quarta-feira, 2 de maio de 2012

SHIRLEY McLAINE: "SÓ ME RESTA MEIA AGENDA TELEFÔNICA, O RESTO MORREU"


Uma das últimas Divas da era de ouro de Hollywood ainda viva, Shirley MacLaine já viveu muitos personagens nas telas, como por exemplo a mãe que tem uma relação conturbada com a filha em "Laços de Ternura" - papel que lhe valeu o Oscar.

Mas em "Bernie", filme independente de Richard Linklater que estreou na sexta (27) nos EUA, a atriz de 78 anos está sovina e desprezível como nunca se viu.

"Bernie" se baseia na história real da milionária viúva Marjorie Nugent, que fica amiga de Bernie Tiede - interpretado por Jack Black - rapaz carismático e bem mais jovem, funcionário de uma funerária.

Quando se cansa das exigências dela, Bernie mata a viúva e passa meses ocultando o crime.

Quando afinal confessa o homicídio, a população da cidade fica ao seu lado, pois odiava a vítima.

A história original aconteceu em 1996, no Texas, mas na vida real, MacLaine não se parece em nada com Marjorie Nugent, como ficou claro nessa bem humorada entrevista que a Diva concedeu à Reuters.
Getty Images
Shirley MacLaine e Jack Black posam para foto durante a abertura do LA Film Fest (16/06/2001)

Reuters: A senhora gostou de interpretar alguém desagradável?
Shirley McLaine: Todos a odiavam. Acho que ela levaria madre Teresa a cometer um homicídio. Adorei experimentar com ser absoluta e terrivelmente irascível... Talvez eu esteja ensaiando para quando for mais velha, mas para mim é divertido.

A maioria das suas cenas é com Jack Black. Foi divertido trabalhar com ele dia após dia?
Ah, meu Deus, adorei trabalhar com Jack Black. Foi meu quarto Jack. Jack Lemmon ("Se Meu Apartamento Falasse", "Irma La Douce"), Jack Nicholson ("Laços de Ternura"), Jack Guilardi, meu agente..., e agora Jack Black.

A senhora acaba de completar 78 anos. Marjorie Nugent tinha 81 quando Bernie a matou. A senhora está ótima. Precisou acrescentar rugas ou ficou muito tempo sendo maquiada para parecer mais velha?
Não, eram minhas mesmo! Muita coisa é iluminação... eu soube ficar fora da luz para parecer velha. Marlene Dietrich me ensinou como iluminar. Isso não é alguma coisa? Meu Deus, foi, tipo, um século atrás!

Não lhe deixa em pânico que tantos colegas, como Jack Lemmon e Marlene Dietrich, não estejam mais entre nós?
Estou bem ciente de que só me resta meia agenda telefônica. O resto morreu (risos). Estou bem com isso. Adoro a ideia de ser a mais velha da sala, porque posso fazer qualquer coisa! As pessoas querem cuidar de você, a ajudam a descer de carros baixos, trazem comida, pedem conselhos. Qualquer favor que você pede, eles fazem. Ser velho é uma baita mordomia!

O que lhe falta fazer?
Eu gostaria de ir a outro planeta, o que talvez eu viva o suficiente para conseguir. Simplesmente subir numa nave e ir. Mas não a Lua. Não vejo flores lá. A Lua é perto demais. Quero ir mais longe.

A senhora já se inscreveu na expedição espacial de Richard Branson? Parece que seria a sua praia.
Não, é caro demais. Preciso esperar uma promoção. Sou classe média demais para gastar esse tipo de dinheiro.

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