HECTOR BABENCO E SÔNIA BRAGA
COMEMORAM OS 25 ANOS DE
"O BEIJO DA MULHER ARANHA"
O diretor Hector Babenco e a atriz Sônia Braga apresentaram nesta quinta a sessão da cópia restaurada de “O Beijo da Mulher Aranha” (1985), que está completando 25 anos.
O filme competiu em Cannes no ano em que foi produzido, e deu a William Hurt a Palma de melhor ator.
“O filme e o livro de Manuel Puig no qual me baseei fazem uma mistura de diferentes aspectos da vida na América do Sul nos anos 70. Tive uma janela aberta para contar uma história como não contamos mais hoje em dia”, disse Babenco ao abrir a sessão.
Foto: Arquivo do Klau
Sônia Braga em cena de "O Beijo da Mulher Aranha"
Na trama, dividem uma cela em uma prisão da América do Sul o homossexual Luis Molina (Hurt), preso por conduta imoral, e o combatente político Valentin Arregui (Raul Julia, estupendo ator, morto em 1994 e conhecido do grande público como o Gomez, de "A Família Adams").
Para escapar da realidade, Luis inventa filmes românticos e glamurosos, um dos quais tem a Mulher Aranha do título (Sônia Braga).
Aos poucos, eles aprendem a se respeitar e a se compreender.
Sou suspeitíssimo para falar desse filme, pois as externas foram filmadas aqui em Sampa, e eu tive o prazer e a emoção de estar presente na maioria das locações.
Foi a segunda vez em que eu acompanhei as filmagens de uma produção "Made in Hollywood" - a primeira foi a filmagem de "007 Contra o Foguete da Morte - Moonraker" (1979).
“Como já se passou tanto tempo, é importante mostrar o filme a uma geração mais jovem. Ou talvez não tão jovem assim”, brincou Babenco ao observar a plateia, feita em sua maior parte de jornalistas e cinéfilos com mais de 40 anos.
“Agradeço muito ao Hector e a todo o elenco que não pôde estar aqui com a gente esta noite”, disse a estrela.
O produtor David Weisman lembrou que a mãe de Sônia trabalhou como figurinista do filme e fez todos os vestidos da filha à mão.
“É uma história tão atual que poderia se passar ainda hoje em qualquer lugar. Por exemplo, numa cela em Kandahar, com um islâmico no lugar de um marxista”.
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DOCUMENTÁRIO TIRA BERLUSCONI DO SÉRIO
Um documentário que eu botava a maior fé - "Draquila, l'Italie qui Tremble" - infelizmente foi mal recebido em Cannes.
Apesar de politicamente forte, o filme, cinematograficamente, está longe de impactar.
A escolha do documentário para uma sessão especial havia feito com que o ministro da Cultura da Itália, Sandro Boni, se protestasse contra a projeção, e cancelasse sua vinda ao festival.
Todos sabemos que não é a primeira vez que o governo Berlusconi tenta impedir que imagens que o desagradam sejam vistas pelo mundo.
Foto:Cristophe Karaba/Efe
A cineasta italiana Sabina Guzzanti
"Draquila" tenta responder a pergunta que o mundo todo se faz: Por que os italianos votam em Berlusconi?
Atrás da resposta, Sabina Guzzanti, autora de "Viva Zapatero", leva sua câmera para os escombros do terremoto de Aquila, ocorrido em 2009.
Como escreveram os críticos Jacques Mandelbaum e Thomas Sotinel, no "Le Monde", "o cinema do tipo soco no estômago carece, muitas vezes, de precisão e de rigor".
Mas, mesmo não tendo feito um grande filme, a diretora cumpriu com o objetivo de tirar o idiota do Berlusconi do sério.
O documentário "Videocracia", de Erik Gandini - que foi exibido na Mostra de Cinema de São Paulo do ano passado, também sofreu ameaças de censura, mas foi exibido normalmente.
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"CARLOS, O CHACAL" CRITICA FILME SOBRE SUA VIDA
O venezuelano Ilich Ramírez Sánchez, terrorista mundialmente famoso como "Carlos, o Chacal", criticou um filme sobre sua vida que será exibido no Festival.
Em entrevista por telefone à AFP na penitenciária de Poissy, onde cumpre pena de prisão perpétua, ele disse:
"Li o roteiro e ele contém falsificações voluntárias e irrisórias. É uma manipulação, é uma mentira voluntária".
O filme, que na próxima quarta-feira será exibido pela emissora francesa Canal +, deve ser lançado no início de junho nos cinemas da França.
O terrorista Carlos Ilich Ramírez Sánchez, o Chacal, capturado em 1994, em Cartum, foi condendo a três penas de prisão perpétua pela justiça francesa pelo assassinato, em 1975, de dois policiais e um informante na capital francesa.
Em janeiro do mesmo ano, disparou no aeroporto parisiense de Orly contra um avião da companhia israelense El Al, sem atingi-lo.
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ATRIZ ESPANHOLA APRESENTA FILME DE MANOEL DE OLIVEIRA, E FALA DE TRABALHO COM ANDRUCHA WADDINGTON
A atriz espanhola Pilar López de Ayala diz que escolhe seus papéis pela função social dos projetos, e que prefere os filmes que passem uma mensagem legal às pessoas.
É neste contexto que Pilar descreve o filme do centenário diretor português Manoel de Oliveira, "O estranho caso de Angélica", produção apresentada em evento paralelo.
Na seção "Un certain regard" - Um Certo Olhar -, "O estranho caso de Angélica" é um dos filmes mais comentados, devido ao entorno poético, bem ao estilo do diretor.
Na obra, Pilar tem um papel pequeno, mudo, mas de muita importância para a atriz.
Na entrevista coletiva ela também falou de trabalhos recentes, como "Medianeras", do argentino Gustavo Taretto, e "Lope", do brasileiro Andrucha Waddington, em fase de pós-produção, e finalizou dizendo que está estudando para engatar carreira internacional.
Ela merece. Ótima atriz.
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