O cineasta Jafar Panahi - preso pela ditadura iraniana desde 1° de março - finalmente foi libertado sob fiança agora a pouco, declarou à AFP sua mulher, Tahereh Saeedi, confirmando um comunicado da procuradoria de Teerã.
"Sim, ele foi libertado. Está bem, e agora vamos levá-lo ao médico", completou a esposa.
Panahi iniciou há dez dias uma greve de fome para protestar contra sua prisão.
O cineasta de 49 anos - que apoia abertamente a oposição ao ditador Mahmoud Ahmadinejad - foi preso em 1° de março em sua casa em Teerã juntamente a outras 16 pessoas, inclusive mulher e filhos.
O Ministério da Cultura iraniano afirmou que esta prisão estava relacionada ao fato de o diretor estar "preparando um filme contra o regime, sobre os acontecimentos posteriores às eleições", o que Panahi nega.
Sua prisão provocou uma onda de indignação internacional, e muitas personalidades pediram sua libertação, principalmente nos últimos dias, durante o Festival de Cannes, onde ele faria parte do júri.
Durante a cerimônia premiação de Cannes, Juliette Binoche - eleita a Melhor Atriz do Festival - levantou um cartaz pedindo a libertação do cineasta iraniano e fez um veemente discurso pela liberdade de expressão.
Na semana anterior, o cineasta afirmou ser inocente através de uma carta, onde escreveu: "Sou inocente. Não fiz nenhum filme contra o regime iraniano".
Impedido de integrar o júri em Cannes, o cineasta ainda mandou na carta "calorosos abraços de minha pequena e escura cela na prisão de Evin", cumprimentando aqueles que "junto com minha mulher, minhas crianças e conterrâneos vieram me visitar no lado de fora e estão trabalhando para que eu seja libertado".
Panahi é conhecido pela corajosa crítica social de seus filmes - como "O Círculo", que lhe rendeu o Leão de Ouro do Festival de Veneza, em 2000, "Ouro Carmim" e "Fora do Jogo", ganhador, em 2006, do Urso de Prata do Festival de Berlim.
Em fevereiro passado, a ditadura iraniana já tinha proibido Panahi de deixar o país para participar do Festival de Berlim.
Em março, ele foi detido porque, segundo o ministério da Cultura e Orientação Islâmica, estava fazendo um filme contra o regime.
Cinquenta cineastas e artistas iranianos assinaram uma carta, ainda em março, exigindo sua libertação.
Os filmes iranianos têm-se destacado nas últimas décadas graças a Panahi e a diversos outros renomados cineastas, como Abbas Kiarostami, mas a censura da ditadura teocrática liderada por Mahmoud Ahmadinejad torna difícil o trabalho desses artistas em solo iraniano.
A reeleição de Ahmadinejad em junho de 2009 produziu uma série de manifestações nas ruas do país, que causaram confrontos com as forças de segurança, deixando mortos e presos.
A luta pela liberdade de expressão no Irã continua, e esse blog sempre estará ao lado de Panahi, Kiarostami e outros iranianos, que só desejam ver a antiga Pérsia livre e feliz.
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