Confesso que eu não me lembro mais quando ele apareceu na minha vida.
Disseram para mim que eu era muito menino e que foi nesse mesmo tempo de primavera, muitos anos atrás.
Mas me lembro de que ele era frágil, um fiapo, fininho , teimosamente apontando para o céu.
Lembro também que, pré-aborrescente, ficava de plantão no portão de casa para que ninguém o tocasse, machucasse ou tirasse pedaço.
O dia em que ele se defendeu sozinho me fez muito feliz: um motorista ousou encostar nele, e ele, já grandão, amassou bem a caranga nova do barbeiro.
Nos últimos anos, por conta de imbecis travestidos de funcionários da prefeitura de São Paulo, ele se rebelou: setembro chegava e ele se recusava a dar seu show, único e espetacular, e que dura poucos dias.
Vendo sua negativa, resolvi retomar nossa história, e nunca mais deixei ninguém mais toca-lo.
Nessa semana, agradecido, ele vem dando seu espetáculo de rara beleza, e que eu nunca canso de admirar.
É pena, dura poucos dias, mas vale a pena ver o ipê amarelo, que eu plantei na minha infância na porta aqui de casa, cobrir-se de cor, de abelhas e de pássaros que bebem em cada uma de suas flores em forma de taça.
E é esse momento único que hoje, Dia da Árvore, eu divido aqui com vocês.
Fotos: Cláudio Nóvoa
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