Chernobyl, o Holocausto, e ainda as estudantes que se prostituem: as mulheres cineastas dedicam-se a temas considerados graves no TIFF 2011, rejeitando, também, a ideia de que possa existir um "cinema de mulher".
"Quando abordo um assunto, coloco nele minha sensbilidade, mas isso não significa que seja mulher ou homem. Além disso, ninguém se preocupa se o diretor é homossexual, hetero... assiste-se, simplesmente, a um filme, isso é tudo", comenta a francesa Anne Fontaine, que veio a Toronto para apresentar sua produção Mon Pire cauchemar, que tem no elenco Isabelle Huppert e Benoit Poelvoorde.
Fontaine realizou no passado thrillers e dramas e rejeita a denominação de 'filmes de mulheres', nos festivais.
"Isso não quer dizer simplesmente nada".
Confira um dos trailers de "Mon Pire cauchemar":
"As cinestas devem lutar contra o fato de serem vistas como capazes de contar apenas um certo tipo de história, histórias suaves sobre as mulheres e as emoções", falou à AFP uma das diretoras que exibiram seu filme hoje no festival, Cameron Bailey.
Na sua primeira ficção, La Terre outragée, a jovem israelense Michale Boganim levou sua câmara a Chernobyl, na zona evacuada após a catástrofe de 1986.
Seu filme, em dois movimentos, acompanha a história de uma jovem - Olga Kurylenko, bela atriz e ex-Bond girl -cujo marido foi chamado à central no dia da explosão, retornando depois ao local, dez anos depois, como guia de visitas organizadas na zona evacuada.
Não foi o fato de ser mulher que complicou a tarefa da cineasta, mas o fato de ser estrangeira e "querer mostrar a nudez das populações locais, deixadas na ignorância do que acontecia", ressalta ela.
A polonesa Agniezka Holland apresentou seu In Darkness, sobre o holocausto na Polônia e as relações dramáticas entre judeus e católicos.
Seu herói, o encarregado da conservação de esgotos Léopold, é "um antissemita comum", mas que virá depois em ajuda aos judeus que se escondem nesse mundo subterrâneo.
Foi preciso dois anos, explicou ela, para concluir esta história.
Sua compatriota Malgoska Szumowska fez um estudo sobre a prostituição de jovens no filme Elles, que tem a Diva francesa Juliette Binoche interpretando uma jornalista.
Na maneira de filmar os corpos, de forma crua, Szulowska partilha a audácia com Sarah Polley, a cineasta canadense de Loin d'elle.
AP
A cineasta Sarah Polley, hoje em Toronto
Longe dela, fala sobre os estragos da doença de Alzheimer, explorada em Take this Waltz .
Totalmente liberada das fronteiras do sexualmente correto está também Hysteria, da americana Tanya Wexler.
De qualquer forma, revela Anne Fontaine, "está longe o tempo em que um produtor dizia em nossa cara: 'Você não tem o ar de uma cineasta'".
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