Estrela sul-coreana, Yun Jung-hee volta às telonas em Cannes
A veterana atriz sul-coreana Yun Jung-hee faz um retorno de peso às telas - após vários anos de ausência - em "Poetry", de Lee Chang-dong, um dos filmes da competição do Festival.
De volta a Cannes após sua última participação, em 2007, quando Jeon Do-yeon ficou com o prêmio de melhor atriz por seu filme "Milyang" ("Secret Sunshine"), Lee disse que pensou imediatamente em Yun Jung-hee, ícone do cinema sul-coreano que não fazia um filme em mais de 15 anos.
"Quando eu estava criando a personagem, pensei imediatamente em Yun Jung-hee, sem saber exatamente porque", disse Lee, ex-ministro da Cultura da Coreia do Sul, após uma sessão do filme para a imprensa em que "Poetry" foi bem recebido.
Como "Milyang", "Poetry" trata das consequências trágicas da morte de uma criança, e os dois filmes se baseiam em performances marcantes de suas protagonistas.
Yun faz uma mulher que cria seu neto egoísta em uma cidade deprimente de província onde ela trabalha meio período fazendo faxina e cuidando de um idoso rico incapacitado após um derrame cerebral.
Preocupada com sua perda de memória e sinais de fraqueza física, ela busca uma aula de poesia no centro cultural local, mas tem dificuldade em encontrar inspiração e ao mesmo tempo descobre um segredo hediondo envolvendo seu neto.
Jeon Do-Yeon, que está de volta a Cannes no filme sombrio e sexualmente forte "The Handmaid", foi apelidada de "Rainha de Cannes" na Coreia do Sul após sua vitória em 2007, e a performance de Yun pode levá-la a concorrer por uma honra semelhante este ano.
A atriz, que hoje vive em Paris, disse que recebeu várias ofertas para voltar a atuar ao longo dos anos, mas não achou nenhuma delas atraente até que Lee entrou em contato, dizendo que estava escrevendo um roteiro com ela em vista.
"É estranho, não nos conhecemos muito bem, mas essa personagem realmente é muito parecida comigo", disse a atriz.
"Ela é sonhadora, como eu, e, como eu, é inocente e um pouco fora de sintonia com a vida, então não foi muito difícil", explicou Yun, dizendo que a experiência aguçou sua vontade de fazer cinema.
"Quero continuar a trabalhar até ter pelo menos 90 anos."
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Filmes mostram "assaltos" causadores da crise bancária
Um retrato devastador de um sistema corrupto e descontrolado aparece em dois documentários sobre a crise financeira, e que coincidem com o retorno de Oliver Stone a uma Wall Street fictícia nesta edição do Festival .
"Inside Job", dirigido por Charles Ferguson, e "Cleveland versus Wall Street", do diretor suíço Jean-Stephane Bron, dissecam meticulosamente o desastre que colocou o sistema bancário global de joelhos.
Decompondo uma série altamente complexa de eventos, os filmes examinam o frenesi especulativo que vinculou compradores de casas nos EUA, autoridades complacentes e financistas globais irresponsáveis e, de tudo isso, destilam uma mensagem simples.
Ferguson falou à Reuters:
"O que aconteceu foi um assalto bancário, mas foi um assalto cometido pelo presidente do banco, não por algum sujeito que entra com uma arma na mão.
"Foi um crime cometido pelas pessoas que comandavam o sistema financeiro. Nós deixamos essas pessoas correrem soltas, sem freios, e elas afundaram o sistema."
Hoje, os nomes mais ilustres de Wall Street estão travando uma batalha de relações públicas para salvar suas reputações da maré de indignação pública contra o setor.
E "Eles" ainda tem a cara de pau de dizer que a opinião pública com frequência é injusta e mal informada!
Mas, com o velho vilão Gordon Gekko (MIchael Douglas) - criado por Oliver Stone, presente em Cannes em "Wall Street - O Dinheiro Nunca Dorme" - o clima crescente de ira pública evidentemente se alastrou para o maior festival de cinema do mundo.
Stone falou à Reuters, em entrevista depois de seu filme ser exibido, fora da competição:
"Acho que os banqueiros deveriam estar na cadeia, mas as coisas não acontecem assim. Hoje as pessoas já sabem que os bancos nos estão ferrando e que eles saíram impunes."
Os dois documentários são os equivalentes cinematográficos da onda de livros sobre o derretimento financeiro que vem marcando presença nas listas de livros mais vendidos nos últimos meses, enquanto o público procura explicações sobre o que deu errado.
O filme de Ferguson procura explicar a crise dos bancos.
Já Bron emprega o formato de um filme sobre julgamento, para mostrar as vítimas do colapso das hipotecas de alto risco que perderam suas casas quando os ventos financeiros mudaram de direção.
Disse o diretor: "Todo o mundo conhece o termo 'hipoteca de alto risco', mas não sabemos exatamente o que isso significa, o que está por trás desse termo. A gente precisa de personagens. Foi por isso que fizemos o filme no formato de um julgamento."
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Oliver Laxe apresenta "Todos vós sodes capitáns",
único filme espanhol no festival
O diretor Oliver Laxe apresentou hoje seu filme "Todos vós sodes capitáns", único espanhol em Cannes.
Exibido na Quinzena de Realizadores - seção paralela do Festival - o filme foi rodado no norte do Marrocos e surgiu do trabalho de Laxe com crianças marroquinas em uma oficina de cinema em Tanger, onde chegou em 2006.
"Neste filme não estava interessado no drama destas crianças", contou Laxe à Agência Efe, sobre as condições de vida precárias de seus alunos, vistos praticando cinema pelas ruas da cidade com uma câmara de 35 milímetros.
Ele afirmou que seu propósito com este trabalho - rodado com um orçamento de pouco mais de 30 mil euros, em preto e branco - era "compartilhar os valores inerentes à prática cinematográfica, compartilhar um processo criativo, filmar aquilo que gostamos sem nenhum tipo de motivação narrativa nem discursiva, ou seja, provocar um certo desafio epistemológico sobre o que é o cinema, sobre sua ontologia, sobre o que é uma imagem".
Sobre seu trabalho futuro, assegura que pensa em movimentar-se rumo ao sul do Marrocos, "para o deserto. Há um filme que de alguma maneira já tenho na cabeça, cuja primeira parte será rodada na Galícia, provavelmente".
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