"Infância Clandestina", coprodução brasileira com Argentina e Espanha, foi recebida com entusiasmo e lágrimas em sessão na Quinzena dos Realizadores no Festival de Cannes, ontem.
O público lotou o cinema La Croisette para assistir à história semiautobiográfica do diretor Benjamin Ávila sobre sua infância escondido durante os anos de chumbo na Argentina.
"É um filme muito pessoal e, mesmo que não seja exatamente sobre como foi minha vida na minha época, quis passar o sentimento sobre o assunto."
Uma espécie de "O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias" - de Cao Hamburger - mas com o protagonista mirim - o bom Teo Gutiérrez Moreno - se mudando com os pais, "Infância Clandestina" arrancou lágrimas do público e foi ovacionado por vários minutos.
A maratona emocional do longa coescrito pelo brasileiro Marcelo Muller foi além.
Quando Ávila subiu ao palco para uma sessão aberta de perguntas e respostas, uma francesa perguntou sobre a "geração perdida que as crianças se tornaram" e começou a chorar copiosamente ao microfone.
"Somos uma geração sacrificada, mas é importante para mostrar que as ideias sobrevivem até a revoluções não realizadas", respondeu ele, emocionado.
Divulgação
Teo Gutiérrez Moreno, em cena de "Infância Clandestina", de Benjamin Ávila
O filme fala sobre a ditadura argentina de uma maneira diferente, usando bom humor e certa inocência.
"Acredito que está mais fácil fazer filmes assim na Argentina, com um tom menos correto, engraçado e emocionante", disse o cineasta à Folha.
A obra aposta num clima menos sombrio e é recheada de boas interpretações, com destaque para Ernesto Alterio como um tio revolucionário que não perde a ternura jamais.
"Tive uma conexão especial com o personagem e Benjamin", falou o ator.
Confira o trailer de "Infância Clandestina":
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Com Rodrigo Salem, enviado especial da Folha de S.Paulo a Cannes
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