quinta-feira, 31 de maio de 2012

'SATURDAY NIGHT LIVE' BRASILEIRO É MAL PRODUZIDO, MAL ILUMINADO E EXTREMAMENTE CANSATIVO


Uma das minhas maiores vontades - em termos de TV - era poder assistir ao programa que é a chancela do humor na telinha mundial, o "Saturday Night Live".

Tanto, que foi um dos primeiros programas que eu tive o prazer de assistir, quando a TV por satélite chegou aqui em casa.

Mesmo com o canal Sony exibindo o programa por aqui com um certo atraso - fazendo com que algumas piadas percam o sentido por já estarem velhas - a qualidade dos textos e dos atores fazem com que se esqueça tudo isso, pois o programa de humor, apresentado para todo os EUA ao vivo todo sábado à noite, é muito bom, e nesses 40 anos de estrada revelou comediantes que depois se tornaram grandes astros, como Bill Murray, Eddie Murphy, Adam Sandler e Mike Myers.

O programa também influenciou a televisão do mundo inteiro, e, aqui no Brasil, a "TV Pirata" pode ser indicado como seu filhote.

Lógico, eu estava aguardando com grande interesse a estreia do "SNL" brasileiro, mesmo sabendo que no comando teríamos o polêmico - e para mim, muito sem graça - Rafinha Bastos, e que a versão brazuca iria ser exibida pela Rede TV!, aquela que costuma atrasar salários e que loteou seus melhores horários - inclusive o nobre - para os tele pastores.

A única boa notícia era a de que o pessoal do "SNL" americano tinha vindo para cá para passar o jeito de fazer o programa, mesmo a emissora tendo mantido o "saturday" original para exibi-lo nas noites de domingo (!).

Só que a estreia - no domingo (27) - foi decepcionante.

A começar do grito em português de "ao vivo,  de São Paulo, é o "Saturday Night Live"!", a abertura segue de perto a da matriz americana, mas tendo como péssimo diferencial a presença absurda de merchandising e o cenário, reproduzindo o cenário americano, que remete à estação Grand Central de Nova York.

Os sketches também procuraram seguir o formato consagrado do original, muito diferente dos humorísticos ao que o espectador brasileiro está acostumado.
Divulgação - Rede TV!
O elenco do "SNL" brasileiro: Ô povo feio!

E tome quadros longos, recheados de citações e muitas vezes sem um final que o arremate, coisa que o quadro do metrô do "Zorra Total", igualmente longo, faz bem melhor.

Rafinha participou de todos os quadros, e esteve mais comportado do que de hábito, mesmo no longo e chatérrimo pedido de desculpas no monólogo de abertura, onde antigos alvos, como Ronaldo Fenômeno e Preta Gil - mas não Wanessa Camargo, provavelmente por razões judiciais - apareceram e Luciana Gimenez, uma das primeiras-damas da Rede TV!, foi uma das vítimas das notícias falsas do "Weekend Update", como foi também muito chato a overdose de escatologia - um excesso de sangue e excrementos.

O restante do elenco - muito feio, como poucas vezes eu vi num programa de TV, por sinal - merece ser melhor aproveitado no futuro.

O "SNL" chama sempre uma celebridade diferente por semana, que participa de muitos quadros onde chega a ser rididularizada, mas, aqui, além de duvidar que outras emissoras liberem suas estrelas, há também uma barreira cultural, já que nossos famosos preferem entrar com processos na Justiça do que tirar um barato de si mesmos.

Os quadros precisam ganhar agilidade, bem como o número de paródias - a melhor coisa do programa - deve aumentar.

No programa da estreia, o elenco enfrentou muitos problemas com áudio, vídeo e iluminação - esta, péssima para um programa em HD - problemas que seguramente são causados por profissionais que estão ajudando em posições improvisadas, devido às seguidas demissões de bons profissionais da área técnica - Rafinha já havia apontado problemas de áudio semanas antes da estreia, e eles persistiram.

Os bons profissionais que restaram na emissora já estão lotados em outras programas, e com um detalhe: ninguém quer emprestar profissionais.

Esses problemas também acabam afastando os artistas, que não querem se arriscar a pagar um "mico" técnico, ou a perder horas com um programa com ibope pífio, sem falar na pressão de patrocinadores, que não vão dar trégua caso a audiência da próxima edição decepcione novamente.

Para um programa que foi concebido para preencher o buraco na programação da Rede TV! deixado pelo "Pânico", o "SNL" brasileiro deu 0,9 ponto de média na medição em tempo real.

Durante vários minutos, o programa chegou a beirar o traço de audiência, 0,3 ponto - lembrando que cada ponto corresponde a 60 mil domicílios na Grande São Paulo - um balde de água fria para a direção da emissora, que esperava algo entre três e sete pontos de média.

Decepção para quem bateu o pé e insistiu que o humorístico fosse ao ar no domingo, para concorrer com os desafetos do "Pânico", que mudaram para a Band.

Resultado: enquanto o "SNL" marcava 0,3, o "Pânico" registrava 9 pontos.
Francisco Cepeda/AgNews
Rafinha Bastos, no anúncio do novo programa

Para a próxima semana, a produção já promete quadros mais enxutos e piadas mais ágeis.

Em último caso, se não houver reação, a aposta é que o programa mudará de dia e de horário.

Ao menos, o projeto e seus percalços não deixarão de ser uma lição de  humildade para Rafinha Bastos.

"SATURDAY NIGHT LIVE"
Onde: Rede TV!
Quando: Domingos
Horário: 20:30h.
Cotação do Klau:

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