Quando eu tento falar com quem não é fissurado em "Sex and the City" - como eu - recebo sempre um desprezo e um ar de "ahh, que chato!"
Para essas pessoas,as seis temporadas na telinha e, agora, as duas sequências nas telonas - a segunda tem estréia mundial hoje - , são fúteis, irreais e mercadológicas.
Mas as histórias também são admiradas e aguardadas por um grande público.
Produto de um dos estúdios de séries para TV mais legais do mercado norte-americano - o canal HBO, com produções sensacionais, como "Roma","Oz", "The Sopranos", "Angels in America", "Big Love" e "The Pacific" - "Sex and the City" transformou-se ao longo do tempo.
Quando a série foi ao ar pela primeira vez (1999), retratava o universo feminino de forma aberta, liberal e autêntica.
Carrie Bradshaw (Sarah Jessica Parker), narrava suas desventuras amorosas e financeiras em Manhatan, assumindo o papel de inquisidora de sua vida sentimental e sexual, tal como de suas colegas: Charlotte (Kristin Davis), Miranda (Cynthia Nixon) e Samantha (Kim Cattrall).
O sucesso foi imediato.
Havia uma clareza narrativa da vida das personagens e dos seus conflitos, que relativizava a superficialidade de como se tratava Nova York (capital do que há de melhor e pior no mundo).
No entanto, a série foi contaminada, a começar por Michael Patrick King, criador da série - a partir do livro de Candace Bushnell.
Por mais que houvesse uma história central, a série não amadureceu, se tornou sempre mais do mesmo, e apenas um ícone de moda.
O que se percebe nas últimas temporadas e nas duas sequências para a telona é que o estilo de vida é maior do que a própria narrativa.
Ou seja: a embalagem, de salto alto, com grande grifes, vem sempre antes das personagens.
"Sex and the City 2" é isso.
Bem-humorada, elegante e brilhante - pelo ouro e não pela genialidade - a produção praticamente é um dia-a-dia de Carrie, Charlotte, Miranda e Samantha.
Não há grandes conflitos, apenas um questionamento sobre as relações: as três primeiras, casadas, devem lidar com a profundidade de seus matrimônios e a última preocupa-se com sua idade para manter-se sexualmente ativa e atraente, por mais que seja de forma cosmética.
Foto: Divulgação Warner/Village Road Show
As quatro protagonistas, no deserto
O filme começa com Carrie insegura com a monotonia de seu casamento com Mr. Big (Chris Noth).
Ao lado dela, Charlotte se encontra desesperada pela dificuldade de ter que cuidar de duas filhas.
Por sua vez, Miranda começa a perceber que seu trabalho de advogada não lhe traz a tão sonhada realização de mulher independente e decidida.
Finalmente, Samantha - a personagem que eu mais gosto, porquê é a mais parecida comigo - consegue levar as três amigas a Abu Dhabi para uma semana de tranquilidade no que há de mais excêntrico e extravagante no meio do deserto: uma semana de luxos hoteleiros, que apenas um sheik, nadando em petróleo, é capaz de oferecer.
Durante sua estada no Oriente Médio, as personagens devem manter-se de acordo com as convenções às quais estão submetidas.
Carrie encontra seu ex-noivo Aidan (John Corbett), e Samantha vê, a todo momento, barreiras religiosas milenares contra seu comportamento sexual.
Nas mais de duas horas de filme, o que se vê, afinal, é uma bem-humorada comédia romântica, o que leva aos espectadores, homens ou mulheres, a impressão de que os editoriais de moda podem tomar nome, formato e voz e, mesmo assim, serem engraçados.
Assista o trailer do filme:
O tema central de "Sex and the City 2" parece ser o casamento e suas crises.
Mas não.
O tema central, mesmo, é o envelhecimento.
Como manter o glamour e a pele diante da passagem do tempo?
É a pergunta que Samantha faz e que assombra todas as protagonistas do filme.
A resposta? botox e mais botox, mais reposição hormonal, mas a solução que resolve mesmo é o humor, a capacidade de rir do mundo e de si.
E é o humor mais rasteiro, com direito a piadas sobre pintos e peitos, que salva esse segundo longa, bem superior ao primeiro.
Por trás da atitude sexual supostamente libertária - e da defesa do consumismo e da superioridade americana - a série reforçava o conservadorismo dos contos de fada.
Mas promove uma libertação real: a possibilidade de as mulheres se assumirem às vezes como seres banais, desbocados, fanfarrões.
Para essas pessoas,as seis temporadas na telinha e, agora, as duas sequências nas telonas - a segunda tem estréia mundial hoje - , são fúteis, irreais e mercadológicas.
Mas as histórias também são admiradas e aguardadas por um grande público.
Produto de um dos estúdios de séries para TV mais legais do mercado norte-americano - o canal HBO, com produções sensacionais, como "Roma","Oz", "The Sopranos", "Angels in America", "Big Love" e "The Pacific" - "Sex and the City" transformou-se ao longo do tempo.
Quando a série foi ao ar pela primeira vez (1999), retratava o universo feminino de forma aberta, liberal e autêntica.
