quinta-feira, 6 de maio de 2010

"A HORA DO PESADELO": REFILMAGEM NÃO FAZ JÚS, NEM À PERSONAGEM, NEM AO GÊNERO DE TERROR

O vilão Freddy Krueger é um produto da mente fértil do excelente roteirista e diretor americano Wes Craven (da trilogia "Pânico" e "A Maldição dos Mortos-Vivos"), é um dos megaícones quando o tema é cinema de terror.
Seja por seus dez filmes já lançados - o primeiro em 1984 -, ou as três séries de TV que protagonizou, o personagem parece tão imortal quanto suas histórias.

Ao lado de Jason Vorhees - o assassino de "Sexta-Feira 13", com quem já duelou em "Freddy vs. Jason" (2003) - , Krueger tornou-se um produto cultuado por aqueles que se divertem com o terror splatter, o que trocado em miúdos quer dizer que denominação é usada para nomear produções com muito sangue e quase nenhuma lógica - formato usual de Craven.

De olho na espantosa sobrevivência do vilão na memória do público, o estúdio New Line Cinema resolveu apostar em sua volta, no filme novamente chamado "A Hora do Pesadelo", estreando em circuito nacional.

Usando o mesmo ponto de partida em 2009 com "Sexta-Feira 13", a empresa produziu uma refilmagem sobre a origem do personagem, mostrando o início de uma vingança que se estende há 26 anos.

A trama é a mesma, conhecidíssima de quem adora Freddy: jovens de uma mesma cidade - Springwood - passam a ser aterrorizados por pesadelos que parecem reais. Em todos os sonhos, eles são perseguidos por uma figura deformada, com afiadas luvas de jardinagem, que sente prazer em torturá-las.
Quando esses garotos começam a morrer das piores formas enquanto dormem, as próximas vítimas, Nancy (Rooney Mara) e Quentin (Kyle Gallner), devem correr para descobrir por que e por quem estão sendo perseguidos.

Quem conhece a mitologia da saga, sabe que Freddy foi queimado vivo por uma turba de pais descontentes. Como em uma espécie de versão macabra do clássico "Flautista de Hamelin", ele volta para se vingar, usando as crianças da época da sua morte - agora adolescentes - como instrumento.

Desta vez, é Jackie Earle Haley - conhecido por personagens perturbadores, como o pedófilo Ronnie, de "Pecados Íntimos", pelo qual foi indicado ao Oscar de melhor ator coadjuvante, o louco George, de "Ilha do Medo", e o vingativo Rorschach, de "Watchmen" - é quem dá vida a Freddy. Não poderia haver outro ator para encarnar o vilão. É a melhor coisa do filme.

Foto: Divulgação New Line
Jackie Earle Haley é Freddy, na refilmagem de "A Hora do Pesadelo"

Já o diretor Samuel Bayer é o responsável por vídeos emblemáticos do rock dos anos 90, como "Smells Like Teen Spirit", do Nirvana, e "Bullet with Butterfly Wings", do Smashing Pumpkins.

VEJA O TRAILER DO FILME:


Como refilmagem, uma série de coisas me deixaram chateado no novo "A Hora do Pesadelo": cenas previsíveis, a incompetência para contar uma história, a má atuação do elenco e a mão pesada do diretor Bayer, que não consegue dar agilidade ao roteiro.

Será que em 26 anos não foi possível tornar a franquia mais ousada, original e vigorosa? Ou o cinema de horror ficou paradaço nestes anos, ou não se aprendeu nada de mais criativo em relação ao gênero.

Imitação, pura e simples é sinal de que o terror continua nos devendo bons filmes, apesar de a refilmagem ter liderado as bilheterias do último final de semana nos Estados Unidos: arrecadou US$ 32,2 milhões entre sexta-feira e domingo, valor que já ultrapassa todo o custo da produção, estimado em US$ 30 milhões.

"Homem de Ferro 2" deve colocar as coisas no seu devido lugar.

A HORA DO PESADELO - (A Nightmare on Elm Street)
EUA
DIRETOR: Samuel Bayer
ELENCO PRINCIPAL:
Jackie Earl Haley
Rooney Mara
Kyle Gallner
GÊNERO: Terror
DURAÇÃO: 95 minutos
CLASSIFICAÇÃO: Não recomendado para menores de 16 anos
COTAÇÃO DO KLAU:

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