"Morre Jorge Loredo, mas fica Zé Bonitinho... Muito obrigado pelos anos de dedicação a um trabalho tão difícil que é o da comédia", disse Carioca, reverenciando a carreira de Loredo em programas e shows humorísticos.

Marcos Veras, ator e comediante, falou do colega no programa "Encontro", da Globo:
"O Zé Bonitinho é o galã que ultrapassou gerações. Foi um dos primeiros humoristas a trabalhar com elementos exagerados, como o pente. Era um ator incrível [também]. É o cara que vai ficar na memória da galera, dos comediantes."

Paulo Betti, também presente no programa de Fátima Bernardes hoje, também se declarou um admirador do colega e relembrou sua faceta de advogado:
"Eu sou muito fã do Zé Bonitinho. Tive o prazer de apresentá-lo em um espetáculo na Casa na Gávea [núcleo teatral que Betti comanda no Rio]. Ele era advogado de artistas também, porque ele fazia a aposentadoria de muita gente."

No programa "Hoje em Dia", da Record, César Filho relembrou a relevância do ator:
"Jorge Loredo fez parte do humor da TV brasileira. Muitos outros humoristas sempre vão inspirar no trabalho dele. Ele, realmente, já estava bem debilitado, bem frágil. A gente espera que ele esteja nos braços de Deus, porque o Brasil perde um grande talento, um grande homem, infelizmente."

Mas foi o apresentador do SBT, Celso Portiolli, quem  deixou a mais bem humorada homenagem  ao veterano - que eu reproduzi no título dessa postagem:
"Cuidado Hebe, Nair Belo e outras gatinhas, o perigote das mulheres está chegando. Descanse em paz grande Jorge Loredo que deu vida ao Zé Bonitinho."

quarta-feira, 17 de março de 2010

ZÉ BONITINHO, O "PERIGOTE DAS MULHERES", FAZ 50 ANOS!

O ator Jorge Loredo nasceu em 7 de maio de 1925, na cidade do Rio de Janeiro.
Adolescente, tinha muitas dúvidas sobre qual profissão iria seguir, mas já sabia que gostava de teatro.

"Garotas do meu Brasil varonil: vou dar a vocês um tostão da minha voz...!"

O ator Jorge Loredo

Trabalhava num banco e estudava Direito, quando viu um anúncio em um jornal que mudou a sua vida.

"Câmera, close! Microfone, please! Está chegando o perigote das mulheres"

O anúncio chamava para uma seleção de candidatos ao Teatro do Estudante de Paschoal Carlos Magno.

Foi lá, e se inscreveu-se no teste para comédia -e foi o único a fazer um monólogo de riso.

Gostaram tanto da sua apresentação, que ele foi selecionado.

"Zé Bonitinho, aquele que não é chuveiro, mas adora deixar as mulheres molhadinhas."
Temendo o desemprego como artista, continuou os estudos e formou-se em direito em 1957, trabalhando como advogado especializado em previdência social e direito do trabalho durante todo o tempo de carreira.É o advogado preferido dos artistas, quando eles buscar a aposentadoria.

"Zé Bonitinho, aquele que não é vaga de estacionamento, mas a mulherada está sempre disputando."

O primeiro filme em que Loredo apareceu foi "Um caso de Polícia" (1959). Em 1960, contracenou com Ankito em “Sai Dessa Recruta”, onde fazia um recruta doido, que ficava preso e tinha delírios dentro da prisão. Fez a seguir “Testemunhas Não Condenam” (1962), de Zélia Costa, e “A Espiã que Entrou Numa Fria!” (1967), com Agildo Ribeiro, e direção de Sanin Cherques. “Sem essa, Aranha” (1970, de Rogério Sganzerla é considerado o seu melhor filme. Apareceu ainda em “O Abismo” (1977)- também de Sganzerla - e “Tudo Bem” (1978), de Arnaldo Jabor.

"Zé Bonitinho, aquele que não é telefone, mas quando a mulher pega, não larga mais."

Seu primeiro personagem famoso não tem nome! O mendigo aristocrata e filósofo que surgiu no fim dos anos 50 na TV Rio, no programa ‘Rio Cinco Para as Cinco’, durante a tarde.

Foi a sua mãe - de Loredo! - quem deu a dica para ele imitar um mendigo elegante que, na sua infância, ia à sua casa. Ele exigia mesa montada na garagem e toalha de renda. Era um mendigo que se vestia como um inglês, todo rasgado, mas usava monóculo e luvas. O figurino foi tirado de um filme de Charles Laugthon, onde o ator britânico fazia o papel de um mendigo aristocrata.

O personagem fez um sucesso absurdo, tanto que o ex-presidente Juscelino Kubistcheck foi o padrinho de casamento de Loredo por causa do bordão com que ele terminava o quadro do mendigo: ‘agora vou encontrar com aquele menino, o Juscelino...’.

