sexta-feira, 2 de setembro de 2011

FESTIVAL DE VENEZA: KATE WINSLET ROUBA A CENA EM 'CARNAGE', NOVO FILME DE POLANSKY


O Festival Internacional de Cinema de Veneza recebeu nesta quinta com fortes aplausos o último filme de Roman Polanski, Carnage, fantástica história que se sustenta sobre as interpretações de quatro grandes nomes: Jodie Foster, Kate Winslet, Christoph Waltz e John C. Reilly.

Os atores homenagearam Polanski, ausente do festival, ao que atribuíram todo o mérito pelo estupendo resultado de um filme que funciona como um mecanismo de relojoaria e no qual cada frase e movimento foram estudados ao mínimo detalhe.

"É uma história incrivelmente complexa nos detalhes", explicou Kate Winslet na entrevista coletiva de apresentação do filme, que concorre na seção oficial de Veneza.

Aliás, a cena mais memorável de Carnage pertence à vencedora do Oscar Kate Winslet, que diz que não esqueceu do dia que teve que vomitar no estúdio de filmagem.
"Meus filhos foram ao meu trabalho no dia do vômito, e fiquei tão feliz que eles estavam lá, porque eles literalmente não param de falar sobre isso desde então. Foi histérico", contou a atriz acima da média.

Carnage é uma história sobre dois casais que se enfrentam após uma briga de seus filhos de 11 anos e na qual, ao desenvolver-se quase em toda na sala da casa de um dos casais, faz com que o trabalho dos atores seja ainda mais importante do que em outros filmes.

A sátira, recheada de momentos cômicos, tem Kate Winslet e Christoph Waltz como o casal Nancy e Alan, e Jodie Foster e John C. Reilly aparecem como Penelope e Michael.

Os pais conseguem manter as aparências enquanto se preocupam em descobrir se o filho de Nancy e Alan estava armado com um pedaço de pau ou apenas segurando um, mas a rígida percepção de Penelope de que os pais do suposto "bully" não têm muito interesse no comportamento de seu filho fica além do que a Nancy de Winslet pode suportar em seu estômago, literalmente - de forma conveniente, Nancy vomita violentamente a torta que estavam comendo em cima dos raros e estimados livros de arte de Penelope.

Embora a proeza tenha exigido que Winslet operasse um complexo dispositivo, Reilly disse duvidar se Winslet realmente teve o trabalho mais difícil.
"Apesar de ter sido Kate quem vomitou, Jodie e eu tivemos que limpá-lo, então tivemos o envolvimento mais nojento com o vômito", disse Reilly.

"Os quatro estivemos muito envolvidos desde o primeiro dia de ensaios. Mas tivemos a ajuda de um roteiro extraordinário", enfatizou Kate na entrevista coletiva.

Duas semanas de ensaios permitiram pegar o tom e ritmo que Polanski, queria dar ao filme, algo afastado do da peça teatral que todos eles conheciam - além de conhecer cada milímetro do pequeno cenário no qual tudo se desenvolve.

Divulgação
Jodie Foster e John C. Reilly - à esquerda - e Kate Winslet e Christoph Waltz - à direita: quarteto sw protagonistas de "Carnage", de Roman Polansky

"Era uma espécie de confinamento, em um quarto, mas com muitas pessoas e equipamentos, portanto o uso do espaço foi estudado aos mínimos detalhes", detalhou Christoph Waltz.

Algo que não foi uma desvantagem para Polanski, pelo contrário, esse é um ponto forte do diretor franco polonês.

"Sua precisão, sua exatidão, sua microscópica forma de trabalhar,tudo isso levou os atores a conhecer cada movimento, cada posição, cada frase, exatamente com uma peça de teatro", assinalou  Waltz - ganhador de Oscar  por Bastardos Inglórios - um processo que deixou claro que tinham uma forma similar de trabalhar, cada ação no momento certo, destacando que Polanski gostou muito e os atores ajudaram ao não demonstrarem competitividade em nenhum momento.

Isso se percebe no resultado final do filme, uma co-produção da Espanha, França, Alemanha e Polônia, que apesar de ser baseado no conhecido texto de teatro de Yasmina Reza adquire uma dimensão diferente pelas mãos dePolanski e de seus quatro protagonistas.

Apenas algumas mudanças: diálogos ainda mais ácidos do que na peça teatral, ligeiras variações de estrutura e algumas cenas fora da sala em que tudo se passa para dar um pouco de oxigênio na telona - os quatro protagonistas se apoiam e se sustentam em um filme no qual eles são tudo e nada.

Confira o trailer do filme:

Não há grandes paisagens, nem momentos épicos, tampouco música grandiosa; são quatro pessoas fechadas dentro de quatro paredes, dispostos a mostrar o pior de si mesmo.

Quatro adultos que não sabem como resolver um problema em uma história pessimista, mas com um raio de luz, algo que Polanski queria introduzir na obra e que representa a principal mudança com relação ao texto original, como explicou Yasmina Reza.

A obra de teatro acaba de forma diferente, na desolação total, mas Polanski queria algo mais aberto.
"Para mim foi difícil, mas tentei responder a seu universo", assinalou Reza.

As viagens de Polanski estão restritas por conta de uma ordem da Interpol válida em 188 países que devem extraditá-lo aos Estados Unidos para ser sentenciado por ter feito sexo com uma menina de 13 anos em 1977 - ele pode viajar entre Suíça, que se recusou a extraditá-lo, e França, que tem uma política de não extraditar seus cidadãos.

Carnage acontece no Brooklyn, NY, mas foi filmado em uma locação perto de Paris por seis semanas.

"O uso do espaço foi, na verdade, bem preciso, confinado, mínimo e detalhado", disse Waltz.
"Mas esse é exatamente o forte de Roman. A precisão, o detalhe, a exatidão. A forma microscópica de trabalhar".

Polanski fez com que os atores ensaiassem o roteiro como se fosse uma peça, memorizando-o inteiro e depois gravando cena após cena.

Embora a peça seja semelhante ao roteiro do filme, Winslet afirma que o tom e ritmo são diferentes, criando algo único.
"A coisa toda foi filmada na ordem da história do início ao fim, algo que, acredito, nenhum de nós já havia experimentado no cinema antes", completou a atriz.

Por tudo o que foi dito aqui, é outro filmaço do diretor.
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Com EFE
Redação Final: Cláudio Nóvoa

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