quarta-feira, 14 de setembro de 2011

FESTIVAL DE TORONTO: COM MELHOR PAPEL DE SUA CARREIRA NO CINEMA, RODRIGO SANTORO PROTAGONIZA 'HELENO', EXIBIDO SEGUNDA


Dez anos se passaram desde que Rodrigo Santoro se tornou um dos principais rostos do novo cinema brasileiro, com Bicho de Sete Cabeças (2001), de Laís Bodanzky.

Agora, Santoro, 36, faz a melhor interpretação de sua carreira nas telonas em Heleno, que teve estreia mundial anteontem no TIFF.

O novo filme é o primeiro em que Santoro também é produtor, tendo trabalhado desde a concepção do projeto e do roteiro com o diretor José Henrique Fonseca - de O Homem do Ano (2003).

Divulgação
Rodrigo Santoro, em cena do filme "Heleno", de José Henrique Fonseca

Baseado na história real de Heleno de Freitas - jogador de futebol e um dos maiores ídolos do Botafogo do Rio - o longa, que tem estreia no Brasil prevista para março do ano que vem, narra a tragédia do boleiro, a partir dos anos 1940.

Heleno viu seu talento e sua carreira serem destruídos por um temperamento irascível e pela sífilis cerebral, que o matou com apenas 39 anos, em 1959, esquecido e falido.

"Ele era obcecado com a perfeição, não só dele, mas de todo o time que jogava ao seu lado", explicou Santoro, que usou essa mesma obsessão para moldar sua performance.
"A vida é muito curta para não dar o seu melhor."

A exuberante atuação de Santoro vai além da transformação física - ele perdeu 20 kg para viver os últimos dias de Heleno - abrangendo também a arrogância do playboy carioca, seu charme e a derrocada numa clínica em Barbacena (MG), onde viu Pelé ascender ao estrelato na Copa de 1958.

O trabalho do ator e a degradação física do personagem remetem às espetaculares performances recentes de Marion Cotillard em Piaf - Um Hino ao Amor e de Natalie Portman em Cisne Negro.

Outra referência clara é Robert de Niro em Touro Indomável (1980) - não é por acaso que o longa é fotografado por Walter Carvalho, num preto e branco inspirado no clássico de Martin Scorsese.

Heleno reverencia o Rio dos anos 40 e 50 com visual e estilo, mas peca ao ignorar o lado popular do futebol.

Para um filme que fala sobre o maior esporte nacional, tendo como pano de fundo a derrota na Copa do Mundo de 1950 e a vitória em 1958, faltam a paixão e a presença do torcedor, o que torna a genialidade do protagonista algo meramente citado, mas nunca mostrado no longa.


Mesmo assim, a platéia presente em Toronto gostou.
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Daniel Oliveira - Colaboração para a FOLHA em Toronto

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