Não deixa de ser engraçado notarmos que Wagner Moura, nos últimos anos, ter ficado rotulado por interpretar tipos como o Capitão Nascimento, que já transbordou das telonas e hoje é um ícone da cultura pop brasileira.
Que eu me lembre, no cinema, até agora o ator acima da média, um dos mais talentosos da sua geração, nunca havia feito uma comédia pura, apesar de toques de humor em filmes aqui e ali.
Agora, não falta mais.
Em O Homem do Futuro, escrito e dirigido por Cláudio Torres - filho da Diva Fernanda Montenegro e diretor do bom A Mulher Invisível (2009), e do pretensioso Redentor (2004) -, Wagner é Zero, um cientista meio infeliz e amargurado, que, após anos de solidão, por acaso volta ao passado, no momento mais importante da sua vida e que o consumiu por duas décadas, quando foi humilhado por seu grande amor, numa festa da escola.
Divulgação/Globo Filmes
Wagner Moura, em cena do filme como o cientista Zero
Partindo daquela pergunta que todos nós já fizemos a nós mesmos várias vezes - O que fazer com a chance de voltar ao passado para mudar a sua vida? - Cláudio Torres assumidamente busca inspiração em clássicos que abordam o tema - como os filmes da série De Volta Para o Futuro e o romance A Máquina do Tempo, de H. G. Wells - que, se não é novo, ao menos traz um frescor muito bem vindo, especialmente pela interpretação inspiradíssima de Wagner - que também canta três canções da trilha.
Aqui, a possibilidade é a de mudar seu destino e não levar um fora de sua garota, Helena - Alinne Moraes, linda de viver - só que, como já vimos, uma ação causa uma reação, e a mudança no passado, por menor que seja, transforma todo o futuro.
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Wagner Moura e Alinne Moraes, em cena do filme
Quando reencontramos o protagonista no futuro - o presente atual - a vida dele não é lá como ele pensou que seria se casasse com Helena.
As idas e vindas no tempo permitem a Wagner Moura e seus colegas de elenco, que incluem Gabriel Braga Nunes - fazendo um vilão bem mais "light" que o Léo, que acabou de interpretar na novela Insensato Coração - Maria Luisa Mendonça - mulher do diretor - como uma empresária, e Fernando Ceylão, o único amigo de Zero - criar três versões de um mesmo personagem.
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Fernando Ceylão e Maria Luisa Mendonça - à frente, em cena do filme
Não procure buscar aqui alguma espécie de leitura psicanalítica dessa multiplicação dos personagens: isso não é necessário, porque a chave do filme está mesmo na comédia, no caminho que a trama toma a cada mudança de tempo, onde Torres deixa de lado o cinismo de sua estreia em longas - Redentor (2004), no qual fazia uma crítica ácida à sociedade brasileira contemporânea - e está mais próximo da comédia e do romance, como em seu trabalho anterior - A Mulher Invisível (2009).
A trama aqui funciona muito bem, especialmente por conta do talento de Wagner Moura, que é capaz de criar três versões muito distintas do mesmo Zero, todas muito boas.
Entre Helena e Zero há uma falta de sincronia amorosa, e nisso, todo o filme pode ser visto como uma grande metáfora para o que querem as mulheres e os homens.
Quando ele quer ficar com ela - na primeira versão, aquela oficial da história - ela aceita uma proposta para ser modelo, e quando ele volta no tempo a resolução é outra, e depois outra.
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Alinne Moraes e Gabriel Braga Nunes, em cena do filme
No fundo, o filme parece dizer que estaremos sempre descontentes com algumas coisas e contentes com outras e, nesse caso, a única coisa a se fazer é deixar a vida seguir seu curso natural.
É um dos melhores filmes brasileiros do ano.
Confira o trailer do filme:
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O HOMEM DO FUTURO
Diretor:
Cláudio Torres
Elenco:
Wagner Moura
Alinne Moraes
Fernando Ceylão
Maria Luiza Mendonça
Gabriel Braga Nunes
Produção:
Cláudio Torres
Tatiana Quintela
Roteiro:
Cláudio Torres
Fotografia:
Ricardo Della Rosa
Trilha Sonora:
Luca Raele
Maurício Tagliari
Duração:
106 min.
Ano:
2011
País:
Brasil
Gênero:
Comédia
Cor:
Colorido
Distribuidora:
Paramount Pictures Brasil
Estúdio:
Conspiração Filmes
Globo Filmes
Classificação:
10 anos
Cotação do Klau:
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