sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

"O DISCURSO DO REI": OS MEMBROS DA ACADEMIA DE HOLLYWOOD A-DO-RAM FILMES ASSIM

Filmes como "A Rainha" (2006) e "A Jovem Rainha Vitória" (2009) fazem uma releitura intimista dos bastidores do poder real britânico, e são obras desprovidas de qualquer glamour em relação à monarquia mais badalada do mundo .

Deixando de lado temas, digamos, mais espinhosos, "O Discurso do Rei" é mais um exemplar que tenta mostrar que os nobres são gente como a gente, sem deixar o glamour da vida palaciana de lado.

Aqui, acompanhamos o rei George VI - pai da atual soberana Elizabeth II - cuja gagueira é um problemão toda vez que ele vai se dirigir à nação - e se em tempos de paz isso já seria um percalço, em tempos de guerra, isso fica impraticável.

O monarca é interpretado por Colin Firth, num meticuloso trabalho para criar sua personagem, tanto que é o favorito ao Oscar em sua categoria - o filme é o campeão de indicações do ano, com 12, inclusive melhor filme e direção para Tom Hooper, da minissérie "John Adams".

Escrito por David Seidler - que também foi gago na juventude - "O Discurso do Rei" é um divertimento cinematográfico tradicional, daqueles que as pessoas gostam de ver porque além de se divertirem, saem da sessão na vã suposição que conhecem mais sobre a história da Inglaterra.
Albert tentou diversos métodos para superar seu problema; como nada deu resultado, sua mulher, Elizabeth - interpretada por Helena Bonham Carter - descobre um sujeito com métodos nada ortodoxos, Lionel Logue - Geoffrey Rush, de "Shine - Brilhante" - um terapeuta que, mais com falação do que ação, pode ser capaz de curar o futuro monarca.

Como esse é um filme de visão intimista, a política é reduzida ao básico, apenas para dar tempero à trama, já que a questão central é George falar à nação, ajudar os ingleses a superar um período conturbado, e sobreviver à Segunda Guerra Mundial que já bate à porta.

O irmão mais velho, David - Guy Pearce - sobe ao trono após a morte do pai - Michael Gambon - e se torna, por um breve período, o rei Edward VIII, só que seus problemas são piores do que a gagueira de Albert: amante de Wallis Simpson - Eve Best - que não apenas é plebeia e americana, mas também divorciada, ele abre mão do trono para ficar com a amada, o que obriga Albert a aceitar a coroa.

A dinâmica de poder que envolve essa subida e descida do trono e o que se desenrolou depois - a simpatia de David por Hitler, que conheceu na Inglaterra - já daria história para outro filme - mas em "O Discurso do Rei" esse não é o foco.

O que sobra é a amizade entre o rei George e o terapeuta que lhe trouxe segurança e, com isso, pode tê-lo ajudado a mudar o destino do mundo.

Se num primeiro momento há um embate entre ambos - o nobre não gosta muito dos métodos de Lionel, que se torna uma espécie de figura paterna - com o tempo ele se rende aos métodos e ao poder de persuasão do outro.

O diretor Hooper sabe que é preciso deixar o filme nas mãos de seus dois atores centrais para que tudo funcione, e é exatamente isso que ele faz: dupla Firth-Rush domina a cena sem muito esforço e sabe criar a empatia na medida certa para seus personagens - nem tão doces, nem tão atormentados, e a visão que o filme traz da monarquia não é tão ácida e relevante como em "A Rainha".

A Academia a-do-ra filmes assim.

Vamos aguardar o Oscar.

Confira o trailer do filme:


*****
"O DISCURSO DO REI"
Título original:
The King's Speech
Diretor: Tom Hooper
Produção: The Weinstein Company / UK Film Council
Distribuição: Paris Filmes
Elenco:
Colin Firth
Helena Bonham Carter
Geoffrey Rush
Michael Gambon
Guy Pearce
Timothy Spall
Gênero: Drama, Baseado em fatos reais
Duração: Cansativos 118 min.
Ano: 2010
Data da Estreia: 11/02/2011
Cor: Colorido
Classificação: Não recomendado para menores de 12 anos
País: Reino Unido, Austrália, EUA
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