sexta-feira, 2 de setembro de 2011

FESTIVAL DE VENEZA: NOVA OBRA DE DAVID CRONENBERG, ' A DANGEROUS METHOD', É APLAUDIDA COMO O FILME FAVORITO AO LEÃO DE OURO


Aclamado na coletiva de imprensa de seu novo filme como um candidato ao Leão de Ouro, o diretor canadense David Cronenberg revelou um admirável bom humor.
“Este é o 68º festival e eu tenho 68 anos. O filme de abertura se chama ‘Ides of March’ - no Brasil, ‘Tudo pelo Poder’ -e março é o mês do meu aniversário”, brincou.

A Dangerous Method desenvolve um intenso drama, com pitadas de ambição, orgulho e até perversão sexual, em torno de um trio de personagens verídicos – dois deles, monstros sagrados da psicanálise, os pioneiros Sigmund Freud - vivido por Viggo Mortensen - e Carl Gustav Jung - interpretado por Michael Fassbender -, ao qual se acrescenta uma ex-paciente do segundo, depois psicanalista, Sabina Spielrein - Keira Knightley -, uma mulher que, segundo o filme, teria mais importância do que o registrado pela história oficial no próprio desenvolvimento da psicanálise.

AFP
O ator Viggo Mortensen entrega a Dvid Cronenberg um boneco de Freud, na coletiva de imprensa em Veneza

Em seu quarto filme de época, Cronenberg destacou ver nesse gênero uma peculiaridade atraente: “Não basta simplesmente filmar os atores nos figurinos. Há uma coisa mágica. Alguns atores têm essa capacidade de, algum modo, se transportarem a um tempo diferente e haver uma verdade nisso”.

Para o diretor, filmar o início do século 20 foi um desafio também porque ele acredita que “os cérebros naquela época eram diferentes. Nossos cérebros mudaram com a tecnologia. Hoje fazer um filme sobre Alexandre o Grande seria extremamente difícil”.

O começo do século 20, para Cronenberg, é uma época em que a humanidade fez um grande progresso”, mas tinha uma fraqueza.
“Os europeus daquele período se achavam muito civilizados e sofisticados. Havia muitas coisas acontecendo e se acreditava que os seres humanos estavam se transformando em anjos. Freud negou isso, afirmando que há coisas que a racionalidade não pode resolver dentro da civilização.Isto na véspera da 1ª Guerra Mundial, que liquidou este sonho. Ele deu um grande salto na compreensão do que é realmente a natureza humana”.

Confira o trailer do filme:

Intérprete de Freud, Viggo Mortensen destacou que sua atração a esta produção veio do fato de poder fugir da mera cinebiografia.
“Toda vez que se interpreta um personagem histórico que as pessoas acham que conhecem tão bem, se você não conseguir acrescentar algo mais, não tem a menor graça”.

Ele elogiou o diretor por sua coragem de enfrentar dois mitos como Freud e Jung:
“Muitos diretores recuariam diante do peso destes dois, especialmente focando no relacionamento deles, em suas falhas humanas, suas diferenças de opinião”.

Baseando-se num roteiro de Christopher Hampton - autor também da peça The Talking Cure, uma das fontes da história - Cronenberg disse ter “mudado muito sua visão do cinema” e explicou como:
“Hoje em dia, não filmo mais tanto material e monto bem rápido. O princípio básico é dar a cada filme o que ele quer, porque cada um pede uma coisa. Neste aqui, dediquei-me inteiramente ao script e aos personagens”.
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Com AFP e site Cineclik - Neusa Barbosa - em Veneza

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