quarta-feira, 5 de outubro de 2011

IRÃ E BRASIL TEM ALGO EM COMUM: NOS DOIS PAÍSES, GAYS MORREM, AOS MONTES, POR CULPA DO ESTADO


Esta semana, os sites noticiaram que três homens foram condenados à morte - por enforcamento - no Irã.

O crime? Sodomia.

Segundo as leis do país, a homossexualidade é considerada crime e a pena é a própria vida.

Claro que penas como essas são raras, não porque não existam homossexuais no Irã como diz o ditador-presidente, ou porque o governo não persiga as pessoas que se relacionam sexual e afetivamente com outras do mesmo sexo.

O que acontece lá é que outros expedientes são utilizados para mascarar a penalidade por conta da orientação sexual.

Afinal, as entidades mundiais que defendem os Direitos Humanos são bastante duras em suas criticas E, nestes casos, fica mais fácil e prático condenar estas pessoas por estupro ou outro crime que tenha a mesma pena que a sodomia.

AP
Gays enforcados no Irã

Só para lembrarmos: aqui no Brasil não era diferente.

No começo do século XX, a vadiagem era considerada crime e muitos negros, homossexuais e pessoas de baixa renda foram presas e condenadas por este antigo artigo do Código Penal Brasileiro pois, diferentemente do Irã e outros países muçulmanos, a homossexualidade nunca foi crime no Brasil, salvo, lógico, no tempo da Inquisição.

Muitas vezes ficamos chocados com essas notícias vindas do oriente, sobretudo destes países que embasam suas leis de acordo com as crenças no Islamismo.

Imaginar que alguém é condenado à morte por conta de sua orientação sexual é realmente bastante estranho e chocante para nós.

Mas, pare um pouco para pensar:qual é a diferença do Irã e do Brasil atual?

De fato, como disse anteriormente, não temos nenhuma lei que puna a homossexualidade e recentemente, o Supremo Tribunal Federal estendeu aos casais homossexuais os mesmos direitos que são dados aos heterossexuais.

Ainda não é o casamento civil, mas estamos indo neste caminho, certamente.

Porém, a cultura brasileira é a responsável pela condenação aos homossexuais, inclusive condenando-os à morte, igual no Irã -  e eu não tenho dúvida nenhuma que morrem mais homossexuais no Brasil, por conta da homofobia do que no Irã, por conta da lei que condena a sodomia.

Aqui no Brasil, não é o Estado que aplica tais penalidades, mas a própria população que se baseia em diferentes conceitos e preconceitos para, ela mesma, condenar, julgar e condenar à morte milhares de gays brasileiros.

Seja por questões religiosas, por ideologias fascistas ou por puro preconceito e ignorância, os homossexuais brasileiros acabam sofrendo na pele com as agressões verbais e físicas que o são dispensadas e, muitas vezes, o Estado que deveria nos defender fica vergonhosamente em cima do muro, numa posição omissa que não combina com um Estado Democrático de Direito.

Aqui, o que vemos, todos os dias, é uma infinidade de casos, de policiais que não fazem nada ao receberem uma denúncia de violência, ou então juízes que julgam baseados em conceitos religiosos, deixando de lado a questão da laicidade do Estado e do direito de cidadania caros a todos os brasileiros.

Pior: no ataque ao casal de meninos na rua Bela Cintra, no último sábado de madrugada, ficou evidente que o Estado nos deixa a todos órfãos, pois eles quiseram registrar queixa na delegacia de crimes de intolerância logo depois, mas a encontraram fechada!

Folhapress
O casal de jovens vítima de homofobia na Rua Bela Cintra, no sábado de madrugada, precisou ir ao DP da região no dia seguinte, pois a delegacia que cuida de crimes de intolerância fecha nos finais de semana.

Até o Zé Simão pediu desculpas na sua coluna no UOL para falar sério e dizer que, em SP, você precisa sofrer ataques homofóbicos de segunda a sexta para ser atendido na delegacia competente - um absurdo!

O Brasil está longe de ser um país que se preocupa com a cidadania de todos os seus filhos.

Os brasileiros homossexuais são alvo de agressões desde a infância e adolescência, que continuam durante toda a vida adulta.

E a morte física não é a única conseqüência que acabamos sofrendo pois, é fato, a morte da nossa cidadania é muito mais freqüente.

Se o Irã é cruel com seus cidadãos homossexuais, o Brasil não fica atrás.

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