segunda-feira, 26 de novembro de 2012

LARRY HAGMAN: O VILÃO MAIS ADORADO DA TV


Larry Martin Hagman (nascido em 21 de setembro de 1931, na cidade de Fort Worth,Texas), era filho da Diva das telonas, palcos e telinhas Mary Martin e do advogado Benjamin Jack Hagman.

Em 1945, com apenas catorze anos, Hagman começou com o grande problema da sua vida: o álcool, que viria a acompanha-lo até muito recentemente e que acarretou vários e graves problemas de saúde para o ator.

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Larry Hagman posa ao lado da mãe , a estrela Mary Martin (17/10/63)

Na escola, Hagman já tinha reputação de um talentoso intérprete e quando graduou-se (1949), sua mãe, já uma atriz aclamada pela crítica e público, sugeriu que experimentasse a carreira de ator.

Aliás, Mary Martin tinha entre seus investimentos fazendas aqui no Brasil - no Mato Grosso e em Goiás - e, justamente por isso, os goianos e os matogrosenses não acreditavam quando viam o famoso ator da TV desembarcar por lá ao menos duas vezes por ano, para passar grandes temporadas nas fazendas que herdou da mãe.

Aos 18 anos, começou sua carreira em Dallas, Texas, trabalhando como assistente de produção e atuando em pequenos papéis no teatro de Margo Jones.

Arquivos do Klau
Com a mãe, Mary Martin (1986)

Em 1952, Hagman foi convocado pela Força Aérea dos Estados Unidos, durante a guerra da Coréia.
Baseado em Londres, Larry passou a maior parte do seu serviço divertindo tropas do Reino Unido e em bases militares por toda a Europa - seu talento para a comédia despontou aí.

Depois de deixar a Força Aérea (1956), regressou a Nova York - onde morou por um tempo - e recebeu excelentes críticas por suas atuações em peças "Off-Broadway".

Dois anos depois, estreou na Broadway - na peça "Comes a Day" - e durante esse período, começou a atuar também na TV - no elenco de "The Edge of Night", permaneceu por dois anos.

Em 1964, fez sua estréia nas telonas - em "Ensign Pulver", filme em que também atuou o então jovem e desconhecido Jack Nicholson.

Depois de anos co-estrelando várias séries e de estrelar uma menos bem-sucedida no ano anterior, em 1965 Larry foi escolhido -  num concorridíssimo teste com vários outros atores -  para interpretar o Major Anthony Nelson em "Jeannie é um Gênio/I Dream of Jeannie" para a NBC, ao lado de Barbara Eden, atriz já muito conhecida por seus vários trabalhos para as telonas.

Arquivos do Klau
Com Barbara Eden, em cena do primeiro episódio de "Jeannie é um Gênio/I Dream of Jeannie" (1965)

E deu no que deu: Larry era um astronauta que, numa praia deserta, acha uma garrafa e de dentro dela, liberta uma linda gênia chamada Jeannie, que não se contenta em te-lo como "seu amo e senhor" e quer, sim, ter um relacionamento amoroso com ele.

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No set de filmagens de "Jeannie é um gênio", em que viveu o major Anthony Nelson (4/6/65)

A química entre os dois foi perfeita, e Hagman pode exercer na sua plenitude a sua ótima faceta de comediante, graças ao seu talento, ao de Barbara e também aos coadjuvantes Bill Daily - que fazia seu amigo, Major Roger Healey - e principalmente do já aclamado ator Hayden Rorke - intérprete do inesquecível Dr. Bellows, um psiquiatra que achava que estava ficando maluco ao sempre presenciar as mágicas e confusões de Jeannie.

Na primeira temporada, os executivos da NBC decidiram que a série não deveria ser filmada em cores - devido ao alto custo dessa técnica na época - mas, a partir da segunda temporada, ganhou cores até 1970, onde terminou em sua quinta temporada, com o major finalmente se casando com Jeannie.

Aliás, tanto Hagman, quanto Eden sempre fizeram questão de dizer em divertas entrevistas que a tensão sexual - nunca consumada entre Nelson e Jeannie - era o "molho" da série e que com o casamento dos personagens, um ótimo trabalho de anos ficou chato e a série não foi renovada para um sexto ano.

"Jeannie é um Gênio" ainda hoje é uma das séries mais lembradas na história da televisão mundial, catapultou ao estrelado Hagman, Barbara Eden e Bill Daily e sempre é reexibida - com sucesso - nas TVs mundo afora.

