sexta-feira, 21 de maio de 2010

CANNES: CINEASTA IRANIANO, EM GREVE DE FOME, TERÁ AUDIÊNCIA AMANHÃ. CRESCE PRESSÃO SOBRE A DITADURA IRANIANA PARA QUE ELE SEJA SOLTO

Jafar Panahi - cineasta iraniano preso pelo regime de Teerã - iniciou uma greve de fome na prisão.

Amanhã, ele terá uma audiência para saber se poderá obter uma libertação sob fiança,disseram sua esposa e a advogada de defesa, que manifestaram otimismo.

As duas, que visitaram o diretor na quinta-feira na penitenciária de Evin, na capital iraniana, declararam à AFP que um tribunal revolucionário de Teerã se pronunciará no sábado sobre a libertação com pagamento de fiança, para que o artista, preso desde 1º de março, possa esperar pela conclusão do prossesso.

"Com base na promessa que fizeram, tenho esperanças de que será liberado para aguardar pela data do julgamento", declarou a advogada Farideh Gheirat.

Foto: Francesco Proietti/AP
O diretor iraniano Jafar Panahi

A esposa do cineasta, Tahereh Saeedi, também está otimista.

"Meu filho, minha filha e eu nos reunimos com Jafar na quinta-feira, no gabinete do procurador de Teerã, na prisão de Evin, na presença do procurador (Abas jafari) Dolatabadi", disse Saeedi.

Jafar Panahi, que apoia abertamente a oposição ao presidente Mahmud Ahmadinejad, foi detido no dia 1º de março dentro de casa, em Teerã, ao lado de outras 16 pessoas.

O Festival de Cannes e o governo da França divulgaram uma carta, em que pedem a libertação imediata do diretor.

Sobre o diretor preso, a atriz francesa Juliette Binoche - que estrela o cartaz do festival neste ano - e protagonista do filme "Copie Conforme", de Abbas Kiarostami - também iraniano - emocionou-se muito durante a entrevista coletiva na terça de manhã, ao ouvir o relato de uma jornalista sobre a difícil situação dos artistas no Irã.

A senhora responsável pela organização das mesas, rapidamente, aproximou-se da atriz com lenços de papel.

Foto:Eric Gaillard/Reuters
Juliette Binoche posa para fotos em Cannes

A prisão do cineasta Jafar Panahi foi o principal assunto da conversa de Kiarostami com a imprensa mundial.

O diretor, antes mesmo de ouvir qualquer pergunta, disse que tinha acabado de receber uma mensagem da mulher de Panahi e que esperava que ela tivesse boas notícias para dar.

"Espero que seja uma boa novidade. Quem sabe ele não é solto no sábado", disse.

Kiarostami, que falou em iraniano, com a intermediação de uma tradutora francesa, lamentou o fato de, em seu país, todos os artistas viverem sob pressão.

"Se o Panahi se tornou clandestino não foi por culpa dele, mas sim das autoridades iranianas."

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