sexta-feira, 2 de setembro de 2011

'O HOMEM DO FUTURO': MAIS UM SHOW DE INTERPRETAÇÃO DE WAGNER MOURA, NA MELHOR DIREÇÃO DE CLÁUDIO TORRES


Não deixa de ser engraçado notarmos que Wagner Moura, nos últimos anos, ter ficado rotulado por interpretar tipos como o Capitão Nascimento, que já transbordou das telonas e hoje é um ícone da cultura pop brasileira.

Que eu me lembre, no cinema, até agora o ator acima da média, um dos mais talentosos da sua geração, nunca havia feito uma comédia pura, apesar de toques de humor em filmes aqui e ali.

Agora, não falta mais.

Em O Homem do Futuro, escrito e dirigido por Cláudio Torres - filho da Diva Fernanda Montenegro e diretor do bom A Mulher Invisível (2009), e do pretensioso Redentor (2004) -, Wagner é Zero, um cientista meio infeliz e amargurado, que, após anos de solidão, por acaso volta ao passado, no momento mais importante da sua vida e que o consumiu por duas décadas, quando foi humilhado por seu grande amor, numa festa da escola.

Divulgação/Globo Filmes
Wagner Moura, em cena do filme como o cientista Zero

Partindo daquela pergunta que todos nós já fizemos a nós mesmos várias vezes - O que fazer com a chance de voltar ao passado para mudar a sua vida? - Cláudio Torres assumidamente busca inspiração em clássicos que abordam o tema - como os filmes da série De Volta Para o Futuro e o romance A Máquina do Tempo, de H. G. Wells - que, se não é novo, ao menos traz um frescor muito bem vindo, especialmente pela interpretação inspiradíssima de Wagner - que também canta três canções da trilha.

Aqui, a possibilidade é a de mudar seu destino e não levar um fora de sua garota, Helena - Alinne Moraes, linda de viver - só que, como já vimos, uma ação causa uma reação, e a mudança no passado, por menor que seja, transforma todo o futuro.

Divulgação/Globo Filmes
Wagner Moura e Alinne Moraes, em cena do filme

Quando reencontramos o protagonista no futuro - o presente atual - a vida dele não é lá como ele pensou que seria se casasse com Helena.

As idas e vindas no tempo permitem a Wagner Moura e seus colegas de elenco, que incluem Gabriel Braga Nunes - fazendo um vilão bem mais "light" que o Léo, que acabou de interpretar na novela Insensato Coração - Maria Luisa Mendonça - mulher do diretor - como uma empresária, e Fernando Ceylão, o único amigo de Zero - criar três versões de um mesmo personagem.

Divulgação/Globo Filmes
Fernando Ceylão e Maria Luisa Mendonça - à frente, em cena do filme

Não procure buscar aqui alguma espécie de leitura psicanalítica dessa multiplicação dos personagens: isso não é necessário, porque a chave do filme está mesmo na comédia, no caminho que a trama toma a cada mudança de tempo, onde Torres deixa de lado o cinismo de sua estreia em longas - Redentor (2004), no qual fazia uma crítica ácida à sociedade brasileira contemporânea - e está mais próximo da comédia e do romance, como em seu trabalho anterior - A Mulher Invisível (2009).

A trama aqui funciona muito bem, especialmente por conta do talento de Wagner Moura, que é capaz de criar três versões muito distintas do mesmo Zero, todas muito boas.

Entre Helena e Zero há uma falta de sincronia amorosa, e nisso, todo o filme pode ser visto como uma grande metáfora para o que querem as mulheres e os homens.

Quando ele quer ficar com ela - na primeira versão, aquela oficial da história - ela aceita uma proposta para ser modelo, e quando ele volta no tempo a resolução é outra, e depois outra.

Divulgação/Globo Filmes
Alinne Moraes e Gabriel Braga Nunes, em cena do filme

No fundo, o filme parece dizer que estaremos sempre descontentes com algumas coisas e contentes com outras e, nesse caso, a única coisa a se fazer é deixar a vida seguir seu curso natural.

É um dos melhores filmes brasileiros do ano.

Confira o trailer do filme:

*****
O HOMEM DO FUTURO
Diretor:
Cláudio Torres
Elenco:
Wagner Moura
Alinne Moraes
Fernando Ceylão
Maria Luiza Mendonça
Gabriel Braga Nunes
Produção:
Cláudio Torres
Tatiana Quintela
Roteiro:
Cláudio Torres
Fotografia:
Ricardo Della Rosa
Trilha Sonora:
Luca Raele
Maurício Tagliari
Duração:
106 min.
Ano: 
2011
País:
Brasil
Gênero:
Comédia
Cor:
Colorido
Distribuidora:
Paramount Pictures Brasil
Estúdio:
Conspiração Filmes
Globo Filmes
Classificação:
10 anos
Cotação do Klau:

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