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Larry Hagman e Barbara Eden posam com os DVDs recém lançados da série "Jeannie é um Gênio" (15/3/06)

Também em várias entrevistas, e, principalmente na sua biografia, Hagman disse que a maioria dos episódios de "Jeannie" ele filmou sob intenso efeito do álcool, o que fazia com que, muitas vezes, ele esquecesse de suas falas mas que o deixava "alegrinho".

O álcool acabou com o seu fígado, tanto que, em 2000, Hagman teve de ser submetido a um transplante, que recuperou sua saúde e o fez finalmente deixar de beber.

AFP
Mostrando as cicatrizes da cirurgia de transplante de fígado em Lake Buena Vista, EUA (21/6/00)

Depois do fim da série, e principalmente por seus problemas com o álcool, o ator não foi chamado para outros papéis, até que, no fim de 1977 - e depois de recusar o papel do Dr. Davi Banner na série "O Incrível Hulk" - Hagman teve outra oportunidade de ouro na sua carreira.

Ousado, optou por abandonar a imagem de bom rapaz que até então cultivava e assumiu o papel do vilão J.R. Ewing em uma das séries de maior sucesso em audiência e repercussão de todos os tempos: "Dallas", produzida de 1978 a 1991 - um recorde de tempo na TV americana, quatorze anos.

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No set de filmagens da série ""Dallas", na qual interpretou o vilão J.R. Ewing por 14 anos (1978)

Depois de ler o script e escutar a sugestão de sua esposa, Hagman concluiu que o papel era perfeito para ele: afinal, J.R. Ewing era um homem poderoso a quem todos amaram e odiaram, tanto, que Hagman foi seguidas vezes eleito "o vilão mais amado da TV".

Sucesso estrondoso em todas as suas temporadas, "Dallas" tinha no elenco um mix de atores experientes - Jim Davis, como o patriarca Ewing e Barbara Bel Geddes como a mãe da família, Ellen - e de atores promissores - Patrick Duffy, como o irmão de J.R, Bobby e que vinha do sucesso "O Homem do Fundo do Mar", Victoria Principal - como sua esposa, Pamela - e Linda Gray - que como a esposa de J.R., Sue Ellen, fez uma parceria sensacional como o casal que "amava se odiar" (os dois viviam uma relação de ódio e poder).

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Hagman (no centro à esquerda) aparece ao lado do elenco de "Dallas" em foto promocional (1980)

Se a série mostrava em todos os episódios J.R. querendo - e muitas vezes conseguindo - passar a perna em Bobby - nos bastidores, Hagman e Duffy se tornaram grandes amigos.

A química dos dois em cena como irmãos foi maravilhosa, e a rivalidade existente entre ambos proporcionou momentos emocionantes e igual notoriedade a Duffy, algo a que Hagman, sempre generoso, não tinha objeções.

Getty Images + Divulgação TNT
Com Patrick Duffy em dois momentos: à esquerda em cena de 1979; à direita, em foto promocional da versão 2012 de "Dallas"

Embora J.R. tivesse um relacionamento complexo, de amor e ódio com sua família, Hagman tinha um descontraído e caloroso relacionamento com seus colegas de elenco, freqüentemente contando piadas para diminuir a tensão causada pelos apertados horários de filmagem e cenas altamente carregadas de emoção - externas em Dallas, principalmente no Rancho Southfork, e cenas de estúdio em Los Angeles .

J.R. foi centro de um famoso "quem matou?" na série: o personagem foi alvo de tiros no episódio final da temporada 1979-80, e o suspeito só foi revelado meses depois - o que gerou um recorde de audiência na TV americana, 53,3 pontos e 76% de share.

Exibida em mais de 90 países - aqui no Brasil o sucesso também foi absurdo - "Dallas" tornou Hagman uma das estrelas mais confiáveis da rede e da TV americana.

Como a estrela maior da série, Hagman se apoiou em muitas das experiências da sua juventude - por crescer no Texas - e trouxe uma profundidade a seu personagem poucas vezes vista em séries de TV.

Larry Hagman casou-se com Maj Axelsson em 1954 e o casal teve dois filhos, Heidi e Preston Hagman.

Em 2008, sua esposa apresentou sintomas do Mal de Alzheimer e seu estado atual é muito delicado.

Hagman, então, optou por cuidar de sua esposa em casa para não deixá-la sozinha em função da doença.

