quarta-feira, 19 de maio de 2010

VITÓRIA DO POVO BRASILEIRO: FICHA LIMPA É APROVADO NO SENADO

O projeto Ficha Limpa - que proíbe a candidatura de condenados pela Justiça - foi aprovado hoje por unanimidade na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), e, no final da tarde, foi aprovado na íntegra - sem destaques ou emendas - pelo plenário do senado.

Demóstenes Torres (DEM-GO), relator da proposta, fez um discurso longo e veemente em favor da aprovação do texto encaminhado pela Câmara dos Deputados.

Segundo ele, o Ficha Limpa muda a forma de se fazer política no país.
“É um projeto tão rigoroso que, provavelmente, ao final do ano, muitos de nós não estaremos mais aqui. Isso porque qualquer atitude eleitoral indevida levará a inelegibilidade por um prazo muito grande, o que tirará o político da vida pública”.

O projeto segue agora para a sanção do presidente da República.
.
Segundo Demóstenes, nos termos em que se encontra, e passando a vigorar nas eleições deste ano, “no mínimo 25% dos candidatos não poderão mais se eleger”, o que irá modificar radicalmente os costumes políticos.
O senador prosseguiu a leitura e a explicação do seu relatório enaltecendo alguns aspectos da proposta, entre os quais sublinhou que praticamente todo o código penal está contemplado na proposta e, ainda, o fato de alguns juristas questionarem o princípio da inocência.
Em resposta, o senador disse que se “uma pessoa for condenada, não havendo o trânsito em julgado, não significará que será presa, apenas não poderá mais concorrer a cargos públicos”.

O projeto de lei de iniciativa popular altera a Lei Complementar 64, que estabelece casos de inelegibilidade.

O texto do Ficha Limpa proíbe por oito anos a candidatura de políticos condenados na Justiça em decisão colegiada, ou seja, tomada por vários juízes ou desembargadores, mesmo que o trâmite do processo não tenha sido concluído no Judiciário.

O projeto é duro e atinge não apenas políticos.
Pessoas físicas e jurídicas que fizerem doações eleitorais consideradas ilegais ficam inelegíveis por oito anos. Delegados de polícia demitidos por crimes como o de corrupção, por exemplo - ou qualquer outro servidor público - também ficam sem poder concorrer, a não ser que a decisão seja anulada pelo Poder Judiciário.
Pessoas excluídas do exercício da profissão por classes representativas como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o Conselho Federal de Medicina (CFM) também ficam inabilitados pelo mesmo período.
Os magistrados e membros do Ministério Público que tenham sido aposentados compulsoriamente também não poderão concorrer por oito anos.
Se for configurado abuso dos meios de comunicação pelo favorecimento em campanhas eleitorais, aquele candidato também ficará inelegível.

O senador Romero Jucá (PMDB-RR) - líder do governo no senado - não apresentou as nove emendas que desejava propor ao projeto.
Em acordo com o relator da matéria, Jucá apresentará as emendas em forma de um projeto paralelo para que seja aprovado, posteriormente, no Senado e encaminhado a Câmara.
A ideia é corrigir distorções na versão atual do projeto Ficha Limpa.
Não quero parecer que estou atrasando o projeto. Quero que a emendas sejam um projeto paralelo e votá-lo ainda neste semestre para, então, remetermos à Câmara para consertar o projeto”.

O Ministério Público e a Justiça Eleitoral terão de dar prioridade aos processos de abuso de poder econômico.
"Juiz nem promotor poderão alegar acúmulo de serviço.
Os órgãos da Receita (três esferas), os tribunais de contas e o Banco Central terão de auxiliar na apuração dos delitos eleitorais, com prioridade sobre seus assuntos regulares.
"Todos terão de trabalhar com prioridade para a Justiça Eleitoral", afirmou Demóstenes, que deu ontem à noite, no "Programa do Jô" uma das melhores entrevistas a respeito do tema, demonstrando que estava por dentro, e que fez direitinho sua lição de casa.

O Conselho Nacional de Justiça, o Conselho Nacional do Ministério Público e corregedorias eleitoras manterão acompanhamento de relatórios mensais fornecidos pela Justiça Eleitoral para verificar eventuais revisões de prazos. "Quem deixar de cumprir o prazo sem justificativa poderá ser aposentado compulsoriamente, além de outras penalidades", afirmou Demóstenes.

O Ficha Limpa não se aplica a crimes de menor potencial ofensivo como os de trânsito ou delitos contra a honra. Também continuará liberada a renúncia para desincompatibilização visando à candidatura.
O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) destacou a importância desse momento para o avanço da política e da recuperação da credibilidade das instituições públicas.
Lembrou, no entanto, que a expectativa gerada entre a população diante da aprovação do projeto não deve ser frustrada, como no caso do deputado Paulo Maluf, que poderá se candidatar neste ano mesmo se o Ficha Limpa for aprovado.
"Estamos consagrando a vontade popular. Pergunto: valerá neste ano ou ficará para as próximas eleições? Deve vigorar para este ano. Vale a pena cortar na própria carne ao máximo pela ética", disse.

Ficha limpa nele!

Para alguns juristas, a lei só poderá valer para as eleições de 2012, mas para Demóstenes Torres, bem como seus pares na Comissão de Constituição e Justiça, o projeto deve valer já para as eleições deste ano.

A mobilização popular foi histórica, e ainda continua, para que o projeto possa valer já para as eleições deste ano.

Continuamos na luta, e de olho!

Nenhum comentário:

Postar um comentário