O catálogo de e-books da centenária Penguin já reúne 4.000 títulos - mas o que faz mais barulho há um mês e meio no mercado de livros é sua reedição de um cult literário, Pé na Estrada, em formato de aplicativo em tablets - como o iPad, da Apple.
A obra de Jack Kerouac é apenas uma das cinco partes do app que comemora o cinquentenário de sua publicação - as outras tratam do autor, da viagem, da geração beat e da trajetória do próprio livro.
A edição é repleta de elementos interativos: áudio, vídeo, mapas, fotografias, trechos do diário de Kerouac, cartas trocadas com amigos e editor, antigas capas.
Outras edições ampliadas de literatura já estão a caminho, afirma Stephen Morrison, editor responsável pelo app de Pé na Estrada.
A Penguin não informa quais são os próximos apps literários, que saem no decorrer de 2012. Os números de venda de Kerouac também não são divulgados - o mercado fala de 60 mil downloads num único mês.
Clássicos transformados em apps não são novidade para os leitores que têm acompanhado como as novas tecnologias transformam há um ano e meio aquilo que chamamos de livro.
Clássicos transformados em apps não são novidade para os leitores que têm acompanhado como as novas tecnologias transformam há um ano e meio aquilo que chamamos de livro.
O começo foi em abril de 2010, quando saiu a adaptação de Alice, de Lewis Carroll, pela Atomic Antelope.
Em inovação, o auge neste ano ocorrerá em outubro, quando J.K. Rowling estreia seu site interativo Pottermore, em que vai também concentrar as vendas de e-books de sua série Harry Potter.
Mais caros de fazer e com mercado ainda restrito, os apps exigem das editoras equipes de tecnologia, design e audiovisual - o formato serve mais como experimentação e marketing e menos como fonte de receita.
"Arriscaria dizer que os apps representam menos de 1% do faturamento digital das grandes editoras", estima Mike Shatzkin, organizador do Digital Book World, um dos eventos mais importantes no debate do futuro do livro.
"Mais impacto que a adaptação de clássicos literários como 'Pé na Estrada' será o dia em que um grande autor publicar uma obra preparada especialmente para o formato", avalia Douglas Hebbard, editor do Talk New Media, influente site do setor.
Em inovação, o auge neste ano ocorrerá em outubro, quando J.K. Rowling estreia seu site interativo Pottermore, em que vai também concentrar as vendas de e-books de sua série Harry Potter.
Mais caros de fazer e com mercado ainda restrito, os apps exigem das editoras equipes de tecnologia, design e audiovisual - o formato serve mais como experimentação e marketing e menos como fonte de receita.
"Arriscaria dizer que os apps representam menos de 1% do faturamento digital das grandes editoras", estima Mike Shatzkin, organizador do Digital Book World, um dos eventos mais importantes no debate do futuro do livro.
"Mais impacto que a adaptação de clássicos literários como 'Pé na Estrada' será o dia em que um grande autor publicar uma obra preparada especialmente para o formato", avalia Douglas Hebbard, editor do Talk New Media, influente site do setor.
IMERSÃO OU INTERAÇÃO?
O futuro digital do livro é o centro do debate nos grandes eventos do mercado editorial, como a Feira do Livro de Londres, em abril passado, e a Feira do Livro de Frankfurt, em outubro que vem.
Entre executivos e especialistas, há cada vez mais o consenso de que há livros para ler e outros para interagir - os apps seriam mercado em expansão para títulos de educação e entretenimento infantil.
Livros que exigem imersão, como grandes obras da literatura, não teriam vocação para virar app, como explica Evan Schnittman, diretor da Bloomsbury.
Ross Wesson, que é consultor de editoras, concorda: livros que vão se tornar apps com mais facilidade nos próximos anos serão guias de viagem, gastronômicos ou séries como a Dummies.
NO BRASIL
Editoras brasileiras investem em e-books em ritmo muito mais lento do que as de mercados como Estados Unidos e Inglaterra, e apostar em edições vitaminadas para o formato app é algo que adiam ainda mais.
Monteiro Lobato é um dos autores nacionais que mais têm títulos migrados para as tabuletas: são oito, além de cinco adaptações para quadrinhos, que podem ser lidos no iPad.
Lançadas há um mês, essas obras já tiveram cerca de 7.300 downloads, segundo a Globo Livros.
Os títulos de Lobato não possuem, porém, recursos interativos - permitem apenas a leitura no tablet.
Mais experimental será a edição em quadrinhos de As Grandes Histórias do Menino Maluquinho, de Ziraldo, que a editora lança agora na Bienal do Rio - entre as ferramentas incluídas, há uma que vai permitir a gravação de voz do leitor.
É caro produzir apps, porque a base de tablets no país é pequena", afirma Mauro Palermo, diretor da Globo Livros.
"O investimento crescerá na medida em que o número de usuários aumentar", acescenta Palermo.
Editoras de pequeno e médio portes dedicadas ao público infantil têm experimentado mais no formato que as grandes casas.
Pela Peirópolis, por exemplo, saíram dois títulos: Meu Tio Lobisomem, de Manu Maltês, e Crésh, de Cao Galhardo.
Neste ano, estão previstas obras de Angela Lago, Lalau e Laurabeatriz, Chico dos Bonecos e Guazzelli.
A DCL, de grande porte, prevê lançar seu catálogo infantil no mercado de apps apenas no ano que vem.
Não será em ritmo acelerado - erão cerca de três por ano e, em e-book, serão cerca de 30.
O grupo Ediouro diz que só em 2012 deve começar a migrar títulos para o formato.
Os projetos para apps previstos para este ano foram adiados porque a equipe do seu braço digital, a Singular, teve de se concentrar em outra área, a de impressão sob demanda.
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Matéria de Josélia Aguiar, para a Folha de S.Paulo
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Matéria de Josélia Aguiar, para a Folha de S.Paulo
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