segunda-feira, 14 de maio de 2012

FESTIVAL DE CANNES 2012 COMEÇA NA QUARTA: CONFIRA OS DESTAQUES, OS FILMES E AS ESTRELAS QUE DESFILARÃO NA CROISETTE


O Festival de Cinema de Cannes, que será aberto na próxima quarta (16), contará com um delicado equilíbrio entre o cinema de autor - com Michel Haneke, David Cronenberg e Carlos Reygadas - e o glamour das estrelas - Nicole Kidman, Robert Pattison, Marion Cotillard e Sean Penn.

Além da rigorosa seleção na mostra competitiva, Cannes 2012 também destacará filmes para todos os gostos e estrelas de todos os tipos, que não serão apresentadas somente em filmes.
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A atriz Nicole Kidman

É o caso de Sean Penn, que será protagonista de um evento especial que arrecadará fundos para o Haiti, enquanto o estilista italiano Giorgio Armani aparece como mestre de cerimônias desta mesma atração.

Armani também não será o único estilista que marcará presença em Cannes 2012, já que o francês Jean-Paul Gaultier aparece como um dos escolhidos para compor o júri presidido pelo diretor italiano Nanni Moretti e que terá também a atriz  Diane Kruger, o ator Ewan McGregor e do diretor americano Alexander Payne.
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O ator escocês Ewan McGregor

A maioria das estrelas chegará a Cannes para apresentar seus últimos trabalhos, seja dentro ou fora da competição e com 12 dias na programação, o festival transformará a cidade francesa à beira-mar no centro das atenções do cinema mundial.

O festival será inaugurado com a exibição do filme "Moonrise Kingdom", de Wes Anderson, e destacará inúmeras estrelas em seu tapete vermelho, como o hollywoodiano Bruce Wilis, protonista deste filme - Bill Murray, Edward Norton e Frances McDormand também estão neste elenco.
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O ator Bruce Willis

Brad Pitt será um dos destaques mais esperados da segunda semana, quando entrará em cena com "Killing Them Softly", thriller que também conta com a participação de James Gandolfini e Ray Liotta - será que ele virá acompanhado por sua mulher, Angelina Jolie?

Nicole Kidman, Zac Efron, Marion Cotillard, Kylie Minogue, Robert Pattinson e Kristen Stewart também são aguardados em Cannes, embora o casal vampiresco comparecerá apresentando filmes diferentes.

Para mostrar que o cinema não é só feito de brilho e de tapete vermelho, o Festival de Cannes ainda preparou um programa específico na seção oficial com nomes de peso.

Um dos mais esperados é o austríaco Michael Haneke - que ganhou a Palma de Ouro em 2009 com "A Fita Branca".
Agora, ele volta ao festival com "Amour", filme protagonizado por Isabelle Huppert e Jean-Louis Trintignant.
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O diretor austríaco Michael Haneke

Após "Gosto de Cereja", o iraniano Abbas Kiarostami volta a Cannes com "Like Someone in Love" em busca da sua segunda Palma de Ouro, assim como o britânico Ken Loach com o filme "The Angels' Share".
Anteriormente, Loach já havia sido premiado com "Ventos da Liberdade".

Na mesma situação se encontra o romeno Cristian Mungiu, que após conquistar a crítica e o público com "4 Meses, 3 Semanas, 2 Dias", chega a Cannes com "Beyond the Hills", enquanto o canadense David Cronenberg e o dinamarquês Thomas Vintenberg buscam conquistar a primeira Palma de Ouro de suas carreiras.
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O diretor canadense David Cronenberg

Cronenberg competirá com "Cosmopolis", uma adaptação do livro de Don DeLillo, que tem Robert Pattinson, Juliette Binoche, Paul Giamatti, Samantha Morton e Mathieu Amalric no elenco.
Vintenberg concorre com "Jagten", um drama rodeado de neve e no qual a sobrevivência é a única chave.

Essa mesma temática também é observada em "De rouille et d'les", de Jacques Audiard, que adapta relatos de Craig Davidson e traz Marion Cotillard como protagonista.

"Lawless", do australiano John Hillcoat, também destaca muitas estrelas em seu elenco, como Shia Labeouf, Jessica Chastain e Mia Wasikowska, enquanto "The Paperboy", do americano Lee Daniels, conta com Nicole Kidman, Zac Efron, Matthew McConaughey e John Cusak.