Em Outubro de 2011, Hagman foi diagnosticado com câncer, justo num momento importante de vida e carreira: tinha voltado meses antes a interpretar J.R., agora numa espécie de continuação de "Dallas", que manteve o nome mas mudou o foco para o embate entre o filho dele, John Ross - Josh Henderson - e o filho de Bobby, Christopher - Jesse Metcalfe.

Divulgação: TNT
Hagman posa com o elenco da versão 2012 de "Dallas"

Mais uma vez, e agora com 80 anos, Hagman novamente deu show como J.R., primeiro prostrado num asilo e desconectado de tudo, e depois, juntamente com o filho, tentando passar a perna no irmão e sobrinho.

Em uma de suas últimas entrevistas, Larry Hagman comemorou o reencontro em cena com Patrick Duffy e Linda Gray e, sempre generoso, exaltou os talentos dos jovens do elenco - Henderson e Metcalfe principalmente.

Splash News
No lançamento da continuação de "Dallas" em junho de 2011, ao lado de Linda Gray e Patrick Duffy

A primeira temporada do retorno de "Dallas" à TV teve dez episódios, com uma trama muito bem amarrada, bons desempenhos dos jovens atores, Linda Gray dando seu costumeiro show e um surpreendente Patrick Duffy mostrando que melhorou muito como ator - agora como um Bobby mais velho e mais experiente.

Se não fez o sucesso estrondoso da primeira versão, "Dallas" (2011) teve boa audiência, não só nos EUA como em todo o mundo - Brasil inclusive, onde foi exibida pelo Warner Channel - e teve uma segunda temporada - em filmagem - garantida.

The Hollywood Reporter
Larry Hagman posa diante do Rancho Southfork, que ilustra uma entrevista sua sobre a volta de "Dallas"

Infelizmente, o câncer não deixou Hagman continuar destilando as maldades e trapaças de J.R. Ewing na segunda temporada - que estreia em breve.

Larry Hagman morreu na sexta (23), aos 81 anos, num hospital de Dallas, em decorrência de complicações surgidas em sua luta contra o câncer.

No momento de sua morte - que coincidiu com a celebração do Dia de Ação de Graças, um dos principais feriados americanos - a família e os amigos mais próximos se encontravam junto a ele, segundo um comunicado familiar.

"Quando morreu, estava rodeado por seus entes queridos. Partiu tranquilamente, como ele teria desejado", acrescenta a nota.


Com a sua morte , os produtores de "Dallas" estudam uma forma de filmar uma despedida a J.R. Ewing na próxima temporada da série, que irá estrear dia 28 de janeiro de 2013 nos EUA.
De acordo com o site "The Hollywood Reporter", esta é uma indicação de que a morte do ator pegou os roteiristas da produção de surpresa.

Hagman  já havia filmado seis episódios dos 15 encomendados para a segunda temporada do seriado. 


Até o momento, não se sabe como a como produção de "Dallas" será afetada, embora a morte de Hagman não deva impactar a estreia da nova temporada em janeiro.

Na noite de sexta-feira, os produtores executivos Cynthia Cidre e Michael M. Robin, em um comunicado conjunto, disseram que Hagman era "um gigante, maior que a vida-personalidade" e que gostava de representar "este personagem mundialmente reconhecido."


As cinzas de Hagman  serão espalhadas por todo o mundo, segundo afirmou o ex-agente do ator. 
"Não haverá sepultura oficial para Hagman", indicou John Castonia a jornalistas do programa norte-americano "Entertainment Tonight"

Duas cerimônias exclusivamente privadas serão realizadas em memória do ator  - no Texas e na Califórnia -  e depois a família decidirá onde jogará as cinzas. 
"Suas cinzas serão espalhadas em várias partes do mundo. O filho de Larry viaja muito e sei que ele ficaria muito contente com isso ", acrescentou Castonia, que finalizou:
"Acho que estão pensando em erguer uma estátua de Larry em algum lugar em Dallas, o que seria uma bela homenagem".

Para mim, que cresci vendo seu talento absurdo estampado na telinha, a perda de um ator do quilate de Larry Hagman é muito doída.

Felizmente, tenho os DVDs das séries que ele participou e ainda posso me deleitar com suas interpretações sempre que quiser.

Essa é a grande magia do cinema e na TV:  afinal, nossos ídolos, como Larry Hagman,  são eternos.

Getty Images

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