sábado, 15 de maio de 2010

CANNES: NOVO FILME DE MIKE LEIGH É FAVORITO - DIEGO LUNA, AGORA DIRETOR - WOODY ALLEN EM COMÉDIA "TRISTE" - ALMODÓVAR , BICHA PAPÃO?


Novo filme de Mike Leigh é até agora,
o favorito para a Palma de Ouro

A competição em Cannes ainda vai por mais uma semana, e qualquer previsão sobre quem é candidato à Palma de Ouro é um exercício de futurologia.

Mas como sabemos que competições servem para isso também - estimular apostas - o pessoal que está lá, vivendo o dia a dia do festival aposta que, depois da projeção na manhã de hoje , "Another Year", de
Mike Leigh, será muito difícil falar nas categorias de melhor ator e melhor atriz sem citar essa obra.

Foto: Getty Images
Os atores Jim Broadbent, Lesley Manville e Ruth Sheen, com o diretor Mike Leigh - de jaqueta beje - , hoje pela manhã

O diretor britânico, que já passou pela competição de Cannes "n" vezes - com "Tudo ou Nada" (2001), "Segredos e Mentiras" (1996) - vencedor da Palma de Ouro - , e "Naked" (1993) -, volta à riviera francesa com o que ele sabe fazer de melhor: tirar de seu elenco uma atuação impressionante.

Quem assistiu à projeção, diz que a atriz Lesley Manville - presente em vários outros filmes de Leigh -, faz o espectador partilhar de sua bipolaridade do começo ao fim do filme.

Peter Wight, como o homem que come, fuma e bebe compulsivamente, transforma o seu papel quase banal num tipo marcante.

Imelda Staunton - a protagonista de "Vera Drake" - , numa curta aparição, parece resumir todas aflições que Leigh esconde sob as risadas que provoca no espectador em "Another Year".

"Extraordinário", "comovente", "magnífico", foram alguns dos comentários ouvidos neste sábado em Cannes depois da exibição de "Another Year", que já é considerado um dos favoritos para conquistar a Palma de Ouro.

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Almodóvar mete medo em Cannes, só pra quem não o conhece

Apesar de atrair inumeros turistas que vêm à Riviera Francesa para tietar, o Festival de Cannes é voltado, esssencialmente, para o chamado mundo do cinema - realizadores, produtores, imprensa e gente de mercado.

E nao há, no meio cinematográfico, quem desconheca a fama de bravo do cineasta espanhol Pedro Almodóvar.

Deve ser por isso que, ontem à noite, enquanto jantava no restaurante La Mère Besson, no mais badalado miolo da cidade, entre a orla marítima e o hotel Carlton, o diretor não foi incomodado por ninguém, e na noite gelada, de absurdos 12 graus para a primavera européia, comeu tranquilo, e pôde conversar com os amigos por horas a fio.

Bobagem, a tia espanhola é super gente boa, e é sempre simpático e receptivo com quem o aborda.

No ano passado, não só foi entrevistado inúmeras vezes, como ainda tascou um beijaço na boca do repórter gay - mas que ainda não saiu do armário - do "CQC", Rafael Cortez.


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Diego Luna quer ser "mais seletivo" como ator,
e quer seguir dirigindo

O ator e agora também diretor mexicano Diego Luna estreou no Festival seu primeiro longa-metragem, "Abel".
E disse hoje à Agência Efe que quer seguir sua carreira como ator, embora de forma "mais seletiva".

Como diretor, Luna disse: "é o processo mais bonito, mais trabalhoso, mas mais intenso" que teve em sua vida e que aproveitou "muito".

"Eu acho que seguirei atuando, simplesmente tratarei de ser mais seletivo. Não só porque quero dirigir. Também tenho um filho, estou a ponto de ter um segundo filho e já não tenho tanto prazer de pular de um projeto para outro e ficar longe de casa".

"Pelo contrário, é preciso muito para que eu decida ir e sim, quero ter mais tempo para ser isso do que fala meu filme", em alusão a "Abel", que conta a história de uma família marcada pela ausência do pai.