"Holy Motors", do francês Leos Carax, também se destaca dentro deste quesito ao apresentar duas das estrelas mais esperadas para esta edição: Eva Mendes e a cantora Kylie Minogue.
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A atriz Eva Mendes

E por falarmos em estrelas, o cartaz oficial da 65ª edição do mais importante festival de cinema do  mundo traz uma bela foto de Marilyn Monroe soprando a velinha de um bolo - remetendo aos 65 anos do Festival e aos 50 anos sem a Diva das Divas de Hollywood.
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O cartaz oficial de Cannes 2012

Quase ausente na edição passada, a América Latina retorna com força a Cannes 2012, com filmes em todas as sessões e um lugar de honra ao Brasil.

A América Latina concorre à Palma de Ouro com "Post Tenebras Lux", do mexicano Carlos Reygadas, que competirá com outros 21 filmes - entre eles "Na Estrada/On the Road", do brasileiro Walter Salles - uma das estreias mais aguardadas de Cannes.
Adaptação do livro de Jack Kerouac, o longa também conta com um elenco de peso, com Kristen Stewart, Kirsten Dunst, Viggo Mortensen, Amy Adams e Alice Braga, que, por sua vez, estrela o cartaz de divulgação do longa.
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Pôster de "Na Estrada"

Reygadas, que causou impacto em edições passadas com "Japão", "Batalha no Céu" e "Luz Silenciosa", não é o único mexicano na disputa oficial: também estará presente o jovem realizador Michel Franco, com "Después de Lucía", um filme surpreendente e que será apresentado na seleção oficial "Um Certo Olhar", que terá também filmes de Colômbia, Argentina e Cuba.

"A América Latina, que sempre foi uma grande terra de cinema, caracteriza-se hoje por uma jovem criação formidável", destaca Thierry Frémaux, o responsável pela seleção oficial do maior festival do cinema mundial.

A presença latina é arrasadora na Quinzena dos Realizadores, uma sessão paralela que tem como meta "descobrir filmes de jovens autores e saudar as obras de diretores reconhecidos", onde sete dos 19 filmes selecionados são falados em espanhol.

Na Semana da Crítica, dois dos sete filmes em competição são latinos: "Los Salvajes", um filme sombrio do argentino Alejandro Fadel, e "Aquí y allá", do espanhol Antonio Méndez Esparza, sobre um imigrante mexicano que retorna a seu país.

Em entrevista à AFP, os responsáveis das diferentes sessões do Festival, que viram mais de mil filmes antes de anunciar sua seleção, não escondem terem ficado surpreendidos com a qualidade e riqueza do cinema que está sendo feito na região.

"Ficamos impactados com o dinamismo, a qualidade e diversidade do cinema latino-americano", resumiu Edouard Waintrop, responsável pela Quinzena dos Realizadores.

Destacou em particular a ascensão da Colômbia, que estará presente em Cannes com "La Playa", de Juan Andrés Arango (Um Certo Olhar) e com "La Sirga", de William Vega (Quinzena dos Realizadores).

O historiador de cinema Charles Tesson, responsável pela Semana da Crítica, atribui essa forte presença latina em Cannes às políticas de apoio ao cinema impulsionadas em alguns países, assim como a criação de escolas que estão estimulando o surgimento de jovens cineastas.

"A Colômbia está impulsionando políticas de apoio ao cinema, que respeitam o mercado, mas ajudam a produção de primeiras obras", explicou Tesson em entrevista na sede parisiense dessa sessão dedicada à descoberta de novos talentos.

"Chama a atenção que inclusive pequenos países como Equador apliquem políticas de apoio ao cinema, com bons resultados", afirmou.

Para William Vega, o realizador de "La Sirga", a renovada força do cinema latino explica-se pela vontade da nova geração de cineastas de contar sua realidade "da sua maneira".

"Queremos contar nossas próprias histórias, de uma forma nova", explicou Vega em Paris, onde supervisionou a pós-produção de seu filme coproduzido por Colômbia, México e França.

O resultado, afirmou Waintrop, são filmes originais, e "que fazem rir, chorar, ou as duas coisas".

Confessou que havia rido com "3" do uruguaio Pablo Stoll Ward e com "La Noche de Enfrente", obra póstuma do chileno-francês Raúl Ruiz, e que "Infância Clandestina", do argentino Benjamín Ávila, sobre o drama dos filhos de guerrilheiros durante a ditadura argentina, o fez chorar.

Da Argentina está presente "Elefante Blanco", de Pablo Trapero, com Ricardo Darín, que será apresentado em Um Certo Olhar.

