A Competição em Cannes foi aberta com o filme “Tournée”, do ator e diretor Mathieu Amalric - conhecido mundialmente como o vilão do último 007, “Quantum of Solace”.
Quem é assíduo do Festival do Rio ou da Mostra de São Paulo se lembra dele como o sujeito lunático de “Reis e Rainha” ou o irmão ovelha negra da família em “Um Conto de Natal”, dois filmes franceses.
Amalric é um ator charmosíssimo (não exatamente belo), que une talento e erudição, um intérprete de muitos recursos e com muitas ideias na cabeça.
Foto: Divulgação
Cenas do filme ''Tournée'' (''On Tour''), de Mathieu Amalric
Em “Tournée”, seu quarto filme como cineasta, ele encarna Joachim, um ex-produtor francês de TV que largou tudo para dirigir uma companhia de strip-tease burlesco nos EUA.
Sem saber muito bem o que procura, faz uma volta às origens e leva toda a companhia para uma turnê pela França.
É um homem deslocado, que despreza o dinheiro, mas também sabe que não trabalha com a grande arte.
Concentra seu afeto nas dançarinas americanas da companhia – vividas por profissionais de verdade, que atendem na vida real por nomes como Dirty Martini, Roky Roulette, Kitten on the Keys e Evie Lovelle - com esses nomes – e corpos maravilhosos , elas estão roubando as lentes em Cannes!
No meio do caminho, Joachim se vê obrigado a cuidar sozinho dos filhos pequenos, de quem nem lembra direito a idade.
“Tournée” era muito aguardado porque Amalric não reza pela cartilha consagrada do cinema francês – dramas “burgueses”, diálogos elaborados, conflitos amorosos.
Seu filme tem um frescor de diretor jovem – uma mistura de cores belíssima, diálogos estranhos que às vezes não começam nem terminam direito, cenas poderosas que podem não ter muito a ver com o resto da história.
Ele faz uma clara homenagem a John Cassavettes (1929-1989), pai do cinema independente americano, ator e diretor como ele, especialmente a filmes seus como “A Morte de um Bookmaker Chinês” (cujo protagonista mantém um show decadente), “Noite de Estreia” (a ansiedade dos bastidores de um espetáculo) e “Amantes” (a relação entre pai ausente e filho pequeno).
O resultado é ousado e muito interessante, mas Amalric parece se interessar mais por seu personagem do que pelo filme.
Vamos aguardar o filme por aqui. parece ser bem interessante.
Matéria básica: Agências AFP, AP e UOL - Redação Final: Cláudio Nóvoa
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