Carrie Bradshaw (Sarah Jessica Parker), narrava suas desventuras amorosas e financeiras em Manhatan, assumindo o papel de inquisidora de sua vida sentimental e sexual, tal como de suas colegas: Charlotte (Kristin Davis), Miranda (Cynthia Nixon) e Samantha (Kim Cattrall).
O sucesso foi imediato.
Havia uma clareza narrativa da vida das personagens e dos seus conflitos, que relativizava a superficialidade de como se tratava Nova York (capital do que há de melhor e pior no mundo).
No entanto, a série foi contaminada, a começar por Michael Patrick King, criador da série - a partir do livro de Candace Bushnell.
Por mais que houvesse uma história central, a série não amadureceu, se tornou sempre mais do mesmo, e apenas um ícone de moda.
O que se percebe nas últimas temporadas e nas duas sequências para a telona é que o estilo de vida é maior do que a própria narrativa.
Ou seja: a embalagem, de salto alto, com grande grifes, vem sempre antes das personagens.
"Sex and the City 2" é isso.
Bem-humorada, elegante e brilhante - pelo ouro e não pela genialidade - a produção praticamente é um dia-a-dia de Carrie, Charlotte, Miranda e Samantha.
Não há grandes conflitos, apenas um questionamento sobre as relações: as três primeiras, casadas, devem lidar com a profundidade de seus matrimônios e a última preocupa-se com sua idade para manter-se sexualmente ativa e atraente, por mais que seja de forma cosmética.
Foto: Divulgação Warner/Village Road Show
As quatro protagonistas, no deserto
O filme começa com Carrie insegura com a monotonia de seu casamento com Mr. Big (Chris Noth).
Ao lado dela, Charlotte se encontra desesperada pela dificuldade de ter que cuidar de duas filhas.
Por sua vez, Miranda começa a perceber que seu trabalho de advogada não lhe traz a tão sonhada realização de mulher independente e decidida.
Finalmente, Samantha - a personagem que eu mais gosto, porquê é a mais parecida comigo - consegue levar as três amigas a Abu Dhabi para uma semana de tranquilidade no que há de mais excêntrico e extravagante no meio do deserto: uma semana de luxos hoteleiros, que apenas um sheik, nadando em petróleo, é capaz de oferecer.
Durante sua estada no Oriente Médio, as personagens devem manter-se de acordo com as convenções às quais estão submetidas.
Carrie encontra seu ex-noivo Aidan (John Corbett), e Samantha vê, a todo momento, barreiras religiosas milenares contra seu comportamento sexual.
Nas mais de duas horas de filme, o que se vê, afinal, é uma bem-humorada comédia romântica, o que leva aos espectadores, homens ou mulheres, a impressão de que os editoriais de moda podem tomar nome, formato e voz e, mesmo assim, serem engraçados.
Assista o trailer do filme:
O tema central de "Sex and the City 2" parece ser o casamento e suas crises.
Mas não.
O tema central, mesmo, é o envelhecimento.
Como manter o glamour e a pele diante da passagem do tempo?
É a pergunta que Samantha faz e que assombra todas as protagonistas do filme.
A resposta? botox e mais botox, mais reposição hormonal, mas a solução que resolve mesmo é o humor, a capacidade de rir do mundo e de si.
E é o humor mais rasteiro, com direito a piadas sobre pintos e peitos, que salva esse segundo longa, bem superior ao primeiro.
Por trás da atitude sexual supostamente libertária - e da defesa do consumismo e da superioridade americana - a série reforçava o conservadorismo dos contos de fada.
Mas promove uma libertação real: a possibilidade de as mulheres se assumirem às vezes como seres banais, desbocados, fanfarrões.
E o filme consegue retratar tudo isso muito bem.
E por falar em filme de mulheres, a participação da Diva das Divas Liza Minelli, logo no começo do filme, é simplesmente sen-sa-cio-nal!
*****
E por falar em filme de mulheres, a participação da Diva das Divas Liza Minelli, logo no começo do filme, é simplesmente sen-sa-cio-nal!
*****
"Sex and the City 2"
País: EUA
Diretor: Michael Patrick King
Estúdio: Warner Bros.
Elenco Principal:
Sarah Jessica Parker
Kim Cattrall
Cynthia Nixon
Kristin Davis
Chris Noth
Participações Especialíssimas:
Liza Minnelli
David Eigenberg
Evan Handler
Penélope Cruz
Miley Cyrus
Gênero: Comédia, Romance
Duração: 146 minutos
Cor: Colorido
Classificação: Não recomendado para menores de 14 anos
COTAÇÃO DO KLAU:
País: EUA
Diretor: Michael Patrick King
Estúdio: Warner Bros.
Elenco Principal:
Sarah Jessica Parker
Kim Cattrall
Cynthia Nixon
Kristin Davis
Chris Noth
Participações Especialíssimas:
Liza Minnelli
David Eigenberg
Evan Handler
Penélope Cruz
Miley Cyrus
Gênero: Comédia, Romance
Duração: 146 minutos
Cor: Colorido
Classificação: Não recomendado para menores de 14 anos
COTAÇÃO DO KLAU:
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