Essa seleção oficial inclui também "7 días en la Habana", que retrata essa cidade vista por sete diretores diferentes: o mexicano Benicio del Toro, o espanhol Julio Medem, os argentinos Pablo Trapero e Gaspar Noé, o cubano Juan Carlos Tabío e o palestino Elía Suleiman.
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O ator e diretor mexicano Benicio del Toro

O Chile está presente na Quinzena dos Realizadores com "No", de Pablo Larraín, sobre o plebiscito sobre Augusto Pinochet. 
Nessa seleção está também o documentário "Fogo" da joven mexicana Yulene Olaizola, e "Sueño y silencio", do espanhol Jaime Rosales.

O último filme de Nelson Pereira dos Santos, "A Música Segundo Tom Jobim", será apresentado em uma sessão especial, em meio a uma homenagem ao país.

Cacá Diegues, um dos fundadores do Cinema Novo, presidirá o júri da Câmera d’Or, prêmio reservado às obras-primas presentes nas diferentes sessões do Festival.
O Globo
O cineasta Cacá Diegues

O filme "Thérèse D." - último feito pelo cineasta francês Claude Miller, que morreu no dia 4 de abril deste ano - será exibido na sessão de encerramento do Festival, no dia 27 de maio.
O longa é estrelado por Audrey Tautou, Gilles Lellouche e Anaïs Demoustier e seu roteiro é uma adaptação do livro "Thérèse Desqueyroux", do francês François Mauriac.

Em sua carreira, Miller teve cinco filmes na seleção do Festival de Cannes e os organizadores do festival disseram que "estão muito felizes em prestar tributo à memória de Claude Miller".

A atriz do premiado "O Artista", Bérénice Bejo, será mestre de cerimônia do Festival deste ano.
De acordo com o Hollywood Reporter, a participação da atriz não seria uma surpresa depois que ela delumbrou o público com sua performance no filme de seu marido, Michel Hazavicius, vencedor dos Oscars de melhor filme, melhor diretor e melhor ator.
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A atriz francesa Bérénice Bejo,no red carpet do Oscar 2012

Bejo irá suceder como mestre de cerimônias atrizes como Kristin Scott Thomas, Monica Bellucci, Diane Kruger e Melanie Laurent.

Hoje pela manhã, o diretor geral do Festival de Cannes, Thierry Frémaux, se defendeu das acusações de sexismo por parte de um grupo feminista, que, por sua vez, lamenta que a seleção deste ano não apresente nenhuma mulher entre os 22 diretores da competição oficial.
"Ninguém dúvida que o espaço reservado às mulheres no cinema deve aumentar. Mas, esse problema não começará a ser resolvido em Cannes, mas ao longo de todo o ano", escreveu Frémaux em uma coluna publicada na edição online do jornal "L'Express".
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O diretor geral do Festival de Cannes, Thierry Frémaux

Segundo o diretor, como cidadão, ele concorda plenamente com o compromisso feminista, mas, como profissional, ele deve selecionar as obras de acordo com os critérios de avaliação, rejeitando a ideia do evento ter um sistema de cotas.
"Nunca vamos escolher um filme que não mereça estar selecionado simplesmente porque tenha sido feito por uma mulher. Essa suposta política de cotas poderia prejudicar a causa neste sentido", escreveu o diretor em resposta à coluna divulgada pelo jornal "Le Monde" na última semana, assinada pelo coletivo feminista "La Barbe".

De acordo com o diretor do festival, "a causa feminista deve ser defendida além de Cannes, que é uma ilustração do que é o cinema atual"
Desta forma, ele acredita que "acusar o festival não resolverá estritamente nada".

Na coluna que originou esta reação, divulgada na última sexta, a atriz Fanny Cottençon e as diretoras Virginie Despentes e Coline Serreau afirmaram que a competição oficial desta 65º edição envia uma mensagem "forte", mas equivocada, tanto em relação à profissão como ao público.

A seleção deste ano, segundo as ativistas, demonstra mais uma vez "que os homens amam a profundidade nas mulheres, mas somente em seu decote". 
Desta forma, as mulheres acabam assumindo o papel de "perfeitas anfitriãs".

"Às mulheres, as bobinas de costurar e, aos homens, as dos irmãos Lumière!", concluia a coluna assinada pela organização feminista, que lembra que a Palma de Ouro foi entregue a uma mulher em uma única ocasião: em 1993, com "O Piano", de Jane Campion.

Mas não é só de cinema e de polêmicas idiotas como a acima descrita que vive Cannes 2012.
O festival também contará com inúmeras festas, beneficentes ou propagandistas, e fãs à caça de autógrafos, os quais percorrerão a calçada da Croisette a qualquer hora do dia e da noite atrás de seus atores favoritos.

Vamos acompanhar o dia a dia, a partir de quarta (16).

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