Críticos elogiaram o júri do Festival de Cinema de Cannes nesta segunda, por ter dado a cobiçada Palma de Ouro de melhor filme para "Amour", do diretor Michael Haneke, que justificou seu status de favorito na cerimônia de premiação de ontem.
O diretor austríaco soma agora duas Palmas de Ouro no maior evento mundial de cinema, integrando uma pequena elite de vencedores múltiplos e firmando seu lugar como um mestre da produção de filmes.
Lento e discreto, o retrato do amor de um casal de idosos franceses enfrentando os últimos estágios de vida levou audiências às lágrimas e críticos correram para escrever resenhas concedendo cinco estrelas ao filme.
Divulgação
Emmanuelle Riva - de costas - e Jean-Louis Trintignant, em cena de "Amour", do diretor Michael Haneke, ganhador da Palma de Ouro em Cannes 2012
Sua vitória foi particularmente bem-vinda na França, onde as estrelas do longa, ambos em seus 80 anos de idade, são nomes respeitados do cinema nacional.
"Os nomes de Emmanuelle Riva e Jean-Louis Trintignant ... vão parecer perante os olhos do público como uma vitória francesa", disse o jornal Le Parisien.
Quem não deu as caras na cerimônia de premiação que encerrou o festival de 12 dias na Riviera Francesa foram as produções norte-americanas, sendo que cinco participaram da competição principal, que tinha 22 candidatos.
Nem mesmo o talento de estrelas de alto calibre como Nicole Kidman e Brad Pitt, ao lado de nomes emergentes quentes de Hollywood, como Jessica Chastain, Tom Hardy e Zac Efron, foi suficiente para conquistar os jurados de Cannes, comandados pelo diretor italiano Nanni Moretti - lembrando que, no ano passado, o diretor norte-americano Terrence Malick ganhou a Palma de Ouro por seu "A Árvore da Vida" e Kirsten Dunst arrematou o prêmio de melhor atriz por seu papel em "Melancolia", de Lars Von Trier.
Os críticos de Cannes ficaram mais desanimados em relação à maioria das produções dos EUA, embora "Killing Them Shoftly", do neozelandês Andrew Dominik, que trouxe Brad Pitt como um executor da máfia em uma cidade norte-americana atingida pela recessão dos anos 20, foi razoavelmente popular.
"Nenhum (filme) deixou a cidade em chamas, e claramente não conseguiu contar com o apoio expressivo da crítica", disse Todd McCarthy, do The Hollywood Reporter, em reação aos prêmios.
O que a forte presença norte-americana fez, no entanto, foi colocar estrelas no tapete vermelho, um ingrediente chave para o sucesso em um festival que vive não só do cinema alternativo, mas também do glamour, fama e das celebridades.
Além de Haneke, outros dois ex-vencedores foram premiados em Cannes - o britânico Ken Loach ganhou o prêmio especial do júri com a comédia escocesa "The Angels' Share" e o romeno Cristian Mungiu ganhou melhor roteiro para o drama sobre exorcismo "Beyond the Hills".
As duas jovens estrelas do filme, Cristina Flutur e Cosmina Stratan, surpreenderam com a dupla premiação de melhor atriz, enquanto o dinamarquês Mads Mikkelsen arrematou o prêmio de melhor ator por sua interpretação de um homem injustamente acusado de abuso infantil no drama angustiante "The Hunt".
A mair polêmica deste ano foi o mexicano Carlos Reygadas ter vencido na categoria melhor diretor por "Post Tenebras Lux", uma exploração onírica da corrente de riscos dentro da sociedade mexicana de hoje e que foi o longa mais vaiado pela mídia presente a Cannes - um prêmio surpreendente para um filme indecifrável.
Nenhum comentário:
Postar um comentário