quarta-feira, 12 de maio de 2010

FESTIVAL DE CANNES: CINEASTA IRANIANO VIRA O CENTRO DA DISCUSSÃO SOBRE LIBERDADE DE EXPRESSÃO


A França pediu a libertação do do cineasta iraniano Jafar Panahi nesta quarta-feira, e colocou a liberdade de criação no centro do 63º Festival de Cannes, já na sua abertura.

"Lutamos pela liberdade de criação todos os dias durante toda a nossa vida. Ele deve ser libertado logo", declarou o cineasta americano Tim Burton, presidente do júri 2010.

Foto: AFP
O cineasta iraniano Jafar Panahi

Panahi, de 49 anos, é conhecido pela corajosa crítica social de seus filmes, tais como "O Círculo", que lhe rendeu o Leão de Ouro do Festival de Veneza, em 2000 "Ouro Carmim" e "Fora do Jogo", ganhador, em 2006, do Urso de Prata do Festival de Berlim.

Em fevereiro passado, as autoridades iranianas já tinham proibido Panahi de deixar o país, para participar do Festival de Berlim.

Ele era convidado para compor o júri de Cannes 2010, mas está preso em Teerã assim como outro cineasta, Mohammad Ali Shirzadi.

O diretor de cinema premiado havia sido detido, em março, porque, segundo o ministério da Cultura e Orientação Islâmica, estava fazendo um filme contra o regime.

Porém, a esposa de Panahi negou em entrevista que seu marido estivesse participando de produção contrarrevolucionária sobre eventos pós-eleitorais, em referência às manifestações que se seguiram à reeleição contestada do presidente Ahmadinejad em junho de 2009.
"O filme estava sendo rodado dentro de casa e não tinha nada a ver com o regime", disse ela.

Simpatizante do movimento oposicionista, Panahi foi preso depois que forças de segurança invadiram sua casa, em Teerã, em 1º de março.

Cinquenta cineastas e artistas iranianos assinaram uma carta, em meados daquele mês, pedindo às autoridades a sua libertação.

A França - através dos ministros Bernard Kouchner (Relações Exteriores) e Frédéric Mitterrand (Cultura) - , pediu nesta quarta-feira sua "libertação imediata", assim como a Anistia Internacional fez ontem.

"Jafar Panahi contribuiu para a descoberta do cinema iraniano em Cannes. Os participantes do festival devem todos expressar indignação, mostrar sua foto", disse um representante do cinema independente iraniano, ouvido por telefone a partir de Cannes e que preferiu não ter o nome divulgado.

"Só as palavras não bastam. As autoridades francesas não devem expedir vistos a autoridades iranianas, que deveriam ser boicotadas", acrescentou.

"Se quisermos fazer qualquer coisa por Jafar Panahi, é preciso falar de todos os outros presos políticos no Irã que são menos conhecidos", disse um outro representante do cinema independente iraniano.

Jafar Panahi recebeu o apoio de cineastas francesas e de grandes figuras de Hollywood, entre elas, de Steven Spielberg e Martin Scorsese.

"Os diretores de cinema iranianos estão confrontados a uma pressão e a uma censura cada vez mais forte", destaca uma fonte independente iraniana, afirmando "viver constantemente em meio ao medo e à autocensura".

Outro realizador iraniano que escolheu o trabalho no exílio, Abbas Kiarostami, está em disputa esta ano com o filme "Copie conforme" pela Palma de Ouro.
Ele viu vários de seus filmes proibidos no Irã, entre eles "Shirin", rodado em 2008.

O Festival de Cannes assumiu frequentemente compromisso com cineastas independentes da República islâmica.
O filme de Bahman Ghobadi, (iraniano de origem curda) "Chats persans" ou 'Ninguém sabe dos gatos persas' recebeu o prêmio da sessão Um certo olhar de 2009, e em 2007, o prêmio do júri havia sido concedido a "Persépolis" de Marjane Satrapi.

E é esse país e seus governantes que o Luiz Inácio fica babando o ovo a toda hora, e para onde ele irá em visita oficial nos próximos dias.

CENSURA?
NUNCA MAIS!

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