"Zé Bonitinho, aquele que não é sal grosso, mas tá sempre em cima de uma carne seca."

Depois, o personagem apareceu no programa “Praça da Alegria” - de Manoel da Nóbrega, a quem se dirigia com “como vai, meu nobre colega?”.

E os tipos foram aparecendo: um italiano que não podia ver televisão porque queria quebrá-la, o profeta Saravabatana que andava com uma cobra que dava consultas a mulheres, e o professor de português que tinha a voz do Ary Barroso.

"Zé Bonitinho, aquele que não é barata embaixo da pia, mas a mulherada quando vê, logo se arrepia."

E foi exatamente a cinquenta anos é que chegou na vida de Jorge Loredo o seu personagem mais famoso, o

Zé Bonitinho.

Jorge Loredo, na pele de Zé Bonitinho, "o perigote das mulheres"

O personagem surgiu de uma imitação que Loredo fazia de um colega de adolescência, o Jarbas - conhecido como ‘o perigote das mulheres’, e que ficava se olhando nos espelhos dos bares, dizendo “Alô, Garota” e cantando ‘Strangers in the Night’. Ele se gabava de conquistar todas as mulheres.

"Zé Bonitinho, aquele que não é o Chapolin, mas também tem uma marreta biônica."

O irresistível Zé Bonitinho é dono de bordões inesquecíveis - sempre ditos com a voz grave dos conquistadores e que você vê espalhados por essa postagem, em destaque, letras grandes na cor laranja.

Ostentando um enorme topete, imensos óculos escuros e um bigodinho finíssimo, Zé Bonitinho caminha com requebros e trejeitos de galã hollywoodiano. Inclusive o personagem foi utilizado no cinema por Rogério Sganzerla em "Sem Essa, Aranha" e "O Abismo”.

Zé Bonitinho marcou definitivamente a carreira de Loredo, a tal ponto que ainda hoje é confundido com o personagem. "Houve uma época em que me incomodava ficar tão preso a ele. Até que um amigo me disse: "Chaplin morreu Carlitos, Mario Moreno morreu Cantinflas, e você vai morrer Zé Bonitinho". Então, paciência, né...".


O YouTube está recheado com atuações memoráveis de Loredo como Zé Bonitinho por todos os programas por onde o personagem passou, e algumas entrevistas. Algumas atuações, muito boas, são da década de 60.

Separei para essa postagem uma cena da "A Praça é Nossa", onde ele contracena com uma surpreendente Kelly Key:


Em 2003,Loredo foi convidado pela atriz Andréa Beltrão para atuar na peça infantil “Eu e Meu Guarda-Chuva”, e foi ovacionado pelas crianças da platéia.

Em 2005 ganhou o documentário “Câmera, Close!” do produtor musical Tito Lopes, e da jornalista Susanna Lira. O documentário envolveu um livro, um especial para TV e um curta-metragem. Imagens de arquivo de cinema e TV e recursos de computação gráfica também fizeram parte do documentário, muito, muito bom!

"Minha beleza é mais absurda que a minhoca, não tem pé e nem cabeça."

Em 2006, o ator voltou ao cinema em um curta-metragem dirigido por Selton Mello, "Quando o Tempo Cair". Por esse trabalho, Jorge Loredo foi premiado com o troféu Marlin Azul, por sua volta ao cinema após 28 anos, no 13º Vitória Cine Vídeo. Em 2008, atuou ainda em “Chega de Saudade”, de Laís Bodanzky, e da série de TV “Alice”.

Prestes a completar 85 anos - em 7 de maio - Loredo continua atuando com prazer, mas não é em tom de piada que afirma ser um comediante por acidente.

Ele conta que, até a idade adulta, sua vida mais parecia um dramalhão mexicano do que uma chanchada da Atlântida (influência confessa de seu trabalho).

Ainda criança, machucou seriamente a perna esquerda. A dor constante, só curada na década de 70, fez dele um garoto introvertido e tristonho.

Apesar do meio século de convívio com Zé Bonitinho, Loredo conta que nunca foi galanteador. Depois de três casamentos, vive hoje com uma companheira, e se diz um homem recatado. "O artista só pode representar aquilo que não é, no máximo aquilo que gostaria de ser. Se tivesse algo do Zé, não faria o personagem."

Confessa, no entanto, que já recebeu muitas cantadas por causa do personagem. Certa vez, depois de um show, uma fã convidou-o para uma noitada, mas com uma condição: que fosse de Zé Bonitinho. "Claro que não fui, né. Já imaginou, o Bonitinho e eu dividindo a mesma mulher no motel?", ri.

"Zé Bonitinho, aquele que não é Ave Maria, mas também é cheio de graça."

Hoje, está no elenco do programa "A Praça é Nossa", no SBT, onde o Zé Bonitinho é, sem dúvida, um dos destaques.

Que Deus continue protejendo você, grande Jorge Loredo.

E obrigadíssimo por todos esses anos de bom humor e alegria.