"Porque de repente é absurdo estar contando uma história sobre uma família, sobre a ausência de um pai e estar a dez horas do meu filho, não faz sentido, portanto o que quero é regressar", concluiu.

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Woody Allen apresenta para o público seu último trabalho,
uma "comédia triste"

O cineasta Woody Allen apresentou hoje no Festival seu último filme, "You Will Meet a Tall Dark Stranger", uma 'comédia triste' que mostra a desesperada busca da felicidade através do mais absurdo, muitas vezes da loucura.

O filme, que está fora da competição oficial, não mostra nada de muito novo, mas que permite ver um cinema quase artesanal, com bons diálogos, e uma cena ou outra brilhante.

Foto: EFE
A atriz Lucy Punch, o diretor Woody Allen e a atriz Naomi Watts, hoje pela manhã

Apesar da ironia e da paródia - ou precisamente por isso -, Woody Allen mostrou um filme um tanto triste.

O diretor chegou a dizer estar "muito preocupado", justamente por saber que as pessoas poderiam não gostar dessa tristeza.

"Todos os personagens estão perdidos", contou, e só os dois que podem ser considerados loucos conseguirão ser felizes.

Misto de personagens e de relações entre eles, - como a maioria de seus filmes -, esse conta a história de um casal que se divorcia ( Sir Anthony Hopkins e Gemma Jones) e da filha deles (Naomi Watts), que tem uma relação complicada com o marido (Josh Brolin) e o chefe (Antonio Banderas).

Fala ainda de como o marido da filha busca consolo em outra mulher, enquanto sua esposa não consegue repetir o mesmo. Nesse cenário, aparece um escritor fracassado, o mesmo marido, um livro roubado e muita arte.

O esquema narrativo pode ser visto em muitos filmes de Woody Allen, que quase sempre se baseia nos problemas entre homens e mulheres.

"Sinto que a vida é algo instável e ameaçador, com gente que procura algo desesperadamente, como a religião. Acham que tem de haver algum significado, algum céu, alguma recompensa".

Nos Estados Unidos, explica, as pessoas estão desesperadas por uma nova religião, que é a medicina alternativa, ou pela aromaterapia ou pelos alimentos saudáveis.

"É absurdo e sem sentido".

Segundo ele, as pessoas estão desesperadas por algo a que se agarrar e, para esse tipo de gente, recorrer a um clarividente é às vezes a melhor opção.

E é isso o que acontece na vida dos dois principais personagens de seu filme, dois loucos que acreditam em vidas passadas e que provavelmente são os mais felizes da galeria mostrada no filme.

O título, "você encontrará um homem alto e escuro" em tradução livre, é uma brincadeira de Woody Allen com o tipo de frase dita por videntes a mulheres que buscam saber seu futuro amoroso.

Na opinião do diretor, porém, é possível ver no nome do longa outro significado, muito mais triste.

"É um símbolo da mortalidade", explica muito sério o diretor. "Cedo ou tarde, alguém vai bater na sua porta. Um tipo alto e estranho que quer ter levar com ele", completou.

Woody Allen conta que, enquanto há diretores interessados em atualidades, como Oliver Stone, ele prefere temas que entram em uma "área mais filosófica por acidente".

O diretor é adorado pelos atores com quem trabalha, como demonstraram hoje em entrevista coletiva Josh Brolin, Naomi Watts, Gemma Jones e Lucy Punch.

Jones, que compõe o melhor personagem do filme, destacou a "confiança" que recebeu de Woody Allen para fazer seu trabalho, enquanto Punch ressaltou a liberdade que teve em cena.

Normalmente, o diretor não costuma pensar em nenhum ator concretamente na hora de escrever um roteiro, mas nesse caso lembrou um pouco de Josh Brolin e Sir Anthony Hopkins, ainda que com pouca esperança de que pudessem estar no filme.

"Mas habitualmente não penso em pessoas específicas quando estou no meio do roteiro", acrescentou, que, no entanto, disse ter claro com quem gostaria de trabalhar no futuro: Cate Blanchett e Reese Whiterspoon.



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